setembro 2012 - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

28/09/2012

Egrégora

União de pessoas


Se você é pai no santo ou médium frequentador de algum terreiro, já deve ter pelo menos ouvido alguém dizer:

-"Olha a corrente, gente ! Vamos concentrar"!

Você sabe realmente o que isso quer dizer? Muita gente (até as que falam) não sabe!

O que é essa tal de "corrente"? Será uma corrente de ferro ou de fibras que se forma no invisível? Será uma corrente que vai prender os espíritos? Será? Será?

Na verdade, quando um dirigente (quando bem preparado) chama a atenção para a "corrente" é porque ele sentiu uma queda ou diminuição na energia ambiental (EGRÉGORA) que deve ser mantida pelos médiuns em um potencial elevado, de forma a manter os trabalhos em nível adequado, até mesmo por uma questão de auto-preservação.

Essa questão da "corrente" ou egrégora é tão importante que vamos nos aprofundar um pouco mais no assunto para que você possa perceber, se orientar e orientar a outros.

Vou tomar como exemplo uma gira de Umbanda, mas advirto que você pode adaptar minhas explicações para entender práticas espirituais, inclusive das Igrejas Evangélicas que fazem curas etc.

Vamos considerar um grupo de 10 pessoas e partir do princípio de que TODAS ESTÃO UNIDAS POR UM MESMO IDEAL. Isso é a base de tudo !

Criada a egrégora como já vimos antes (pela união dos pensamentos direcionadas aos mesmos fins), cada vez mais energias de mesma sintonia são atraídas para o ambiente. Essas energias somadas atuam imediatamente nas pessoas que ali estão e em alguns casos, se for bem forte já começam a operar alguns "milagres", desde que as pessoas estejam em estado de recepção (concentradas no ritual e ansiando por receberem um bem). As entidades (aí eu já estou falando de seres espirituais) afins penetram e até são atraídas para o interior. Entidades inferiores tendem a ser barradas por uma força invisível (a energia) que a princípio é incompatível com suas vibrações (isso se tudo estiver "correndo bem").

Se uma entidade inferior for atraída para dentro da egrégora, ela fica de certa forma subjugada pela força desta e desse modo se consegue lhes dar um melhor encaminhamento para outros planos espirituais.

As entidades afins usam parte dessa energia para auxiliar os que ali estão na medida de suas possibilidades.

A técnica usada nos terreiros de Umbanda e Candomblé para formar a egrégora inicial (quando os grupos são bem dirigidos) está baseada nos rituais de "abertura". Já nas Igrejas Evangélicas e outras, consiste basicamente nas pregações, que fazem com que os adeptos se concentrem ou dirijam seus pensamentos de acordo com a "pregação".

Se você for um estudioso e não carregar preconceitos, notará que nessas "pregações" há sempre um direcionamento do raciocínio dos ouvintes de forma a fazê-los pensar positivamente e acreditarem firmemente na possibilidade de alcançarem os bens que foram procurar. Nesse momento, embora nem saibam às vezes, estão gerando a egrégora.

Fazer com que a assistência participe ativamente, pensando positivamente, deve ser parte obrigatória de TODAS as giras de Umbanda. Essa no entanto é uma prática esquecida e o que vemos em muitos terreiros é uma assistência quase que sempre alheia, só participando em alguns momentos, de preferência quando vêm de encontro ao que lhes interessa.

Dessa egrégora, como já disse, são retiradas as energias para a realização dos trabalhos, o que vale dizer que se essa energia não for forte o suficiente, o mínimo que pode acontecer é acontecer nada.

Por outro lado, se a corrente ou egrégora das "giras" não for suficiente, várias complicações podem acontecer com o passar do tempo, sendo que, o(a) dirigente, por ser o centro maior das atenções e para quem convergem as maiores quantidades de energia ali geradas e mesmo as trazidas pelos assistentes, é quem sofre, por assim dizer, as maiores conseqüências dos trabalhos realizados sem a devida segurança.

Veja abaixo alguns tipos de complicações que podem ocorrer.

Complicações que podem ocorrer ainda dentro da sessão:

1) Médium dirigente e/ou médiuns auxiliares não conectados positivamente com suas entidades de guarda o que pode provocar de imediato incorporações insatisfatórias, e insegurança - ANIMISMO.


2) Perturbações por intromissão de entidades do Baixo Astral que encontram entrada fácil nesses casos.


3) Problemas com médiuns e/ou assistência com relação até mesmo à integridade física, pois não é raro em sessões dessa natureza, haverem manifestações turbulentas de entidades descontroladas e médiuns idem.


4) Cansaço físico de dirigente e médiuns ao final dos trabalhos pela perda energética sofrida. O normal é que quando se encerram os trabalhos, todo os médiuns se sintam em perfeitas condições físicas e, não se tratando de trabalhos de descarga e desobsessão, é normal até que saiam sentindo-se melhor do que quando chegaram, justamente porque conseguiram atrair uma grande quantidade de energia positiva da qual todos poderão desfrutar.


Observação: Existem mais situações que podem acontecer, mas vamos ficando por aqui pois só as citadas já darão como conseqüências as que vêm após.


Complicações que podem ocorrer com a continuidade dos problemas:


1)Enfraquecimento crescente dos contatos entidade/médium.

2) Corpo mediúnico cada vez mais inseguro.

3) Dificuldades crescentes para a realização de trabalhos.

4) Problemas começam a surgir na vida material de todos.

5) Discórdias entre o grupo começam a gerar desentendimentos maiores.

6) Formam-se grupos dentro do grupo dividindo a energia ao invés de somá-la.

7) Doenças e dificuldades começam a aparecer.

8) Como os contatos espírito/médium já não são tão positivos, torna-se difícil ou impossível a solução de problemas que antes eram nada (aí, não raramente começam a se consultar em outros lugares).

9) Para sintetizar: Todos serão altamente prejudicados por seus próprios atos e desunião e, como ocorre normalmente, ao final ELEGERÃO SEMPRE UM CULPADO - ou o dirigente ou a própria Umbanda (no nosso caso).


Ainda sobre a egrégora de terreiros de Umbanda, é preciso que se explique que ela, além de ser formada e nutrida com a energia gerada em cada reunião, também é favorecida pelas "firmezas" ou "assentamentos" que devem ser tratados, reforçados e respeitados.


Mais uma explicação.


Assentamento, como muitos podem crer, não é prática exclusiva das religiões Afro. Até mesmo elas "importaram" essa prática de Seitas e Religiões muito mais antigas.

Se os assentamentos estiverem bem "sintonizados" com as energias e entidades para os quais foram dirigidos, sabendo o/a dirigente acioná-los, eles serão de grande importância (caso contrário serão meros ocupantes de lugar) pois poderão trazer para o ambiente essas energias e entidades que beneficiarão sobremaneira a realização de trabalhos positivos.

Para resumir e ficar bem entendido, observe o seguinte:


1) Energia positiva atrai energia positiva (o oposto também vale).

2) Pensamentos (que geram energia) positivos atraem energias e fatos positivos (ou negativos...).

3) Medo, insegurança e discórdias quebram a rotina da criação e da ação de energias positivas.

4) Fé (certeza, convicção) provoca sempre a criação de energia e, quanto maior for, maior será a ação dessa energia.

5) Egrégoras são energias que podem ser geradas e fortalecidas a cada dia. Se elas serão positivas ou negativas, dependerá de quem as criará.

6) Egrégoras (se positivas) são de utilidade total em qualquer reunião para trabalhos mediúnicos. Quanto mais fortes, maior o auxílio que podem prestar.

7) Egrégoras formam-se até mesmo em sua casa, seu ambiente de trabalho etc. Só que nesses casos, como não costuma haver um direcionamento das energias que a formarão (a não ser em poucos casos) elas correm o risco de serem negativas.

8) Grupos desunidos, por mais forte que queira parecer o dirigente, estarão sempre a um passo da derrota em função de não conseguirem gerar o ambiente propício para a presença de Verdadeiros Espíritos Guias.


A disciplina e a união em torno de objetivos comuns são parte sólida da base que construirá o verdadeiro Templo - aquele onde comparecerão sempre os Verdadeiros Amigos Espirituais.

Claudio Zeus

Leia também:
Egrégora - Por Ednay Melo







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21/09/2012

As Cores dos Orixás e Entidades


As Cores dos Orixás e Entidades

As cores são definidas e manipuladas pelas entidades de acordo com a energia do orixá em seu plano de atuação. Nem todos os terreiros seguem a forma exposta abaixo, por trabalharem com cores diferentes para cada linha, mas a ideia principal de uso passa por esses campos. Os dirigentes devem sempre explicar para seus filhos a razão da escolha feita para que não tenham a impressão de estar fazendo algo errado quando se depararem com casas que usam as cores de forma diferente das quais aprenderam.

Os fundamentos básicos para o uso de determinada cor seguem a linha e forma de atuação de cada orixá utilizando suas formas de trabalho, classificadas da seguinte maneira:

Oxalá / Branca - A união de todas as cores e vertentes direcionadas a ele. Todas as linhas podem utilizá-la para garantir um bom efeito em suas oferendas. Simboliza a paz e traduz o caráter respeitoso na representação desse orixá.

Iemanjá / Azul clara - Representando as águas do mar e a limpidez de suas atribuições nos pedidos e oferendas a ela consagrados.

Oxum / Azul escura - Representando as águas doces e profundas. Direciona para o sentimento da doçura materna e tem certa tendência a lembrar os segredos inconfessos.

Oxóssi / Verde - Contempla a irradiação da mata em seu todo. Dá-se preferência a tonalidade escura, pois o que se busca com essa coloração é o contato com a energia central da mata em seu âmago.

Ossãe / Verde-clara - Irradia o trabalho feito por esse orixá em todas as folhas da natureza. Essa matiz dá a impressão do espaço aéreo da mata, onde todas as dores e doenças são tratadas e faz com que a área de atuação não se confunda com a de Oxóssi.

Ogum / Vermelha - A cor apropriada para um orixá de guerrilhas, pois representa a paixão e o fervor de suas lutas. Procura-se através dela a vibração energética da vitória, símbolo de sua atuação.

Xangô / Marrom ou cinza - Devido à sua atuação junto a terra e pedras. A busca da justiça em cores mornas, mas fortes, traduzindo em suas matizes a racionalidade desse orixá.

Preto-velho/ Branca e preta - Simbolizando os caminhos percorridos por essas entidades em campos astrais superiores e inferiores. A eterna divisão vida/morte, representada de forma poética lembrando nossa condição terrena.

Ibeji / Rosa e azul - O inicio da inocência pela cor das crianças na representação da menina e do menino. A pureza da lei demonstrada em tons suaves que aludem à infância.

Iansã / Amarela - Simbolizando a cor dos raios nas tempestades. A pujança da cor faz uma alusão clara ao temperamento explosivo e liberto da grande guerreira.

Nanã-Buruquê / Lilás ou roxa - Cor predominante da perseverança espiritual. Lembra-nos da morte quando voltaremos para a lama da qual fomos feitos e à qual Nanã é sempre ligada.

Obaluaiê / Roxa ou laranja - O roxo da perseverança espiritual aliado ao alaranjado do apagar de uma luz, representando as lutas, nem sempre ganhas, contra a peste e a morte.

Exu / Preta e vermelha - Onde o negro representa as faixas densas de trabalho utilizadas por essa linha, o rubro como marca da paixão e vivacidade. Deixa clara a duplicidade de energias despendidas por essa linha.

Fonte:
A Umbanda Como Ela é

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18/09/2012

Defumação

Pessoas defumando umbanda


Ninguém sabe quando a humanidade começou a usar as plantas aromáticas. Estamos razoavelmente seguros de que os sentidos do homem antigo eram bem mais aguçados, e o sentido do olfato foi crucial para sua sobrevivência. Há evidência do período Neolítico de que ervas aromáticas eram usadas em culinária e medicina, e que ervas e flores eram enterradas com os mortos. A fumaça ou fumigação foram provavelmente um dos usos mais antigos das plantas, como parte de oferendas rituais aos deuses. Era provavelmente notado que a fumaça de várias plantas aromáticas tinha, entre outros, efeitos alucinógenos, estimulantes e calmantes. Gradualmente, um conjunto de conhecimentos sobre as plantas foi acumulado e passado a centenas de gerações de xamãs.


As plantas aromáticas têm sido honradas de um modo especial desde os tempos antigos. Eram utilizadas em rituais religiosos e mágicos, assim como nas artes curativas. Estas três práticas eram fundamentais para a existência humana (ainda hoje continuam sendo).



Egípcios


A antiga civilização egípcia era devotada em direcionar os sentidos em direção ao Divino. O uso das fragrâncias era muito restrito. Inicialmente, sacerdotes e sacerdotisas eram as únicas pessoas que tinham acesso a estas preciosas substâncias. As fragrâncias dos óleos eram usadas em perfumes, na medicina e para uso estético, e ainda, para a consagração nos rituais, queimados como incenso. Sobre as paredes das tumbas dos templos antigos perdidos no deserto, podemos ver com freqüência uma fumaça que sai de um pote, ou um incensário horizontal muito parecido com os atuais. Quando o Egito se fez um país forte, seus governantes importaram de terras distantes incenso, sândalo, mirra e canela. Esses tesouros aromáticos eram exigidos como tributo aos povos conquistados e se trocavam inclusive por ouro. Os faraós se orgulhavam em oferecer às deusas e aos deuses enormes quantidades de madeiras aromáticas, gomas, resinas e perfumes de plantas, queimando milhares de caixas desses materiais preciosos. Muitos chegaram a gravar em pedras semelhantes façanhas.


Os materiais das plantas aromáticas eram entregues como tributos ao estado, e doados a templos especiais, onde se conservavam sobre altares como oferendas aos deuses e deusas. Todas as manhãs as estátuas eram untadas pelos sacerdotes com óleos aromáticos. Se queimava muito incenso nas cerimônias do templo, durante a coroação dos faraós e rituais religiosos. Se queimavam também em enterros, para neutralizar odores e afugentar maus espíritos.


Sem dúvida o incenso egípcio mais famoso foi o Kyphi. O Kyphi se queimava durante as cerimônias religiosas para dormir, aliviar ansiedade e iluminar os sonhos, e acreditava-se inclusive que pudesse reavivar a sexualidade dos mortos.


Sumérios e Babilônios


É difícil separar as práticas destas culturas distintas já que os Sumérios tiveram uma grande influência dos babilônios, e transcreveram muita da literatura dos seus antepassados para o idioma sumério. Sem engano sabemos que ambos os povos usavam o incenso. Os Sumérios ofereciam bagas de junípero como incenso à deusa Inanna. Mais tarde os babilônios continuaram um ritual queimando esse suave aroma nos altares de Ishtar.


Tudo indica que o junípero foi o incenso mais utilizado, eram usadas outras plantas também. Madeira de cedro, pinho, cipreste, mirto, cálamo e outras, eram oferecidas às divindades. O incenso de mirra, que não se conhecia na época dos Sumérios foi utilizados posteriormente pelos babilônios. Heródoto assegura que na Babilônia queimaram uma tonelada de incenso. Daquela época nos tem chegado numerosos rituais mágicos. O Baru era um sacerdote babilônio esperto na arte da adivinhação. Acendia-se incenso de madeira de cedro e acreditava-se que a direção que a fumaça levantava determinaria o futuro, se a fumaça movia-se para a direita o êxito era a resposta, se movia-se para a esquerda a resposta era o fracasso.


Hindus e Budistas


A Aromaterapia tem sido uma parte essencial do ritual religioso Hindu desde o tempo dos Vedas, cuja idade pode ser estimada em 5.000 a.C. O incenso favorece um estado meditativo, por isso ele também foi incorporado pelos budistas, que são naturalmente avessos a rituais externos. É usado na iniciação de Lamas e Monges, e é oferecido aos bons espíritos nos cultos diários.


Gregos e romanos


Estes povos acreditavam que as plantas aromáticas procediam dos deuses e deusas. Queimavam o incenso como obrigação e para proteção das casas. Em Roma usava-se nas ruas e em especial na adoração do Imperador. O povo chegou a consumir tantos materiais aromáticos que no ano de 565 foi decretada uma lei que proibia utilizar essências aromáticas pelas pessoas, com temor de não se ter suficiente incenso para queimar nos altares das divindades.


Nativos americanos


Os nativos americanos vivem em harmonia com a terra, reverenciam-na como geradora de vida. Desde muito eles conhecem as propriedades de cura das plantas de poder, usadas em tendas de suor, dança do tambor etc. Queima-se sálvia branca, cedro, pinho e resinas para limpeza de objetos de poder e rituais de adoração. É usada para a saúde e o bem-estar da tribo. Na América do sul resina aromática de copal é oferecida ainda hoje pelos descendentes Maias e Astecas para suas divindades ancestrais.


Judeus


De acordo com o Zohar, oferecer incenso é a parte mais preciosa do serviço do Templo para os olhos de Deus. A honra de conduzir este serviço é permitida somente uma única vez na vida. Diz-se que quem teve o privilégio de oferecer o incenso está recompensado pela sorte com riqueza e prosperidade para sempre, neste mundo e no seguinte.


Católicos


Como esquecer a historia maravilhosa dos três Reis Magos, que presentearam com o Líbano e Mirra o Mestre Jesus, quando ele nasceu? Essas resinas aromáticas são presentes mágicos, são incensos de alta importância e fragrância. Em varias igrejas católicas, misturas de incensos contendo resinas de Líbano e Mirra são queimados durante os rituais.


A fumaça aromática


Hoje percebe-se um aumento do interesse pelos incensos naturais de antigamente, e isso se deve ao fato que querermos que nossa casa seja um lugar mais aconchegante, convidativo e mais agradável. Infelizmente incensos comerciais raramente contém resinas ou óleos essenciais, e são feitos com essências sintéticas, carvão e derivados de petróleo que, na verdade, não trazem grandes beneficios. Prefira os feitos com sândalo (sandalwood) ou serragem (sawdust powder).


Várias pessoas associam incensos com rituais religiosos ou espiritualidade; realmente varias religiões usam fumaça aromática em seus rituais e suas cerimônias. A fumaça que sai do incenso é usada para santificar, purificar ou abençoar, e acredita-se que a fumaça é o mensageiro para o reino dos céus. Nossos ancestrais faziam uso de incensos em suas casas porque pensavam que podiam protegê-los das pragas e doenças. Essa teoria possui alguma verdade: incensos feitos de ervas, incluindo tomilho e capim limão, há muito são usados por suas propriedades anti-sépticas e curativas. Estas e outras ervas eram queimadas em quartos de doentes, em hospitais, antes da descoberta dos antibióticos. Quando queimamos incensos naturais, moléculas de óleos essenciais são soltas no ar. Então elas acham seu próprio caminho, pelo sistema olfativo ou pelos poros da pele, e atuam no cérebro, onde se processam efeitos químicos que podem mudar seu ânimo, evocar boas memórias e lembranças. Essa fumaça aromática pode relaxar, estimular e aumentar nossa energia, nos levando para um momento de paz e tranquilidade.


Umbanda


A defumação é essencial para qualquer trabalho num terreiro de Umbanda, bem como nos ambientes domésticos. Este ritual é praticado com o objetivo de purificar o ambiente (terreiro/residência), bem como o corpo do médium e a assistência (pessoas que irão participar da gira), retirando as energias negativas e preparando o local para que a gira possa ocorrer em harmonia.


Pode-se aproveitar o know-how pego pela Umbanda para fazer uma limpeza em sua própria casa. Para fazer uma defumação correta só precisa de carvão em brasa, dentro de um turíbulo (incensório pequeno, geralmente feito de barro). Jogue as ervas secas dentro (ou na parte de cima, dependendo do modelo de incensório) e vá defumando toda a casa: Se for para limpeza espiritual, defume sempre de dentro para fora, se for para atrair bons fluidos e dinheiro, defume de fora para dentro. Os resíduos da defumação podem ser jogados no rio, no lixo, no terreno baldio, em qualquer lugar bem longe da casa, na encruzilhada, etc. (isto vai variar com a bula da defumação). Várias pessoas também aconselham a seguir a posição da lua. Ex: Para quebrar feitiços e limpeza em geral, fazer na lua minguante. Na lua nova, crescente ou cheia, fazer a defumação para prosperidade, amor, etc.


Existem dois tipo de defumação:


DEFUMAÇÃO DE DESCARREGO- Serve para afastar seres do baixo astral, e dissipar larvas astrais que impregnam qualquer ambiente, tornando-o carregado e ocasionando perturbações nas pessoas que neles se encontram. Ervas utilizadas:


ALECRIM DO CAMPO: Defesa dos males, tira inveja e olho gordo, protege de magias.
ARRUDA: Descarrego e defesa dos males, proteção e remove o efeito de feitiços.
BELADONA: Limpeza de ambientes
BENJOIM RESINA e CANELA: Limpa o ambiente e destrói larvas astrais.
CARDO SANTO: Defesa, quebra olho gordo
CIPÓ CABOCLO: Elimina todas as larvas astrais do ambiente
FOLHA DE BAMBU: Afasta vampiros astrais
GUINÉ: Atua como um poderoso escudo mágico contra malefícios.
INCENSO: Tanto a erva como a resina (pedra) são bons para limpeza em geral.
MIRRA: Descarrego forte, afasta maus espíritos
PALHA DE ALHO: Afasta más vibrações


Modo de usar: Varra a casa ou local a ser defumado, acenda uma vela para seu anjo de guarda, depois acenda um braseiro e coloque dentro do mesmo três tipos diferentes de ervas. Defume de dentro para fora, mantendo o pensamento firme de que está limpando sua casa, sua família e seu corpo.


DEFUMAÇÃO LUSTRAL- Além de afastar alguns remanescendes astrais que por ventura tenham se mantido após a defumação de descarrego, esta defumação atrai para o ambiente correntes positivas das entidades, que se encarregarão de abrir seus caminhos. Ervas usadas:


ABRE CAMINHO: Abre o caminho atraindo bons fluidos dando força e liderança.
ALFAZEMA: Atrativo feminino, deixa o lar mais suave, limpa, purifica e traz o entendimento
ANIS ESTRELADO: Atrativo. Chama dinheiro
COLÔNIA: Atrai fluidos benéficos
CRAVO DA ÍNDIA: Atrativo e chama dinheiro e dá força á defumação.
EUCALIPTO: Atrai a corrente de Oxossi
LEVANTE: Abre os caminhos do ambiente
LOURO: Abre caminho, chama dinheiro, prosperidade e dá energia ao ambiente
MADRESSILVA: Desenvolve a intuição e a criatividade, favorece também a prosperidade.
MANJERICÃO: Chama dinheiro
ROSA BRANCA: Paz e harmonia
SÂNDALO: Atrativo do sexo oposto e também ajuda a conectar com a essência Divina


Modo de usar: Esta defumação deve ser feita da porta da rua para dentro do ambiente.


Na limpeza, evite escolher ervas com funções diferentes, por exemplo: Levante, Louro e cardo santo, pois duas estão abrindo o caminho, e a terceira (cardo santo) é para limpeza. Isso pode não combinar, por isso primeiro defume a casa fazendo somente a limpeza, de dentro para fora, depois use as ervas para atrair coisas boas (de fora para dentro).


Quando for fazer defumação de café e açúcar, não faça com os 2 juntos; Primeiro defume de dentro para fora com café, jogue as brasas e os resíduos bem longe, depois defume de fora para dentro com açúcar.


Quando for usar Incenso, Mirra e Benjoim, pode-se usar uma quarta erva para limpeza.


Muitas pessoas não podem defumar a casa porque o marido, mulher ou vizinhos não gostam de defumação. Então, para uma defumação mais simples e funcional, faça-a com incensos, seguindo a orientação abaixo:


PARA LIMPEZA DE AMBIENTE COM INCENSOS


Encha um copo virgem (de vidro) de arroz cru, coloque 8 varetas de incenso, podendo ser de Arruda, Alecrim, Cânfora, Eucalipto, Madressilva ou Pimenta, passe este copo na casa inteira (começando de dentro para fora da porta de entrada) e quando chegar na porta de entrada, deixe-os queimando, no término, jogue todos os resíduos (arroz e o pó do incenso) na água corrente, e o copo guarde para a próxima defumação.


Tabela de incensos:


Limpeza: Olibano, elemi,copal,cravo da índia, junipero, louro cedro, lavanda alecrim, salvia branca, sangue de dragão, sweetgrass.
Coragem: Elemi, sangue de dragão, balsamo do peru, olibano, palusanto, louro, lavanda, cedro, pinho, junipero, salvia branca, tomilho.
Criatividade: Anis estrelado, copal, cravo da índia, mastic, elemi, breuzinho, olibano, capim limão, junipero.
Relaxar: Lavanda, sândalo, vetiver, sandarac, nardo.
Meditação & oração: Sândalo, mirra, olibano, mastic, copal, nardo, Ladano, sangue de dragão, damar, aloes madeira.
Sono: Sândalo, nardo, galbano, mirra, salvia branca, lavanda.
Sonhos: Aloés madeira, mastic, louro, lavanda.
Amor: Sândalo, aloés copal, bejoin, mirra, vetiver, cássia, nardo, rosa patchuli.

A.D.


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09/09/2012

A Importância do Estudo na Umbanda

A Importância do Estudo na Umbanda

Assim como ao futuro acadêmico, ao engenheiro e ao médico, assim como em outras profissões, compete iniciar seus estudos quando criança pela cartilha primária, sendo alfabetizado, posteriormente aprendendo os conhecimentos básicos que o permitirá tentar no futuro os estudos mais complexos de uma determinada profissão, ao umbandista/médium, é necessário também começar o seu desenvolvimento religioso pelas lições básicas da Umbanda.

O homem pode formar-se médico, advogado, chegar a ser um doutor, mas ele sempre terá começado pela alfabetização, pelo básico, e mesmo as profissões mais singelas, hoje são dotadas de cursos profissionalizantes baseados em conhecimentos técnicos a fim de orientar as experimentações mais comuns.

Eliminamos as indecisões, os equívocos e os transtornos comuns das tentativas empíricas sem métodos quando preparados pelo estudo teórico e prático orientado por um profundo conhecedor do assunto, sensato e experimentado.

Na Umbanda, para sermos bons umbandistas/médiuns, o estudo teórico e prático orientado nos proporciona conhecer a história, os rituais, a disciplina, a hierarquia, as sensações e percepções envolvidas no dia a dia e no trabalho umbandista.

O estudo afasta o medo, a censura, o sarcasmo, o senso de ridículo, pois nos proporciona entender como tudo acontece, dentro e fora de um terreiro.

O estudo nos proporciona êxito em nossas atividades a favor do próximo e, principalmente, a favor de nós mesmos.

O êxito está proporcionalmente ligado ao equilíbrio moral e emocional, fruto da disciplina, do autoconhecimento, da fé e da entrega do umbandista.

Só chegamos ao preparo necessário aprendendo a amar nossa religião.

Para amá-la precisamos entendê-la.

Para entendê-la precisamos estudá-la.

Assim como não confiaríamos nossa saúde a alguém que não tenha estudado por longos anos e se formado médico, é claro que também não poderíamos confiar na capacidade, na segurança e no entendimento de qualquer umbandista/médium que ignore a necessidade primária de estudar e entender sua religião.

André Gonçalves Santos


***


Muitos médiuns Umbandistas não gostam de estudar sobre a Religião de Umbanda, assim como alguns sacerdotes não permitem que seus médiuns estudem e façam perguntas, questionem, evoluam em conhecimento e saber.

Muitos dizem que a Umbanda é caridade, amor e não é necessário estudo qualquer: "é só deixar o guia vir; é só deixar o Orixá encostar".

Bem, em toda Religião o estudo é fundamental para a sua compreensão. Não que esteja errado ver o lado da caridade, do amor ou da entrega que realmente são necessários aos médiuns na incorporação, mas a Umbanda é muito mais do que isso.

O estudo deve ser somado à dedicação prática da lida no terreiro (a prática da caridade e do amor ao próximo: solidariedade), unindo tudo isso como um conhecimento maior que pode tirar dúvidas, retirar confusões da mente, evitar o animismo, o exibicionismo (de médiuns e/ou de entidades), evita que os consulentes vejam a Umbanda e seus guias como trocadores de favores / presentes, a clonagem arquetípica dos guias (quando médiuns novos acabam, sem querer, copiando o comportamento dos guias ou dos dirigentes), o comportamento grosseiros de alguns guias e médiuns, a ignorância de alguns médiuns, e evitar que os espertalhões, que querem utilizar a Umbanda como um meio de ganhar dinheiro, o façam usando a ignorância de seus adeptos.

Podemos dividir o estudo da Umbanda em várias formas de entendimento e orientações:

* Pela doutrina de cada segmento, cada casa, que deveria ser ministrada aos médiuns e assistidos (qual a doutrina existente na casa, seus ritos, fundamentos, maneira de trabalhar). Normalmente essa doutrina ou essas aulas de doutrina estão a cargo do sacerdote da casa ou alguém designado por ele;

* A conversa de banquinho com o(a) preto(a)-velho(a) do(a) dirigente ou dos dirigentes da casa (pode ser com outro guia, tudo dependerá da estrutura de comando de cada casa; umas estão sob o comando dos pretos-velhos, outras sob o de Caboclos, Boiadeiros, Baianos etc), onde a parte doutrinária da casa, pelo seu lado espiritual e orientador, deve ser levada aos médiuns;

* Livros e material didático que sejam feitos pela casa (terreiro) ou utilizado de autores Umbandistas. Onde possam existir mais orientações no nível doutrinário, religioso, comportamental, espiritual, moral e ético relacionados a Umbanda;

* Outras fontes literárias, até de outras religiões, onde possam conter informações relevantes para os médiuns, no seu entendimento sobre a Religião de Umbanda, ou mesmo, sobre certos conceitos de cunho moral, ético, espiritual, doutrinário etc;

* Formação de palestras e/ou seminários, onde ao médiuns possam compartilhar da sabedoria e do conhecimento de outras sacerdotes e outras pessoas ligadas `a espiritualidade (dependendo de cada seguimento da Umbanda);

* Como visitantes a outros terreiros ou recebendo visitantes em seu próprio terreiro, no intuito de se mostrar a diversidade da religião, a troca saudável de culturas dentro da Umbanda, mostrando a diversidade, a riqueza que é a Religião de Umbanda. Ao mesmo tempo, estreitando laços de amizade e de união com outros terreiros e outras formas de se manifestar a Umbanda;

* Por meio da formação escolar e acadêmica. Seja no estudo regular, ou na Universidade, onde o médium aprende uma profissão, uma especialização, aumenta sua instrução e a sua forma de ver e entender o mundo;

* Por meio de cursos relativos a Umbanda e a outras religiões, ou facetas da própria Umbanda. Porém, esses cursos devem ser de conhecimento do sacerdote de cada casa, pois existem diversas pessoas que usam do nome da Umbanda para enganar e retirar dinheiro de médiuns que buscam o conhecimento.

Como podemos ver, não existe somente uma forma, mas existem diversas formas de se obter o conhecimento e o estudo com relação a Religião de Umbanda.

Devemos sempre lembrar que os Sacerdotes da casa, de cada casa, têm o compromisso, não só em relação a caridade, ao amor, a solidariedade, mas também, do conhecimento, do ensino, da orientação, do conduzir os médiuns, os tirando da ignorância e mostrando que a Religião de Umbanda, mediante o seu seguimento, pode dar muitos ensinamentos. Não só em relação a religião em si, mas para o próprio médium como pessoa, como ser humano.

O terreiro, a religião, pode se estender para o mundo profano e nele exercer uma atuação divina. Isso pode ser feito sem preconceitos, sem proselitismos, sem perseguições, sem imposições ao outro. Basta que os sacerdotes e os guias que conduzem uma cada de Umbanda, saibam passar os bons ensinamentos a seus médiuns para que eles possam levar para o mundo o que a Umbanda tem de melhor, o que ela tem de contribuição para a melhora do mundo e do próprio ser humano.

Algumas pessoas, até dentro da Umbanda, acreditam que "o conhecimento é poder" (Francis Bacon).

Eu acredito que "o conhecimento liberta o homem de sua ignorância, abrindo-lhe a mente para a liberdade das ideias."

Etiene Sales




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08/09/2012

Umbanda - Semente de Vida e Amor no Universo


Somos eternos e privilegiados aprendizes das Leis Divinas.

Foi-nos permitido aprender sempre: na escola e em casa, com erros e acertos; com conhecidos e desconhecidos, na alegria e na dor; com quem menos imaginamos e conosco mesmos; com crianças, velhos e adultos; com animais e plantas; e, com a vivência em sociedade.

Por merecimento, reencarnamos neste mundo de expiações e provas, com o objetivo de melhorarmos nossa índole, nossa essência e recebemos a oportunidade de nos conscientizarmos do prejuízo com o tempo perdido, com guerras, disputas e desentendimentos, para revermos nossas atitudes, vigiarmos nossos pensamentos, aprimorarmos nossos sentimentos, aprendermos a amar nossos semelhantes e, ainda, outorgados a dividir com outras pessoas essa maravilhosa experiência de amar, respeitar e honrar todas as formas de vida.

Nossa vida pode ser traduzida como capítulos de um livro, escrito sem ensaios nem borrachas, e deve ser conduzida sem pretensões de fartas colheitas no plano terreno.

Um livro com histórias bonitas e com finais felizes. Outras com novas histórias, feias e tristes, com batalhas desnecessárias, por motivos fúteis que, às vezes, até interrompem, momentaneamente, nossa evolução, nos desviando de pessoas queridas e do caminho escolhido.

Alguns capítulos que nos honram pela felicidade expressada por gestos simples, inesperados e delicados. Há alguns que nos envergonham pela estupidez dos nossos atos impensados e imaturos, mas, todos eles fazem parte do livro que escrevemos, nas páginas entregues a nós, por Pai Olorum, para darmos continuidade a nossa existência nesse plano terreno, utilizando a bagagem trazida durante nosso processo evolutivo.

Essa história tem alguns co autores, amigos espirituais que, quando permitimos, nos auxiliam a não repetirmos tanto os erros passados. São como gotas de luzes coloridas e cristalinas que aliviam nossas dores e guiam nossa jornada. São Prepostos do Divino Criador, que recebem a feliz missão de partilhar conosco a nossa caminhada Divina.

Encontramos pelo caminho muitas pessoas, que também são parte do Todo e representam, assim como nós, uma centelha Divina. Algumas com muitas perguntas e poucas respostas, muitas verdades e pouca humildade, muita soberbia e pouca sabedoria, muito sucesso e pouco conhecimento. Outras buscam o brilho das estrelas sem conhecer a noite, sonham com a luz, sem conhecer o sol, querendo alçar altos vôos, sem saber caminhar.

São personalidades distintas: doentes ou saudáveis, delicadas ou cruéis, honestas ou cínicas, amáveis ou abomináveis, sinceras ou maquiavélicas, leais ou perversas, mas sempre as encontramos.

As personalidades que se farão presentes ao nosso lado, serão frutos do retorno daquilo que conseguimos construir em nossa própria existência, daqueles que atraímos e fidelizamos como nossa companhia.

A Lei da afinidade e a Lei do retorno são realidades. Verdadeiras dádivas do Pai Maior que, incentivam nossa evolução através do livre arbítrio, que nos permitem identificar, reconhecer e optar pelas personalidades com quem queremos aprender, conviver e compartilhar a caminhada.

A colheita nem sempre é estável, farta e com resultados abundantes e esperados. Às vezes não colhemos frutos saudáveis, saborosos e de fácil degustação, mas sempre são atribuídos a nós, pelas sementes que plantarmos, frutos semelhantes aos que doamos e alimentamos quem se aproxima, muitas vezes, sedento de luz, implorando uma gota de amor, buscando uma fagulha de conhecimento, faminto por um gesto de carinho.

Quando as sementes são entregues a nós por Pai Olorum para serem cultivadas, a colheita é certa. O fruto em desenvolvimento deve ser tratado com amor e cuidado. A opção é dele, mas, certamente, terá uma oportunidade real para amadurecer e se tornar salutar para alimentar outros semelhantes com o efeito grandioso dos seus humildes gestos de amor, sentimentos reais de fé e caridade, assimilados e vivenciados diariamente.

Mas, quando a semente é desprezada e o fruto é mal direcionado ou maltratado, pode não só se perder no meio da plantação, como contaminar outros imaturos, despreparados e sensíveis às ervas daninhas.

Aprendemos, com lições muitas vezes duras, a respeitar o limite de cada ser humano, sem exigir crescimento, desenvolvimento ou que aceitem as nossas verdades, sem exigir o que ele não consegue nos conceder. Afinal, o ser humano só consegue doar aquilo que tem e não aquilo que esperamos de cada um.

A reencarnação é isso: uma oportunidade de resgates, de reencontros, de crescimento, de culto ao amor ao próximo e nos faz acreditar que sempre é tempo de recomeçar e recuperar espíritos desequilibrados e equivocados, dentro da Lei Maior, da Justiça Divina e do merecimento de cada um, naturalmente, se esses irmãos, em processo de conscientização, se deixarem conduzir pelas luzes Divinas enviadas por Pai Olorum, caso contrário, a colheita para eles, também é certa!

Por isso, meus irmãos, filhos amados da Seara de Pai Olorum, não precisamos conviver, mas, necessariamente, deixemo-nos contagiar pela arte de amar ao próximo, independente da condição apresentada por eles, sejam afins ou não aos nossos conceitos de vida, pois, somente assim, estaremos aprendendo e contribuindo verdadeiramente para a evolução do Todo, fortalecendo a corrente de amor, do bem, da caridade, da fraternidade, da justiça e da fé difundidos pela Umbanda Sagrada.

É fácil amar quem nos ama, abraçar quem nos abraça, concordar com quem concorda conosco; cuidar, zelar e proteger aqueles que estão sob nossos cuidados; e, ensinar quem silencia diante das nossas palavras.

O mérito está em conseguirmos fazer tudo isso com aqueles que estão desequilibrados, discordam, questionam, divergem, provocam e desafiam. Aí sim, estaremos participando ativamente e auxiliando em todo esse processo magnífico de reconstrução astral, de evolução pessoal, crescimento individual que refletirá diretamente na qualidade das relações humanas, permitindo que todos façam sua reforma íntima, se conheçam verdadeiramente, busquem melhoramento contínuo, resgatem seus débitos, não repitam suas falhas e conduzam de maneira equilibrada seus atos, sentimentos e pensamentos.

Dessa forma, poderemos nos denominar Umbandistas, mensageiros da fé e semeadores do amor de Pai Oxalá. Isso sim é Umbanda - Semente de Vida e Amor no Universo!

Que Pai Oxalá nos abençoe, guie nossa jornada e nos cubra com o Seu manto Sagrado

Arley Lobo




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07/09/2012

Existe Perfeição na Umbanda?


Existe perfeição na umbanda?


Não costumo escrever na primeira pessoa, mas hoje me senti compelido a isso. Em termos de Umbanda já vi muita coisa. Algumas me agradaram, edificaram meu conhecimento, colaboraram com meu crescimento espiritual – em cuja caminhada ainda dou os primeiros passos, sem falsa modéstia - , outras coisas que vi não foram tão agradáveis aos meus olhos, no entanto, como tudo que existe e acontece, serviram para ensinar alguma lição que certamente me faltava.


Não faz muito tempo, sofri certa decepção com pessoas próximas a mim na Umbanda. Isso não me fez desacreditar na religião, mas me mostrou que eu tinha outros caminhos a seguir. Agradeço a essas pessoas que, num primeiro momento me decepcionaram, mas que na verdade, mesmo inconscientemente, tiraram algumas travas dos meus olhos e me fizeram caminhar com as próprias pernas. Assim é a vida: tudo que nos acontece é parte de um processo de construção de conhecimento e aprimoramento. O problema é que muitas vezes nos prendemos apenas ao ato de vislumbrar o erro – até com certo prazer – e deixar que a língua se exercite mais que a razão. Os sentimentos gerados por esse tipo de atitude é extremamente nocivo, principalmente quando estamos em um terreiro de Umbanda, cuja harmonia é essencial ao bom andamento dos trabalhos.

Estar em uma gira de Umbanda é uma responsabilidade grande, pois ali não estamos sós. Estamos acompanhados de nossos irmãos-de-fé e de toda uma gama de energias e espíritos, que se não estiverem adequadamente sintonizados e harmonizados, abrem brechas para outras energias, indesejadas, daninhas e que se beneficiam da fragilidade que porventura apareça.

Estar em uma gira de Umbanda é, sobretudo, estar doando um pouco de si mesmo. Aquele que se propõe a trabalhar na Umbanda acreditando que receberá benefícios está redondamente enganado. Ele irá doar mais do que receber: irá doar seu tempo de descanso, de lazer, de família. Não receberá aplausos nem recompensas materiais (embora muitos esperem isso). Porém receberá o mais valioso dos tesouros, a oportunidade de aprimorar o próprio espírito através da prática da caridade.

Mas para receber essa recompensa é necessário merecê-la. É necessário estar de coração aberto e alma limpa durante o tempo que dura a gira de Umbanda.

Será que todos os membros da corrente são amigos e se amam verdadeiramente como irmãos, como prega a religião?

Seria hipocrisia responder que sim. Sabemos muito bem que temos afinidades e preferências. Alguns simpatizam mais com Fulano, outros mais com Beltrano. É natural que essas diferenças existam – justamente porque existe a diversidade, qualidade que provavelmente a Umbanda é uma das poucas religiões que respeita. O que não podemos deixar é que essas afinidades se tornem fator de desarmonia (já que as afinidades existem justamente para harmonizar os grupos). Sábio é o umbandista que entende que quando está “à paisana” (fora do horário da gira), tem todo o direito de ter suas preferências, mas que ali, enquanto rufam os atabaques, todos, sem exceção, são irmãos e iguais – ninguém é mais médium que outro, nem suas entidades são mais poderosas. Cada qual tem sua importância e valor e infeliz é aquele que não percebe isso.

É preciso também que o umbandista aprenda a olhar mais para o seu interior do que para o seu irmão-de-fé. Ele está ali como um trabalhador espiritual, alguém que se doa, alguém disposto a praticar a caridade e ser instrumento da espiritualidade no sentido de auxiliar os necessitados, encarnados e desencarnados. Ele não é um fiscal do seu irmão-de-fé, da gira e nem mesmo (e principalmente) das entidades que vêm em Terra para trabalhar na caridade. Cada filho de Umbanda deve, durante os trabalhos, preocupar-se em fazer a sua parte da melhor forma possível. Se cada um cuidar da qualidade do seu desempenho, a gira correrá tranquilamente. No entanto, se ele adentrar o terreiro já com o olhar crítico para com seu irmão, conseguirá desestabilizar não somente aquele(s) a quem observa e critica, mas a si mesmo e comprometerá todo o trabalho.

Isso não significa que o filho de Umbanda deve se calar diante de coisas erradas que porventura possam acontecer durante os trabalhos espirituais. É seu dever levantar as questões (e apontar sugestões/soluções) quando elas surgem. Porém não é seu dever colocar-se no papel de fiscal da gira. Para isso existem os orixás, as entidades, os guardiões da casa e, abaixo deles, o dirigente dos trabalhos.

Não acredito na existência de um templo de Umbanda perfeito, pois eles são formados por seres humanos, que carregam consigo, inclusive nos momentos de trabalho, todas as suas qualidades, defeitos e imperfeições. Se fôssemos perfeitos não haveria a necessidade de estarmos ali. O templo é reflexo de seus filhos. Quanto maior a harmonia entre os irmãos-de-fé, melhor o resultado dos trabalhos, isso é fato. O inverso também.

Cada umbandista deveria observar o seu templo com olhos benevolentes, buscando os aspectos positivos, e não a oportunidade de levantar críticas. Deveria observar e valorizar o empenho de seu irmão, que muitas vezes faz enormes sacrifícios para estar ali. E deveria, antes de analisar criticamente os trabalhos e as pessoas, analisar a si mesmo, pois muitas vezes quem destoa do grupo é ele.

Jamais encontraremos a perfeição total em um templo de Umbanda, pois somos nós, humanos que estamos ali visíveis à assistência e todas as nossas fragilidades estão à mostra. Aprendi a não buscar a perfeição nos terreiros (e nem nos umbandistas, pois não sou o paladino da perfeição). Mas aprendi a cobrar de mim mesmo – e não dos outros – melhores atitudes, principalmente quando desempenho o papel de representar a minha religião, dentro ou fora do templo, pois sou o espelho onde ela se reflete. Os orixás e as entidades raramente são visíveis aos olhos humanos. Minhas atitudes não.

Como sempre digo, as religiões são perfeitas, já os religiosos...

Douglas Fersan




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02/09/2012

O Terreiro Faz as Vezes de Hospital

Hospital na umbanda


A dificuldade de cumprir a tarefa de dirigente sempre se acentua dentro do terreiro com os médiuns e muito pouco na caridade com o povo.

Todo médium de tarefa é um ser encarnado para curar seu espírito endividado e o terreiro é o hospital onde vai se internar por um longo tempo de sua vida na terra.

Sabemos que a maioria dos pacientes são impacientes, não é mesmo?

E, aí é que complica!

O dirigente também não deixa de ser um doente que, além de se tratar, agora pode estagiar ajudando aos médiuns de sua corrente "hospitalar".

Isso não o coloca como um semi-deus perfeito do qual não se admitem mais erros, muito menos como alguém que tudo pode, em qualquer hora e em qualquer situação.

Dele será exigido posturas mais firmes bem como entendimento mais apurado.

Ele deverá se aprimorar constantemente com estudo e reforma íntima, exigindo da corrente igual compromisso.

Tais posturas serão necessárias em função do tamanho de sua responsabilidade e dentre elas está a de cortar o mal pela raiz, priorizando sempre a corrente como um todo, sem privilégios a quem quer que seja.

Ao assumir tal posto diante da espiritualidade, antes de reencarnar, já estará consciente de que sua vida não será "comum" e que certamente terá que abdicar de muitas coisas materiais, em favor do lado espiritual.

O termo Pai e Mãe agracia o médium com a postura de se colocar como tal, amparando, educando e auxiliando a corrente como verdadeiros filhos de seu coração.

Tarefa mais difícil ainda, pois esses "filhos" não vieram de seu ventre e não nasceram ontem.

São adultos, viciados e com personalidade formada.

Cada um com seus egos aflorados, com suas necessidades de reformulação e o fato de portarem a mediunidade, já os qualifica como devedores em potencial.

E certamente, reeducar um adulto é muito mais difícil do que educar uma criança.

É pepino torto.

Observo nos terreiros por onde ando que muito se exige do dirigente e muito pouco se retribui.

Falta nos médiuns, desde respeito até aquilo que os deveria mover dentro da corrente, que é amor.

Humildade então, meus filhos, é coisa rara.

Em compensação sobra bajulação, geralmente usada como meio de se fazer preferido na corrente.

Nega véia costuma dizer que criança que se cria como bibelô, como tal vai quebrar quando adulto.

Todo aquele que não teve rédea firme na infância para domar suas más tendências, vai chegar no terreiro e expô-las de modo a perturbar a ordem do lugar.

Hora e vez de impor as leis que regem a Casa, independente do que possa pensar a respeito disso, o médium em questão.

Se mesmo indisciplinado, tiver algo de humildade, vai receber o chamamento como aprendizado e ali vai crescer, mas se pelo contrário, além da indisciplina prevalecer nele a arrogância e o orgulho, acolherá como ofensa e infelizmente, o remédio é amargo para essa doença.

A tarefa é tão árdua que muitos desistem na metade da caminhada, outros se corrompem, mas, ainda bem que uma grande maioria volta à casa com sua coroa iluminada pela luz do dever cumprido e a estes, o mérito de conseguir dar um salto em sua evolução.

Vovó Benta
por Leni Winck Saviscki


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