Iansã

Iansã, clarão que dissolve as sombras! Tu chegaste, minha Mãe, como quem rasga o céu em furor. E no brilho de teus olhos, reconheci a face pura da verdade e do amor.

Rainha dos mistérios dos Jacutás, dona do meu Congá. Chuva que acaricia a alma, vento forte que desperta o poder. Quando tua voz ressoa, tão suave, mil melodias brotam dentro de mim. 

És a beleza na tormenta, o cintilar que antecede a noite. És o raio que consola, e o esplendor que abre o dia. És o estrondo do trovão, a Justiça que segue com Xangô. És o amor em correnteza, e o canto de Agô. És a força em tempos de luta, guiando ao campo sereno da paz. És o plantar na terra fértil, levando a semente que o vento trás. És o caminho firme, que vigia cada passo. Vitória contigo é certeza, És a estrela que não se apaga.

Sopro de luz e axé, Rainha entre todos os Orixás. Flecha rápida na mata de Oxóssi, Menina nos olhos de Oxalá. És o compasso do barravento, que ensina a guerrear dançando. És a fúria das forças da natureza, que desfaz qualquer escuridão. És a chama que move a coragem, És o começo da minha viagem pelo caminho da evolução. Porta de início, busca e superação. És a centelha que brilha no bambuzal, o corisco que disciplina o ego. És sangue que pulsa, força que sustenta, e direção para quem te busca.

És lâmina que corta a maldade, lutando ao lado de Ogum. És canto delicado que nasce dos lábios de Olorum. És trabalho, suor, combate, que fortalece o coração. És honra, proteção e amparo no jardim da compaixão.

Por ti, ó Mãe, o raio se abre, e do alto ao mais profundo, a voz de Xangô ressoa. És luz que sustenta a vida, e numa de tuas faces percebo o semblante de Santa Bárbara. Vento que afasta todo mal, reverenciamos teu sopro nas pedreiras e nos vales. Brisa que dança sobre o mar, és tu quem guia as ondas no reinado de Iemanjá.

Almas santas, vinde todas em meu auxílio! Toco a terra e te saúdo, Soberana do Balé. Teu brilho é infinito, e nem mil versos alcançariam a grandeza do teu valor. Mãe Divina, em ti enxergo o amor, e com o teu cálice saúdo a vida com esplendor.

Eparrey, Iansã! Eparrey, radiosa Oyá! Conduze-me, hoje e sempre, pelas voltas que o mundo dá.

Ednay Melo

04/12/2025