Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

07/09/2018

Giras e Rituais

Giras e Rituais


A Umbanda não tem, infelizmente, um órgão centralizador, que a nível nacional ou estadual, dite normas e conceitos sobre a religião ou possa coibir os abusos. Por isso cada terreiro segue um ritual próprio, o que faz a diferenciação da qualidade de um para outro. Entretanto, a base de todo terreiro tem que seguir o principio básico do bom senso, da honestidade e do desinteresse material, além de pregar, é claro, o ritual básico transmitido através dos anos pelos praticantes. Com este tópico para esclarecer, transmitimos, sem nenhum segredo o ritual que nós praticamos.




GIRAS

No sentido de trabalho significa reunião de vários espíritos de uma mesma categoria. As giras podem ser festivas, de trabalho, de treinamento, fechada ou aberta e especifica. Antes das giras propriamente ditas, deve ser feita uma “abertura dos trabalhos” para que o ambiente seja devidamente preparado. Apresentaremos um modelo de abertura de gira em capítulo a parte.

Festiva ­ é aquela em que se presta uma homenagem ao Orixá/Entidade do dia. Nela pode-se puxar outras vibrações, separadamente;

De trabalho são giras realizadas regularmente para o atendimento de consulentes;

De treinamento ­pode ser realizada junto com a gira de trabalho ou em dia especifico. Nela se processa o desenvolvimento mediúnico dos iniciantes que serão trabalhados pelas entidades incorporadas ou por médiuns feitos, através da vibração de seus guias, sem incorporação;

Aberta ­ é uma gira onde se toca para duas ou mais categorias de espíritos. Nela podem trabalhar, ao mesmo tempo, Caboclos, Pretos Velhos, Ibeijada, etc. Cada médium trabalha com a entidade que desejar se manifestar.

Fechada ­nessas giras trabalha-se com uma “linha” de cada vez. Somos mais favoráveis a este tipo de gira por não haver cruzamento de energia, assim existindo melhor aproveitamento dos fluidos por parte dos médiuns;
Neste caso, chama-se uma única linha por vez, espera-se encerrar seu trabalho, e só depois que ela tiver deixado a gira, chama-se outra linha. Todos os médiuns trabalham com Caboclos, depois com Baianos, por exemplo.

Especifica ­ são as giras de Abaluaê, Oriente, Ibeijada, Exús e Pomba Giras. No caso destas giras são necessários certos procedimentos para se isolar o trabalho. Isso pode ser feito com preces, cânticos especiais ou até mesmo em dias especiais após imantações.

A gira de Exú é uma gira difícil de ser trabalhada pois muitos deturpam a sua finalidade e o modo de trabalho de tais entidades. A falta de conhecimento leva muitos a acreditarem que se trata do “diabo”. Mal sabem que o diabo é o mal, o orgulho, a vaidade, a discriminação e a preguiça que alguns carregam consigo.

Deve-se cantar 7 curimbas para Ogum que sempre abre e fecha esta gira – não é obrigatória a incorporação de Ogum. A energia de Ogum é responsável pelo equilíbrio dos espíritos desta faixa de evolução. Os Exús e Pomba Giras não precisam usar bebidas a não ser para trabalhos específicos e a quantidade é absurdamente pequena. Eles recebem sua libação na tronqueira.

Os Exús e Pomba Giras são entidades evoluídas, embora estejam na base do desenvolvimento espiritual, por isso não aceitamos, de forma alguma, aqueles que fazem gestos obscenos, falam palavrões ou mesmo que utilizam roupas extravagantes já que todas as outras entidades trabalham com os médiuns vestidos de branco. Isso tudo é teatro, brilho, fantasia não tem nenhuma importância espiritual. Tais entidades são de muito respeito e muita luz, porém humildes e muito próximas da consciência terrena, deixam seus médiuns a vontade até mesmo em suas “palhaçadas”. Médium evoluído, Exú em evolução, valendo também o inverso.

Estas entidades defendem nosso campo anímico (ligação matéria/espírito) para que Oxalá possa continuar conveccionando a vida. Vemos assim que elas têm uma importante função no plano espiritual.

A gira de Ibeijada também é uma das giras difíceis de um terreiro. Após a “abertura” normal da gira e com todos os fundamentos preparados para este trabalho puxa-se a falange das crianças que, por acaso, não são malcriadas apesar de serem alegres e brincalhonas. Muitos médiuns se aproveitam de tal situação e fazem arruaça, achando que com isso tornam autentica a sua incorporação.

Os Erês ou Cosmes (homenagem a São Cosme , entidade protetora das crianças segundo a Igreja Católica) podem brincar sem desrespeitar os princípios espirituais. Essas entidades são a sublimação das forças cósmicas e jamais devemos desafiá-las pensando que por “serem crianças” não tem muita força. A devoção a essa vibração pode nos salvar de situações difíceis.

Deve-se, sempre após uma gira de Ibejada, chamar outra entidade para encerrar os trabalhos, pois as “crianças” limpam os consulentes e fazem os trabalhos, mas não descarregam a negatividade.

A gira de Abaluaê deve ser isolada das demais, através de preces específicas que devem ser rezadas antes e depois desta gira. Nessas preces deve-se buscar o fortalecimento mental dos médiuns da corrente e projetar energia equilibrando-os para conseguirem assimilar esta vibração que, por ser uma energia de sublimação (Nanã = reação, Omulú = ação) chega na terra de forma triangular , ocupando um espaço maior que as demais vibrações, portanto formando um campo magnético amplo em que o médium pode não conseguir permanecer.

A gira do Oriente deve começar a ser preparada uma semana antes do dia propriamente dito. Ela deve ser aberta pelo Zelador com preces e, durante a semana, devem ser invocadas todas as entidades que irão trabalhar, mantendo-se iluminados os respectivos pontos de firmeza. No dia da gira só deverão participar os médiuns que se mantiveram em harmonia com os fundamentos do terreiro naquela semana. Nestas giras geralmente recebe-se espíritos de muita sabedoria que vem a terra para nos ensinar ou passar mensagens importantes. Não devemos confundir esta gira com a festa dos ciganos. A gira do Oriente trabalha com os espíritos mentores de diversas crenças e culturas orientais.

GIRA BLOQUEADA

Assim chamamos a dificuldade que o médium de incorporação parcial tem de penetrar na faixa vibratória de certos consulentes. Quando isso ocorre o médium não está, necessariamente, falhando ou sem a sua entidade.

Os motivos podem ser:

a) consulente carregado de energia negativa. O consulente fica envolvido dentro de uma redoma.

b) consulente que procura a tenda por simples curiosidade ou para testar as entidades.

c) o consulente é médium ou mesmo Zelador. Já tem sua “coroa” feita e sua próprias entidades fecham a sua faixa vibratória para resguardá-lo.

Nos casos “a” e “b” o médium não deve se deixar perturbar e também não deve tentar romper o bloqueio, pois além de lhe causar grande perda de ectoplasma isso pode fazer com que caia em descredito. O correto é recomendar ao consulente uma limpeza espiritual através de banhos de descarrego, imantações e preces e pedir-lhe que retorne para nova consulta.

É importante salientar que as giras de consultas não são “consultório sentimental” ou lugar de “conversa fiada, muito menos fábrica de milagres. As pessoas devem ser orientadas para que não desgastem os médiuns contando toda a sua vida. A entidade irá perguntar somente o necessário, não ficará tentando fazer adivinhações.

O Consulente deve ser instruído a manter-se concentrado em seus objetivos para que toda a força do terreiro seja empenhada em fazer a ciclagem espiritual do mesmo. É desta forma que se consegue o que se procura e não com trabalhos direcionados a terceiros. Ninguém tem o direito de interferir no caminho espiritual de outra pessoa a não ser que esta peça. Não devemos esquecer do “livre arbítrio” e principalmente de que “nos tornamos responsáveis por tudo que cativamos”

No caso “c” deve-se somente saudar a “coroa” do consulente e realizar o passe.


PROCEDIMENTO DENTRO DA GIRA

Após o devido preparo espiritual com banhos e imantações e depois de receber as orientações preliminares (aulas) o médium deve seguir o seguinte esquema dentro das giras:

Reflexão – o médium ao adentrar a gira deve refletir sobre sua vida nos dias que antecederam ao trabalho, procurando observar seus pontos fracos, seus erros e acertos. Deverá agradecer a Pai Oxalá a chance de estar novamente a seu serviço.

Concentração – após a reflexão, o médium deve se desligar de tudo que o cerca. Deve fixar seu pensamento num ponto que lhe seja positivo, que lhe cause bem estar, a fim de que sua mente fique livre para receber todas as vibrações e de que seu corpo possa absorver completamente as imantações do ambiente.
Desde a sua entrada no terreiro até o inicio da gira, o médium deve manter-se em silencio absoluto, respirando pausadamente, aguardando a chegada dos demais companheiros.

Quando o médium entra no terreiro ele pode tocar o chão com a mão direita e em seguida benzer-se com o sinal da cruz, saudando as entidades da casa. Não é obrigatório, se não vier do coração.

Após o início da gira chegará o momento de “bater cabeça”. O que isso significa? Como fazê-lo?

Cada médium poderá ter seu “pano-de-cabeça”, o qual deverá ser estendido no chão, diante do Peji, e, ao som de cântico correspondente, deverá tocar o chão, sobre o pano, com a testa (Salve meu Pai Oxalá). Depois deverá tocar o chão com o lado direito da fronte saudando o Orixá masculino do terreiro (quando já souber seu Pai de Cabeça, ele é quem deverá ser saudado). A seguir deverá tocar o chão com o lado esquerdo da fronte saudando o Orixá feminino do terreiro (quando já souber sua Mãe de Cabeça deverá saudá-la).

A seguir será feita a defumação do ambiente quando, então, os médiuns que já usam as guias, deveram colocá-las no pescoço após imantá-las com a defumação.

DEFUMAÇÃO ­ A produção de aroma se faz pela mistura e aquecimento de várias ervas e essências e tem a finalidade de atrair vibrações e romper o campo magnético do ambiente que será utilizado para os trabalhos.

A cada material cabe atrair um tipo de vibração: boa ou má. Por exemplo: as ervas favorecem as boas vibrações e as espalham pelo ar, já o carvão atrai as más vibrações, porém as retém. Esse carvão será deixado na tronqueira até o final da gira e depois será jogado fora pois a negatividade já terá sido absorvida pelos Exús. (Veja Defumação)

Considerações Gerais

Começamos com o terreiro. Na frente, no portão de entrada normalmente tem uma pequena casa. Nós a chamamos de Tronqueira. Lá dentro tem uma imagem do Sr. Tranca-Ruas, o poderoso Exú protetor do terreiro. É a nossa guarda.

O Terreiro é dividido em duas partes: a da assistência e o terreiro onde se desenvolve a “engira”. Daqui para a frente simplesmente “gira”. Em alguns terreiros costuma-se haver um quadrado ou um centro de vibração, onde está enterrada a segurança de toda a casa. É um buraco que contém as armas do Orixá Chefe. Dali, emanando todo o axé da casa. Cria-se, então, um campo vibratório de muita força.

Em todos os terreiros existe hierarquia. Além do dirigente, existem as figuras da Mãe-Pequena e do Pai-Pequeno. Após os capitães de terreiro e dos ogans (atabaqueiros). Todos os membros da corrente devem prestar-lhes obediência e respeito e, ao entrar no terreiro, devem reverenciar-lhes, ritual rigorosamente observado pela religião umbandista. Todos carregam guias diferenciadas dos membros da corrente.

O médium deve ter sempre a consciência de nunca comer carne no dia em que irá trabalhar. Carne proveniente de animais de sangue quente podem conter energias contrárias às necessidades do trabalho que será desenvolvido. Além disso, o sangue contêm muita energia que, se usada por espíritos de pouca ou nenhuma luz, pode atrapalhar consideravelmente o bom andamento do trabalho.

Considerando também que na evolução do reino animal, usar-se-á para sua própria alimentação animais que estejam distantes do grau evolutivo do ser humano, ou seja, recomenda-se o uso de peixes para se alimentar evitando animais mais evoluídos afastando-se das energias inerentes a animais sacrificados para nossa alimentação e que nos sejam “próximos”.

Como o dia de trabalho é sagrado, deve-se evitar a todo custo pensamentos pecaminosos, xingamentos, sentimentos de ódio de maneira geral, sexo, frequentar lugares que sugiram alguma ligação com energias que possam ser prejudiciais ao trabalho.


Chegando no terreiro…

Saudar a(s) Tronqueira(s):

Saudar Seu Tranca Ruas.

Pedir proteção, pedir ajuda nos trabalhos.

Pedir para limpar seu corpo de larvas e miasmas astrais.

Pedir licença para entrar no terreiro. Considere sempre que o chão do terreiro é um solo sagrado e é onde serão desenvolvidos todos os trabalhos. Portanto, faz-se necessário pedir licença para pisá-lo.

Para pedir licença para pisar no terreiro deve-se tocar o chão com o dedo médio, tocando-o 3 vezes, descrevendo um triângulo, (tríade Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos) e em seguida tocar a fronte, o lóbulo parietal e lóbulo occipital (tríade matéria, mente e espírito) solicitando-lhes que nos ajude a manter o fortalecimento e a harmonia destes planos.

As Crianças significam a infância, com sua pureza e inocência.

Os Caboclos significam a mocidade com sua energia.

Os Pretos Velhos significam a velhice com sua humildade e experiência.

Saudar Oxalá.

Saudar seu Orixá de cabeça. Se não souber ainda qual é seu Orixá de cabeça, bastará saudar Oxalá.

Em terreiros que tenham Ogan deve-se saudar o Ogan Chefe. O Ogan é o chefe dos atabaques.

Em terreiro que mantém hierarquia com capitães, deve-se cumprimentar os Capitães do terreiro obedecendo a hierarquia entre eles, ou seja, o 1º capitão a ser cumprimentado deve ser sempre o capitão mais novo a ocupar esta posição, em seguida cumprimentar o segundo e assim consecutivamente até o Capitão mais antigo do terreiro.

Em terreiros que tem pai-pequeno/mãe-pequena deve-se cumprimentá-los. É importante observar que a Umbanda não tem cargos hierárquicos. Muitas vezes esses cargos e definições dentro do terreiro são características advindas do Candomblé.

Cumprimentar o dirigente do terreiro.

Ao som do Hino da Umbanda, a corrente entra no terreiro, cantando alegres, dispostos, de branco, com suas guias e banho de ervas previamente tomado. Após, inicia-se a defumação em todos os presentes. Vale aqui dizer que todo o ritual tem que, obrigatoriamente, ser feito com pontos cantados. Após a defumação, vem o bate-cabeça, oportunidade dos membros da corrente. Os que têm hierarquia já o fizeram no início. Em seguida a saudação aos Anjos da Guarda. Louva-se aos Orixás e aos espíritos que trabalham através dos cavalos (médiuns) no terreiro. Em seguida pede-se a proteção do Sr. Ogum de Ronda. Saudação à Quimbanda e ao Sr. Tranca-Ruas não podem faltar. Feito este ritual é que começam as incorporações.


FUNDAMENTOS DO RITUAL

Hino de Umbanda

É um mantra de louvação à Umbanda.

Os povos em suas liturgias religiosas, desde os tempos imemoriais, invocam suas divindades, não só pelo vocábulo, como também, pela palavra cantada, através de hinos, ladainhas, mantras, cânticos, salmos e pontos cantados.

Defumação

A defumação harmoniza e aumenta o teor das vibrações psíquicas, produzindo condições de recepção e inspiração nos planos físico e espiritual.

Além de influenciar em nossas vibrações psíquicas, as ervas utilizadas na defumação são poderosos agentes de limpeza vibratória, que tornam o ambiente mais agradável e leve. Ao queimarmos as ervas, liberamos em alguns minutos de defumação todo o poder energético aglutinado em meses ou anos no solo da terra, absorção de nutrientes dos raios de sol, da lua, do ar, além dos próprios elementos constitutivos das ervas. Deste modo, projetam-se forças capazes de desagregar miasmas astrais que dominam a maioria dos ambientes humanos, produto de baixa qualidade de pensamentos e desejos, como raiva, vingança, orgulho, mágoa ,etc.

O que fazer nesta hora? Pedindo pela purificação do Terreiro dos médiuns e assistência fechando o nosso corpo e mentalizar os guias, anjo da guarda, pedindo que essas energias nocivas se dissipem.

Bate Cabeça

Neste momento os filhos estão saudando seus Orixás de cabeça e pedindo licença aos mentores espirituais da casa para iniciar os trabalhos.

Anjo da Guarda

Neste momento de louvação ao nosso Anjo de Guarda, devemos pedir sua proteção e harmonia.

Prece de Abertura

É o momento aonde elevamos os nossos pensamentos e pedimos por nós, pelo bom andamento dos trabalhos espirituais, por parentes e amigos encarnados ou desencarnados, deixando toda as mágoas e maus pensamentos, tudo que é de ruim do lado de fora, para que possamos formar uma corrente com bastante solidez que possa combater qualquer força contraria sem romper um elo desta corrente.

Abertura de Gira

Neste momento o dirigente puxa o ponto de abertura de gira (Eu abro a nossa gira com Deus e Nossa Senhora…), é um momento de muita concentração, é quando ele recebe a permissão dos guias espirituais para dar início ao trabalho.

Deus Salve a Pemba, Salve a Toalha e Salve Nosso Congá

Pemba: a caneta dos guias, objeto sagrado na Umbanda, é através dela que se dá a grafia dos espíritos.

Toalha: é onde saúda-se o Orixá, pano de cabeça imantado através do ritual do amaci.

Congá: lugar sagrado aonde estão representados os Orixás e guias que são cultuados na Umbanda.

Salve a Engoma

Engoma: Atabaques, instrumento sagrado e de grande poder vibratório.

Neste momento do trabalho são tocados ritmos de imantação e fixação de energia.

Os atabaques são responsáveis pela harmonia do terreiro através do ritmo.

Salve as Setes linhas da Umbanda

Saudação aos naturais: espíritos que habitam a natureza, que nunca tiveram encarnações, por isso são puros.

Cinco são os reinos naturais: mineral, vegetal, aquático, aéreo, telúrico.

Salve as Crianças

Preparo da firmeza do terreiro. São responsáveis pela nossa alimentação de força.

Salve as Entidades da Casa

É o momento em que se sauda todas as entidades que cuidam da casa e os mentores espirituais do trabalho.

Saravá Exú

Normalmente saúda-se o Sr. Tranca Ruas, porque ele é quem recebe a responsabilidade de cuidar de todas as tronqueiras dos terreiros de Umbanda, é ele que abre o terreiro e fecha a rua e no fim da gira fecha o terreiro e abre a rua.

Pode-se, neste momento, saudar algum outro Exú que esteja com a responsabilidade contígua de guardar a casa e a gira.

Saravá Ogum de Ronda

Nesse momento os Oguns se postam como sentinelas do terreiro, cuidando e rondando para evitar intrusos que possam vir atrapalhar o andamento da gira.

Saravá (Orixá)

É cantado ponto de firmeza de linha do Orixá regente do dirigente.

Fonte: http://www.umbanda.amovoce.net 


Obs: O texto acima discorre sobre a ritualística de determinado Terreiro de Umbanda, não se aplica a todos, pois a Umbanda é diversa e se molda ao conhecimento de cada dirigente e seus guias chefes. (Blog Tulca)






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Tal Médium, Tal a Mediunidade

Tal Médium, Tal a Mediunidade

“Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas.” 1 Coríntios, cap. 14 – v.32

A afirmativa de Paulo é de uma profundidade admirável. Em poucas palavras, ele define bem o papel dos médiuns nas comunicações: “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas”.

Sem rodeios, o Apostolo quis dizer que o médium atrai os espíritos com os quais se afiniza e que, de certa forma, os espíritos que por ele se expressam se lhe submetem...

Se lhe submetem ao que?! – muitos formulariam a indagação. Sem a pretensão de uma resposta definitiva, redargüiríamos: se lhe submetem aos conhecimentos, se lhe submetem aos sentimentos, se lhe submetem aos propósitos, se lhe submetem ao modo de ser, se lhe submetem ao animo, se lhe submetem á vontade...

É claro que os espíritos que não aceitam tal ou qual médium, procuram outro e... se lhe submetem. A recíproca igualmente é valida: o médium também está sujeito aos espíritos que por ele se expressam... Sujeito as suas intenções, sujeito aos seus anseios, sujeito a sua condição espiritual...

Vejamos que a responsabilidade do medianeiro no intercambio entre as duas dimensões é fundamental. O médium pode, e, infelizmente, isso é o que quase sempre acontece, distorcer a opinião do espírito, alterar o seu parecer, mudar o teor de suas palavras, forçar a sua interpretação... Tem razão os que dizem que, em determinados médiuns, fica difícil separar o que pertence a eles do que pertence aos espíritos, mas semelhante colocação nem sempre evidencia a fidelidade do médium em ralação ao espírito comunicante.

É comum que médiuns, a fim de verem acatadas as opiniões que lhes são próprias, as atribuam aos espíritos, transferindo-lhes a paternidade de suas idéias.

Sabendo que “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas”, notemos que a personalidade do médium retrata a personalidade dos espíritos que com ele se dispõem a trabalhar, porquanto espíritos humildes não se sujeitarão a médiuns arrogantes... Embora a sua humildade, deixarão que os medianeiros arrogantes se lhe tornem instrumentos menos presunçosos e, portanto, um tanto mais maleáveis ao espírito da mensagem que desejam transmitir.

Observemos, ainda, que a personalidade do médium pode acabar interferindo na personalidade dos espíritos, assim como a convivência de uma pessoa com outra pode influenciá-la. O médium despojado de qualquer interesse pessoal estabelecerá sintonia com espíritos de bom senso, espíritos conscientes de suas limitações e que não hesitarão em declinar seus equívocos.

Mas avancemos um tanto alem em nossas considerações, a respeito das sabias anotações de Paulo no capitulo em foco. O médium, como médium, pode ser excelente instrumento, mas não tendo bom caráter, os espíritos bem intencionados o deixarão entregue as experiências que lhe dizem respeito. Ele, o médium, poderá até prosseguir desenvolvendo considerável tarefa, pois, em seu tempo de convivência com os espíritos, terá algo aprendido com eles; todavia, se assim podemos nos expressar, sempre estará “faltando espírito” naquilo que faz.

Portanto, para os espíritos, é preferível um médium que seja menos médium do que um que o seja em excesso mas sem o mínimo de discernimento.

Em mediunidade, o caráter do médium chega a ser mais importante que a mediunidade em si.

A formação do médium é de importância fundamental para os espíritos. Muitos espíritos desistem do contato com os homens, porque não encontram sensitivos capazes de interpretá-los na integralidade de suas emoções... O autor de uma peça teatral anseia por um ator que consiga ser ele próprio em cena.

Nem sempre o que um espírito diz através de um médium é como ele gostaria de te-lo dito e, quase sempre, é necessário que ele se contente com a “filtragem psíquica” que obteve. É preciso cautela com o médium que, á miúde, afirma que tal ou qual espírito está dizendo isto ou aquilo e cuidado redobrado com o “espírito” que, freqüentemente, se imiscui nos comezinhos assuntos do cotidiano das pessoas.

Sintetizando: a alma do médium atrai o espírito com o qual se compraz e por ele deixa-se empolgar nos interesses que lhes são comuns. Tal o médium, tal a mediunidade...

Fonte: "Mediunidade e Apostolado" / Odilon Fernandes & Carlos A. Baccelli








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06/09/2018

Minha Umbanda é Melhor do que a Sua


O terreiro que você frequenta é melhor do que o meu, ou o meu é melhor do que o seu? Afinal, qual é o melhor terreiro para se frequentar?

Tais dúvidas já afrontaram diversos membros e frequentadores da Umbanda e muitos desses ainda acham, ou afirmam categoricamente, que a sua umbanda é a única e verdadeira.

Vamos analisar para entender quem está com a razão e, acredito que as afirmações abaixo valham para o terreiro de quem está lendo este texto.

O terreiro que frequento não pratica o mal e não deseja o mal de ninguém. Lá não é feito amarração para o amor e muito menos é feito magias para as pessoas ganharem na loteria ou afins. O respeito às pessoas é o mínimo exigido. Sempre que possível, é praticada a caridade de doação de materiais ou alimentos aos mais carentes. Os guias espirituais dão bons conselhos e enchem de luz e força o ambiente quando estão presentes. A natureza também é respeitada e as matas, cachoeiras, praias, pedreiras, campos floridos, lagos, lagoas, rios, vento, raio, chuva, estrelas, o sol e a lua, são considerados pontos de força sagrados. Nenhum animal é maltratado. Não há racismo ou exclusões sociais. As crianças e os idosos são bem-vindos.

Somente por esses poucos exemplos, consigo mostrar que o terreiro que frequento é bom e se o seu se encaixa na maioria dos itens, ele também é bom. Mas ainda não consegui responder qual umbanda é a melhor.

A umbanda, no geral, é baseada em outras fontes de crença: kardecismo, catolicismo, cultos africanos, neopaganismo, crenças indígenas (do Brasil), entre outras. Cada terreiro dosa mais ou menos cada uma dessas crenças e, por isso, há a diferença entre os terreiros. A umbanda de Omolokô e os chamados Umbandomblés, adotam mais os cultos africanos do que o kardecismo em seus rituais. Os mestres e as umbandas de jurema, lá do nordeste, incluem mais catolicismo e rituais indígenas do que o africanismo. A umbanda de mesa branca tem muito mais kardecismo em seus rituais do que as outras vertentes. Há terreiro que não canta para Orixá. Outros não cultuam Exú e Pombagira. Tem aquele terreiro que só faz oração e ladainha para os santos. O outro, não tem atabaques. Tem terreiro sem altar e tem também o que não tem tronqueira. Existe terreiro que sacraliza o Santo Daime, ou ayahuasca. Há, inclusive, terreiro de uma pessoa só.

Ora, se cada terreiro, ou umbanda, é diferente, de acordo o seguimento escolhido pelo sacerdote responsável, não existe maneira de dizer qual deles é melhor do que o outro, pois todos estão corretos, baseados naquilo que direcionam sua fé. A escolha de frequentar este ou aquele terreiro é de cada pessoa, também de acordo com sua crença e ideais. A umbanda, ou as umbandas, assim como as demais religiões refletem aquilo o que cada frequentador busca em sua vida, então o gostar de um templo, se identificar com ele ou não, pode representar o indivíduo se encontrando com um grupo que pensa e compreende a vida e o universo de maneira similar.

Então, se uma umbanda é diferente de outra, por causa de seus rituais, assim como seus frequentadores escolheram aquilo que é melhor para eles, não podemos afirmar, em nenhuma hipótese, que esta umbanda é melhor do que a outra, menos ainda, que este terreiro pratica a verdadeira umbanda e o outro não! Não existe uma única umbanda verdadeira, pois todas são verdadeiras! Isso é, inclusive, um paradoxo: essa umbanda é tão verdadeira quanto à outra, apesar de suas diferenças.

O ponto que quero chegar é o seguinte: tente, aos poucos, tirar o véu de competição que os homens carregam na frente de seus olhos. Tente ver e entender as diferenças, mantendo o devido respeito, e um novo horizonte se abrirá. Ao visitar um terreiro, que não o seu, não busque encontrar os erros e os problemas, mas procure ver as coisas boas que podem fazer por sua vida ou para a sua fé na umbanda; não critique se este parece ser kardecista ou se o outro se parece com o Candomblé; não duvide da opinião de um sobre a fundação, ou não, da Umbanda por Zélio Fernandino de Moraes, ou quem quer que seja. As diferenças entre as umbandas e o respeito entre elas é que fazem a Umbanda se tornar una. A única crença que talvez possa ser taxada de "errada" é aquela que não permite aos seus frequentadores o direito de saber seus fundamentos e intenções.

Newton Marcellino


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Espiritização da Umbanda?

Espiritização da Umbanda?

Pergunta: Pai Antônio, muitos umbandistas mostram certa preocupação quando é abordado a questão de se estudar a obra codificada por Allan Kardec dentro da Umbanda, temendo que a mesma num termo popular se “espiritize”, o senhor poderia nos dar uma ideia sobre este assunto?

PAI ANTONIO: Meus filhos, que possamos hoje e sempre recebermos os eflúvios de amor e paz que emanam de Nosso Deus Criador na forma simplória de Mamãe Oxum e Pai Oxalá.
O tema realmente ao que temos observado no meio umbandista ainda gera algum receio e por que não dizer meus filhos uma certa polêmica. A colocação do filho é clara, a obra foi “codificada” e não criada e quando falamos em codificar, podemos ainda interpretar filhos de uma forma simples que se pode agregar e não substituir totalmente, neste ponto encontramos outra palavra: ESPIRITUALIZAÇÃO.

Espiritualizar meus filhos pode ser interpretado como “extrair a essência”, ou ainda, buscar aquilo que se tem de melhor em si mesmo e ai encontramos a maior tarefa de qualquer sistema religioso o que não é diferente com a linha de Umbanda.

É verdade que encontramos ainda filhos e filhas mal informados de como devemos empregar algumas palavras e ai nasce o preconceito que afasta, que agride e impossibilita o neófito de encontrar está tão procurada essência do espírito. Pensando nisso, o Pai resolve explicar antes de concluir sua opinião alguns termos:

Na introdução do LIVRO DOS ESPÍRITOS, é codificada a seguinte frase por ALLAN KARDEC:

“Diremos, portanto, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.”


O ESPIRITISMO É UMA RELIGIÃO?

Não, não é.

Usualmente define-se o Espiritismo como uma religião.

Inclusive, em alguns locais, o Espiritismo é tratado como mais uma religião, a par de centenas de outras.

Allan Kardec definiu o Espiritismo de forma bem clara e transparente no livro O QUE É O ESPIRITISMO.

Se o Espiritismo filhos fosse mais uma religião perderia o seu carácter Universalista e seria apenas mais uma, no meio de um milhar oriundas do cristianismo, e mais de três milhares provenientes de outras denominações religiosas.

O pensamento de Kardec filhos é bem claro, pelo que não se entende muito bem, essa infeliz afirmativa.


Leiamos Kardec:

“Porque, então declaramos, que o Espiritismo não é uma religião?*

Porque não há uma palavra para exprimir duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem.

Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimónias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública.

Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado.

Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.”*

*O que é o Espiritismo – FEB

Acreditamos meus filhos que podemos amar profundamente o próximo e pôr em prática essa notável nobreza, aproximando-nos de Deus, através do crescimento interior de cada um, sem haver necessidade de se reduzir o Espiritismo a uma religião.

Não devemos confundir moral com religião.

A moral tem um sentido mais abrangente, mais Universalista, englobando todas as sensibilidades religiosas, sendo ela própria, uma disciplina da Filosofia.

O conceito de religião é redutor limitando-se apenas a uma religião, é limitativa, absolutista, estática, e sendo a mais pura antítese, da lógica e do raciocínio.

O QUE É O ESPIRITISMO?

Mas afinal o que é o Espiritismo?:

“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, Ciência Experimental e Doutrina Filosófica.

Como ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os espíritos.

Como filosofia, compreende todas as consequências morais decorrentes dessas relações.

Pode ser definido assim:

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”*.

Pelo que podemos constatar, Allan Kardec, numa definição límpida de Espiritismo não faz qualquer menção a ser uma religião.

Na Umbanda meus filhos, encontramos um sincretismo natural que nos permite compreender que a mesma não segue somente uma vertente, mas sim, dentro dos aspectos etimológicos de cada região deste planeta, encontra os seus afins que dentro das lides reencarnatórias na lei de evolução se encontram enfileirados nos terreiros cantando na abertura de cada engira louvando a sua corrente de Orixás que sustentam o trabalho que vai se realizar.

A Umbanda ainda, tem uma tarefa de estudo e pratica da magia pautada no bom senso, muitas vezes sendo denominada como “magia branca”, onde ai entram os elementos utilizados em culto como: Fumo, ervas, bebidas, pontos riscados, pembas e velas que como já estudado são despertados na sua contra parte, ou ainda, dentro de seu símbolo de formação química para que através da lei de evocações possam na energia Elemental e força da lua adequados agir no benefício não somente de uma pessoa, mas sim de uma coletividade.
Ainda a Umbanda é um grande hospital dividido em muitos setores filhos. Temos os setores de emergência da unidade de terapia intensiva UTI, onde casos mais graves são levados, temos os setores de cirurgias, enfermarias, departamentos e se enumerarmos a todos, encontraremos ai os trabalhos energéticos oferecidos pelo terreiro, sempre pautados claro filhos na lei do bom senso.

Quando o paciente é liberado deste grande hospital, existe a assistência diária do remédio que é direcionado para que se evite o mal que o assolava. Ainda ai devemos compreender que este remédio sozinho não fará o efeito esperado se não vier acompanhado de uma dieta equilibrada.

Quando falamos da doutrina dos espíritos podemos associá-la ao remédio que auxilia que depois de uma grande “internação”, uma grande crise acompanhado de uma reforma intima que é o esforço do assistido evita que este mal se manifeste novamente.

Acreditamos que se possa meus filhos unir estas duas vertentes de trabalho que sem inibir uma a outra faz com que o atendimento e a reforma intima, dentro da magia e do pensamento possam ocorre de forma harmoniosa.

Infelizmente encontramos filhos e filhas que vão pensar de forma contrária a nossa opinião o que respeitamos profundamente, mas, espiritizar é um termo que esta pautado de forma errônea pois impõem uma mudança forçada e abandono de praticas bioenergéticas hoje importantes e necessárias dentro da Umbanda.

Para finalizar lembramos que Nosso Mestre Jesus não fundou sistemas religiosos, sabendo talvez do risco criado pelo orgulho e separatismo que isso pode criar na vida do homem.

Novamente relembramos o sincretismo da Umbanda, onde diversas culturas são encontradas dentro de uma gira de atendimento e ai em nada enxergamos empecilho adotarmos uma forma a mais de estudo doutrinário que em nada opõem a magia dos elementos trabalhados dentro do terreiro.

ESPIRITIZAR NÃO, MAS ESPIRITUALIZAR SIM!

Humildemente do amigo e pai de sempre,
ANTÔNIO DAS ALMAS
Canalizado por Géro Maita




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Dificuldades de um Terreiro de Umbanda

Dificuldades de um Terreiro de Umbanda

Hoje me peguei pensando nas dificuldades que existem em um terreiro de Umbanda, começando pela estrutura física, na dificuldade burocrática, na dificuldade de se encontrar e alugar um salão onde preencha as requisições mínimas que a prefeitura da região exija, fora que muitas pessoas não querem alugar seus estabelecimentos para terreiros porque acreditam que dependendo do que seja feito no local fique uma energia que pode ser tanto boa como ruim de acordo é claro com o que era praticado no local, também existe o abuso de muitas pessoas que quando ficam sabendo que o estabelecimento será alugado para um terreiro cobram aluguéis altos e colocam uma lista de regras que jamais existiriam se fosse para um aluguel comercial. E é claro fora o preconceito que é muitas vezes cruel, muitas vezes o zelador já está fechando o negócio quando ele comunica que será para um terreiro, o proprietário cancela na hora toda negociação, só quem passa e já passou por isso sabe o quanto é revoltante e desgastante. Não pelo direito do outro em si, mas pela discriminação jogada na cara. E mesmo os que têm seus estabelecimentos próprios precisam estar de acordo com esses requisitos básicos, caso contrário serão penalizados com multas severas.

As exigências de uma prefeitura e vigilância sanitária são muitas. Alguns exemplos: No mínimo dois banheiros, saída alternativa em caso de incêndio, extintores no local, ventilação, higiene adequada etc. A casa deve estar regularizada e registrada nos órgãos competentes para que futuramente não sofra acusações de curandeirismo e charlatanismo. Respeitar a lei do silêncio para que não sofra perseguições da comunidade em volta. Mas tudo isso, tem custas. Um aluguel com todas essas normativas é alto e muitas vezes o terreiro não consegue custear tudo isso, devido às condições financeiras dos integrantes da casa.

Nessas horas que vemos a estrutura e centralização e cooperação de todo um corpo mediúnico, porque eu particularmente acredito que a maior dificuldade é a financeira, tem médiuns que são extremamente prestativos e atenciosos quanto às dificuldades monetárias da casa em compensação têm outros que se você fizer um rateio para comprar uma toalha, por exemplo, inventa inúmeras desculpas, e sempre vem com aquele sorriso sem graça ah me desculpe esqueci. Alguns médiuns acham que o zelador tem que arcar com tudo, mas querem sempre o terreiro limpinho, cheirosinho, asseado, mas se esquecem que para a manutenção da casa vão muitos itens, se esquecem que como eles o zelador também muitas vezes tem suas dificuldades financeiras, tem suas contas para pagar e não vivem do terreiro, trabalham, tem seu salário suado todo mês. Tem médiuns que muitas vezes são os que menos ajudam, mas se chegarem ao terreiro e não verem um vaso flores, já começam a fazer o buchicho nossa o altar não tem uma flor, em muitos terreiros é sempre a mesma história sempre tem os mesmos a cooperar e os mesmos a encostar. As pessoas se esquecem que no exemplo de um vaso de flores não estão dando para os outros e sim estão dando em carinho e lembrança a seus orixás e que cada um deve zelar e ter esse carinho próprio. Fora que quem não quer ter uma casa bonita de axé. Já entrei em casas de extrema humildade, limpinhas, asseadas, mas que não faltava uma florzinha nos pés de oxalá, como também já entrei em terreiros que parecia uma casa abandonada sem dono, com flores de plástico sujas, imagens poeiradas, entregas velhas fedendo. Será que nesses lugares há presença espiritual realmente de espíritos de luz. É realmente vergonhoso entrar nesses terreiros ver filhos lá dentro que nada fazem. Muitas vezes casas numerosas, mas que filhos de fé mesmo nenhum.

Hoje enfrentamos o preconceito e a intolerância uma das maiores dificuldades, quantos de nossos irmãos e irmãs perderam oportunidades de trabalho porque assumiram sua fé e foram discriminados e excluídos. Hoje vemos igrejas evangélicas até de madrugada fazendo seus cultos há tantas horas, com microfones e caixas de som altíssimas, e ninguém fala nada, mas vai um terreiro e quebra a lei do silêncio, que até viatura aparece. A lei do silêncio sou a favor que seja respeitada, mas a lei tinha que ser para todos pelo menos seria a ética da lei. Mas sabemos que nos bastidores não é bem assim.

A ingratidão é uma outra dificuldade que principalmente os médiuns novos possuem no lidar, porque dói você ver que sua entidade ajudou uma pessoa, ela conseguiu seus intentos mas um dia você está passando na rua e cruza com a mesma pessoa, ela muda de calçada abaixa a cabeça fingindo que não te viu. Mas isso faz parte da Umbanda e devemos saber conviver com isso e ter a humildade do entendimento que as pessoas só dão o que os seus corações estão cheios. Jesus também deu muito, e foi crucificado em uma cruz.

A Umbanda é para todos, mas só permanece quem tem força e garra, porque muitos desistem quando se deparam com as dificuldades, ser umbandista não é para qualquer um é para gente de fé, gente guerreira.

Mas a Umbanda é mãe zelosa e mesmo para aqueles que lhe viram as costas quando se arrepende ela os agrega com a bondade e caridade de que lhe é típica. Muitos zeladores às vezes falam estou aprendendo a separar o grão do trigo, mas sabemos que não é bem assim que mérito teria dar remédio aos sãos.

Muita gente quer ser médium, quer incorporar, mas quando vê que não são flores se perdem no caminho, médiuns sérios, idôneos, comprometidos ai está uma grande dificuldade de um terreiro, porque infelizmente existem muitas pessoas que ainda não entenderam o que é ser médium, mediador de algo maior, não sabem serem instrumentos e se acham apenas tocadores de banda, que não aceitam uma crítica, não querem seguir uma doutrina, querem fazer o que bem entendem usando a roupagem que não lhes pertence, que é das suas entidades. Querendo méritos que não são seus. O maior mérito de um médium é ele ser humilde e saber que é instrumento de uma causa maior.

Enfim um terreiro pode ter suas dificuldades, mas não lhe pode faltar objetivo e meta, garra e força, fé e amor pelos Orixás porque isso já basta para vencer. E antes de cobrar algo, procure se conscientizar se está fazendo sua parte para melhorar.

Cristina Alves






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Firmar o Anjo da Guarda

Firmar o anjo da guarda

Por que firmamos anjo da guarda?

Comumente escutamos em atendimentos com guias que devemos manter a vela de nosso anjo de guarda acesa.

Esta atitude gerou diversas duvidas e colocações nem sempre verdadeiras a respeito do fato de se firmar anjo de guarda.

E ai surgem as perguntas:

Damos luz para nossos anjos de guarda?

Deus colocaria um espírito sem luz para tomar conta de nossas vidas?

Notamos aí, sem duvidas, um grande erro interpretativo e falta de "conhecimento de causa."

Quando firmamos uma vela para nosso anjo, não estamos dando-lhe luz, mas sim criando um campo de proteção a nossa volta ígneo, ou seja, a partir da chama da vela nosso anjo irradia uma energia ígnea para consumir campos negativos, afastar espíritos desequilibrados e iluminar nosso mental para podermos receber suas orientações através da intuição.

Da mesma forma que não encontramos lógica em se firmar esta vela acima ou abaixo de nossa cabeça, pois de um momento que ela tenha sido devidamente consagrada aonde a mesma ficará firmada seja em cima de nossa cabeça ou abaixo da mesma não fará a menor diferença.

Quando ofertamos a nosso anjo a água, também não estamos matando a sede de ninguém, mas tão somente utilizando-se de um elemento aquático para purificação de nosso espírito.

Esperamos que com esta pequena contribuição possamos mostrar um dos fundamentos dos rituais de Umbanda.

Géro Maita





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02/09/2018

O Uniforme Branco da Umbanda


O Uniforme Branco da Umbanda

Concordamos que a espiritualidade para se manifestar, necessita tão somente da santidade das intenções, mente equilibrada, corpo são e moral elevada, não se atendo a vestimentas. Mas, vamos nesse artigo, explicar as razões da Umbanda em utilizar roupas brancas em sua ritualística.

Uma das diretrizes trazidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, por ocasião da anunciação da Umbanda no plano físico, evento histórico ocorrido em 15/16 de novembro de 1908, em Neves, São Gonçalo – RJ, é a que diz respeito à IGUALDADE.

Sabemos que na atual sociedade, com valores deturpados ou invertidos, é comum as pessoas avaliarem umas as outras, não pelo grau da espiritualidade, caráter, boas ações ou honestidade, mas sim pelo que se apresenta ou ostenta a nível de posses.

Dentro deste contexto é corriqueiro, embora extremamente falho, valorizar ou conceituar os habitantes deste planeta tendo como base a apresentação pessoal externa do indivíduo, ao invés de se atentar para os qualificativos internos (subjetivos). Priorizam-se bens materiais em detrimento das virtudes. E é justamente por isto que a Umbanda adotou o vestuário uniforme (branco, é claro), para que alguns assistentes, ainda enraizados a equivocados conceitos, não tenham como dar vazão aos seus distorcidos juízos de valor.

Assim, quem adentra por um Templo Umbandista na esperança de cura ou melhora de seus problemas jamais terá a oportunidade de identificar no corpo mediúnico, todos com trajes iguais, eventuais ou supostas diferenças intelectuais, culturais e sociais. Não terá a oportunidade de saber que por trás daquela roupa ritualística se encontra um engenheiro, um diplomata, um rico empresário, um camelô, ou uma empregada doméstica.

Porque há quem vincule a eficácia de um socorro espiritual tomando por parâmetro o próprio médium através do qual a Entidade Espiritual se manifesta. Se o medianeiro atuasse nas sessões espírito-caritativas com trajes civis, as pessoas que pensam da forma retro-citada passariam a tentar avaliar o grau de intelectualidade, de situação financeira, social, etc., pela qualidade do vestuário apresentado pelos médiuns. Então, médiuns calçando sapatos de fino couro, camisas e calças de marcas famosas seriam facilmente identificados e preferencialmente procurados. Outros tantos, humildes na sua apresentação, seriam deixados em segundo plano.

Observem em reuniões de certos segmentos religiosos que criticam a Umbanda, o que acontece durante seus cultos. Desfiles de roupas de grife, ternos arrojados, calçados importados, em verdadeira hemorragia de vaidade e auto-afirmação. Estes que assim se apresentam são o centro das atenções, admirações, bajulações e exaltações, enquanto aqueles que não têm condições financeiras de se vestir amargam a indiferença e o ostracismo. Em nossa religião isto não acontece (em Templos de Umbanda sérios!), porque mesmo aquele que se apresenta em trajes suntuosos terá que necessariamente substituí-los por um uniforme, uniforme este igual ao que é utilizado por um biscateiro, uma dona-de-casa ou um desempregado, durante as sessões de terreiro.

Na Umbanda, Sopro Divino que a todos refresca, o personalismo ou destaque individual é algo que jamais deverá existir. Somos meros veículos de manifestação da Espiritualidade Superior e, a par disto, devemos sempre nos mostrar coletivamente, sem identificações pessoais ou rótulos, tão somente como elos iguais de mesma força e importância, neste campo de amor e caridade denominado Umbanda.

Os que se colocam contra o vestuário uniforme dos médiuns umbandistas são aqueles mesmos que, não tendo conhecimento sobre a ação nefasta de certos fluidos etéreo-astrais sobre a matéria, estando em lugares ou com pessoas portadoras de magnetismo inferior, ao chegarem nos Centros (kardecistas) para darem passes sem tomar banho e trocar de roupa, estão impregnados de cargas fluídico-magnéticas densamente negativas que, por conseguinte, interferem no campo áurico e perispiritual dos médiuns, simplesmente acabam, através da imposição e dinamização das mãos, passando ao assistente toda ou parte daquela energia inferior que carrega.

Na Umbanda, o uniforme do médium ou está no vestiário do Templo, e, portanto dentro do cinturão de defesa do mesmo, ou está em casa, sendo lavado e passado, longe do contato direto com as forças deletéricas.

Vestimenta ritualística umbandista é sinônimo de igualdade e de higiene astral-física.

Pai Juruá


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VESTIMENTAS NA UMBANDA

São palavras textuais de Zélio de Moraes (médium do senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, iniciador da Umbanda, em 1908):

• Capacetes, espadas, adornos, vestimentas de cores, rendas e lamês não são aceitos nos Templos que seguem a sua orientação. O uniforme é branco, de tecido simples.

No inicio, as vestimentas das mulheres eram pouco práticas (utilizavam vestidos). A Umbanda atualmente utiliza-se de vestimentas práticas e confortáveis.

Observa-se a total predominância do branco, pois essa cor é irradiante, não absorvendo, pois as energias negativas tanto de ambientes quanto de pessoas, bem como é uma cor que simboliza limpeza, higiene, pureza, paz, humildade, simplicidade, além de propiciar aos médiuns uma sensação de “leveza”. Tudo deve ser simples, com conforto e praticidade. Lembre-se que os Guias Espirituais são humildes, portanto, desprovidos de vaidade.

Quanto ao tipo de vestimenta, também se requer comodidade. Não observamos nos dias atuais, no culto Umbandista, roupas específicas às linhas de trabalho, muitas vezes excêntricas e coloridas, e sim, roupas uniformizadas que são utilizadas tanto nas incorporações de Orixás, Guias Espirituais ou Guardiões. Basicamente observamos o seguinte:

Médiuns masculinos: Túnica e calça branca de algodão (por ser este tecido natural, obtido através da flor do algodão e favorecer uma transpiração adequada), sem bolso, e geralmente fechado com botões até a altura do pescoço. A túnica deve ter o comprimento aproximado de um palmo acima do joelho. A calça, por comodidade e praticidade, não deverá ter bolsos atrás, mas sim, dispostos nas laterais, um palmo acima dos joelhos (pode-se guardar qualquer objeto sem medo de amarrotar).

Médiuns femininos: Os mesmo utilizados acima, exceto que nas incorporações de Guias Espirituais tais como: Pretas Velhas, Baianas, Boiadeiras, Ciganas, e Guardiãs pode-se utilizar saias longas e levemente rodadas, mas, simples e brancas (quando da incorporação dessas entidades, a médium já deverá ter a saia em mãos e colocá-las por cima da calça, dentro do ambiente de trabalho, um pouco antes da vinda das Entidades Espirituais, não havendo a necessidade de sair para trocar-se).

Outra coisa importante é o uso de turbantes, simples, por parte das mulheres. Os homens também utilizam uma cobertura para a coroa, do tipo que os judeus ou os muçulmanos utilizam (conhecidos como quipá).

O uso dessas coberturas se faz necessária pelo fato dos médiuns não necessitarem ir a um cabeleireiro ante de ir trabalhar no Templo (vaidade) e também proteger a sua coroa (chacra coronal) da possível infestação de alguns tipos de bactérias espirituais, oriundas dos atendimentos. Agora, o mais importante é que com a cabeça coberta, todos somos iguais perante Deus, Suas Hierarquias e seus irmãos de fé.

Não serão admitidos uniformes modelando o corpo do médium (agarrado).

De forma alguma, os médiuns masculinos incorporados por Guias Femininos utilizam saias e outros adereços femininos.

Também observamos em muitos Templos a utilização de um pano branco no pescoço (conhecido como “tolha de cabeça”), que serve tanto para “bater a cabeça”, quanto a cobrir a cabeça (por respeito) nas incorporações de determinados Orixás. Nessas toalhas geralmente tem pontos bordados, representativos das linhagens de trabalho do médium e da casa que trabalha. Jamais deverá usar essas toalhas para enxugar suor, nariz ou outra coisa qualquer que não se refira a espiritualidade. Para isso é bom ter uma toalhinha branca, presa na calça, utilizada somente para higiene.

Em nosso Templo, utilizamos um pano branco no pescoço, de aproximadamente 40 cm de largura, por 1,50 m de comprimento, somente para identificar que ali esta um Guia Espiritual incorporado, para auxiliar a identificação tanto para os médiuns quanto para a assistência. Esse pano é de tecido natural (preferencialmente algodão) sem nenhum ponto bordado, para evitar abusos e vaidades.

Adotamos tão somente o bordado com o símbolo do Templo, do lado esquerdo da túnica.

Quando os médiuns forem para os trabalhos espirituais no Templo, nunca deverão sair de casa vestidos com o uniforme para que este não sofra infestação de espécie alguma, de larvas astrais e mesmo mentais, pelos lugares que passarem. Também pode ocorrer dos uniformes ficarem sujos e amarrotados, demonstrando que o médium é desleixado e sem higiene. O uniforme deverá estar impecavelmente limpo e passado.

Os uniformes utilizados durante os trabalhos espirituais devem ser lavados em separado da roupa comum da casa, pelo fato de muitas vezes estarem impregnados com larvas astrais e miasmas, adquiridos durante os atendimentos.

É de bom alvitre que os médiuns se troquem ao sair do Templo. Se não puder, ao chegarem em casa imediatamente retire o uniforme, evitando sentar em sofás ou mesmo em camas. Coloque o uniforme de molho em uma solução de água com sal grosso, para no outro dia, lavá-lo normalmente, e se possível utilizar um germicida (cloro), e na última enxaguada colocá-lo de molho em uma solução de água com seiva de alfazema. Depois de terminada a operação, é importante secá-los ao sol, de preferência de manhã. Aos que morarem em apartamento, deve-se colocá-los para secar bem junto da janela.

De vez em quando, os médiuns deverão fazer uma revisão em seu vestuário religioso, observando se não estão encardidos, descosturados ou mesmo rotos.

Observar também a devida feitura da barra das calças, deixando na altura correta evitando dobrá-las, pois demonstra desleixo.

Os uniformes utilizados nos Templos, jamais devem ser usados para outro fim a não ser o religioso.

Em dias de atendimento ao público, os médiuns deverão utilizar o uniforme completo (túnica e calça). Um Giras fechadas (desenvolvimento ou mesmo outras atividades onde estarão somente os médiuns), poderão ao invés da túnica, usar uma camiseta com o símbolo do Templo.

Cada vez mais, nos rituais de Umbanda, busca-se a praticidade, abandonando-se velhas “tradições”, que ainda perpetuam adaptadas, imitando o Candomblé, de se adotar roupas e cores específicas aos Orixás incorporados. Bem como o de alguns Templos de Umbanda, que nas giras específicas, como por exemplo, na Gira de Caboclos usarem a cor verde e cocares,; nas giras de Baianos os tradicionais chapéus de couro e cartucheiras; nas giras de Boiadeiros o gibão e esporas; nas giras da Guardiões roupas extravagantes, pretas e vermelhas, (ou sem roupa (sic)), etc.

Em todos os trabalhos mediúnicos na Umbanda a roupa utilizada deve ser branca.

Em trabalhos espirituais, o médium umbandista deve abolir totalmente o uso de enfeites e apetrechos desnecessários, que caracterizam o pretenso regionalismo da entidade espiritual quando encarnada. Não devemos nos esquecer, que os espíritos não têm vaidade; fora a roupa branca e simples, todo o resto é fruto da mente e da vaidade do médium e não do Guia Espiritual.

Outra coisa que achamos ser de muita valia, seria um “porta objetos de uso”, que seria, ao invés de uma sacolinha que geralmente fica no chão, uma maleta, tipo de guardar ferramentas, de plástico, com o nome do médium na lateral. Facilita e em muito, pois nessa maleta cabem muitas coisas que geralmente o médium utiliza em seus rituais, bem como tudo o que o Guia Espiritual necessita. Essa maleta, geralmente ficaria encostada na parede, dentro do Congá e quando um Guia Espiritual necessitasse de alguma coisa, o cambono identificaria rapidamente a maleta do médium, e pegaria o que se necessita. É prático limpo e de fácil manuseio.

A Umbanda caminha para a unificação, pois hoje é sabido que mais importante que a vestimenta, que é a apresentação externa é a condição interna, moral e fé dos filhos e dos sacerdotes.

Trecho extraído do livro: O ABC do Servidor Umbandista – Pai Juruá







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26/08/2018

Falar de Exu


Falar de Exu

Falar de Exu não é uma fácil tarefa, porém, inquirir, pesquisar, procurar sua origem e sua finalidade é o direito de quem quer aprender. Há uma nuvem cobrindo a distância do seu princípio até nossos dias. Nesta caminhada lenta da humanidade ganhastes muitas formas e fostes batizados com inúmeros nomes: no Jardim do Éden, eras uma serpente que introduziu o primeiro pecado no seio da humanidade; eras o agente mas não o mal, pois o livre arbítrio nos dá o direito de optar. De Adão e Eva proliferou a humanidade e, com ela, os seus deuses, seu medo e sua curiosidade. 

Ah! meu irmão de longa caminhada...

Para Moisés você foi o cajado que apoiava o corpo nas fatídicas andanças, mas se necessário, você seria também a assustadora serpente. Para os fenícios, você foi Molock, espírito tenebroso, cujo interior era uma fornalha ardente onde os seus seguidores depositavam suas oferendas; para a Pérsia de Zoroastro, atendias pelo nome de Arimânio, espírito angustiado e vingador!...para o egípcio, você era Duet, uma guardião que castigava, que punia para, depois de punido, ser entregue para o Deus da Luz e Serenidade; você era a ligação entre o homem e a mente, a morada de Osíris que é o Deus do amor e da criação. No Egito, você também era Tifon ou Aprites; a China milenar te deu o nome de Digin; Ravana para o hindu; os escandinavos de chamavam Azalock. Em cada povo uma personalidade e uma vibração diferente. Para o nosso índio brasileiro, você atendia por vários nomes e várias atuações: Cairé é um fantasma que aparece na lua cheia para punir os maus; Catiti é outro, só visível na lua nova e atrapalha a pesca. Jurupari é o mau espírito que traz pesadelo; Curuganga oficia como assombração.

Até então, você com múltiplas funções e personalidades, não era mais que uma energia, uma força. Até 1984 anos atrás, você era visto e sincretizado como guerreiro, como um homem. Para o mau artista, uma grotesca obra.

O hebreu te deu novas formas e, na pia batismal, recebestes os nomes: diabo, demônio, Lúcifer. Pelo pincel do pintor ou o formão do escultor, na metamorfose dos interesses de uma religião que amedronta e não esclarece, te fizeram um monstro... Como monstro, você defendia com maior eficácia os interesses econômicos de seu criador. Causa-nos revolta vê-lo assim desfigurado!

A infâmia e o mau gosto do artista que te fez um agregado de homem e animal, com longos cornos e pés caprinos, é uma afronta ao próprio Criador!

Ah! meu amigo... A tua imagem hoje, nada mais é que o reflexo, a exteriorização de consciências mal forjadas.

São dois mil anos que o padre vem te projetando, programando o subconsciente da pobre humanidade. Ele afirmou que Exu era o diabo e assim se propagou, assim ficou... Nós só conhecíamos o catolicismo como religião dominante. O padre era sábio, o doutor, o mentor enfim... e ficaria assim se ao lado da religião não existisse a história.

O diabo é um rival de Deus, um anjo rebelde, Satanás e falsário que tentou Eva e perdeu Adão. Tentou Caim e promoveu o assassinato de A bel ; tentou Jesus, no monte e levou Judas à traição, Jesus não cedeu à sua tentação, prova eloquente do direito de optar; respeito sagrado ao livre arbítrio do homem.

Forçam-nos a pensar que você é o executor porém, não é a causa nem efeito; é sim um elemento, uma vibração, que serve de acordo com a vontade do pedinte ou a licença do patrão. Será isso ou não?... Sabemos que o índio e o negro não conheciam um rival de Deus. Não há um concorrente das Leis Divinas!... um diabo, um Satanás... há sim, uma corte de seres inferiores que, por isso mesmo, estão a serviço de seres superiores, aos quais obedecem e servem sem contestar.

Na magia do negro, Exu é um Deva, um Orixá... é um mensageiro, o guarda, o policial, o moço de recado que vive na rua, orientando, servindo de intermediário entre o Orixá e o homem.

Entendemos que o diabo nos ludibriou!...

O negro não sabia que era o diabo, sabê-lo-ia o bugre dispondo de uma mitologia inferior?... Não tinham uma noção semelhante. O bugre conhecia o Caissoré, Curupira, Curuganga, Anhangá, entidades que se tornam pesadelos, que dão maus sonhos e que estorvam a pesca e a caça, contudo, o homem pode amansá-los, dando-lhes pequenas oferendas. Quem ameaçaria o diabo?... Este pretenso rei será tão porco, tão mesquinho que se venda por alguns bicos de vela? Será isso um rival de Deus?... Um diabo, um Satanás?...

O bugre e o negro não conheciam esta figura hebraica, pregada e propagada aos quatro cantos do mundo pelos padres e seus discípulos.

O negro não servia a interesses financeiros; perante Deus não existe rival. ELE é a Criação, o Princípio e o Fim! Para cada elemento ELE criou uma força dominante, um encarregado, um guardião, um Orixá que rege o plano Cósmico mas, criou também, o intermediário, o EXU, o Deva, o Orixá Menor, que atua em harmonia com seu gerente ou seja, o Orixá.

Lá no alto está a Energia Cósmica, Oxalá, Iemanjá, Ogum, Oxóssi e outros; no plano intermediário, Exu-Tameta, Exu da Rua, Exu-Odé, da encruzilhada, Exu-Adé, do chão, Exu-Ibanan, dos montes, Exu-Itatá, das pedras, Exu-Ibê, do terreiro, Exu-Gelu, das estradas longas, Exu-Baru, do escuro, Exu-Bara, este, puramente africano.

Senhores, a minha dissertação talvez não seja erudita... tão inteligente... porém, é honesta e eu afirmo: aquele grupo de demônios avermelhados, guampudos, com pés caprinos e barbas em pontas, olhos saltados, dentre agressivos... não é EXÚ!

Aquilo é uma concepção primária, falsa, mórbida, velhaca, indecente, ridícula!... É uma agressão à nossa inteligência; uma infâmia, um disparate, uma ofensa ao Divino Criador! Não podemos aceitar essa assimilação!

Este demônio hebreu não é o Plutão do grego, não é o Tifon do egípcio, não é o Arimam do babilônio, não é o Digin do chinês, não é o Ravana do hindu, não é o Bará do negro, não é o Caissoré do bugre.

Este demônio bestificado não faz parte deste Panteon!

Por Deus, não é nada disso!...só pode ser fruto do interesse econômico de escritores mal informados, sem decência ou respeito pelo belo.

Aqui dou meus aplausos àqueles escritores que tiveram a honradez de procurar um novo sincretismo, tentando introduzir uma imagem condizente com o altruístico trabalho desses incansáveis irmãos EXUS.

Andir de Souza




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20/08/2018

A Assistência no Terreiro


A Assistência no Terreiro

Todos aqueles que chegam a uma Casa Umbandista fundamentada e se sentam na assistência da mesma, fazem parte da corrente energética da Casa. Porém, como já nos ensinou o Mentor de Chico, Emmanuel, é preciso sempre atentar para três questões muito importantes: a Disciplina, a Disciplina e a Disciplina. Por isso, em uma Casa Umbandista, mesmo que você sinta que seus guias espirituais estão próximos de você (pois eles com certeza estão), eles não serão indisciplinados para querer que você incorpore se não for orientado a isso pela Dirigência da Casa ou pelos Guias Chefes.

Todos nós temos o controle sobre nosso corpo e sobre as sensações que percebemos. Sentir aproximação espiritual é bastante normal quando fazemos parte da corrente de um Centro Espírita, alguns sentem mais, outros menos. Portanto, se você está sentado na assistência, tenha certeza de que está protegido e de que os seus guias espirituais, dado o grau evolutivo bastante avançado que possuem, respeitarão a disciplina da Casa e incorporarão quando e se for dado permissão pela Casa. Nesse momento então, você será chamado pelas entidades para adentrar o salão de gira e elas pedirão que você se concentre para que haja a incorporação. Isso não acontece sem a sua vontade e nem muito menos, sem a permissão da Casa.

Outra situação que algumas vezes observamos nos dias de atendimento é o consulente chegar dizendo que não está se sentindo bem e não conter a sua ansiedade para que chegue a hora de ser tratado. Entretanto, como diz nossa Guia espiritual, Vovó Antonieta, “Alguém já viu um atestado de óbito em que na causa da morte esteja escrito: ESPÍRITO?” Acho muito improvável, não é? Todos nós podemos aguardar o momento de sermos chamados para tratamento. E, além disso, quando há algo que realmente não possa esperar (o que realmente pode acontecer), a própria Casa se encarrega de socorrer imediatamente, sob a orientação dos Guias de Luz. Por isso, temos que confiar na Casa que frequentamos, nas Entidades de Luz que se manifestam em nome de Deus, nos Médiuns da corrente e na firmeza da Guarda Espiritual que nos cerca.

Quando qualquer pessoa chega à Casa Umbandista, automaticamente ela já está sendo tratada. A casa é firmada e protegida para que nenhuma energia inferior possa atuar sobre quem não esteja procurando por isso. Se você busca por auxílio, aprenda a aguardar pelo remédio... Aquilo que você acha que precisa, nem sempre é o que você realmente precisa. Se você vai ao médico tratar um problema de saúde, não deve esperar que ele aplique a você o tratamento que você acha que funciona... Se não pra que ir ao médico se você já sabe o seu tratamento, não é mesmo?

Por diversas vezes já vi em Nossa Casa, pessoas chegarem à assistência e começarem a manifestar algo que afirmam ser uma incorporação, começarem a sacudir seus corpos como se uma força do além tomasse conta delas contra sua própria vontade... Mas como vimos, nada acontece contra a vontade de ninguém. Se você ficar atraindo energias para você, com certeza elas se aproximarão e, com certeza, você as sentirá! Contudo, não esqueça do alto nível de disciplina que os Bons Espíritos possuem e no respeito à Casa que com certeza têm... Baseados nisso, entendemos que se algo fugir ao que permite a Casa, não são os Espíritos de Luz que estão atuando sobre você! Nesse caso, como Vovó costuma nos ensinar, aquele Espírito que não respeita o solo sagrado que adentra, não merece atenção dos que trabalham pelo bem. No mesmo momento em que tenta chamar atenção com suas más condutas, não merece receber atenção daqueles que se dispõem à prática despretensiosa do bem. 
E assim, acabam por desistir de seus intentos...

Então você está querendo dizer que não há como Espíritos inferiores entrarem na Casa se um médium não ficar atraindo sua energia para si? Não foi isso que disse. Um Templo Umbandista, por ser um pronto-socorro espiritual, atende tanto aos encarnados quanto aos Espíritos que precisam de tratamento. Todavia, quando eles precisam de tratamento, são trazidos pelos próprios Espíritos de Luz, que visam alcançar a melhora das condições desses seres ainda tão materializados e ligados às energias terrenas e também daquelas pessoas que eles possam estar obsidiando (o famoso encosto). Assim, recebem a permissão de adentrarem a Casa e, nas mãos das entidades da Casa, se apresentam para que possam ser tratados e conduzidos aos seus lugares de destino. Esses Espíritos inferiores, sim, tem a permissão de estar dentro do Templo, por tempo determinado e com uma finalidade específica. De outra forma, não.

Nise



A ASSISTÊNCIA TAMBÉM CONTRIBUI PARA A REALIZAÇÃO DOS TRABALHOS UMBANDISTAS

A Assistência, ou seja, as pessoas que vêm até o Terreiro em busca de auxílio, são essenciais para a Umbanda, que é uma religião cravada no princípio de fazer a caridade. No entanto, a importância da Assistência não se restringe apenas na necessidade de se ter alguém a quem ajudar. A presença da Assistência é essencial para os trabalhos.

Inúmeros estudos psicografados relatam a importância do ectoplasma (energia vital dos encarnados) para o trabalho das Entidades. É com o ectoplasma dos médiuns e da assistência que os Guias da Umbanda conseguem destruir as formas plasmadas malignas no astral, tais como miasmas, larvas astrais e formas-pensamento de baixas vibrações. Caso o ectoplasma humano não fosse necessário, as entidades teriam condições de trabalhar somente no astral, não havendo a necessidade de virem até os templos de Umbanda. Assim, quando alguém vem de coração aberto participar de uma gira, não está apenas sendo ajudado. Está ajudando as Entidades a trabalharem.

E isso gera uma responsabilidade maior por parte da Assistência: para o bom andamento dos trabalhos, para uma boa liberação de ectoplasma e para não atraírem espíritos inferiores, torna-se essencial que cada um que venha a um terreiro de Umbanda tome algumas precauções básicas:

1. Evitar o consumo de álcool e de carnes vermelhas nos dias de gira.

O álcool é um poderoso aliado das forças negativas do astral. Ele aproxima o padrão vibratório de quem o utiliza com o padrão de entidades de baixa vibração, podendo até atrair entidades obsessoras e espíritos zombeteiros. A carne vermelha traz consigo uma energia “densa”, que atrapalha a concentração e dificulta os trabalhos.

2. Tomar banho de proteção.

Todos estão suscetíveis a captar energias negativas. O banho de proteção ajuda a bloqueá-las.

3. Os dias de gira são momentos ideais para se criar uma maior e melhor conexão com seu anjo de guarda. Não desperdice essa oportunidade.

4. Tentar manter o padrão elevado de seus pensamentos e atos.

De nada adianta vir à Seara e rezar, cantar e fazer seus pedidos se na cabeça e no coração você traz pensamentos de ódio, vingança, ciúmes e demais sentimentos negativos.

5. Usar roupas claras durante as giras. A roupa clara auxilia na emanação de energias positivas, enquanto que ao usar roupas escuras durante as giras você poderá estar absorvendo a energia negativa dos outros.

Essas são medidas básicas, mas essenciais para que cada um possa auxiliar da melhor maneira os trabalhos das Entidades, bem como ser beneficiado com todo o axé que eles nos trazem de Aruanda.

Erica Camarotto



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07/08/2018

O que é Magia?

O que é Magia?

A mais completa definição de Magia, pelo Dr. Lacerda de Azevedo:

Em todas as civilizações, e desde a mais remota Antiguidade, a magia esteve presente. Começou provavelmente, com o homem das cavernas. Sabemos de seus rituais propiciatórios para atrair animais com que se alimentavam, de rituais mágicos em cavernas sepulcrais, de invocações às forças da Natureza para defesa da tribo contra animais e inimigos.

Ainda na Antiguidade, a magia natural teve suas finalidades distorcidas, tornando-se arma mortífera nas mãos de magos renegados. Encantamentos eram usados para fins escusos. E para agredir, prejudicar e confundir, tanto indivíduos como exércitos e Estados. A ambição e o egoísmo usaram as forças da Natureza para o Mal (tal como acontece hoje); espíritos dos diversos reinos foram e ainda são escravizados por magos negros, que não poupam o próprio Homem. A distorção e o uso errado da magia fizeram com que caísse em rápida e progressiva decadência.

É de se lamentar que isto tenha acontecido. Hoje, o conceito e as ideias que se tem sobre este assunto são bem mais do que imprecisos: confusos quase sempre, às vezes falsos ou propositadamente envolvidos no desdém cientificista que os pinta de "fantasias".

No entanto, "magia é a ciência exata e absoluta da Natureza e suas Leis" (Eliphas Levi). E mago é todo aquele que lida com forças invisíveis da Natureza produzindo fenômenos sem causa aparente.

O mago manipula, pelo poder da mente e práticas ritualísticas, essas energias magnéticas sutis e ao mesmo tempo poderosas. Aquilo que se conhece como "práticas ritualísticas" nada mais é do que técnicas de sequência de atos visando ao desencadeamento ou precipitação dessas energias segundo Leis imutáveis.

"A magia encerra, pois, numa mesma essência, tudo o que a filosofia pode ter de mais certa e o que tem a religião de infalível e eterno. Ela concilia perfeita e incontestavelmente estes dois termos que à primeira vista parecem opostos: fé e razão; ciência e crença; autoridade e liberdade. Ela dá ao espírito humano um instrumento de certeza filosófica e religiosa exata como as matemáticas, corroborando a infalibilidade das próprias matemáticas." (Eliphas Levi)

Magia, portanto, não é superstição - como querem pretensos sábios (em que se incluem alguns kardecistas), zelosos em defender, conservando, uma estreita e apoucada interpretação da imensa realidade cósmica. Em realidade, Magia implica complexos processos que deveriam interessar - e muito - à Ciência, pelo que tem de investigação e experimentação.

A magia não se ocupa apenas de espíritos desencarnados, como muitos acreditam. Seu objeto é a vida em suas variadas formas e em todas as dimensões, espíritos de todos os seres; incluindo também os espíritos da Natureza (impropriamente chamados "elementais"): gnomos, silfos, salamandras, ondinas, sereias, fadas e muitos outros.

Entre as forças ou energias naturais de que se servem os magos, podemos citar as planetárias, como as da Lua (que aciona as marés e regula o crescimento dos vegetais); a energia das cachoeiras e do mar, a força do vento, das nevascas, das avalanches; a energia térmica do fogo; as forças de ressonância dos átomos, na constituição dos cristais. Todas essas energias podem ser usadas tanto para o Bem como para o Mal, conforme as intenções de quem as utilize.

Trecho retirado do livro "Espírito e Matéria" - Novos Horizontes para a Medicina - José Lacerda de Azevedo.


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