Muitos ficam apavorados com a possibilidade de frequentar um Terreiro onde há quiumbas incorporando nos médiuns, na Mãe/Pai Espiritual ou em algum consulente. Sim, falar de quiumba e imaginar que eles podem estar próximos, muito próximos, com certeza causa arrepio, medo, insegurança e muito desconforto.
Mas, o que fazer com essa possibilidade? O que fazer para não cair nas “mãos” desses espíritos tão maquiavélicos e destrutivos?
Penso que a melhor coisa é conhecer como eles agem, como manipulam as pessoas e as conversas. Aliás, essas manipulações muitas vezes são tão sutis, tão mascaradas de amor, preocupação, de ‘boa vontade’ que, se não tivermos capacidade de discernir e nosso senso moral extremamente bem estruturado somos levados por esses espíritos facilmente.
Com essa capacidade de discernir e de fazer valer a boa moral vem a necessidade de estudar e de confiar sempre desconfiando, ou seja, nada de fé cega, mesmo porque, a verdadeira Fé é aquela que se baseia no Saber, na coerência e no sentido lógico de “Fazer o Bem” SEMPRE.
E para ajudar nesse entendimento, transcrevo um texto muito bom sobre as ações de espíritos manipuladores, sobre a nossa real necessidade de discernir e de confiar desconfiando. O texto está no livro: “Mediunidade e Seus Problemas” de J.Edson Orphanake (2ª Ed. – Tríade Editorial), espero que gostem e que consigam perceber a importância de sair da inércia, a importância de Estudar, de buscar Conhecimento e de conquistar o Saber.
Confiar desconfiando…
Antes de sair a pastar, a cabra, fechando a porta, disse ao cabritinho:
– Cuidado, meu filho. O mundo anda cheio de perigos. Não abra a porta a ninguém antes de pedir a senha
– E qual é a senha, mamãe? – A senha é: “Para os quintos do inferno o lobo e toda a sua raça maldita”.
Decorou o cabritinho aquelas palavras e a cabra lá se foi, sossegada da vida.
Mas o lobo, que rondava por ali e ouvira a conversa, aproximou-se e bateu. E disfarçando a voz repetiu a senha.
O cabritinho correu a abrir, mas ao pôr a mão no ferrolho desconfiou.
E pediu:
– Mostre-me a pata branca, faça o favor…
Pata branca era coisa que o lobo não tinha e portanto não podia mostrar
E assim, de focinho comprido, desapontadíssimo, o lobo não teve remédio senão ir-se embora como veio, isto é, de papão vazio.
Desse modo salvou-se o cabritinho porque teve a boa ideia de confiar, desconfiando. Monteiro Lobato
–
Transcrevemos a fábula acima, comparando-a a certas manifestações nas quais médiuns ingênuos e ignorantes da parte mediúnica, muitas vezes deixam-se incorporar por espíritos levianos e inferiores, que passam por guias-protetores. O médium, desconhecendo o fato de poder ser enganado, dá passividade a um impostor disfarçado em caboclo, preto velho, baiano, marinheiro, etc. e com ele trabalha durante vários anos sem dar-se conta do logro. E tal fato leva infalivelmente o médium, a tenda e a Umbanda ao descrédito e até as consequências desagradáveis em ocorrências policiais, frustrando frequentadores e desprestigiando-nos perante a sociedade. Na maioria dos casos, a dissimulação vem da época do desenvolvimento mal orientado e segue vida afora. Naturalmente, embora caiba responsabilidade ao dirigente do centro, pode o médium estudar seu próprio guia, sem ele se ofender ou melindrar-se, porque sabe que no astral existem lobos com pele de cordeiro, sempre prontos a semearem confusão no seio espiritualista.
Conhece-se o caráter de uma entidade pelo seu modo de pensar, de proceder, de agir. Um espírito iluminado é simples, sério, honesto, compreensivo, prestativo e bondoso; enfim, dotado de virtudes e qualidades superiores; o espírito inferior, ao contrário, é aquele que apresenta imperfeições na personalidade: é hipócrita, falso, mentiroso, maldoso, sensual, orgulhoso, vaidoso, egoísta, ignorante; em suma, tem todos os defeitos possíveis ao ser humano. Logicamente, entre as duas classes há os intermediários: nem bons nem maus. Há os também levianos, zombeteiros, maliciosos, insensatos, brincalhões, como já explicamos antes.
Percebe-se-lhes o caráter através das comunicações: linguagem, cultura, coerência nas ações, sinceridade, benevolência. Os bons espíritos jamais se desmentem, não dão maus conselhos e exemplos, nem se orgulham, apresentando-se como autoridades, nobres, pessoas famosas, reis, guerreiros ou com outros títulos científicos, honoríficos e nobiliários. São modestos, tolerantes e, quando nos terreiros, jamais aconselham para o mal, não provocam discórdias, não se metem em intrigas, não falam mal de ninguém, não separam casais, não usam palavras de baixo calão ou expressões obscenas e pornográficas, não afastam rivais, não fazem gananciosos ganhar em jogos, não arranjam uniões ilícitas, não prometem o que não podem cumprir, não alardeiam falsa sabedoria, não se intrometem em fofocas, tratam a todos com a mesma cortesia e bondade; em resumo, são espíritos sérios, honestos e compreensivos, por isso superiores.
O espírito inferior e imperfeito gosta de se aparecer e, aproveitando a inexperiência e os defeitos do médium, incorpora-o e se apresenta como o caboclo “Tal” de grande força e poder ou o preto velho “Pai Fulano”, curandeiro excepcional e, se soluciona dois ou três probleminhas de consulentes, cura três ou quatro doentinhos entre centenas, através de autossugestão, no resto faz tremendas estripulias: dissemina a discórdia, mete-se em cochichos, alimenta a vaidade do próprio médium, promete o que não pode cumprir, faz prognósticos errados, aconselha a separação de casais, aponta amantes para esposos desconfiados, ridiculariza outros médiuns, repara defeitos nos outros; enfim, estende uma rede de inconveniências e maldades, que passa despercebida dos frequentadores, muitos dos quais temerosos, bajuladores ou subservientes não percebem o fundo falso das manifestações.
Você que é médium e suspeita de algo parecido com o exposto, observe o comportamento de seu “guia” e verifique-lhe o grau de progresso espiritual. Naturalmente, o guia deve ser superior ao médium em moralidade e conhecimento. Se ele se zangar, melindrar-se ou ficar magoado, continue desconfiando…
Retirado do livro “Mediunidade e Seus Problemas” de J.Edson Orphanake – 2ª Ed. – Tríade Editorial
Por fim, SALIENTO: questionar, perguntar, preocupar-se com as ações de quiumbas em médiuns de atendimento é salutar, porém muito mais importante, imprescindível e coerente é se preocupar consigo mesmo, é se questionar e se perguntar se você está sob a ação de quiumbas, agindo, vibrando e desejando como eles…
Procurar o lobo dentro de nós mesmo
É SEMPRE
a opção mais cuidadosa e inteligente
Afinal, a Lei da Afinidade existe e essa, É INCONTESTÁVEL!!!
Mônica Caraccio