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Os Pilares da Umbanda

Publicado em 08/01/2019

Muitos questionam o porquê das diferenças entre os terreiros, por que há diferenças nos rituais, por que não é feita uma unificação das “umbandas”, por que não há uma padronização geral, que faça da Umbanda uma religião que siga regras igualitárias.

Para começar, a Umbanda não foi uma religião que simplesmente começou do zero aos 15 de novembro de 1908, pois já havia um movimento anterior a esta data, parecido com o que se tornaria a Umbanda, movimento este que surgiu das mudanças das macumbas cariocas, dos candomblés (que abriam exceção e permitiam a passagem de eguns - espíritos de humanos desencarnados), e de grupos kardecistas, que começavam a questionar o processo mediúnico por eles estudado e trabalhado. Só faltava uma diretriz para esse movimento, um precursor e um nome, e ai surgiu Zélio Fernandino de Moraes com o Caboclo das Sete Encruzilhadas.

Desde seu início, o movimento umbandista já mostrava diferenças de rituais, dado os grupos heterogêneos que o antecederam: macumbas, candomblés, kardecistas e outros grupos religiosos que permitiam, de uma maneira ou outra, a comunicação de espíritos. Tentar unir todos esses grupos e impor uma ordem nos primórdios do século XX era impossível. Com isso, o movimento umbandista foi crescendo e com ele, as diferenças dos diversos terreiros, devido ao conhecimento herdado de cada sacerdote de suas religiões anteriores.

Assim a Umbanda cresceu e se espalhou por todo o Brasil e por vários pontos do mundo, mantendo diferenças em rituais, que neste ponto já estavam enraizadas tradições de cada “umbanda”.
Baseado neste breve resumo apresentado acima, veremos os motivos que impedem que a Umbanda seja unificada e outros pontos que aparecerão no decorrer deste texto.

1. Os pilares da Umbanda

Em pouco mais de 100 anos de existência da Umbanda, houve vários congressos, reuniões de federações e discussões acaloradas, onde os pontos unanimemente acordados entre todos são:

a. A Umbanda é a fé;
b. A Umbanda é o amor;
c. A Umbanda é a caridade;
d. A Umbanda é a humildade;
e. A Umbanda é o respeito com o ser humano, com os animais e com a natureza;
f. A Umbanda não pactua com nenhum tipo de discriminação e respeita a liberdade religiosa, a liberdade sexual, a liberdade racial e a liberdade de opinião de todas as pessoas;
g. A Umbanda só pratica o bem e não cobra por atendimentos mediúnicos.

Estes são os pilares da Umbanda, que sustentam todos os templos, terreiros e tendas, que carregam a bandeira da religião.


Os Pilares da Umbanda


Podemos imaginar os pilares básicos da Umbanda dispostos como na figura acima. Os pilares são os fundamentos ou dogmas da Umbanda.

Independentemente da origem religiosa, ou formação sacerdotal do fundador de um terreiro, os pilares da Umbanda não podem ser ignorados, mas devem, em primeiro lugar, serem respeitados e seguidos por todos. Sobre esses pilares, cada sacerdote constrói seu terreiro de acordo com seu conhecimento e sua fé.


Os Pilares da Umbanda



Os Pilares da Umbanda



Os Pilares da Umbanda



Os terreiros podem ser diferentes na forma, no ritual, na formação sacerdotal, mas todos devem estar apoiados nos pilares da Umbanda.

Mas alguns poderão perguntar: e se um desses pilares for quebrado ou mesmo ignorado por um terreiro, ele deixa de ser Umbanda?

Ele continua sendo de Umbanda mas se torna desacreditado ou mesmo evitado pela sociedade, acarretando até o fechamento do mesmo, pois:

  • Um terreiro sem fé não tem vinculo religioso com nada e não consegue repassar a fé aos seguidores; 
  • Um terreiro sem amor só traz discórdia e desavenças entre seus membros; 
  • Um terreiro que não pratica a caridade e que cobra por consultas mediúnicas é abandonado pelos espíritos de luz e fica à mercê de espíritos zombeteiros e brincalhões, não conseguindo o respeito da sociedade; 
  • Um terreiro sem humildade afasta os trabalhadores sérios que buscam carregar a bandeira branca de Oxalá, sobrando apenas aqueles que colocam a vaidade à frente do trabalho; 
  • Um terreiro que sacrifica animais nunca é bem visto pela sociedade, pela crueldade dessa prática; 
  • Um terreiro que desrespeita as pessoas é evitado por aqueles que buscam um lugar de conforto e palavras que curem suas chagas morais e espirituais; 
  • Um terreiro que destrói e emporcalha a natureza é evitado por seguidores que não querem vincular seus nomes com mais problemas ecológicos; 
  • Um terreiro que discrimina por raça, credo, sexo e posição social, é fadado a processos judiciais e consequentemente ao fechamento de suas portas. 




Se um único pilar da base umbandista for tirado ou ignorado por um terreiro, a chance de ruína é grande.

2. Sobre os pilares, as diferenças

Se os pilares de base da Umbanda forem respeitados e seguidos, toda a construção acima disso se torna parte da riqueza de uma religião cheia de rituais, rezas e mandingas, que é capaz de transformar seres humanos em seres divinos, que sabem e sentem que todas as forças e energias de Deus estão ao alcance e a disposição de todos.

As diferenças de rituais, pontos cantados, pontos riscados, etc., deve-se a formação sacerdotal e a fé de cada dirigente em exposição, e é neste ponto que cada um consegue interpretar, à sua maneira, os símbolos umbandistas, ampliando o horizonte de beleza e riqueza da religião.


3. A Verdadeira Umbanda

Como há diferenças entre os terreiros, costumamos dizer que para cada um é praticado “uma umbanda diferente da outra”, e que a Umbanda é feita por várias umbandas. A pergunta óbvia que chegamos é: qual é a verdadeira Umbanda?

Ora, se cada terreiro que respeita os pilares básicos da Umbanda e segue o ritual de acordo com a fé e formação sacerdotal de seu dirigente, aí está a verdadeira Umbanda.

Simples assim. Simples como a Umbanda deve ser.

A Umbanda não é como uma partida esportiva onde uma umbanda joga contra a outra umbanda, ao contrário, é uma religião onde uma deve estar a favor da outra, pois não há o melhor ou o pior, há afinidades e respeito pelas diferenças.


4. Sobre pilares fortes, construímos mundos fortes

A unificação e padronização dos rituais de Umbanda destruiriam a diversidade cultural, religiosa, dogmática e a fé das umbandas já existentes, e por consequência, criaria cargos hierárquicos responsáveis pela ordem religiosa, culminando até mesmo, na criação de um cargo similar ao Papa católico, o que seria um contra-senso umbandista.

Alguns rituais como o batizado e o casamento podem seguir um padrão mais ou menos estabelecido pela maioria dos terreiros para que tenham efeito legal, de acordo com a legislação vigente. No geral, muitos terreiros utilizam uma mesma sequência para o ritual de um trabalho espiritual: defumação, abertura e saudação aos guias da gira, atendimento espiritual, fechamento e despedida dos guias da gira, encerramento.

Há variações e há diferenças, mas isso não invalida a umbanda praticada, o que importa é a união dos membros dessa umbanda para que seja carregada a bandeira de Oxalá e a Umbanda seja difundida e respeitada.

As várias umbandas, construídas sobre os pilares umbandistas, formam uma obra de arte que retrata Aruanda, um local rico e belo, com construções diferentes mas estáveis e fortes.

A.D.






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