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Posturas e Gestos Ritualísticos na Umbanda

Publicado em 02/11/2012

Posturas e Gestos Ritualísticos na Umbanda


A comunicação não verbal do corpo humano inclui gestos e atos corporais que, de modo característico, expressam sentimentos, emoções e posicionamentos que demonstram a natureza interna do indivíduo, exprimem sua realidade sem as barreiras da censura e o libera na sua relação com o mundo que o cerca. "O corpo fala" é expressão decisiva no estudo da psicologia, porque aliada à comunicação verbal, ou mesmo sem ela, é poderosa ferramenta para a leitura do inconsciente e para o entendimento de diversos distúrbios psicossomáticos.

É importante que o umbandista perceba a riqueza da linguagem não verbal presente nos atos litúrgicos da religião que professa, o corpo que exprime o sentimento em um gesto por vezes vale mais do que muitas palavras. Quando não se conhece o fundamento existente nos rituais, pode-se ter a falsa ideia de uma repetição mecânica e desnecessária. Importante se faz conhecer para aquisição da fé racionalizada e para desmistificar conceitos e preconceitos indevidos sobre a nossa Umbanda.

O gesto ritualístico é a comunicação não verbal com o Divino e com o transcendente, que expressa a fé, o respeito e a humildade diante do Sagrado, na consciência de que existem forças superiores no universo das quais somos apenas centelhas e, a nível de Terreiro, somos apenas um instrumento para que as energias sublimes se manifestem.

Citamos, a seguir, algumas posturas e gestos em rituais praticados nos Terreiros de Umbanda, que são fundamentos da Umbanda e que podem variar em formas, mas cuja essência e significado são os mesmos:


Saudações ao Entrar e Sair do Templo

Ao entrar no Terreiro deve-se ter respeito por estar adentrando local sagrado, deve-se saudar os assentamentos de forças ali existentes, começando pela Tronqueira que é o ponto de força dos Exus Guardiões, geralmente toca-se o chão três vezes e mentaliza-se "Laroyê Exus, Exus é Mojubar, deem-me licença!" Logo após, deve-se saudar o Congá, que é o local de maior concentração de energias e o ponto central de onde emanam fluidos necessário à realização dos trabalhos dentro da Lei de Umbanda. Para saudar o Congá, levanta-se as duas mãos com as palmas em sua direção e mentaliza-se: "Salve Pai Oxalá, todos os Orixás e todos os trabalhadores de Umbanda, sua licença e proteção!"

Ao sair do Terreiro, faz-se as mesmas saudações acima sendo que em sentido contrário: primeiro o Congá e por último a Tronqueira dos Guardiões, neste momento deve-se agradecer a acolhida espiritual da Casa e pedir licença para se retirar.


O Ato de Bater Cabeça

O ato de bater cabeça é um momento de respeito e de entrega, é o momento da sintonia do nosso eu interior com o Sagrado. É um ato que demonstra o reconhecimento da força superior que nos envolve, do respeito e submissão a esta força que nos rege através da fé, é o momento dos pedidos e dos agradecimentos, da oração através do sentimento sublime que é o amor. Bate-se cabeça deitando-se e levando a testa ao solo, em sinal de respeito e de saudação aos Orixás, Guias e Sacerdotes.


O Ato de Tomar a Benção

O pedido de benção ao pai/mãe de santo é uma saudação e uma demonstração de respeito e confiança à hierarquia que irá nos conduzir e nos orientar na doutrina, nos repassar conhecimentos, se responsabilizando diante dos Orixás pelo nosso desenvolvimento espiritual. Tomar a benção ao Sacerdote remete ao pedido de benção a toda a espiritualidade que o assiste. Entende-se por pai/mãe de santo aquele que acolhe, orienta e zela pela vida espiritual dos filhos, a benção é sinal de reconhecimento destes atributos e o seu gesto é beijar a mão do seu pai/mãe espiritual e levá-la à testa iniciando o sinal da cruz.


O Ato de Ajoelhar-se

O ato de ajoelhar-se é também sinal de respeito e reverência presente na maioria das religiões, é um ritual que faz parte do inconsciente coletivo, entenda-se por este o saber incondicional, por exemplo, ninguém aprende a ideia de ser mãe, ou do que é o amor, ou do que é Deus, simplesmente sabe-se, é inerente ao ser humano. Ajoelhar é louvar, pedir e também agradecer, ato de submissão, humildade, reconhecimento e fé. No Terreiro, deve-se ajoelhar diante das forças ali assentadas, quer na sua representação material, ou na representação do seu sacerdote incorporado com os Orixás e Guias que o assistem.


Saudações aos Orixás e Guias

As forças espirituais de um Terreiro, na representação dos seus Orixás e Guias, devem ser reverenciadas por meio de saudações individuais, com a linguagem falada e com o gesto corporal. A seguir apresentamos tabela com as saudações inerentes a cada Orixá e Guia:


Orixás / Guias

Saudação

Gesto Ritualístico

Pai Oxalá

Epa Babá!

Unir palmas das mãos em postura de prece.

Nanã

Saluba Nanã!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do lago para si.

Iansã

Eparrey!

Com as palmas das mãos para cima, imita puxar o ar para si e, em seguida, imita levantar duas espadas com as mãos.

Omulu

Atotô Ajuberô!

Bate no chão três vezes e faz o sinal da cruz.

Ogum

Pata Kori, Ogum! Ogunhê!

Aperta as duas mãos, de um lado e do outro.

Oxum

Orayeyêo!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do rio para si.

Xangô

Kawo Kabiesilê!

Juntar as mãos fechadas, imitando segurar o cabo da machada e levantar lentamente.

Iemanjá

Odôyá! Odôfiaba! Odôcy Yabá!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do mar para si.

Oxossi

Oke Arô!

Unir os dedos das mãos imitando flechas, levantar para o alto e cruzar no peito.

Caboclos

 

Boiadeiros

Okê Caboclo!

 

Xêtro Marrumbaxêtro! Getruá!

Idem Oxossi

 

Imita girar o laço no alto.

Pretos Velhos

Adorei as Almas!

Estalar os dedos em direção ao chão e em forma de cruz, depois fazer o sinal da cruz no chão.

Ibejis

Onibeijada!

Bater palmas.

Povo do Oriente

Salve o Povo do Oriente!

Idem Pai Oxalá.

Povo Cigano

Optchá!

Com as mãos para cima e para o lado, bate palmas duas vezes.

Marinheiros

Salve os Marinheiros! A Marujada!

Imita o levantar de uma âncora.

Mestres Juremeiros – Reis Malunguinho

Sobô Nirê Reis Malunguinho!

Leva ao peito os braços em forma de X.

Exus

Laroyê Exu! Exu é Mojubá!

Une as laterais das mãos, indicador com indicador, apontando os dedos para o chão.

 

Vale ressaltar, que é fundamental e imprescindível que as posturas e os gestos no ritual de Umbanda sejam acompanhados pelo sentimento de fé e amor e que não basta reverenciar, mas sim se tornar merecedor do axé, adotando posturas de ideais elevados dentro e fora do Terreiro.


Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo


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