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Conversando Sobre Umbanda

Publicado em 22/08/2012

Conversando Sobre Umbanda
Umbanda é prática da caridade. Mas caridade não é colocar as pessoas no colo e resolver os problemas delas. Caridade não é apenas consolar, mas também esclarecer. É necessário que o movimento umbandista se conscientize disso. A Umbanda coloca inúmeras ferramentas energéticas, magísticas, espirituais e conscienciais a vossa disposição. Repassem essas ferramentas. Façam com que não apenas os médiuns e integrantes da corrente conheçam as "mirongas de umbanda", mas as ensine, de forma simples e prática, para que a assistência também se beneficie, quebran­do a dependência dela em relação aos guias. Umbanda é esclarecer...

Esclarecer também em relação ao mundo espiritual, as leis cármicas, de afinidades, etc. Esclarecer a respeito dos Orixás, da família espiritual de cada um. Tantos são os assuntos que poderiam ser ventilados dentro dos terreiros para melhor desenvolvimento das pessoas. Mas os umbandistas estão mais preocupados com os fenômenos, com a manifestação, esquecendo de se voltar para a filosofia espiritualista que está no âmago e na sustentação da religião de Umbanda.

As pessoas insistem em ficar culpando a espiritualidade por suas condições pessoais, buscando jogar a culpa nos “Diabos”, mas esquecem que o verdadeiro “diabo” não é rabudo e nem tem chifres. Não é vermelhinho, nem anda com tridente algum. No entanto, espeta como ninguém, principalmente quando usa a auto-culpa das pessoas como meio comum para suas estocadas ocultas.

O verdadeiro diabo não é ostensivo, pelo contrário, é discreto demais, mas é radical em seus propósitos. Ele age na calada oculta do ego, sempre estimulando as reações extremadas, mesmo aquelas disfarçadas de causas justas, ou aquelas revestidas de aparente raciocínio crítico. Ele gosta dos corações empedernidos no ódio e das mentes ressequidas de orgulho.

O verdadeiro diabo não criou inferno algum, pois ele já o encontrou plasmado dentro das pessoas cheias de medo e culpa. E, para sua própria surpresa, descobriu que o tal inferno não é um lugar, mas um estado de consciência, mantido pelas próprias pessoas. E ainda mais: descobriu que ali não é quente, pelo contrário, é um clima sombrio e frio, sem o calor da luz e sem o viço da alegria.

Pois é, o inferno é um estado de consciência, e o diabo não é uma entidade maléfica à parte do ser humano, nem mesmo um ser criado por Deus. Não mesmo!

O verdadeiro diabo se chama IGNORÂNCIA, e as pessoas o adoram, principalmente os fundamentalistas de qualquer área, seja religiosa, técnica ou espiritualista, que simplesmente são os seus maiores divulgadores.

Esse é o diabo que precisa ser exorcizado dos homens: a ignorância em qualquer de suas manifestações.

Cuidado pois a SABEDORIA pode também se tornar ignorante. È isso mesmo a majestosa sabedoria, que é o acúmulo de conhecimentos vivenciados, através de uma nova personagem que é a VAIDADE pode se tornar sim ignorante.

O Poder da vaidade é tamanho que quando iniciamos em uma nova trajetória de conhecimento e chegamos num determinado momento dessa aprendizagem, começamos a pensar se devemos continuar e desvendar os objetivos daquele ensinamento ou se não já sabemos o suficiente e devemos parar.

Mas qual é o papel da vaidade senão proteger-nos de uma sabedoria que, se atingida, nos dará a capacidade para reconhecê-la, transferindo para nosso consciente o saber de como reconhecer atitudes de pura vaidade, tanto as nossas e quanto as das outras pessoas.

Não subestime sua vaidade! Na maior parte do tempo acreditamos que a controlamos ou mesmo que não a possuímos. Mas o que é isso senão a vaidade de não nos vermos como pessoas soberbas.

Mas, ter sabedoria é bem diferente de obter informação, pois, enquanto a informação se resume em quanto conteúdo que alguém pode assimilar sobre um determinado assunto, mesmo sendo este conteúdo fruto da sabedoria do outro; a sabedoria, na realidade, representa o processo psíquico que organiza de forma racional qualquer fato, acontecimento, informação ou pensamento, permitindo que nós mesmos reconheçamos seu conteúdo, e o colocamos em prática no nosso dia-a-dia.

Por sua vez, a ignorância é bem diferente do desconhecimento, pois, enquanto o desconhecimento representa apenas tudo àquilo que ainda não foi vivenciado ou apreciado por nossa razão, incorporando-se ao nosso inconsciente como conhecimento ou enquanto forma de saber; a ignorância é a consciência que temos da ausência do conhecimento.

Mas o que a vaidade tem a ver com tudo isso?

A vaidade surge em nossas vidas ainda na infância, quando passamos a ter a percepção de nós mesmos e com o tempo, enquanto evoluímos, ela evolui também. O problema é que a vaidade pode evoluir mais, ou menos, que nós mesmos evoluímos enquanto seres humanos e de forma “independente”, posto que a vaidade é fruto de nossa “psique”.

Ficou confuso! Mas, é isso mesmo! A vaidade evoluindo mais ou menos que nossa personalidade (nós mesmos), sempre influenciará nossas atitudes e, por ser “independente”, subjuga nossa sabedoria ou desperta nossa ignorância, evitando, assim, que atinjamos o saber, e passamos a barganhar com nós mesmos ofertas de um pouco de conhecimento ou algo que nos dê prazer.

Assim, a IGNORÂNCIA é a prisão da SABEDORIA e a VAIDADE sua fiel sentinela.

Então, esse é o momento de adquirir conhecimentos para transformar as experiências da vida em sabedoria, para assim vencer a ignorância e desfrutar de todo prazer que puder obter. Não desista ainda, pois se você chegou até aqui é porque seu inconsciente (sabedoria) está interessado em evoluir e, assim, poder tirar suas próprias conclusões com base no conhecimento (do saber) vencendo a ignorância (do desconhecimento).

Acredito que agora você já esteja conseguindo identificar a diferença entre possuir uma informação e ter conhecimento.

Quem nunca presenciou debates onde os participantes buscam primeiro defender seus pontos de vista de modo a sobressair aos do outro! Onde está o debate em torno do tema?

O que vemos aí é apenas a vaidade de cada um que, escondendo a ignorância, luta com os mais ardentes argumentos para que suas informações (desconhecimentos) não sejam vistas como inverdades (ignorância).

Infelizmente, nós criamos o hábito de valorizar, por pura vaidade, aqueles que, de alguma forma, mesmo que reprováveis, conseguiram alguma posição ou prestígio social, e quando fazemos isso, não nos damos conta de que nosso próprio esforço, conhecimento, realizações, etc, somente terão o reconhecimento merecido quando, de alguma forma, estivermos de outro lado, em igual situação.

Devemos aprender a valorizar o saber, o conhecimento. Um sábio acaba frustrando nossa vaidade, pois nos obriga a pensar para chegar às nossas próprias conclusões, mesmo com o risco de fracassar, ao passo que o ignorante apenas afirma o que já sabemos, dando-nos a falsa impressão de possuir tanto saber quanto ele, não nos acrescenta nada, mas acabamos nos sentindo valorizados. Vaidade, vaidade, vaidade… tudo é vaidade.
Lembre-se: Tem coisas que nenhum passe, nenhuma magia, nenhum banho ou defumação irá resolver. Mas talvez uma boa conversa, um bom livro ou apenas uma nova visão em relação à vida ou a situação possa ajudar a mudar.

A Umbanda está cheia de milagres e encantos, cheia de exemplos de superação, simplicidade e humildade. Mas esses milagres e encantos, esses exemplos são simples, acontecem a todo o momento, que acabamos por banalizá-los e não os percebendo. Faz-se necessário que deixemos nossa vaidade de lado, acabando com a ignorância, para que assim possamos seguir rumo a evolução proposta pela UMBANDA.

Então, escute, ouça, sinta… Seja um com Ele! Nisso reside todo Mistério.


Aconteceu na Antiga África:

Uma vez um grande sacerdote tentou realizar uma cerimônia para ressuscitar seu filho, um grande guerreiro morto em guerra. Toda tribo se reuniu para ver tamanho feitiço. No meio da cerimônia o corpo do guerreiro, sacudiu, tremeu, estrebuchou, rolou e finalmente se levantou. Os olhos eram vidrados, mortos. A tribo estava quieta de tanta tensão. Finalmente o corpo novamente caiu morto no chão.

A tribo ficou encantada. Aquele homem era milagroso, capaz de ressuscitar um homem, mesmo que por poucos segundos. Incrível...

Em um canto da tribo, perguntaram ao velho Meji o que ele achava de tudo aquilo:

- Ora, como alguém pode ressuscitar aquilo que nunca morreu? O milagre já está aí, acontecendo a todo momento. O espírito livre, a realidade imortal dele no coração do Orixá. O maior milagre é a própria Vida. Mas vocês se perdem naquilo que os olhos podem ver... E assim é até hoje. A maioria busca por milagres, transitórios, opacos, sem vida, que nada acrescentam. Os terreiros de Umbanda estão cheios desses antigos sacerdotes vendedores de milagres, assim como de olhos obcecados por eles. Mas em todos os cantos, a palavra sábia do preto-velho ainda ecoa tentando despertar alguma coisa no coração espiritual das pessoas.

Onde está o milagre? No manifesto, ou no imanifesto? No transitório, ou no imortal? No finito, ou no absoluto? Na visão, audição, tato, paladar, olfato ou no coração?

Pense bem...

Trabalhe dentro da Lei de Umbanda, mas não faça desse trabalho um fim. Cresça, melhore, desenvolva-se como consciência. Médium ou não, você está cheio de potencialidades, capacidades, dons. Não dependa em tudo dos guias espirituais. Não faça dos Orixás e de seu culto, um mercado de troca de favores e vantagens.

A maior riqueza que os Orixás podem doar a vocês não é acessada através de uma oferenda. Mas é sim, encontrada, no coração limpo, no terreiro simples e aconchegante que existe aí dentro, na sala de iniciação amorosa que ele É.

Limpe os pés, sujos pela lama do ego, antes de entrar.

Limpe as mãos, sujas pela treva da ignorância, antes de tocar e abrir o pórtico de acesso.

E principalmente, vá de intenção nobre a altruísta. Vá de alma e espírito brilhando. A verdadeira iniciação dos Orixás acontece aí dentro. A todo momento. É como um milagre.


O que é Umbanda? 

Umbanda é como aquela pérola bonita. 

Não pode ser vista, pois seu brilho é capaz de cegar. 

É como aquela poesia que nunca será escrita. As palavras são pobres para descrevê-la. 

É como a canção silenciosa cantada pelas estrelas. Só o coração pode escutar. 

É como a simplicidade do preto-velho. 

Tão natural. 

É como a alegria da criança. Tão ingênua. 

É como o sorriso do Exu. Tão enigmático. 

Umbanda é uma imensidão de povos e culturas. É uma imensidão de rostos. 

Uma imensidão... É o Todo. 

É a banda que trabalha pelo UM. 

É singela assim... 

Quando a individualidade desaparece 

A Luz de Oxalá inunda seu ser. 

Você é a Luz, A Luz é você! 

Quando o amor surge como uma flor, 

Os lírios de Mamãe Oxum 

brotam em seu coração. 

Você é a Flor, A Flor é Você! 

Quando a ignorância é eliminada, 

As Flechas do Caçador te guiam. 

O Caçador é você. A Caça também! 

Quando a alma vence sua própria treva 

O Raio de Xangô é vivo no espírito. 

Você é o Rei, o Rei é Você! 

Quando o tufão do discernimento surgir 

Não mais a sombra da alma há de te possuir. 

Você é a Guerreira, a Guerreira é você. 

Quando as cabeças do vício forem cortadas 

A Espada do guerreiro iluminará o caminho! 

Você é a Senda, A Senda é Você. 

Quando a cruz viva do "Velho" te marcar 

O peso do mundo em suas costas cairá. 

Você é Caridade, A Caridade é você! 

Quando a Anciã do destino, em ti existir 

Não mais mistérios hão de te possuir. 

Você é o Fim e também o Começo! 

Quando a estrela brilhar, e o canto encantar 

Nas praias de Aruanda a Mãe Divina você verá. 

Você é a Umbanda, Umbanda é Você! 

E então, no fim da jornada, 

Onde os caminhos se entrecruzam, 

E as Sete Encruzilhadas 

são contem­pladas, 

O Amor que a Tudo gera lá estará! 

Você é Olorum, Olorum é Você! 

Assim cantava-se na velha Luanda... 

Assim ainda se canta, 

Na querida Aruanda... 


Fonte:
Jornal de Umbanda Sagrada




2 comentários:

  1. Hino Umbandista

    Disco histórico, faixa única, de rotação 78, provavelmente da década de 1940/50, intitulado: “Hino Umbandista” de autoria de: Iris Fossati Guimarães e Jerson D´Oliveira, orquestrado pelo afamado maestro Radamés Gnattali, de propriedade do Pai Juruá, do “Templo das Estrela Azul – Casa de Oração e Escola Umbandista”, que diz muito sobre o que realmente é a Umbanda:


    “Avante, avante, umbandistas Sol do nosso porvir,
    Oxalá nos aponta o caminho que devemos seguir,
    Sempre avante lutando,
    Para o bem da humanidade,
    Sob a luz desse ideal,
    Nossa lei será a caridade,
    A nossa fé, a nossa luta,
    Será salvar a todo irmão,
    Pois só assim cumpriremos,
    Nossa sagrada missão,
    Seja na Terra ou no Céu,
    Estaremos a servir,
    A legião umbandista,
    Do nosso imenso Brasil”.

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  2. Está aí um assunto que atravessa a história: a eterna busca entre conhecimento e humildade, já falava os mais ilustres filósofos "eu só sei que nada sei", "o que sabemos é uma gota, o que desconhecemos é um oceano".
    É uma batalha difícil, mas necessária, a medida que adquirimos conhecimento é preciso também ter a consciência que ainda temos muito para aprender e principalmente para dividir.

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