Exus e Pombagiras - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca Página Otimizada para CLS

02/05/2012

Exus e Pombagiras


Exus - Por Ednay Melo

Vamos adentrar agora em um dos temas mais polêmicos e controvertidos da Umbanda: Exus e Pombas Giras, estas últimas são denominadas também Exus femininos.

Os Exus ou Guardiões sustentam o polo vibratório de Esquerda da Umbanda, eles formam a linha de defesa e proteção de um Terreiro. Estão sempre presentes em todos os trabalhos, estando ou não incorporados em seus médiuns. Atuam basicamente no combate das energias negativas que possam comprometer o bom andamento dos trabalhos e o equilíbrio de toda a Egrégora.

Esta linha também acolhe, temporariamente, espíritos ignorantes, doentes, caídos, propensos ao mal e em profundo sofrimento. Todos aguardam auxílio e estão sob a Guarda dos Exus, que os encaminham para tratamentos diversos diante da solicitação dos Guias da Linha de Direita. Durante um trabalho caritativo a nível de Terreiro, por exemplo, todos estes espíritos caídos ficam sob o olhar atento dos Exus, que os coíbem de imediato se tentarem atrapalhar de alguma forma os trabalhos que estão sendo realizados.

Nos terreiros de Umbanda os Exus estão em todos os locais, principalmente na entrada, permitindo adentrar ao templo somente os espíritos desencarnados que vão para tratamento. Todos nós encarnados temos por companhia muitos espíritos desencarnados, todos ligados a nós por afinidades, espíritos bons ou maus. A sintonia ou ligação dos espíritos conosco acontece diante das nossas atitudes e pensamentos, se atitudes e pensamentos bons teremos a boa companhia dos espíritos de luz, se atitudes e pensamentos maus ou desajustados teremos a companhia dos espíritos que pensam e agem da mesma forma, com maldades e desajustes. Estes espíritos podem, também, estar agindo por demanda e, neste caso, só permanecerão junto a nós também por afinidade. Este ciclo de sintonias e afinidades entre encarnados e desencarnados é o princípio das obsessões, discorreremos sobre este assunto em outro capítulo.

Todos os encarnados que adentram ao Terreiro, trazem consigo outros tantos desencarnados que precisam também de assistência. Daí você, leitor, pode está perguntando o porquê eles não são atendidos a nível astral, seria bem mais simples, até para não sobrecarregar os Terreiros. Respondemos que, por razão desses espíritos terem uma constituição fluídica mais densa, não conseguem ver, ouvir nem sentir os espíritos com constituição mais leve e sutil, característica dos bons espíritos, não conseguem percebê-los em nível astral e dessa forma não assimilam o socorro, precisam do contato com o planeta Terra, muitas vezes passar por choque anímico junto a um médium, porque tudo a nível terreno é denso assim como eles o são, é mais fácil de entenderem e seguirem o tratamento, que geralmente começa apenas assistindo aos trabalhos caritativos dos Terreiros.

O Terreiro que tem assentamento dos Guardiões bem estruturado, iluminado e alimentado constantemente, aliado a uma doutrina séria e responsável, jamais é importunado por espíritos trevosos, quer estejam lá para tratamento, tenham sido enviados por mentes malignas ou mesmo aqueles trevosos que insistem em atacar e destruir as Casas que trabalham para o Bem. Eles podem sim influenciar médiuns invigilantes, não somente no Terreiro como em qualquer lugar, médiuns com posturas inadequadas como maus pensamentos, fofocas, melindres, mentiras, invejas, vaidades e todos os tipos de desajustes comportamentais, se ligam a eles porque, como tudo no universo, tudo é energia e sintonia.

Citamos anteriormente que o tema “Exus” é um dos mais controvertidos. Existem muitos mitos com relação a estas entidades. Um deles é de que, se é esquerda é linha “pesada”, “negativada” e com “maus fluidos”, daí alguns tendem a associar Exu com estes adjetivos, tendem a achar que eles são espíritos do mal. Porém, a realidade nos remete a considerar Exu um espírito em evolução, espírito que tem luz, se assim não fosse ele não conseguiria adentrar zonas umbralinas e sair de lá ileso, pronto para o próximo trabalho. Sim, o trabalho principal dos Exus, a nível astral, é junto aos espíritos caídos e que se encontram na crosta da terra vivendo o peso de suas consciências cármicas, seu principal trabalho é no Umbral e Vale dos Suicidas, locais de muita dor e sofrimento. Eles agem como verdadeiros soldados encaminhando toda sorte de espíritos trevosos e socorrendo os necessitados. Então, Exu trabalha para organizar estas zonas trevosas, mas ele não é trevoso, ele tem luz, pois se não tivesse ficaria preso nestas zonas inferiores. Os Exus trafegam livremente em todas as esferas espirituais, porque trabalham para o Bem e são muito disciplinados. Talvez por este motivo algumas doutrinas os considerem “Mensageiros dos Orixás”.

Outra confusão com relação a figura de Exu é quando espíritos trevosos e interessados em satisfazer seus vícios e pretensões malignas se passam por Exus através de médiuns de caráter duvidoso, ou através de médiuns fanáticos que não conseguem discernir a realidade dos mitos e por isto tornam-se ingênuos, ou mesmo através dos médiuns que não estudam para saber identificar os espíritos enganadores. Porém, os médiuns vaidosos e dissimulados, com condutas que prejudicam o seu próximo e que fazem da religião meio de ganhar dinheiro, são as presas mais fáceis desses espíritos. Geralmente são as vítimas desses médiuns inescrupulosos, que propagam para a sociedade que Exu é do mal, porque foi este nome que ouviu quando buscou algum tipo de atendimento. Muitas vezes presenciam rituais obscuros com deslizes morais e excessos de vícios diversos. Infelizmente muitos denominam estes locais como casas de umbanda, sem nunca terem sido, daí o preconceito surge não apenas para a figura dos Exus, mas também para a Religião de Umbanda como um todo.

Outro fator que possivelmente contribui para denegrir a imagem dos Exus, refere-se ao fato de associá-lo ao diabo da Igreja Católica, que teve início quando os negros escravizados no Brasil precisaram fazer uso do sincretismo religioso para burlarem os seus senhores e poderem cultuar os seus deuses orixás africanos, eles criaram o sincretismo do exu com o diabo, porque exu era para eles o deus que os livrava das maldades dos seus senhores e muitas vezes prometiam-lhe oferendas para destruírem os seus senhores e sentirem-se vingados. Mais uma vez o nome de Exu foi associado ao mal.

Aproveitamos para enfatizar que Exu para os africanos é considerado Orixá, bem como para as religiões com forte influência africana, como o Candomblé.

Na Umbanda que praticamos, Exu é entidade, não é Orixá, logo, a Linha dos Exus é composta por espíritos que reencarnaram na terra e estão em evolução, são Guias auxiliares da Umbanda, trabalhadores fiéis e responsáveis, detentores de luz e executores da Lei Divina sob a irradiação do Orixá Ogum.

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo



Um comentário:

  1. Simples e esclarecedor. Há tempos vinha conflitos em minha cabeça sobre Exú, e a poucos vim definindo um pouco mais sobre ele. Tinha medo até em dizer o nome ou escutar sobre Exú. Hoje vejo que faz parte de nós, abraços Ednay.

    ResponderExcluir

Topo