dezembro 2017 - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

26/12/2017

A Suave Luz do Terreiro de Umbanda

A Suave Luz do Terreiro de Umbanda

Soa a campainha três vezes, chamando os médiuns. É hora de mais um encontro sagrado com os Orixás.

Encaminhando-se lentamente em direção ao terreiro, já se sente o aroma das ervas queimadas, e os cânticos de quem vai cruzando o templo com os defumadores.

Cada um vai se concentrando, guias de variadas cores na mão, já sentindo as vibrações no plexo esplênico, sintonizando-se com as vibrações das entidades protetoras da casa. Os atabaques começam a tocar, e cada um passa cantando pelo defumador na entrada, sensação boa de irmandade com aqueles que defumam cada filho de santo e depois toda a assistência, preparando para mais uma noite de trabalhos espirituais.

Ao pisar no espaço abençoado, o pensamento de cumprir mais uma missão, permeando todo o corpo com os fluidos magnéticos que impregnam o ambiente, e que circulam sob as batidas persistentes, sob as vozes uníssonas.

Chega-se ao congá, pedindo proteção aos chefes espirituais, às entidades que participam das egrégoras do terreiro, e em muda prece, faz-se a oração de alma, pedindo proteção por mais esta noite, batendo cabeça para cada orixá ali presente e sobretudo, á Oxalá, que através da imagem ali presente, parece olhar cada um, enchendo de ânimo, Amor e Fé.

Enfim, o médium conseguiu ali chegar, lutando contra o cansaço, a fome, os percalços do dia, seus problemas pessoais, seus embate e vivências. Conseguiu combater o desânimo, a preguiça, e toda uma série de contratempos que parecem lhe afastar da meta. Mas ali está, nada mais importa, agora é o tempo dos caboclos, dos pretos velhos, e de todas as falanges que lhes seguem, compondo o círculo sagrado das emanações da Luz Divina.

Ao início dos trabalhos, sempre cantando, o corpo acordando para as danças ancestrais, pede-se proteção ao anjo da guarda na missão abençoada, e todos se prostram para mais uma gira, reverenciando humildemente todas as evocações do chefe espiritual da casa, já incorporado no Babalorixá, comandando com a firmeza de sempre, mostrando sua Força ao manter tudo na mais perfeita harmonia, mesmo entre tantas emanações que reverberam em toda parte, incluindo a assistência, de onde vem angústias, dores e empecilhos.

Os caboclos chegam girando, cortando as demandas, quebrando grilhões com seus gritos, que cortam o ar, em mais vibrações que são como raios que dispersam toda dor, toda aflição.

Desfilam os caboclos de Oxóssi, trazendo o frescor das matas, o Prana vital da Natureza. Os caboclos de Ogum perfilam-se em harmonia, guerreiros incansáveis da Paz. E os atabaques contam as façanhas de Xangô, e o terreiro se enche de caboclos que trazem das pedreiras a Magia, a Luz, a energia que tudo equilibra.

A gira prossegue, e agora são os pretos velhos que se aproximam, com seu passo lento e olhar sereno, procuram seus cavalos, seus banquinhos, seus cachimbos, pembas e mandingas, e começam suas consultas. Sem pressa alguma, acolhem cada filho, lhes dão passes, e palavras de alento. Aconselham, contam histórias, trabalham com seus cambones, de maneira calma e ininterrupta, dando assistência a todo e qualquer apelo, corrigindo os pensamentos sem uma palavra rude, mostrando os caminhos, sem interferir nos arbítrios, ao mesmo tempo que em silêncio, vão limpando as auras, curando dores, atuando muito mais do que falam, pois são os mais sábios.

A madrugada se aproxima, é preciso terminar os trabalhos. Vão-se os pretos velhos em suas manifestações, para se colocarem ao lado de seus médiuns, junto de todos os outros guias espirituais.

Todos se ajoelham novamente, agradecem por mais uma oportunidade de trabalho edificante, cada um com seus próprios anseios apaziguados. Além do cansaço físico, sentem-se renovados em energia, pois o maior alimento é a Caridade prestada.

As luzes voltam a clarear com força, trazendo cada um ao plano terreno. É o momento de todos se confraternizarem com abraços e sorrisos, enquanto se reúnem mais uma vez, para bater a cabeça diante o congá, imantado das poderosas forças que lhe habitam. Cada um cumprimenta o Babalorixá e prepara-se para a volta para casa. Muitos, levarão horas para chegarem em seus destinos.

E,enquanto isso, no terreiro, nesse momento iluminado apenas com as luzes das velas, ainda ficará muitas horas fervilhando com a espiritualidade ali presente, até que todos os pedidos sejam auxiliados, todos os nós desatados, todas as demandas desmanchadas.

Suave Luz do terreiro de Umbanda, que permanece mostrando a presença da Senhora Velada, a infinita Sabedoria traduzida em Paz, Amor, Perdão, Serenidade e Equilíbrio, a verdadeira Jornada.

Salve Umbanda querida! Salve Orixás Benditos! Que sua Luz sempre brilhe sobre nós, que estamos na Busca.! Obrigado pelos caminhos, obrigado pelas lições, obrigado por ter-nos permitido vê-la, e em ti vivê-la!

Alex de Oxóssi



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O Compromisso de Ser Umbandista

O Compromisso de Ser Umbandista

A mediunidade é uma das chamadas mais precisas para seguir no caminho da Umbanda, porém, a mediunidade não se limita apenas na incorporação. Por quê digo isso? Muitos confundem a Umbanda com uma espécie de casa que apenas acolhe ou principalmente acolhe médiuns de incorporação, mas a mediunidade é complexa, ela abrange qualquer tipo de comunicado com o plano espiritual, desde uma intuição, uma percepção, inspiração, visão, audição, incorporação e outros.

Todos que na Umbanda se desenvolvem fazem por onde desenvolverem o tipo de mediunidade que mais está acentuada em seu interior, porém, também desenvolvem outros tipos se for o caso. Com isso, todos que fazem parte de uma corrente umbandista são médiuns preparados ou em processo de desenvolvimento, por isso no nome da corrente é ''CORRENTE MEDIÚNICA''. Sendo assim, o compromisso de um umbandista é o compromisso de ser um médium, e, quando nossa mediunidade é despertada passamos a trabalha-lá para que assim através dela possamos ajudar a evolução do próximo e a nossa própria evolução espiritual, enfim, passamos a trabalhar em prol da evolução espiritual de todos e de tudo, desta forma zelando por nosso corpo espiritual para que assim possamos enfrentar as barreiras da vida física.

Para que todo um desenvolvimento ocorra, para que toda esta evolução ao lado de muito trabalho espiritual flua, o indivíduo tem que assumir um compromisso disposto a se dedicar com seriedade, presteza, amor e muita fé. Mas isso privará a pessoa de sua vida pessoal? Jamais, as religiões justamente são um auxílio para que as pessoas vivam de maneira mais espirituosa, para que elas saibam lidar com as diversificadas situações da vida física e para que constantemente fortaleçam e zelem de seus corpos espirituais, pois, ambos os corpos, tanto o físico como o espiritual são de extrema importância para nós, dependemos do físico em dia para vivermos a vida carnal bem e do espiritual em dia para reabastecer o corpo físico com boas energias e para vivermos uma vida eterna na transição entre os dois mundos de forma evolutiva e construtiva.

O compromisso espiritual é mais um de grande importância que escolhe para seu ciclo, sendo assim, ele vem a somar com os outros compromissos e terá seu espaço assim como os demais. A exigência é apenas que após assumir um compromisso o abrace e o siga com respeito e seriedade, não deixando como última prioridade em sua vida, todos os compromissos que assumimos para nós devem ter o mesmo grau de importância, apenas divididos e cumpridos cada um em seu espaço, sem tomar a frente do outro. Se comprometer com amor e dedicação ao culto não é apenas fazer isto por si, mas sim pelo seus irmãos de fé que ali estão com o mesmo objetivo, quando se falta num trabalho espiritual por motivos supérfluos, quando não se dispõe a lutar pelo andamento do templo, quando não cumpre seus afazeres espirituais, você não estará somente atrasando seus preceitos espirituais, mas sim atrapalhando o seus irmãos e a todos que em seu templo frequentam, pois uma corrente deve ter todos os elos firmes, e basta apenas um elo frouxo ou quebrado para toda uma corrente arrebentar.

Ser médium é um compromisso em qualquer segmento desde que passe a trabalhar esta mediunidade a colocando em prática, mas é importante lembrar que mediunidade não é sinônimo de incorporação, existem diversificadas formas de desenvolver a mediunidade, e a Umbanda trabalha com todas elas.

Carlos Pavão




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