dezembro 2015 - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

29/12/2015

Malunguinho na Umbanda

Malunguinho na Umbanda


"(...)A ciência da Jurema todo mundo quer saber, ela é como o segredo da abelha, trabalha sem ninguém vê(...)"

Malunguinho é considerado o representante do culto à Jurema Sagrada no Nordeste.

Não se tem notícias se esta pessoa realmente existiu com este nome no séc XIX, mas a sua obra de bravura para libertação e sobrevivência do povo negro tem registros na história. Todos os líderes quilombolas da Província de Pernambuco daquela época chamavam-se Malunguinho, cujo termo banto "malungo" significa companheiro de lutas. O último líder quilombola, chamado João Batista, foi morto no dia 18 de setembro de 1835. Nesta data a Tulca homenageia este grande Mestre da Jurema: Reis Malunguinho, "Reis" porque ele não é apenas um.

A história de Malunguinho faz parte da história do nosso País, assim, Malunguinho remete ao arquétipo de liderança, bravura, luta, sofrimentos e alegrias no sentimento de união, fraternidade e parceria na busca da dignidade humana.

Malunguinho está na Umbanda que praticamos, porque os espíritos que carregam a sua bandeira de coragem são espíritos livres, como sempre lutaram em terra. Sendo liberdade a sua marca, eles não estão presos a nenhum culto ou religião, mas estão em todos os cultos, no coração de todas as pessoas que permitem a sintonia com esta grandiosa falange iluminada, de todos os grupos ou comunidades mediúnicas que abrem espaço para todos os espíritos, assim como o Caboclo das Sete Encruzilhadas nos ensinou.

Respeitamos e admiramos profundamente o culto da Jurema Sagrada, cujo fundamento é trancado a sete chaves, tradicionalmente repassado oralmente de geração a geração.

"(...)A ciência da Jurema todo mundo quer saber, ela é como o segredo da abelha, trabalha sem ninguém vê(...)"

O que mais impressiona é a grandeza, profundidade e verdade que a falange dos Malungos nos transmite, com tanta sabedoria e simplicidade, que pode-se observar em alguns dos seus pontos cantados, composições que são verdadeiras obras primas, repassadas por médiuns simples, humildes e que se mantém no anonimato. Transcrevemos abaixo um desses pontos, que desconhecemos a autoria, mas que somos gratos por dividir conosco um pouco dessa luz. criada em comunhão com todos os Juremeiros do lado de lá.

Salve Reis Malunguinho!!! Sobonirê!!!

Ednay Melo


***


Ponto Rei Salomão

"Ele é o Mestre da Pedra Mármore
Da pedra mouro, mourão
Ele é Mestre certeiro
Que adivinha, adivinhão
Arruda branca é uma erva
Da cova de Salomão
Dai-me força, oh meu Deus
Dai-me ciência, Rei Salomão
Salomão bem que dizia
Aos seus filhos juremeiros
Não se entra na Jurema
Sem pedir licença primeiro!

Salomão, meu Salomão
Arreia, arreiá
Salomão do juremá
Arreia, arreiá
Salomão, meu Salomão
Arreia, arreiá
Salomão do Vajucá
Arreia, arreiá

No mundo eu avistei uma muralha
Feliz de quem ela atravessar
É a muralha das três donzelas
Que vivem no fundo do mar
Segure eu no mundo, segure eu
Sustenta eu juremá, sustenta eu

Oh meu Cruzeiro do Mundo
Concedei a luz suprema
Ilumina o mundo inteiro
E a Ciência da Jurema
Ilumina seus discípulos
E a ciência da Jurema..."




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22/12/2015

O Médium Obsidiado

O médium obsidiado


Trecho do Livro: Obsessão e Desobsessão / Suely Caldas

“Se um médium não se conduzir convenientemente perante a Doutrina, ou por qualquer outra circunstância demonstrar sinais de domínio de um obsessor, será indispensável que suspenda qualquer labor mediúnico, visto que já não poderá inspirar confiança as comunicações que receber e se poderá também prejudicar grandemente, dando ensejo à solidificação da obsessão.’ (Recordações da Mediunidade, Yvonne A. Pereira, capítulo 10.)

Todo obsidiado é médium. Isto não significa, contudo, que ele deva desenvolver a sua faculdade. Na maior parte das vezes é exatamente o que ele não deve fazer. Antes de mais nada, requer um tratamento espiritual condizente com o seu estado.

André Luiz esclarece: “O obsidiado, porém, acima de médium de energias perturbadas, é quase sempre um enfermo, representando uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano.” (37) São “médiuns doentes”, diz o citado autor espiritual, que trazem consigo “aflitiva mediunidade de provação”. Quanto a se encaminhar o médium obsidiado às reuniões para educação e desenvolvimento da sua mediunidade, é ainda André Luiz que adverte ser indispensável que, “antes de tudo, desenvolva recursos pessoais no próprio reajuste”, lembrando que “não se constroem paredes sólidas em bases inseguras”. (38)

Há que se ter cautela no que se refere à problemática mediúnica do obsidiado, pois, com o pensamento cerceado pelo obsessor, logicamente não está em condições de um desenvolvimento normal.

Quanto aos médiuns que já estão atuando, os que já têm uma atividade equilibrada, seria absurdo catalogá-los todos como obsidiados. Embora todos os médiuns, tanto quanto todos os seres humanos, sejam suscetíveis de sofrer obsessões. Como diz Joanna de Ângelis: “Ninguém que esteja em regime de exceção, na face da Terra.”

Ante uma obsessão sutil ou evidente a afligir o médium, afirma Kardec categoricamente: “A obsessão, de qualquer grau, sendo sempre efeito de um constrangimento e este não podendo jamais ser exercido por um bom Espírito, segue-se que toda comunicação dada por um médium obsidiado é de origem suspeita e nenhuma confiança merece.” (39)

Kardec dedica ao problema da obsessão o capítulo 23 de “O Livro dos Médiuns”, asseverando que ela se apresenta em três principais variedades: simples, de fascinação e de subjugação. O Codificador diz preferir o termo subjugação em lugar de possessão, de uso mais antigo. Afirma que, a seu ver, ambos os termos são sinônimos, preferindo, entretanto, adotar subjugação para referir-se a obsessões mais graves. Justifica sua opção dizendo que a palavra possessão “implica a crença de seres criados para o mal e perpetuamente votados ao mal”, o que não é verdade, pois todos os seres têm as mesmas possibilidades de evolução, de progresso. E, ainda, que “implica igualmente a ideia do apoderamento de um corpo por um Espírito estranho, de uma espécie de coabitação”, quando realmente o que existe é uma constrição. Entretanto, revendo o assunto em “A Gênese”, capítulo 14º, item 47, o mestre lionês passa a adotar o termo possessão, talvez por ser este de uso mais popular, esclarecendo então que: “Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção.” (40)

Kardec ressalta também quão graves são as conseqüências da fascinação. Dentre todas as modalidades, talvez seja esta a mais difícil de ser tratada e curada. O que se observa nestes casos, é que a pessoa fascinada se compraz sobremaneira com a situação em que vive, iludida pelo obsessor, que alimenta a sua vaidade, exacerbando-a, cada vez mais intrincada se torna a questão, à medida que o enfermo passa a necessitar da aproximação do fascinador, numa simbiose completa em que ambos se obsidiam mutuamente. Presenciamos um caso desse tipo. L... é portadora de uma fascinação que se tem mostrado resistente a quaisquer orientações. Certa feita, apresentou-se no C. E. Ivon Costa. Dizia ser médium em grande atividade mediúnica e desejosa de frequentar as reuniões que julgava adequadas ao seu grau de desenvolvimento. Contou que exercia a sua mediunidade em casa, onde recebia, através da psicografia e da psicofonia, conselhos para todas as pessoas do seu conhecimento, solicitados ou não. Esclarecida quanto aos inconvenientes dessa prática, foi convidada a frequentar as reuniões públicas e aconselhada a não se descurar do estudo da Doutrina e do labor da caridade. Ela realmente frequentou durante certo tempo as reuniões públicas, mas passou, a trazer páginas que afirmava serem psicográficas, constando de conselhos e orientações assinadas pelos Mentores do Centro e recebidas em seu lar. Tais mensagens eram completamente desconexas, confusas e incompreensíveis, embora L... as julgasse de alto nível. Manteve-se avessa a quaisquer ponderações, irredutível em seu ponto de vista e achando injustas todas as observações que lhe foram feitas, com discrição e carinho, afastando-se em breve do Centro. Soubemos que L... tem percorrido outros Centros da cidade e agindo da mesma maneira. Jamais admitiu que possa estar sendo vítima de um Espírito mistificador, e tal como Kardec esclarece, como característica principal dessa modalidade de obsessão, afasta-se de toda e qualquer pessoa que a possa orientar. “Geralmente, o Espírito que se apodera do médium, tendo em vista dominá-lo, não suporta o exame crítico das suas comunicações; quando vê que não são aceitas, que as discutem, não se retira, mas inspira ao médium o pensamento de se insular, chegando mesmo, não raro, a ordenar-lhe.” (Grifos nossos.) (41)

Este comentário de Allan Kardec e o que transcrevemos a seguir são da maior relevância para que se perceba a diferença existente entre a atuação de um Espírito desejoso de enganar e fazer o mal e a do Espírito que somente pratica a caridade e o amor, ensinando o bem e a verdade. Diz-nos o mestre lionês, referindo-se à análise das comunicações: “Repetimos: este meio é único, mas é infalível, porque não há comunicação má que resista a uma crítica rigorosa. Os bons Espíritos nunca se ofendem com esta, pois que eles próprios a aconselham e porque nada têm que temer do exame. Apenas os maus se formalizam e procuram evitá-lo, porque tudo têm a perder. Só com isso provam o que são.” (Grifos nossos.) (42)

Idêntico proceder vale para os médiuns. Aqueles que se melindram por uma que outra observação que se lhes faça, que por qualquer motivo sintam-se feridos no seu amor próprio e que por isso se afastem da reunião, estarão comprovadamente sob o assédio de obsessores.

Há médiuns que se julgam infalíveis, e, o que é mais sério, jamais admitem que possam sofrer sequer uma influenciação espiritual de ordem inferior. Julgam-se imunes, como que vacinados contra as obsessões. No entanto, como é fácil resvalarmos! Como somos frágeis perante as nossas próprias fraquezas! Como somos visados!

Façamos ecoar em nossos ouvidos, em nosso coração, a advertência notável de André Luiz, já citada no capítulo 4 da Primeira Parte, “Gradação das obsessões”, quando ele diz que “somos, por vezes, loucos temporários, grandes obsidiados de alguns minutos (...) doentes do raciocínio em crises periódicas, médiuns lastimáveis da desarmonia (...)“ Quem de nós pode afirmar o contrário?

Cônscios de nossas fraquezas, recorramos ao Senhor, dizendo-lhe: “Eu creio, Senhor! ajuda a minha incredulidade.” (Marcos, 9:24.)

(37) Missionários da Luz, André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 18, 13ª edição FEB. (38) Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 9, 10ª edição FEB. (39) O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 242, 42ª edição FEB. (40) O termo possessão, na literatura espírita mediúnica, é adotado com bastante freqüência (vide, por exemplo, Nos Domínios da Mediunidade) e na prática designa aqueles casos realmente mais graves de obsessão. Seria, assim, o seu grau máximo. (41) O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, item 248, 42ª edição FEB. (42) Id., Ib., item 266



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