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Obsessão

Publicado em 10/10/2012


Obsessão


Obsessão: A dupla face de um flagelo

A patologia espiritual induzida pelos seres desencarnados recebe, no Espiritismo, a denominação generalizada de obsessão.

Allan Kardec, analisando-a na prática, identificou a verdadeira causa do mal e descreveu os mecanismos sutis da ação deletéria patrocinada pelo obsessor. Apesar da expressiva sintomatologia de alguns casos, para surpresa de muitos, a enfermidade não decorre da ação patogênica de nenhum vírus desconhecido, mas de um agente etiológico jamais imaginado pela Ciência, embora, largamente disseminado na crosta planetária, - o próprio homem - . Este agente é sem dúvida, um vetor de reconhecida virulência e de comportamento mutável, por ser dotado de inteligência, sentimento e vontade própria, o que lhe confere, em última análise, ampla possibilidade de ação para o bem e para o mal.

Aproveitando-se do estado de invisibilidade, o espírito desencarnado menos esclarecido, exerce a sua ação deletéria, manipulando energias fluídicas de teor densificado, extremamente prejudiciais àqueles a quem jurou vingança.

A obsessão espiritual, quando visualizada pela ótica espírita, se constitui em um dos mais antigos flagelos da humanidade, prolongando-se pelos raios de ação. Investigando-se a causa do mal, chegou-se a uma interessante conclusão: o problema é de natureza moral e engloba, na maioria das vezes, a participação culposa de ambos os personagens enredados na inditosa trama.


Vige no contexto doutrinário a seguinte postura filosófica: enquanto o homem alimentar sentimentos de ambição, ódio e vingança, a obsessáo espiritual existirá por muito tempo ainda.


Os vínculos de sintonia entre a vítima e o agressor se estreitam, na proporção direta do envolvimento emocional entre as partes, já que as deficiências morais, quase sempre, estão presentes, bilateralmente, levando-se em conta que a vítima de hoje foi o algoz do pretérito. Por isso, a consideramos um flagelo de face dupla, identificado pela semelhança de malefícios.


A dívida moral é considerada o mais importante fator predisponente da obsessão, por conta das brechas cármicas que se desenvolvem a partir da consciência culpada. Além do mais, o mal praticado contra o semelhante não só extingue junto com a dor da vítima; ele permanece vibrando em torno da psicosfera individual, constituindo-se uma espécie de morbo fluídico que, aos poucos, se enraiza na tela eletromagnética do perispírito, originando focos de baixa resistência espiritual, por onde os obsessores costumam injetar, com facilidade, os seus fluidos deletérios. Por isso, é uma ilusão pensar-se que o mal feito às escondidas, por não contar com testemunhas, nos isente dos processos retificadores.


O mecanismo psíquico, no seu complexo dinamismo, registra, na intimidade da tela consciencial, toda atitude contrária às Leis Morais da Vida, nos expondo às exigências do Princípio da Ação e Reaçao. O ato obsessivo é uma contingência decorrente da própria miséria humana, a qual predispõe o infrator ao assédio espiritual dos inimigos e vítimas de outrora. Por isso, quando em reunião específica de desobsessão, escutamos esses pobres espíritos, tão vingativos, clamarem por justiça, imaginamos o quanto de ódio lhes oblitera o raciocínio, a ponto de não se aperceberem tanto ou mais comprometidos que as suas pretensas vítimas.


A obsessão é constrangimento fluídico a comprometer o patrimônio mento-afetivo ou orgânico da criatura enfraquecido em suas defesas espirituais e, por isso mesmo, tão necessitada quanto o próprio obsessor, da terapêutica do perdão, única alternativa de cura definitiva para ambos.


Subjugação


Manoel Philomeno de Miranda (espírito)


Etapa grave no curso das obsessões, caracterizada pela perda do discernimento e da emoção, o estágio da subjugação representa o clímax do processo ultriz que o adversário desencarnado impõe à sua vítima, em torpe tentativa de aniquilar-lhe a existência física.


A perfeita afinidade moral entre aqueles que experimentam a pugna infeliz, traduz o primarismo evolutivo em que desenvolvem os sentimentos, razão pela qual acoplam-se, perispírito a perispírito, impondo o algoz a vontade dominadora sobre quem lhe padece a ferocidade, por cujo doloroso meio lapida as arestas remanescentes dos crimes perpetrados anteriormente.


A subjugação é o predomínio da vontade do desencarnado sobre aquele que se lhe torna vítima, exaurindo-lhe as energias e destrambelhando-lhe os equipamentos da aparelhagem mental.


Noutras vezes, a irradiação mental perniciosa que lhe é descarregada com pertinácia, alcança-lhe a sede dos movimentos ou o núcleo perispiritual das células, provocando desconcertos que se transformam em paralisias, paresias e distúrbios degenerativos outros de variada etiopatogenia.


O perseguidor enceguecido pelo ódio ou vitimado pelas paixões inferiores longamente acalentadas, irradia forças morbíficas que o psiquismo daquele que lhe infligiu a amargura assimila por identidade vibratória e se torna decodificada no organismo, produzindo os objetivos anelados pelo obsessor.


Em ordem inversa, a onda de amor e de prece, de envolvimento caridoso e fraternal, termina por encontrar receptividade tão logo o paciente se deixe sensibilizar, transformando-a em harmonia e saúde, bem estar e paz.


Todos os fenômenos ocorrem no campo das equivalentes sintonias, sem as quais são irrealizáveis.


Desse modo, a violência registrada nas agressões para a subjugação, somente encontra ressonância por causa da afinidade entre aqueles que se encontram incursos no embate.


Normalmente o processo é lento e persuasivo, provocando danos que se prolongam no tempo, enquanto são minadas as forças defensivas para o tombo irrefragável nas malhas da pertinaz enfermidade espiritual.


O processo cruel da obsessão de qualquer matiz tem suas raízes sempre na conduta moral infeliz das criaturas pelo cultivar da sua inferioridade em contraposição aos apelos elevados da vida, que ruma para a Suprema Vida.


Enquanto permaneçam os Espíritos afeiçoados às heranças do estágio primitivo, mantendo o egotismo exacerbado, graças ao qual humilha e persegue, trai e escraviza, explora e infunde pavor ao seu irmão, permanecerá aberto o campo psíquico para as vinculações obsessivas.


Somente uma radical transformação de conceito ético entre os homens terrestres é que os mesmos disporão de recursos seguros para se prevenirem obsessões.


No entanto, porque vicejem os propósitos inferiores em predomínio em a natureza humana, sucedem-se as complexas parasitoses obsessivas.


Agravada pela alucinação do perseguidor, a subjugação encarcera na mesma jaula aquele que a fomenta.


Emaranhando-se nos fulcros perispirituais do encarnado, termina por fixar-se-lhe emocionalmente, permanecendo presa da armadilha que urdiu.


A subjugação é perversa maquinação do ódio, da necessidade de desforço a que se escravizam os Espíritos dementados pela falta de paz.


Cultivando os sentimentos primários e encerrando a mente nos objetivos da vingança cerram-se na sombra da ignorância, perdendo o contato com a razão e a Divindade, enquanto não se permitem a felicidade que acusam de havê-los abandonado.


Ambos desditosos – o subjugado e o subjugador – engalfinhando-se na peleja sem quartel, não se dão conta que somente o amor consegue interrompê-la.


De tratamento muito delicado e complexo, o resultado ditoso depende da renovação espiritual do paciente, na razão em que desperte para a seriedade da conjuntura aflitiva em que se encontra. Simultaneamente, a solidariedade fraternal, envolvendo ambos enfermos em orações e compaixão, esclarecimentos e estímulos para o futuro saudável, conseguem romper o círculo vigoroso de energias destrutivas, abrindo espaço para a ação benéfica, o intercâmbio de esperança e de libertação.


A subjugação desaparecerá da Terra quando o verdadeiro sentimento da palavra amor for vivido e espraiado em todas as direções, conforme Jesus apresentou e vivenciou até o momento da morte, e prosseguindo desde a ressurreição gloriosa até aos nossos dias.


(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 28/07/99, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA)



Possessão


Marco Milani


Apesar de naturalmente compreensível para os estudiosos do Espiritismo, pode parecer estranho àqueles que não se aprofundaram adequadamente no tema as seguintes afirmações: Possessão é um fenômeno possível e este não é, invariavelmente, uma obsessão.


Este entendimento requer uma consulta criteriosa à Codificação, pois trata-se de assunto que o próprio Kardec revisou durante sua obra e num ato de verdadeira humildade desenvolveu-o, complementando o sentido que aparentemente havia firmado desde 1857 n'O Livro dos Espíritos (LE). Somente a partir de 1863, na Revista Espírita, o Codificador revê o conceito de possessão, admitindo a sua existência não mais como subjugação, mas em seu sentido exato. Sobre o caso verificado da Srta. Julie (RE - Dez/1863), Kardec expressa-se da seguinte maneira:


"Temos dito que não havia possessos (ver LE-473, por exemplo) no sentido vulgar do vocábulo mas somente subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta porque agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um encarnado."


Somente alguém da nobreza moral e intelectual de Kardec poderia retomar um conceito que ele mesmo propagava como absoluto mas que evidenciou-se, através de fatos comprovados e pelo crivo racional, com diferente acepção. Este é um exemplo do dinamismo da Doutrina, que só pode ocorrer quando validado pela razão e demonstrado irrefutavelmente.


Para melhor diferenciação, devemos conceituar estes termos conforme encontramos n'A Gênese (GEN - Cap XIV - itens 45 a 49):


a) Obsessão é a ação persistente que um mau Espírito exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a simples influência moral sem sinais exteriores sensíveis até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais.


b) Possessão é a ação que um Espírito exerce sobre um indivíduo encarnado, substituindo-o temporariamente em seu próprio corpo material. Esta ação não é permanente considerando que a união molecular do perispírito ao corpo opera-se somente no momento da concepção.


A diferença no processo de comunicação entre os fenômenos de psicofonia e de possessão também pode ser evidenciada. No primeiro, o Espírito comunicante transmite seus pensamentos ao encarnado e este encarrega-se de retransmitir conforme seus próprios recursos; no segundo caso, é o próprio desencarnado que serve-se (apossa-se) diretamente do corpo material e transmite a sua mensagem (o Espírito encarnado afasta-se mas ainda permanece ligado ao seu envoltório físico).


Esclarecendo objetivamente que a possessão pode ser promovida por um Espírito bom, encontramos (GEN – Cap. XIV – item 48): "A obsessão sempre é o resultado da atuação de um Espírito malfeitor. A possessão pode ser o feito de um bom Espírito que quer falar e, para fazer mais impressão sobre os seus ouvintes, toma emprestado o corpo de um encarnado, que este lhe cede voluntariamente tal como se empresta uma roupa. Isto se faz sem nenhuma perturbação ou incômodo e, durante este tempo, o Espírito se encontra em liberdade como num estado de emancipação e freqüentemente se conserva ao lado de seu substituto para o ouvir."


Obviamente a possessão também pode ocorrer através de um Espírito malfeitor e neste caso caracteriza-se um processo obsessivo. Assim ocorre quando a vítima não possui força moral para resistir à agressão e é obrigada a afastar-se temporariamente de seu corpo (obs: mais uma vez é importante ressaltar que nestes momentos a vítima permanece ligada ao corpo mas sem o seu domínio).


Considerando o presente nível moral da humanidade não é de se estranhar que há muito mais casos de possessões obsessivas do que aquelas com finalidades edificantes.


O Espiritismo, mais uma vez, lança luzes sobre males ainda considerados pelas ciências materialistas como de causa patológica. Não descartando esta possibilidade (anormalidade orgânica) a Doutrina Espírita faz conhecer outras fontes das misérias humanas, mantidas pela fragilidade moral dos seres. Inteligência e Amor são as armas para combater desequilíbrios.


Tratam-se de experiências geralmente individuais (como a da Srta. Julie, citada anteriormente) mas Kardec também relata ocorrências de possessão coletiva (ver RE – 1862/63 – casos em Morzine e Tananarive).


Assim, contribuindo para o real entendimento deste processo, devemos distinguir os fenômenos de possessão e obsessão. A possessão ocorre e pode ser boa ou má; a obsessão sempre é má. Portanto, nem toda possessão é obsessão.



Fascinação – uma advertência de Kardec


Orson Peter Carrara


Estágios da obsessão pedem cuidados


No Discurso que proferiu, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, para o encerramento do ano social de 1858/1859, entre outras preciosas observações que merecem leitura e estudo integral (1) de todos nós, os espíritas da atualidade, está uma rápida abordagem, feita por Kardec, sobre a influência dos espíritos sobre a sociedade humana.


O texto remete ao sempre atual assunto da Obsessão, tão bem desenvolvido em O Livro dos Médiuns (capítulo XXIII, itens 237 a 254), onde podemos estudar os estágios de obsessão simples, fascinação e subjugação.


Em síntese, como coloca Kardec, a obsessão simples é a insistência de um espírito no constrangimento que tenta impor à sua vítima; a fascinação já é o mesmo quadro em estágio de fascinação para o médium que não se crê enganado; a subjugação, por sua vez, é a opressão que paralisa a vontade daquele que a sofre, e o faz agir a seu malgrado.


Sugerimos aos leitores prévia consulta ao capítulo acima citado para ampliar o estudo da questão, pois o objetivo da presente abordagem é trazer aos nossos leitores uma advertência do Codificador no que se refere ao processo de fascinação.


Como citamos, o texto está na fonte acima citada e eis o trecho que destacamos:


"(...) O perigo está no império que os maus espíritos exercem sobre as pessoas, o que não é apenas uma coisa funesta, do ponto de vista dos erros de princípios que aqueles podem propagar, como ainda do ponto de vista dos interesses da vida material. Ensina a experiência que não é impunemente que nos abandonamos ao seu domínio. Porque suas intenções jamais podem ser boas. Uma de suas táticas para alcançar os seus fins é a desunião, pois sabem muito bem que podem facilmente dominar aquele que estiver sem apoio. Assim, o seu primeiro cuidado, quando querem apoderar-se de alguém, é sempre inspirar-lhe a desconfiança e o isolamento, a fim de que ninguém possa desmascará-lo, esclarecendo a vítima com seus conselhos salutares. Uma vez senhores do terreno, podem a vontade fascinar a pessoa com promessas sedutoras, subjugá-la por meio da lisonja às suas inclinações, para o que aproveitam os lados fracos que descobrem a fim de melhor fazê-la sentir, depois, a amargura das decepções, feri-la nas suas afeições, humilhá-la no seu orgulho, e, muitas vezes, não a elevar um instante senão para a precipitar de mais alto (...)".


Observemos com bastante atenção, objetivando estudar o tema, a questão das táticas, da desunião, da tentativa de dominar, da inspiração da desconfiança e do isolamento, da lisonja às inclinações, do aproveitamento dos lados fracos e finalmente, do desejo de fazer com as vítimas sintam a amargura das decepções, o ferimento das afeições, da humilhação de seu orgulho e mesmo da precipitação em abismos de sofrimento, dor e dominação.


Este curto e sugestivo texto deve acender em nós o desejo ardente da auto-análise sobre o próprio comportamento, ao mesmo tempo que surge como valioso documento para ser debatido e estudado nos grupos espíritas.


Ocorre que estamos todos sujeitos a essa constante influência em nosso cotidiano, dentro ou fora do Centro Espírita, e a defesa contra este mal está mesmo, não há dúvida, na sintonia do comportamento com a proposta do Espiritismo, que por sua vez, está totalmente embasado no Evangelho de Jesus. Razão maior, pois, para mais vigilância e trabalho no bem.

Vitor Ronaldo Costa
(1) A íntegra encontra-se publicada na Revista Espírita, de julho de 1859, edição da Edicel, com tradução de Júlio Abreu Filho.





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