agosto 2015 - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

29/08/2015

Sobre Umbanda


Sobre Umbanda

Sobre Umbanda - Por Ednay Melo

Umbanda é uma religião tipicamente brasileira, constituída a partir de uma diversidade de crenças universais como o Africanismo, o Catolicismo e o Espiritismo. É uma religião eclética, que se molda de acordo com a egrégora que a pratica, daí a sua diversidade em Umbanda esotérica, branca, universalista, traçada, omolokô, etc. Esta diversidade tem como aspecto positivo o respeito à liberdade de consciência, imprescindível ao crescimento do ser humano como ser integral, em sua personalidade bio, psíquico e social. E tem como aspecto negativo a confusão de opiniões, refletindo na sociedade uma visão deturpada da Umbanda, muitas vezes uma visão enraizada em conceitos já ultrapassados, que ferem o principal objetivo da religião, que é a oportunidade de crescimento espiritual através de estudo e prática do princípio de amor, fraternidade e caridade.

Este texto surge da necessidade de contribuir para um melhor entendimento da Umbanda, quando a sua filosofia se encontra nebulosa para a sociedade em geral.

Na minha trajetória como aprendiz da Umbanda, do Candomblé e do Espiritismo, me deparei com conceitos e preconceitos que se chocam fortemente com a prática que tenho a oportunidade de vivenciar. Um dos conceitos ou preconceitos da maioria dos irmãos da Doutrina Espírita, Doutrina esta que respeito em sua filosofia enriquecedora, é o de que "ser umbandista ou ser espírita é uma questão de evolução espiritual, assim, os umbandistas ainda não são capazes de entender a Doutrina Espírita, por isto se apegam às práticas grosseiras, às energias mais densas, porque é o que está ao seu alcance evolutivo."

Entendo que é primordial saber o que seja evolução espiritual, é um conceito absoluto ou relativo? Prefiro acompanhar o pensamento já comprovado pela ciência de que tudo é relativo. Ser relativo entende-se não haver parâmetro universal para um paralelo, logo, ser espírita não é sinônimo de ser mais evoluído, tampouco mais capaz de entender determinado pensamento. Energias densas e sutis? Existem em todo ambiente, emanadas de encarnados e desencarnados. Dessa forma, não encontro respaldo na realidade de certos preconceitos com relação à Umbanda.

A Umbanda é uma religião simples, que pratica a humildade através da sabedoria dos Pretos Velhos, que sentados em seus tocos e pitando os seus cachimbos explicam as verdades espirituais com mais clareza de raciocínio aos culturalmente menos favorecidos, que não encontram lugar em palestras com vocabulários ricos e belos em cultura indubitavelmente terrena.

A Umbanda não sacrifica animais, a Umbanda dá de graça o que de graça se recebe, em trabalhos umbandistas não se ingere bebidas alcoólicas, a Umbanda não polui a natureza com oferendas, porque a natureza sendo sagrada na representação dos Orixás é louvada com fé, amor e , sobretudo, respeito a sua integridade.

A Umbanda, enfim, acompanha a evolução da humanidade em seu aspecto mais sublime, que é o encontro do humano com o Sagrado, do eu interior com o eu superior, na absorção gradual dos Mandamentos do Criador.

Ednay Melo

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Você Realmente Conhece a Umbanda? - Por Marilena Mattos

A Umbanda é uma religião de grande diversidade. Ao contrário do Kardecismo, ela não é codificada e se apresenta através de diferentes práticas. Porém, alguns princípios básicos são comuns a todas as ramificações da Umbanda.

O primeiro deles é a caridade gratuita, sem distinção de cor, raça, credo religioso ou status social. Aliás, a incorporação mediúnica de Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Exus, Boiadeiros etc, se dá para cumprir este objetivo - a caridade a quem precisa - e a evolução do espírito.

No que tange a evolução do espírito, a Umbanda crê na reencarnação para cumprimento de seus karmas e como forma de evoluir na escala espiritual. A Umbanda crê no livre arbítrio, que torna o homem responsável por suas escolhas, ações, pensamentos e sentimentos e que o coloca, portanto, no dever de responder por seus atos sem revolta e com compreensão. Para a Umbanda, o mal é um bem a nascer e todos terão perante a Deus o direito de evoluir, mesmo que para isso sejam necessárias várias encarnações. Eis o verdadeiro objetivo das encarnações: oportunidade de crescimento e evolução para o espírito.

A Umbanda não prega o mal. É absolutamente contra a violência e valoriza a humildade como virtude fundamental. Tanto o corpo mediúnico quanto os dirigentes das Casas de Umbanda devem permanecer no exercício constante de combater a vaidade e lembrar que a doação e honestidade são fundamentais no caminho escolhido por eles: a missão que é o serviço à Umbanda.

A Umbanda também tem como um dos seus principais pilares o respeito. Respeito pelas outras religiões, respeito pela evolução e história de cada espírito, respeito pelos valores humanos, pela moral e pela dignidade.

Ainda hoje, há muita confusão no entendimento da Umbanda. Essa religião, que só prega caridade e respeito, muitas vezes, é mal interpretada por pessoas que a desconhecem. Ou pior, por charlatães ou pessoas de má fé que se dizem Umbandistas e só deturpam os princípios básicos da religião, fazendo com que boa parte da sociedade olhe para a Umbanda com desconfiança, medo e até aversão.

Não tenha medo de descobrir o que é a Umbanda. Ela está de braços abertos, sem nenhum interesse, esperando para receber você, com carinho, respeito, amor e muita, muita fé em Deus!

Marilena Mattos

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O Encanto dos Orixás - Por Leonardo Boff

Como é bom saber que existem pessoas que não são umbandistas e conseguem ter a sensibilidade de entender a Umbanda, talvez mais do que muitos dos que se dizem umbandistas. Vale a pena ler o texto abaixo do teólogo Leonardo Boff:

"Quando atinge grau elevado de complexidade, toda cultura encontra sua expressão artística, literária e espiritual. Mas ao criar uma religião a partir de uma experiência profunda do Mistério do mundo, ela alcança sua maturidade e aponta para valores universais. É o que representa a Umbanda, religião, nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1908, bebendo das matrizes da mais genuína brasilidade, feita de europeus, de africanos e de indígenas. Num contexto de desamparo social, com milhares de pessoas desenraizadas, vindas da selva e dos grotões do Brasil profundo, desempregadas, doentes pela insalubridade notória do Rio nos inícios do século XX, irrompeu uma fortíssima experiência espiritual.

O interiorano Zélio Moraes atesta a comunicação da Divindade sob a figura do Caboclo das Sete Encruzilhadas da tradição indígena e do Preto Velho da dos escravos. Essa revelação tem como destinatários primordiais os humildes e destituídos de todo apoio material e espiritual. Ela quer reforçar neles a percepção da profunda igualdade entre todos, homens e mulheres, se propõe potenciar a caridade e o amor fraterno, mitigar as injustiças, consolar os aflitos e reintegrar o ser humano na natureza sob a égide do Evangelho e da figura sagrada do Divino Mestre Jesus.

O nome Umbanda é carregado de significação. É composto de OM (o som originário do universo nas tradições orientais) e de BANDHA (movimento inecessante da força divina). Sincretiza de forma criativa elementos das várias tradições religiosas de nosso pais criando um sistema coerente. Privilegia as tradições do Candomblé da Bahia por serem as mais populares e próximas aos seres humanos em suas necessidades. Mas não as considera como entidades, apenas como forças ou espíritos puros que através dos Guias espirituais se acercam das pessoas para ajudá-las. Os Orixás, a Mata Virgem, o Rompe Mato, o Sete Flechas, a Cachoeira, a Jurema e os Caboclos representam facetas arquetípicas da Divindade. Elas não multiplicam Deus num falso panteismo mas concretizam, sob os mais diversos nomes, o único e mesmo Deus. Este se sacramentaliza nos elementos da natureza como nas montanhas, nas cachoeiras, nas matas, no mar, no fogo e nas tempestades. Ao confrontar-se com estas realidades, o fiel entra em comunhão com Deus.

A Umbanda é uma religião profundamente ecológica. Devolve ao ser humano o sentido da reverência face às energias cósmicas. Renuncia aos sacrifícios de animais para restringir-se somente às flores e à luz, realidades sutis e espirituais.

Há um diplomata brasileiro, Flávio Perri, que serviu em embaixadas importantes como Paris, Roma, Genebra e Nova York que se deixou encantar pela religião da Umbanda. Com recursos das ciências comparadas das religiões e dos vários métodos hermenêuticos elaborou perspicazes reflexões que levam exatamente este título O Encanto dos Orixás, desvendando-nos a riqueza espiritual da Umbanda. Permeia seu trabalho com poemas próprios de fina percepção espiritual. Ele se inscreve no gênero dos poetas-pensadores e místicos como Alvaro Campos (Fernando Pessoa), Murilo Mendes, T. S. Elliot e o sufi Rumi. Mesmo sob o encanto, seu estilo é contido, sem qualquer exaltação, pois é esse rigor que a natureza do espiritual exige.

Além disso, ajuda a desmontar preconceitos que cercam a Umbanda, por causa de suas origens nos pobres da cultura popular, espontaneamente sincréticos. Que eles tenham produzido significativa espiritualidade e criado uma religião cujos meios de expressão são puros e singelos revela quão profunda e rica é a cultura desses humilhados e ofendidos, nossos irmãos e irmãs. Como se dizia nos primórdios do Cristianismo que, em sua origem também era uma religião de escravos e de marginalizados, “os pobres são nossos mestres, os humildes, nossos doutores”.

Talvez algum leitor/a estranhe que um teólogo como eu diga tudo isso que escrevi. Apenas respondo: um teólogo que não consegue ver Deus para além dos limites de sua religião ou igreja não é um bom teólogo. É antes um erudito de doutrinas. Perde a ocasião de se encontrar com Deus que se comunica por outros caminhos e que fala por diferentes mensageiros, seus verdadeiros anjos. Deus desborda de nossas cabeças e dogmas."

Leonardo Boff



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16/08/2015

Axé do Pai Omulu


Axé do Pai Omulu

Omulu é o orixá da saúde e da transformação, a base sólida representada pela terra que promove a sustentação e o equilíbrio de todas as coisas.

A promoção da saúde é dada por merecimento e pelo cumprimento de diversos fatores estabelecidos pelas Leis Universais. A saúde, em seu sentido restrito, é a ausência de doenças. Discorreremos brevemente sobre a questão das doenças, a fim de formarmos um parâmetro para o entendimento do axé deste grande Orixá.

A doença faz parte da vida, está entre nós e por toda a parte. Por que existe a doença? Ninguém gosta de se sentir doente, ela gera mal-estar, sentimento de impotência, flagelo e dor.

A doença é imposta, adquirida ou natural, e pode ser física, mental e espiritual.
Ela é imposta quando a Lei Cármica entra em execução e a doença é necessária para ajudar no progresso do espírito, pois enquanto o sofrimento lhe trava uma vida plena na terra, seu espírito está se depurando, se ajustando, quitando dívidas pretéritas com as Leis Universais, para que possa crescer livremente diante da paz de sua consciência.

A doença é adquirida diante do exercício do nosso livre arbítrio. As nossas más escolhas diante da vida promovem a doença, citamos como exemplo os vícios de forma geral; nutrir e permanecer com sentimentos de ódio e mágoas; estresse causado pela ganância do ter e do poder; falta de cuidados devidos com o corpo físico; baixa autoestima, etc. A doença é natural quando é consequência do desgaste do corpo físico causado pelo avanço da idade. O corpo naturalmente e gradativamente perde a sua vitalidade para que possa encerrar o seu ciclo reencarnatório atual.

A doença mental está no limiar do desequilíbrio físico e espiritual. Até meados dos anos 80 acreditava-se que a doença mental era um distúrbio severo da personalidade com o rompimento da realidade. Hoje, o progresso da Ciência comprova por exames de imagem que há alteração também a nível físico e cerebral.

A doença psicológica está ligada aos sentimentos e dificuldades de escolhas e adaptações diante da vida, podemos dizer que a doença psicológica é de nível emocional.

A doença espiritual pode ser a origem de todas as doenças citadas anteriormente, pois o corpo é o reflexo do espírito, ou para melhor entendimento, a doença existente no corpo físico também existe no corpo perispiritual; e a mente pertence ao próprio espírito, força que o impulsiona em todas as dimensões físicas e extrafísicas. A doença espiritual é originada do desajuste e desequilíbrio do espírito durante sua jornada evolutiva, durante o seu ciclo reencarnatório no planeta e vivências no plano astral.

E como o nosso querido Pai Omulu pode nos auxiliar neste quesito tão complexo que são as doenças? Em primeiro lugar, todo auxílio que o mundo espiritual nos dá é de acordo com a Lei do Merecimento. Em segundo lugar, nada nem ninguém inerte conseguirá coisa alguma. Temos que fazer a nossa parte, afinal nem Orixá, nem espírito nenhum está entre nós para fazer por nós, isto seria nos anular e atrasar o nosso progresso. Em terceiro lugar e extremamente necessário: é preciso ter fé, acreditar e aguardar com humildade.

Todas as doenças podem ser curadas ou amenizadas através do axé do Pai Omulu, respeitando sempre as Leis Sagradas. Quantas pessoas já foram desenganadas pela medicina terrena e, de repente, ficam curadas como num "milagre"? Já presenciou ou ouviu falar de uma pessoa que morreu e parecia estar sorrindo? E estava mesmo feliz, sem a dor da doença e com certeza é um espírito desapegado das coisas materiais, com certeza passou pelo processo da transformação e valorização do ser espiritual em detrimento do ser carnal. E a doença mental, será que tem cura? É preciso muita paciência e resignação, porque na maioria das vezes esta doença é consequência de um processo obsessivo grave, que exige longo tempo e talvez várias encarnações para obter a cura.

Enfim, respeitando a Lei do Merecimento e fazendo a nossa parte, o axé do Pai Omulu é distribuído de forma a intensificar e apressar a nossa saúde, o nosso equilíbrio, passando pela escola da transformação, precisamos aprender com Pai Omulu a transformar o que é mal em Bem, ele vibra em nós e por nós para transformarmos a doença em saúde, a tristeza em alegria, as trevas em luz, o ódio em amor e vale refletir sobre toda a belíssima Oração de São Francisco!

Do livro "Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo"



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12/08/2015

A Umbanda no Século XXI


A Umbanda no Século XXI

A Religião de Umbanda encontra-se diante de uma situação curiosa, mas que mais uma vez mostra a grandeza da sabedoria de seus mentores. Iniciada em 1908, deparava-se com um mundo muitíssimo diferente de hoje, onde o telégrafo era o meio mais rápido de comunicação, e hoje cem anos depois é um sistema completamente ultrapassado; a luz elétrica, aviões, computadores, naves espaciais, telefones celulares, internet, e muitas outras modernidades tão comuns aos nossos dias, nos idos de 1908 eram coisas inimagináveis para a maioria.

Podemos perceber claramente que o mundo mudou e desenvolveu nos últimos cem anos, muitíssimas vezes mais do que em toda fase pretérita. Mas e a Umbanda, como ficou ou ficará? Não poderia nem pensar em responder tal questão, até o dia que procurado por um Guia, este me pediu para que o assunto do próximo estudo (abril de 2009) fosse “A evolução da Umbanda diante da evolução do Planeta”. Tal pedido me deixou surpreso e temeroso, pois como iria falar de uma coisa que só o plano espiritual tem acesso saber. Foi quando este espírito certamente vendo em minha mente esta dúvida, me disse que me daria direção do que deveria ser esclarecido. Nesse mesmo momento pediu para que pegasse um “escrevedor” e papel e anotasse: A Espiritualidade Mentora dos Terreiros, em comunhão permanente com o Astral Maior, vem buscando orientar com muita calma e simplicidade (como é comum da parte deles), que a Religião de Umbanda vê com muito bons olhos a evolução tecnológica tanto na área médica, industrial, de comunicações, e demais linhas de desenvolvimento e evolução que vive o nosso Planeta, exceto a preocupação excessiva de alguns governantes em desenvolver armas cada vez mais sofisticadas e letais. E como “casar” essa modernidade, essa evolução com os Terreiros de Umbanda? Ai entra a sabedoria dos Guias! É certo que muitos de nós encarnados iríamos pensar que em muito breve estaríamos vendo Pretos Velhos trabalhando com microfones (estilo apresentadores de programas), consultas via e-mail ou via celular, disque-obrigações, blogs dos Guias ou Terreiros, e demais modernidades instaladas nas Casas Umbandistas, mais é ai que vale muito a sabedoria dos Terreiros que aceitam as normas como devem ser: De cima para baixo, ou seja, as ordens e direções passadas dos Guias para nós, e nunca querermos impor nossas vontades ou pensamentos ainda tão distorcidos e errantes para os Guias, pois a grande questão está na sabedoria deles de manter a simplicidade das casas e principalmente dos trabalhos, conservando suas formas de manifestações simples e humildes, seu linguajar, seus costumes de benzer, suas rezas, o uso de ervas, seus “pitos”, e demais “nunangas” que usavam no início do século passado, que usam hoje, e que segundo esse Preto Velho, vão estar usando no próximo século.

O que mudou na Umbanda nesses cem anos? Mudou as construções, pois a maioria era meio que escondida, tendo em vista que a polícia reprimia de forma voraz a pratica do que chamava de bruxaria, feitiçaria, macumbas e demais termos que procuravam para denegrir a Religião de Umbanda. Mudou a iluminação, que a principio era de lamparinas de querosene na maioria dos Terreiros, passando pela fase do lampião a gás, até chegar a energia elétrica. Mudou no tamanho das casas, que cada vez recebiam mais adeptos, e precisavam ficar maiores. Mudou nas vestes, pois no começo do século passado raríssimas mulheres usavam calça (era até proibidas em repartições, e em muitos locais públicos), e da mesma forma que a Umbanda aceitou os costumes dessa época, também acompanhou a evolução natural dos tempos, onde as mulheres passaram a usar calças nos ambientes sociais e também nos Terreiros. Mudou quando deixou de ser praticada basicamente como mediunismo, e foi introduzindo o estudo da doutrina em cada vez mais casas. Mudou e vem mudando no sentido de cada vez mais se desligar do sincretismo religioso e das influências do Candomblé ou Culto Afro. Mudou quando deixou de ter que usar o termo “Espírita” nos nomes dos Terreiros (Sem ele não conseguiam filiação junto a federações e liberação para funcionamento). Mudou quando passou a realizar congressos e grandes encontros para discutir o futuro da Religião de Umbanda. Mudou quando passou a contar em 1956 com o primeiro livro do maior Mestre Iniciático de Umbanda, Sr. W. W. da Matta e Silva, o livro que descortinou e deu direção doutrinária a nossa religião “Umbanda de Todos Nós”. Mudou quando cada vez menos passou a se ver aberrações do tipo: Caboclos com cocares na cabeça, Caboclos com elmo (estilo Romano), Caboclos só de tangas com arco e flecha pendurado no pescoço, confusões que as mentes místicas e confusas lutavam de toda forma para introduzir no meio Umbandista, mas que de Umbanda não tinha nada. Mudou quando a Religião de Umbanda que era taxada por outras doutrinas espiritualistas de “mero mediunismo” obtém credencial do MEC e apresenta a todos a “Faculdade de Teologia de Umbanda”.

Em cada um desses passos podemos observar a tranqüilidade e apoio dos Guias para as mudanças e acompanhamento das modernidades que a evolução do nosso mundo trouxe, porém, também podemos observar claramente que todas as “modernidades” do nosso mundo não interferiu no andamento das reuniões, ou nas manifestações dos Guias, por um motivo muito simples, eles possuem a sabedoria de conviver com a “nossa” evolução tecnológica/industrial, sem absorver a isso, já que para eles tudo isso é “dispensável” para os trabalhos, e o Preto Velho que passou esses ensinamentos, falou com todas as letras que não vemos hoje e nem veremos daqui há 10, 20 ou 100 anos um Caboclo, Preto Velho ou qualquer outro militante da Umbanda falando em telefones celulares, dando consultas via e-mail, mudando a sua forma de trabalhar ou se manifestar devido a evolução Terrena. Permitem e apoiam o uso dos meios atuais para ações que levem esclarecimentos e orientação sobre a Religião de Umbanda, com isso, veremos sim, muitos e muitos Terreiros com seus sites, vídeo conferências, livros publicados na internet, e demais “modernidades” de nosso mundo que facilitem o acesso ao esclarecimento de um número cada vez maior de adeptos da Umbanda. Temos que entender que os Guias, muito diferentes de nós, não passam a usar determinadas coisas para eles “dispensáveis”, como nós fazemos com uma coleção da moda, que vemos uma coisa que nos encanta, e passamos a copiar ou comprar para ter e usar.

No final de sua explicação, O Preto Velho disse que a grande dificuldade que eles do plano espiritual encontram, é controlar os impulsos de seus médiuns em alguns aspectos, e que ele destacava dois em especial: um é o médium atrapalha a comunicação, introduzindo a ela “modernidades” que não fazem parte da “simplicidade da Umbanda”, do tipo: ao invés de levar fósforo, querer a todo custo instituir o uso de isqueiros nas giras; fazer uso de bebidas geladas; fazer uso de músicas no lugar de Pontos Cantados; médiuns usarem adornos como cordões, pulseiras, brincos, anéis, esmalte, maquiagem, cabelos presos, guias de miçangas plásticas (que não deixa de ser um enfeite, pois não tem nenhum valor energético-vibratório); e o outro aspecto é a questão de descaracterizar os Terreiros de Umbanda, querendo fazer perder a sua essência, que é e sempre será asimplicidade; não entendem, que as Casas Umbandistas não combinam com luxo, mármore, louças nobres, pisos requintados. Isso seria o mesmo de chamar a todos esses Sábios Guias que militam na Umbanda de mentirosos, já que pregam insistentemente a simplicidade como forma de elevarmos nossos espíritos; nos ensinam que ostentarmos o luxo é uma fraqueza de nosso espírito, nos dizem que os Terreiros de umbanda por maiores em espaço físico que sejam, deve conservar a todo custo a simplicidade, pois quando acolher os ricos, irá fazê-los retirarem os pés do mármore de seus lares e trabalhos, para colocar o pé no “chão da simplicidade”, e quando receber os pobres (que são a maioria) irá fazê-los sentirem-se a vontade; como que esses Guias que nos ensinam tudo isso vão trabalhar em templos regados ao luxo? Imaginemos então uma pessoa pobre, que é um assistente normal, quase que padrão nos Terreiros; chegar a um Templo aonde o luxo impera, no piso, nas paredes, nos assentos, nas louças dos banheiros, em sofisticado sistema acústico; como será que o mesmo se sentirá? Em um Terreiro de Umbanda que não é, com toda certeza. Aqueles que constroem esses templos, visam trabalhar para um público elitizado, com posses altas ou altíssimas, mas uma coisa é certa: Não é para praticar Umbanda!

Encerrando, o Preto Velho nos deixou mais uma vez a lembrança de uma frase de enorme sabedoria e profundidade: “É na simplicidade que está a grandeza”. Quando os filhos de Umbanda entenderem isso, serão melhores médiuns, melhores pessoas, melhores pais, melhores filhos, melhores Cristãos, e terão entendido a essência da Religião de Umbanda.


Obs.: A evolução de nós médiuns de Umbanda, está em nos tornarmos capazes de assimilarmos através de estudos mais profundos, a grandeza dos trabalhos desses grandes amigos espirituais que se intitulam humildemente de Pretos Velhos, Caboclos, Crianças e Exus, mas na nossa crassa ignorância, ainda temos que viver mais alguns séculos a frente para compreender a Umbanda do Século Passado.

Márcio Coelho



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Erva Quebra Pedra


Erva Quebra Pedra


Nome popular: Quebra-pedra, Arrebenta-pedra, Erva-pomba, Quebra-pedra-branco
Nome científico: Phyllanthus niruri L.
Família: Euphorbiaceae
Origem: Região tropical.
Propriedades: Diurética, aperiente, analgésica, relaxante muscular, anti-infecciosa.
Parte usada: Toda a planta.

Usos: Seu uso em medicina popular é referido de longa data na literatura etnofarmacológica, de forma unânime como remédio para os rins, a fim de eliminar pedras dos rins e para urinar mais.

Estudos demonstram que sua administração promove relaxamento dos ureteres, que aliado a uma ação analgésica, facilita a descida dos cálculos, geralmente sem dor nem sangramento, aumentando também a filtração glomerular e a excreção de ácido úrico. Esses resultados justificam seu uso popular para tratamento das pedras nos rins (litíase renal) e, provavelmente, no reumatismo gotoso e outras afecções caracterizadas por taxas elevadas de ácido úrico.

O gênero Phyllanthus é composto por várias espécies, muitas das quais apresentando propriedades similares e sendo conhecidas pelos mesmos nomes populares. Essa erva apresenta uma extrema capacidade de adaptação, podendo suportar locais muito adversos, na maioria das vezes com baixo nível de umidade e nutrientes.

É comum se alastrarem nas rachaduras e frestas dos muros e calçadas: quem observa pode pensar que foram elas que provocaram as rachaduras para poder brotar. É justamente por essa característica e também por ser eficaz na eliminação de cálculos renais que surgiu o nome popular "quebra-pedra" (em espanhol, é conhecida como "chanca piedra").

A medicina popular brasileira utiliza amplamente esta planta, não só no tratamento de problemas relacionados ao aparelho urinário, mas também como auxiliar no combate a problemas estomacais.

O nome Phyllanthus vem do grego phyllon (folha) e anthos (flor), em referência às flores produzidas em ramos que se assemelham a folhas compostas. A maior parte do gênero é de origem paleotropical, com cerca de 200 espécies distribuídas pelas Américas, principalmente Brasil e Caribe. Cerca de onze espécies atingem latitudes temperadas, mas não são encontradas na Europa e na costa pacífica do continente americano. No Brasil, as espécies mais conhecidas e chamadas popularmente de quebra-pedra, arrebenta-pedra ou erva-pombinha são as Phyllanthus niruri L.,Phyllanthus amarus Schum. & Thonn e Phyllanthus tenellus Roxb. Müll. Arg., reconhecidas popularmente por suas propriedades diuréticas, sendo utilizadas na eliminação de cálculos renais. Recentes pesquisas descobriram em várias espécies do gênero uma atividade anti-viral, com possíveis aplicações no tratamento da Hepatite-B e câncer.

A espécie mais facilmente encontrada no Brasil - e também a mais utilizada - é a Phyllanthus niruri. O uso praticamente se restringe à medicina popular, uma vez que quase não são vistas espécies deste gênero utilizadas como ornamentais.

Ela não quebra...

Ao contrário do que o nome popular diz, o chá de quebra-pedra não funciona exatamente quebrando as pedras nos rins. Na verdade o Phyllantus niruri evita que os cálculos se formem e relaxa o sistema urinário, o que ajuda a expeli-los. Pelo menos é isso que foi comprovado no estudo realizado pela química Ana Maria Freitas, do departamento de Nefrologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A pesquisa constatou que o chá de quebra-pedra reduz a adesão de cristais de oxalato de cálcio às paredes do túbulo renal. Durante dois anos o Phyllantus niruri foi ministrado a 58 ratos na forma de pó, para que os componentes não fossem alterados. Pequenas pedras de oxalato de cálcio foram implantadas na bexiga das cobaias, divididas em dois grupos. Um deles tomou a substância diariamente, enquanto o outro ingeria apenas água. Após 42 dias os animais que não tomavam o medicamento formaram uma média de 12 pedras, com cerca de 0,18 g cada. Os demais apresentaram apenas três cálculos, de aproximadamente 0,02 g.

A análise das pedras indicou que o chá impede a aderência de macromoléculas aos cristais de oxalato de cálcio porque reverte sua polaridade. "Os cristais se prendem à parede celular porque há uma atração elétrica entre ambos", a química esclarece. "Os cristais têm carga positiva, e a parede celular, negativa. O Phyllantus niruri parece mudar a polaridade da carga dos cristais, e inibir assim sua adesão ao túbulo renal". O chá também relaxa o sistema urinário, o que facilita a expulsão dos cálculos.

A planta como ela é...

A quebra-pedra (Phyllantus niruri) é uma herbácea pequena, com caule de cerca de 50 cm de altura e muito fino, ramoso e ereto. Produz folhas miúdas e ovais. As flores são minúsculas, verde-amareladas, solitárias e dispostas na parte inferior dos ramos. Já os frutos são verde e bem pequenos. O chá preparado com a planta tem sabor amargo.

Por se tratar de uma planta rústica, seu cultivo é muito fácil. Ela se dá melhor em locais à meia-sombra, sem muita luz solar direta. Não é muito exigente quanto ao tipo de solo, mas é recomendável que este tenda mais para o arenoso do que para o argiloso. A planta responde bem à adubação orgânica e não suporta solo encharcado, por isso, no cultivo em vasos ou jardineiras é preciso ter muito cuidado com o excesso de água.

Sensacional esta plantinha rústica, não é mesmo? Mas, lamentavelmente, há um registro sobre a quebra-pedra que não nos permite comemorar: usada pelos nossos índios para tratar problemas hepáticos e renais, ela foi patenteada por uma empresa americana para a fabricação de medicamento para hepatite B.

Observação: Devido ao potencial tóxico dos alcalóides, não devemos ultrapassar as dosagens recomendadas. É conveniente, no uso prolongado, interrompermos por uma semana o uso do chá a cada 3 semanas.

USO RITUALÍSTICO DA ERVA QUEBRA-PEDRA

Erva dos Orixás Xangô e Oxossi.
Formas de uso: banhos e defumações

Erva para descarrego de energias deletérias, principalmente as originadas de demandas, invejas, olho gordo e obsessões várias.

Ednay Melo
Fontes de Pesquisa:
Jardim de Flores
Cultivando

Leia também:
Erva Colônia




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07/08/2015

Erva Aroeira



Aroeira


Nome Científico: Schinus terebinthifolius Raddie

A aroeira (Schinus terebinthifolius) é uma planta medicinal também conhecida como aroeira-mansa, aroeira-brasileira, aroeira-vermelha, árvore-de-aroeira, cabuí, cambuí, fruto-de-sabiá, aguaraíba, aroeira-da-praia, aroeira-do-brejo, aroeira-pimenteira, corneíba, aroeira-do-Paraná, aroeira-do-sertão, pimenta-rosa, dentre outros nomes populares. Pertence à família Anacardiaceae.

A Aroeira é uma árvore pequena, que pode chegar a 7 metros de altura, ele tem caule tortuoso e casca vermelho-escura. Flores verde-amareladas, pequenas. A Aroeira tem três variedades: a aroeira-brava ou aroeira-branca (L. molleoides); a aroeira-mansa ou aroeira-vermelha ( Schinus molle L.) e a aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva). Esta árvore é facilmente encontrada desde o Ceará até o estado do Paraná e Mato Grosso do Sul. É mais frequente no nordeste do país, oeste dos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo e sul dos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.

Propriedades da Aroeira

As propriedades da aroeira incluem sua ação adstringente, balsâmica, diurética, anti-inflamatória, antifúngica, antibactericida, tônica e cicatrizante ginecológico.

Modo de uso da Aroeira

Para fins terapêuticos são utilizadas as cascas, especialmente para fazer chá, e as outras partes da planta, para preparar banhos.

Benefícios da aroeira

As partes da aroeira utilizadas são suas folhas e frutos em forma de óleos essenciais ou extratos. Suas cascas e folhas secas podem ser usadas em forma de chás. Pode inclusive ser colocado em geladeira para consumo posterior. O chá de aroeira pode ser utilizado como antisséptico em feridas expostas, sendo que seu óleo essencial tem ação antimicrobiana contra um amplo espectro de bactérias, fungos e vírus (não só patógenos ao homem como também a outros vegetais)

O chá de aroeira é indicado para distúrbios respiratórios, dentre outras condições de saúde. Para uso tópico, o óleo da planta é eficaz contra micoses, candidíases e outras infecções vulvovaginais. Além disso, possui ação regeneradora dos tecidos, sendo útil em escaras, queimaduras e problemas de pele em geral por ajudar na cicatrização. Pode ser incorporado em loções, géis ou sabonetes.

Para o uso em banhos, as cascas da aroeira podem ser fervidas em água para aliviar sintomas de reumatismo. Como compressas intravaginais, o extrato aquoso das cascas de aroeira na concentração de 10% promove a cura de cervicite e cervicovaginites em cerca de 3 semanas. Para gargarejos e bochechos no caso de dores de gargante e gengivites, deve-se cozinhar em 1 litro de água, 100g da entrecasca limpa e seca. Nos casos de azia, úlcera e gastrite, utilizar os frutos cozidos por 2 vezes, cada vez com meio litro de água e beber em doses de 30 ml, duas vezes ao dia. O uso medicinal das preparações de aroeira deve ser feito com cautela pois há possibilidade do desencadeamento de reações alérgicas na pele e mucosas devido à sua seiva irritante.

Há patentes no exterior de produtos à base de óleo essencial de aroeira brasileira, como medicamentos tópicos de ação bactericida utilizado contra Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus e para limpeza de pele e de ação contra a acne.

Contraindicações e efeitos colaterais da aroeira:

O pólen abundante da planta pode provocar reações alérgicas em pessoas sensíveis.

História e curiosidades

A aroeira de nome popular é nativa da Argentina, Paraguai e Brasil e inclui os sinônimos botânicosSchinus mucronulata, Schinus weinmanniifolius, Schinus riedeliana, Schinus selloana, Schinus damaziana, Schinus raddiana, Schinus aroeira. A aroeira é uma árvore de pequeno a médio porte, com frutos e flores. É largamente utilizada no paisagismo e como cerca-viva. Seu fruto é a pimenta-rosa, popular na França, onde é utilizada como ornamentação e tempero na culinária.

Atualmente, é uma das 71 plantas medicinais listadas pelo Ministério da Saúde como de interesse ao SUS (RENISUS), autorizadas pelo Ministério da Saúde para serem receitadas e distribuídas, e o uso recomendado é contra ferimentos e úlceras. Em relatos datados por volta do ano de 1600, a planta era utilizada como odorífero por causa de sua resina, e de seu óleo, obtido da destilação de suas folhas frescas, que também servia para afastar moscas domésticas.

USO RITUALÍSTICO DA ERVA AROEIRA

Formas de uso: banhos, defumações e bate folha

Erva que vibra na irradiação do Orixá Ogum, muito utilizada pelos Exus Guardiões. Utilizada como banho forte de descarrego, que forma escudo de proteção contra demandas. Em forma de defumador é efetiva contra larvas e miasmas astrais.

Ednay Melo

Fontes de Pesquisa:
Plantas Medicinais e Fitoterapia
Tua Saúde



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