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Vergonha de Ser Umbandista

Publicado em 23/01/2019

Vergonha de Ser Umbandista
Não sou Umbandista, não gosto de "ismo", nem toco em nenhuma banda, mas tenho um grande orgulho da Umbanda e de tudo o que aprendi e ainda aprendo com os Orixás e com os Mestres de Aruanda, por isso, se em alguma discussão sobre religião, ouço alguém falando mal da Umbanda, essa pessoa vai ouvir; afinal, todas as religiões merecem respeito e de intolerante, já basta a nossa ignorância em relação ao diferente, porém, é interessante que isso não ocorre com muitos dos seguidores dessa religião afro-brasileira, a maioria nega de pé junto que já pisou em um terreiro, ou seja, o preconceito começa com os próprios praticantes da religião.

Uma coisa é ouvir o preconceito vindo dos evangelistas de plantão que adoram falar mal de qualquer religião que não seja a "cristã" deles, porém, perceber esse medo bobo de assumir o que faz vindo dos seguidores dessa religião tão linda, sempre me deixou muito curioso.

Certo dia, estava conversando com alguns amigos, um deles, umbandista de pai e de avô, e a discussão começou a girar ao redor da palavra "macumba" e acabaram, naturalmente, associando com a Umbanda, e lá fui eu, explicar que as coisas não eram bem assim, como os nomes e significados foram distorcidos, e defendi aqui e ali, tudo o que aprendi com a Umbanda, esperando que esse meu amigo, entrasse na discussão e falasse sobre a sua experiência, mas ele permaneceu em silêncio durante toda a discussão.

Quando o pessoal foi embora, olhei para ele e falei:

- E aí, o que ocorreu?

Ele olhou para mim e falou:

- Nada! Eu só não gosto de falar para as pessoas o que eu faço ou no que eu acredito. Eles não tem nada a ver com isso.

- Você tem razão - respondi - Afinal, não precisamos ficar por aí, levantando a bandeira de nada, mas acredito que precisamos nos manifestar quando vemos pessoas falando besteira sobre algo que conhecemos bem. E não consigo ficar calado quando ouço as pessoas pregando algo contra a religião alheia.

- Não me leve a mal, disse ele - Mas não quero que as pessoas me chamem de macumbeiro. Por isso, quando elas me perguntam que religião é a minha, sempre falo que sou católico, ou se o pessoal for mais cabeça, que eu sou espírita.

- Mas você vive dentro de um terreiro de Umbanda!

- Eu sei, mas não tenho coragem, nem força para assumir algo que sei que vou sofrer preconceito...é mais fácil apenas dizer o que eles querem ouvir.

Não disse nada, mais é por esse e por outros que a Umbanda continua sofrendo todo esse preconceito e continua sendo considerada uma outra seita, dessas de fundo de quintal, que só existem para fazer o mal. E a diferença entre seita e religião, queridos leitores, é o preconceito que cada uma carrega.

Frank Oliveira


***


Confissões de um Umbandista

Como já diz o título, logo se imagina do assunto que venho tratar. Em um país de várias cores, tradições e dialetos, onde predomina o catolicismo, eu sou mais um Umbandista que tive por muito tempo vergonha de assumir minha religião em público.

Mesmo com meus pais carnais sendo, também, Pais de Santo e tão influentes na religião, eu sempre tive vergonha de dizer que era umbandista, na hora em que perguntavam a minha religião, eu gaguejava e não assumia.

Dentro do Terreiro batia no peito e dizia que era filho de pemba, um umbandista nato e cantava com orgulho que era mensageiro da Umbanda. Mas a grande verdade é que para pedir aos Orixás e Guias as bênçãos eu era religioso e me dizia umbandista, mas somente dentro das quatro paredes do Terreiro, porque na sociedade, a vergonha e o medo de ser rejeitado ou coisa do gênero eram maior que minha vontade de dizer que a minha religião era a Umbanda.

Meus pais sempre me alertaram sobre a minha falta de fé, crença e respeito diante das Divindades Maiores da quais eu estava ligado, e eu por minha vez me achava muito certo em apenas estar de corpo presente nas giras. Meu orgulho e a falta de discernimento fizeram com que eu aos poucos fosse andando pra trás, ou seja, todas as bênçãos que eu tinha recebido, eu estava perdendo, afinal como diz minha mãe carnal e espiritual: “os Guias, os Orixás dão graças divinas muito superiores ao nosso plano em que vivemos, mas eles tiram quando nos faltam merecimento, o que Ogum dá só Ogum pode tira”, e isso realmente é de fato verdade.

E por incrível que pareça, depois de anos de religião, depois de muitos problemas gerados em torno de minha falta de concentração, de amor, de respeito, de humildade e principalmente, de fé diante dos Orixás, depois de muito perder, de ver que as minhas atitudes não estavam me levando a nada e a lugar nenhum eu decidi que mudar era o melhor e o mais sensato a fazer. Mas depois de tantos erros, depois de tantas falhas, a mudança não é fácil, e muito menos rápida, pelo contrário o meu trajeto aumentou muito, pois cada passo que eu dava para frente, logo depois eu dava dez para traz, e agora chegou à hora de percorrer toda essa estrada construída por mim mesmo.

Passei a ouvir mais minha Babá e meu Babalaô, que sempre me orientaram e me mostraram o caminho correto e depois de aos trancos e barrancos penar muito na lei de pemba, eu me vejo hoje muito mais umbandista e enraizado nas forças dos Sagrados Orixás.

Quem hoje me perguntar qual a minha religião, vai escutar com muito fervor, UMBANDA, pois foi Ela que uniu a minha família e mais do que nunca, sempre nos deu agô.

Aproveito a oportunidade para aqui agradecer aos meus pais carnais e meus Sacerdotes de Umbanda que estão engrandecendo e colocando a religião em seu devido lugar, que nada mais é que “O TOPO”.

Parabéns e não só eu, como muitos umbandistas, tiramos o chapéu para vocês.

Marcos Vinicius





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