novembro 2012 - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

30/11/2012

O Grande Caldeirão da Umbanda


O Grande Caldeirão da Umbanda

É provável que todos já tenham ouvido a expressão: "O Brasil é um grande caldeirão". Talvez não tenhamos o mesmo requinte da culinária francesa, bastante tradicional, nem da japonesa, adaptada às suas condições regionais, mas no nosso "caldeirão" cabe uma grande feijoada, onde diversos elementos se misturam, ganhando um sabor especial - a digestão (entenda-se compreensão) desse prato pode ser um pouco pesada às vezes, mas certamente é apaixonante e paradoxalmente original ao mesmo tempo em que é universalista. No Brasil as coisas misturam-se tanto, que é possível estudar a culinária, a formação étnica e cultural, ao mesmo tempo em que tentamos entender a sua religiosidade. É um país onde as mais diversas denominações religiosas - desde a católica até a judaica - convivem numa paz quase absoluta. E curiosamente, a população, das mais variadas religiões existentes aqui acabam convergindo para um ponto: as crenças populares. Benzedeiras, mandingas, simpatias e patuás confundem-se com outras liturgias, que acabam recebendo o questionável rótulo de “autênticas” que a tradição histórica lhes permite. Pesquisas da Vox Populi mostram que 59% da população brasileira declara que acredita em reencarnação e que já viveu outras vidas, mas apenas 3% dessa mesma população se diz espírita. Paradoxo? Provavelmente não. Mais possivelmente trata-se de um traço cultural, fruto da miscigenação construída ao logo dos séculos. No entanto, tal constatação nos remete a outro questionamento. Esse espiritismo praticado no Brasil é realmente “puro” (no sentido de seguir de maneira ortodoxa a obra codificada por Kardec) ou apresenta também, em si, traços dessa nossa identidade cultural?

Não é novidade para ninguém que o espiritismo nasceu na França, onde possuía um caráter mais científico e filosófico do que religioso, mas hoje, ele é mais difundido aqui no Brasil do que em seu país de origem (sim, pesquisas mostram também que Alan Kardec é mais conhecido no Brasil do que no seu país de origem, e acredito que isso seja motivo de orgulho para nós). Mas por que então o espiritismo encontrou as portas abertas justamente no Brasil? Provavelmente o Brasil já possuía uma predisposição para as crenças reencarnacionistas (e espiritualistas em geral), já que uma gama dessa cultura foi trazida pelos negros que aqui aportaram como escravos. Encontramos então um ponto convergente aí. Certas ritualísticas, práticas como benzimentos, simpatias e similares, já tinham um campo no Brasil, o espiritismo veio então somar conhecimentos a uma cultura já bastante vasta e eclética. Isso significa que houve uma deturpação do espiritismo? Longe disso. O que houve foi um processo natural de adaptação cultural, que não somente as religiões, mas todos os hábitos, costumes, crenças, linguagem – cultura de um modo geral – passam dentro da construção de uma nova identidade sócio-cultural (lembremos que o Brasil ainda era jovem como país independente e mais ainda como República, portanto ainda estava “se conhecendo” como nação, e o positivismo – berço filosófico do espiritismo – era a palavra de ordem). Percebe-se então outro fenômeno que também ocorreu naturalmente: a universalização.

Hoje as coisas misturam-se nesse grande caldeirão. É muito comum seguidores da Umbanda definirem-se como espíritas. Trata-se de um erro conceitual? Cada qual terá a sua resposta e a partir dela saberá dizer se é ou não um erro, mas como mais uma manifestação dessa miscigenação, muitos insistirão naquela que melhor lhe aprouver e esse não é o tema da discussão. O que importa é a influência entre (e não sobre) o espiritismo e os cultos populares que já eram difundidos no Brasil. No início do século XX era muito comum se falar em “macumbas”, especialmente no Rio de Janeiro. Esses rituais que muitas vezes consistiam em oferendas entregues ao ar livre, já eram um protótipo do que viria a ser o que hoje chamamos de Umbanda. Paralelamente a isso, em 1908, dentro de uma casa espírita, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que oficializou a Umbanda (se ele “fundou” a Umbanda já é tema para outro debate).

Podemos encontrar mais uma constatação da existência desse caldeirão em um trecho do livro AFRICANISMO E ESPIRITISMO, de Deolindo Amorin em que ele diz que a Umbanda é muito mais parecida com o catolicismo do que com o Espiritismo, devido aos rituais, que segundo ele, não existem no Espiritismo. Percebe-se nas palavras do autor a tentativa clara de afastar a prática da Umbanda da Doutrina Espírita, mas é importante ler esse trecho sem emitir juízo de valores principalmente sobre nossos amigos espíritas, que são merecedores de todo nosso respeito. Deixemos os preconceitos de lado, fazendo uma análise onde se leva em conta o momento histórico no qual o documento foi escrito e a mentalidade da época – em especial da classe social e intelectual em que se encontra o autor, caso contrário toda forma de tentativa de estudo irá por água abaixo:

"Quando falamos em Espiritismo, saibam os leitores que nos referimos à codificação CIENTÍFICA, FILOSÓFICA e MORAL, de Allan Kardec, - a única com o privilégio de ostentar semelhante título! – que o mestre expôs numa série de obras notáveis, editoradas na França, no período de 1857 a 1869, e não a esse conglomerado de pajelanças e de rituais espalhafatosos, onde preponderam o mediunismo abastardado; em suma – ao carnaval de UMBANDA, difundido e praticado por aí em fora, sob o rótulo daquela luminosa esquematização espiritualista." (AMORIM, 1949: 5-7).

É fundamental ressaltar que esse trecho reflete a opinião de UM AUTOR EM ESPECIAL e jamais de toda a comunidade espírita. Mas percebe-se claramente que há uma tentativa de não identificar o Espiritismo com a Umbanda, e sim com o catolicismo (assim como os católicos se esforçam para identificar a Umbanda com o espiritismo – haja caldeirão). Por outro lado, não podemos esquecer a influência dos cultos indígenas, que foram preservados principalmente em algumas partes das regiões Norte e Nordeste do Brasil e que acabaram incorporados aos rituais de Umbanda e à própria identidade nacional (o uso terapêutico e magístico de ervas é o exemplo mais clássico da existência dessa tradição). Embora menos falados, não há como desprezar também o Catimbó, o Xangô (não o orixá, mas o culto) de Pernambuco, o Batuque do Sul – e isso porque nem citei o Candomblé e sua gigantesca influência. Somos então uma nação caldeirão, ou, para ser mais modernos, um liquidificador, onde ritos, crenças e filosofias se uniram e se misturaram, formando, no imaginário coletivo, uma unidade, que na teoria não existe, mas é praticada constantemente (quem nunca viu um católico procurando uma benzedeira?).

Na verdade esse é um texto que mais confunde do que explica – e essa é a intenção, pois da dúvida pode nascer um bom debate – mas construir a nossa própria história (nesse caso, em especial da Umbanda) é entender um pouco de si mesmo, de seu povo, de sua nação e formação. É um trabalho árduo, para o qual eu talvez não tenha competência e preparo, mas creio ser importante lançar uma primeira semente para uma troca de idéias amigável, onde cada qual pode contribuir com a informação que possui, concordando, discordando, acrescentando e corrigindo.

Saravá a Umbanda.

Douglas Fersan







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19/11/2012

Pra fazer a caridade!


Pra fazer a caridade!

Uma breve lição sobre a relação médium x mediunidade praticada

É praxe! Semanalmente abarcam centenas de pessoas nos terreiros com a intenção de desenvolver a mediunidade.

Dia destes um indivíduo em consulta perguntou ao Caboclo que lhe atendia:

- “Caboclo, preciso desenvolver a mediunidade, posso fazer isso aqui?”

O rapaz não conhecia o terreiro, era sua primeira visita, o Sr. Caboclo retrucou:

- Sim filho, pode sim, antes nos responda algumas perguntas simples e saberemos quando e onde iniciará seu desenvolvimento mediúnico.

- Pois sim Caboclo, qual a dúvida?

- Filho, sabe o que é mediunidade?

O rapaz esboçou surpresa em suas feições, pensou rapidamente e prosseguiu:

- Sei Caboclo, é a capacidade de incorporar os guias espirituais.

- Ah sim meu filho, entendo, mas devo dizer que isso não é mediunidade, ao menos não é bem isso que o Caboclo está perguntando, vou tentar ser mais claro. Você sabe para que serve a mediunidade?

- Sei sim, para fazer a caridade!

- Hmmm, e o filho quer desenvolver a mediunidade pra quê?

- Para fazer a caridade, ajudar as pessoas.

- Sei, sei… E porque o filho quer ajudar as pessoas?

O rapaz ficou pálido e sem graça arriscou:

- Para evoluir meu pai, porque esse é o caminho da luz.

- Que luz meu filho?

- Oras meu pai! A luz espiritual, como a vossa!

- Hmmm, como o filho imagina que seja o desenvolvimento mediúnico?

- Bem, já vi algumas vezes, vou vir de branco e vou girar até incorporar, mas já aproveitando, quero dizer que tenho receio de girar, não vou conseguir me concentrar, então prefiro que me deixem concentrando, assim será mais fácil.

O rapaz já falava como se fosse parte do grupo. O Caboclo interrompeu e disparou:

- Meu filho, que tipo de problemas você imagina que pode ter ao desenvolver a mediunidade?

- Acho que nenhum!? Por quê? Terei problemas?

- Depende.

- Como assim?

- Depende do que o filho escolher.

- Não estou entendendo.

O Caboclo silenciou, olhou para o Congá, baforou do seu charuto no corpo do rapaz, fechou os olhos, parecia estar orando, respirou fundo, olhou fundo nos olhos do rapaz e ensinou:

- Meu filho, você é mais um dentre milhares que se utilizam de discursos prontos, respostas decoradas, ambições estranhas e ansiedade para sentir-se melhor que os outros, o que é pior, via mediunidade.

Chegará o inevitável dia do seu desenvolvimento mediúnico, e Caboclo deseja que chegue, onde quer que seja.

Mas este Caboclo deseja mais ainda: que o filho tenha respostas verdadeiras, que encontre de uma forma pessoal o motivo real para o exercício mediúnico.

O filho precisa saber que mediunidade não é entretenimento, não é uma atividade que preenche apenas um espaço vazio da sua agenda.

O primeiro passo para o desenvolvimento mediúnico é o compromisso em buscar o autoconhecimento, é meditar muito, orar mais um tanto e ter a certeza de que quer assumir um compromisso do qual todos os demais compromissos na vida sejam secundários diante seus compromissos espirituais.

É preciso que saiba muito bem o que significa comprometimento, dedicação e respeito á tudo e a todos.

Estude bastante sobre esta religião que quer seguir, pois se não a compreender, jamais sentir-se-á compreendido pelos diferentes.

Considere que caridade não é dar passe, descarregar ou qualquer coisa que seja feito incorporado, saiba que esta é a nossa caridade, não sua, você médium e religioso tem nas incorporações e o que acontece a partir dela apenas uma consequência da fé e da mediunidade. Sua caridade deverá ser outras iniciativas e não ocultas em nossas incorporações.

Também lembre-se que ninguém ajuda ninguém se ao menos não esteja preocupado em se ajudar primeiro, em lapidar-se e aprimorar-se, antes de pretender ser fonte é preciso ser abastecido.

Você terá preceitos a seguir, então sua rotina de hoje já não será a mesma, o que você comeu hoje, se estivesse do lado de cá já não seria permitido.

Observe seus vícios e aceite que se ensina e ajuda mais pelo exemplo do que por boa vontade, se és um indivíduo rendido aos vícios da matéria, mesmo tendo plena consciência dos males, então busque livrar-se destes grilhões antes de pretender ser alguém que vá libertar os outros.

Ter mediunidade prática não te faz melhor do que ninguém, apenas reforça que você tem mais responsabilidade com o mundo, então não será por meio da mediunidade que poderá extravasar questões de carências mal resolvidas na infância.

Este caboclo poderia prosseguir com muitas outras considerações, mas vejo que o filho já entendeu, então Caboclo pergunta:

- O filho quer começar o desenvolvimento quando mesmo?!

Desconcertado, pensativo e visivelmente desapontado o rapaz responde:

- Meu Pai, desenvolverei quando ao menos conseguir praticar uma de suas ponderações, desculpe-me pelo tempo que lhe tomei, vou pensar sobre isso tudo.

- Não se desculpe meu filho, isso é o que o Caboclo veio fazer, amamos isso que fazemos, esta é a nossa oportunidade de fazer a caridade, se consigo te ajudar, isso me alegra. Mas meu médium não, ele apenas está no transe aprendendo com isso tudo e exercitando sua religiosidade, entendeu?

- Sim meu pai, acho que entendi!

- Então fique em paz e na luz meu filho, se for da sua vontade e dos Orixás, nos veremos mais adiante.

O rapaz agradeceu o Caboclo e emocionado retirou-se do terreiro, voltaria nas próximas semanas e talvez em alguns meses ou anos, ele sentiria o chamado, pela vontade Maior e não pessoal.

Este breve relato, é um fato e nos traz um alerta importante sobre a maneira que nos relacionamos com a mediunidade, então responda: qual é a sua maneira???

Rodrigo Queiroz



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Você pratica uma "boa Umbanda"?


Você pratica uma "boa Umbanda"?


No dia em que são realizadas as giras na sua casa de Umbanda, você procura, horas antes, amenizar seus pensamentos, afastando os negativos e todas as mágoas e rancores, ou dá valor a esses sentimentos, como faz no dia-a-dia?

Horas antes, você procura alimentar-se de maneira mais frugal e sadia ou entrega-se aos prazeres do exagero da comida e da bebida, afinal ainda faltam algumas horas para a gira começar?

Antes de sair de casa você cuida de seu corpo e de seu espírito, higienizando a ambos, ou vai de qualquer forma? Tem uma roupa branca que usa exclusivamente para essa ocasião ou faz uso dela durante a semana também?

Ao cruzar a porta do terreiro deixa para trás os problemas que o afligiram durante a semana, afinal esse é seu momento de doação, ou carrega esses problemas e sentimentos inerentes a eles para dividir, ainda que involuntariamente, com os seus irmãos-de-fé, que fatalmente terão que dividir esse fardo com você (afinal numa gira de Umbanda as energias são compartilhadas)?

Você adentra o terreiro preocupado em solucionar os seus problemas pessoais ou pensando em praticar a caridade àqueles que esperam pacientemente na assistência?

Você entende que, numa gira de Umbanda, mesmo que não lhe sobre tempo para pedir ajuda às entidades para solucionar as suas questões particulares, você está colaborando com a sua própria evolução pelo simples fato de estar presente e servindo ao Divino e aos necessitados?

No congá você enxerga meras imagens de gesso ou pontos que emanam energias que você deve absorver a fim de realizar um bom trabalho?

Enquanto são tocados os pontos, você fecha seus olhos concentrando-se nos orixás e entidades que estão sendo chamados ou fica preocupado com o tempo que está correndo e os afazeres ou prazeres materiais que teve que deixar para participar da gira?

Você presta atenção nas roupas dos seus irmãos-de-fé, se elas são curtas ou extravagantes demais, ou cuida para que a sua alma esteja alva como deveria para aquele momento?

Em contrapartida, faz proveito da incorporação das entidades para extravasar seu ego, usando roupas esdrúxulas e exageradas, bem como para ingerir álcool e fumo em demasia, que no lugar de agradar as entidades, as expõem ao ridículo (bem como a si mesmo)?

Você faz do silêncio uma prece ou aproveita os momentos em que ele deveria reinar para conversar com os irmãos-de-fé sobre assuntos corriqueiros ou até mesmo fofocas e maledicências? Permite que a sua língua seja maior que a sua fé ou a sua dedicação à Umbanda?

Costuma dizer que as entidades ou orixás são seus – “meu Ogun”, “meu caboclo” – e acredita que você é quem realiza o auxílio aos necessitados ou tem consciência de que é um mero instrumento da espiritualidade a serviço do bem?

Olha os consulentes com certo desdém quando eles relatam um problema que para você é banal, mas que para eles pode ser o mais grave do mundo?

Diz a todos que não lembra de absolutamente nada enquanto cede seu corpo às entidades, quando na verdade possui a chamada “mediunidade consciente”?

Usa o bom nome da Umbanda e das entidades para amedrontar seus desafetos, denegrindo a imagem de nossa religião, já tão injustiçada perante a sociedade?

Alguma vez já simulou estar incorporando uma determinada entidade para dizer a alguém coisas que não teria coragem de dizer sem usar esse subterfúgio?

Já usou a sua mediunidade para obter favores pessoais, materiais e financeiros?

O que você sente quando a gira termina e você vai para casa?

A satisfação por ter cumprido o seu dever auxiliando a sua própria evolução e ao próximo, ou sente-se revoltado porque algum médium brilhou mais que você ou demorou demais atendendo aos consulentes, atrasando o encerramento dos trabalhos?

Responda a essas perguntas com sinceridade e saberá se você pratica uma “boa Umbanda”. Lembre-se que nenhum de nós é perfeito, mas trilhamos o caminho da Umbanda a fim de minimizar as nossas imperfeições, e não para acentuá-las.

Douglas Fersan




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14/11/2012

Egrégora

Egrégora

Egrégora é o conjunto de formas-pensamento direcionados para um determinado objetivo. No plano astral, mais próximo do plano material, vibram pensamentos e emoções de encarnados e desencarnados e através dos nossos chakras, que são transmissores e receptores eletromagnéticos, estamos em constante ressonância com as vibrações do nosso exterior. Então, pensamentos, emoções e intenções afetam diretamente as pessoas através desta ressonância. Podemos interagir no plano espiritual através da vontade e do pensamento, da mesma forma que interagimos no mundo físico através dos sentidos.

As formas-pensamento tornam-se mais poderosas quando duas ou mais pessoas se reúnem em torno de um único objetivo e quanto maior a concentração, maior a atuação da egrégora. Na Umbanda, esta concentração pode ser adquirida através do ritual, isto é, através da repetição de um comportamento direcionado para um objetivo.

A egrégora estabelecida dá vazão à mente intuitiva, é comum, por exemplo, mais de uma pessoa ter o mesmo pensamento ou a mesma ideia sem terem trocado palavras. Quanto maior a ritualística, a concentração e a emoção, maior e mais forte é a egrégora. A energia da egrégora auxilia a causa para a qual o grupo trabalha.

São importantes a disciplina e o respeito ao horário da formação da egrégora, devendo ser realizada sempre no mesmo dia e horário, porque mesmo não estando presente fisicamente, mentalmente pode-se participar e colaborar com o propósito da corrente mediúnica.

Também é importante o ritual de abertura e fechamento, entendendo-se a entrada do mundo profano ao sagrado e vice-versa, porque na vida material não temos estrutura psicológica de nos mantermos em constante sintonia com o mundo espiritual, a abertura da egrégora ou da gira é a ordem mental de desapego do cotidiano e a busca de sintonia com as vibrações ali presentes, e o seu fechamento o de voltarmos para a nossa realidade.

A base da Umbanda é a egrégora da caridade, do amor e da fraternidade, porque os espíritos que nela militam têm estas virtudes como essência, e só interagem conosco através delas. Daí a responsabilidade individual diante do desejo de ingressar na egrégora de umbanda, o “eu” cede lugar para o “nós”, em benefício de todos, buscando fazer o melhor que possa para manter a harmonia interior, sempre atento a sua higiene mental, repelindo veementemente pensamentos contrários ao amor e a caridade, principalmente com quem está ao seu lado na caminhada evolutiva. Ter a consciência de que ninguém é melhor do que o outro, apenas está vivenciando o que lhe é necessário para o seu aprendizado e progresso, dessa forma, evitar a inveja e a maledicência contra o seu irmão. A força e o poder da egrégora depende da participação de todos, não precisa ser perfeito, porque Deus não espera de nós a perfeição neste mundo de expiação, mas fazer o esforço constante para se melhorar, cultivando as virtudes e orando e vigiando, sempre.

Não são poucas as vezes que o médium da egrégora de Umbanda costuma sentir-se mal durante os trabalhos e sai culpando a egrégora, o dirigente ou mesmo a espiritualidade. E quanto mais emite sentimentos de insatisfação ou maledicência, pior fica. Este médium geralmente já percorreu diversos Templos e não se encontra em nenhum, porque quer receber tudo pronto da religião, agindo sempre passivamente ou contrário ao propósito da egrégora. Não se sintonizar com a egrégora é não participar dela, logo, não pode sentir os seus benefícios e se não ora e vigia seus pensamentos, é um forte candidato a sofrer sérias obsessões. Pensamentos contrários ao da egrégora os faz ligar às mentes contrárias dos obsessores e dos espíritos que foram ali barrados perante a tronqueira dos Guardiões do Templo. Então, se o médium não fizer a sua parte para sentir-se harmonizado, nada nem ninguém poderá fazê-lo.

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo






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11/11/2012

Ciganos na Umbanda

ciganos na umbanda

“Eu vi um formoso Cigano
Sentado na beira do Rio
Com seus cabelos negros
E os olhos cor de anil
Quando eu me aproximava o cigano me chamou
Com seus dados nas mãos 
O cigano me falou 
Seus caminhos estão abertos 
Na saúde, na paz e amor, 
Foi se despedindo e me abençoou 
Eu não sou daqui, mas vou levar saudades, 
Eu sou o Cigano Pablo, lá das Três Trindades.”

Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda, e “carregam as falanges ciganas juntamente com as falanges orientais uma importância muito elevada, sendo cultuadas por todo um seguimento espírita e que se explica por suas próprias razões, elegendo a prioridade de trabalho dentro da ordem natural das coisas em suas próprias tendências e especialidades.

Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, confundindo-se muitas vezes pela repetição dos nomes comuns apresentados para melhor reconhecimento, preservando os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo astral seu paradeiro, como ocorre com todas as outras correntes do espaço.


O povo cigano designado ao encarne na Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então, conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços de maior evolução espiritual, juntamente com outros grupos de espíritos, também de longa data de reencarnações repetidas na Terra e de grande contribuição, caridade e aprendizado no plano imaterial.

A argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não ciganos ou por médiuns não ciganos e que se assim o fizessem deveriam faze-lo no idioma próprio de seu povo, é totalmente descabida e está em desarranjo total com os ensinamentos da espiritualidade sua doutrina evangélica, até as impossíveis limitações que se pretende implantar com essa afirmação na evolução do espírito humano e na lei de causa e efeito, pretendendo alterar a obra divina do Criador e da justiça divina como se possível fosse, pretendendo questionar os desígnios da criação e carregar para o universo espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que nos levaria a inviabilização doutrinária. Bem como a eleger nossa estada na Terra como mera passagem e de grande prepotência discriminatória, destituindo lamentavelmente de legitimidade as obras divinas.


Outrossim, mantêm-se as falanges ciganas, tanto quanto todas as outras, organizadas dentro dos quadros ocidentais e dos mistérios que não nos é possível relatar. Obras existem, que dão conta de suas atuações dentro de seu plano de trabalho, chegando mesmo a divulgar passagens de suas encarnações terrenas. Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges.

Ao contrário do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mal e trazendo uma contribuição inesgotável aos homens e aos seus pares, claro que dentro do critério de merecimento, tanto quanto qualquer outro espírito teremos aqueles que não agem dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por não serem diferentes de nenhum outro espírito humano.

Trabalham preferencialmente na vibração da direita e aqueles que trabalham na vibração da esquerda, não são os mesmo espíritos ciganos, que mantêm-se na direita, como não poderia deixar de ser, e, ostentam a condição de Guardiões e Guardiãs. O que existe são os Exus Ciganos e as Moças Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz nas trevas, como todo Guardião e Guardiã dentro de seus reinos de atuação, cada um com seu próprio nome de identificação dentro do nome de força coletivo, trabalhando na atuação do plano negativo à serviço da justiça divina, com suas falanges e trabalhadores, levando seus nomes de mistérios coletivos e individuais de identificação, assunto este que levaria uma obra inteira para se abordar e não se esgotaria.


Contudo, encontramos no plano positivo falanges diversas chefiadas por ciganos diversos em planos de atuação diversos, porém, o tratamento religioso não se difere muito e se mantêm dentro de algumas características gerais. Imenso é o número de espíritos ciganos que alcançaram lugar de destaque no plano espiritual e são responsáveis pela regência e atuação em mistérios do plano de luz e seus serviços, carregando a mística de seu povo como característica e identificação.

Dentro os mais conhecidos, podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan, Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como Esmeralda, Carme, Salomé, Carmensita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também. É imprescindível que se afirme que na ordem elencada dos nomes não existe hierarquia, apenas lembrança e critério de notoriedade, sem contudo, contrariar a notoriedade de todos os outros ciganos e ciganas, que são muitos e com o mesmo valor e importância.

Por sua própria razão diferenciada, também diferenciado como dissemos é a forma de cultuá-los, sem pretender em tempo algum estabelecer regras ou esgotar o assunto, o que jamais foi nossa pretensão, mesmo porque não possuímos conhecimento de para tanto. A razão é que a respeito sofremos de uma carência muito grande de informação sobre o assunto e a intenção é dividir o que conseguimos aprender a respeito deste seguimento e tratamento. Somos sabedores que muitas outras forças também existem e o que passamos neste trabalho são maneiras simples a respeito, sem entrar em fundamentos mais aprofundados, o que é bom deixar claro.


É importante que se esclareça, que a vinculação vibratória e de axé dos espíritos ciganos, tem relação estreita com as cores estilizadas no culto e também com os incensos, pratica muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Uma das cores, a de vinculação raramente se torna conhecida, mas a de trabalho deve sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc.

Os incensos são sempre utilizados em seus trabalhos e de acordo com o que se pretende fazer ou alcançar.




Para o cigano de trabalho se possível deve-se manter um altar separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultua-lo no altar normal. Devendo esse altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferência do cigano em um suporte de alumínio, fazendo oferendas periódicas para ciganos, mantendo-o iluminado sempre com vela branca e outra da cor referenciada. Da mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce. E sempre que possível derramar algumas gotas de azeite doce na pedra, deixando por três dias e depois limpá-la.

Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, passando em um de seus lados molho de tomate com algumas pitadas de sal e leva-los ao forno, por alguns minutos, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas as cores e se possível incenso de lótus.

As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos em geral. Os ciganos trabalham com seus encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando por dentro das pessoas e dos seus olhos.


Uma das lendas ciganas, diz que existia um povo que vivia nas profundezas da terra, com a obrigação de estar na escuridão, sem conhecer a liberdade e a beleza. Um dia alguém resolveu sair e ousou subir às alturas e descobriu o mundo da luz e suas belezas. Feliz, festejou, mas ao mesmo tempo ficou atormentado e preocupado em dar conta de sua lealdade para com seu povo, retornou à escuridão e contou o que aconteceu. Foi então reprovado e orientado que lá era o lugar do seu povo e dele também. Contudo, aquele fato gerou um inconformismo em todos eles e acreditando merecerem a luz e viver bem, foram aos pés de Deus e pediram a subida ao mundo dos livres, da beleza e da natureza. Deus então, preocupado em atende-los, concedeu e concordou com o pedido, determinando então, que poderiam subir à luz e viver com toda liberdade, mas não possuiriam terra e nem poder e em troca concedia-lhes o Dom da adivinhação, para que pudessem ver o futuro das pessoas e aconselha-las para o bem.

É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco, tacho de cobre, de alumínio, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes e escolher datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua…”

Trecho extraído do livro “Rituais e Mistérios do Povo Cigano" / Nelson Pires Filho


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02/11/2012

Posturas e Gestos Ritualísticos na Umbanda

Gesto com as mãos


A comunicação não verbal do corpo humano inclui gestos e atos corporais que, de modo característico, expressam sentimentos, emoções e posicionamentos que demonstram a natureza interna do indivíduo, exprimem sua realidade sem as barreiras da censura e o libera na sua relação com o mundo que o cerca. "O corpo fala" é expressão decisiva no estudo da psicologia, porque aliada à comunicação verbal, ou mesmo sem ela, é poderosa ferramenta para a leitura do inconsciente e para o entendimento de diversos distúrbios psicossomáticos.

É importante que o umbandista perceba a riqueza da linguagem não verbal presente nos atos litúrgicos da religião que professa, o corpo que exprime o sentimento em um gesto por vezes vale mais do que muitas palavras. Quando não se conhece o fundamento existente nos rituais, pode-se ter a falsa ideia de uma repetição mecânica e desnecessária. Importante se faz conhecer para aquisição da fé racionalizada e para desmistificar conceitos e preconceitos indevidos sobre a nossa Umbanda.

O gesto ritualístico é a comunicação não verbal com o Divino e com o transcendente, que expressa a fé, o respeito e a humildade diante do Sagrado, na consciência de que existem forças superiores no universo das quais somos apenas centelhas e, a nível de Terreiro, somos apenas um instrumento para que as energias sublimes se manifestem.

Citamos, a seguir, algumas posturas e gestos em rituais praticados nos Terreiros de Umbanda, que são fundamentos da Umbanda e que podem variar em formas, mas cuja essência e significado são os mesmos:


Saudações ao Entrar e Sair do Templo

Ao entrar no Terreiro deve-se ter respeito por estar adentrando local sagrado, deve-se saudar os assentamentos de forças ali existentes, começando pela Tronqueira que é o ponto de força dos Exus Guardiões, geralmente toca-se o chão três vezes e mentaliza-se "Laroyê Exus, Exus é Mojubar, deem-me licença!" Logo após, deve-se saudar o Congá, que é o local de maior concentração de energias e o ponto central de onde emanam fluidos necessário à realização dos trabalhos dentro da Lei de Umbanda. Para saudar o Congá, levanta-se as duas mãos com as palmas em sua direção e mentaliza-se: "Salve Pai Oxalá, todos os Orixás e todos os trabalhadores de Umbanda, sua licença e proteção!"

Ao sair do Terreiro, faz-se as mesmas saudações acima sendo que em sentido contrário: primeiro o Congá e por último a Tronqueira dos Guardiões, neste momento deve-se agradecer a acolhida espiritual da Casa e pedir licença para se retirar.


O Ato de Bater Cabeça

O ato de bater cabeça é um momento de respeito e de entrega, é o momento da sintonia do nosso eu interior com o Sagrado. É um ato que demonstra o reconhecimento da força superior que nos envolve, do respeito e submissão a esta força que nos rege através da fé, é o momento dos pedidos e dos agradecimentos, da oração através do sentimento sublime que é o amor. Bate-se cabeça deitando-se e levando a testa ao solo, em sinal de respeito e de saudação aos Orixás, Guias e Sacerdotes.


O Ato de Tomar a Benção

O pedido de benção ao pai/mãe de santo é uma saudação e uma demonstração de respeito e confiança à hierarquia que irá nos conduzir e nos orientar na doutrina, nos repassar conhecimentos, se responsabilizando diante dos Orixás pelo nosso desenvolvimento espiritual. Tomar a benção ao Sacerdote remete ao pedido de benção a toda a espiritualidade que o assiste. Entende-se por pai/mãe de santo aquele que acolhe, orienta e zela pela vida espiritual dos filhos, a benção é sinal de reconhecimento destes atributos e o seu gesto é beijar a mão do seu pai/mãe espiritual e levá-la à testa iniciando o sinal da cruz.


O Ato de Ajoelhar-se

O ato de ajoelhar-se é também sinal de respeito e reverência presente na maioria das religiões, é um ritual que faz parte do inconsciente coletivo, entenda-se por este o saber incondicional, por exemplo, ninguém aprende a ideia de ser mãe, ou do que é o amor, ou do que é Deus, simplesmente sabe-se, é inerente ao ser humano. Ajoelhar é louvar, pedir e também agradecer, ato de submissão, humildade, reconhecimento e fé. No Terreiro, deve-se ajoelhar diante das forças ali assentadas, quer na sua representação material, ou na representação do seu sacerdote incorporado com os Orixás e Guias que o assistem.


Saudações aos Orixás e Guias

As forças espirituais de um Terreiro, na representação dos seus Orixás e Guias, devem ser reverenciadas por meio de saudações individuais, com a linguagem falada e com o gesto corporal. A seguir apresentamos tabela com as saudações inerentes a cada Orixá e Guia:


Orixás / Guias

Saudação

Gesto Ritualístico

Pai Oxalá

Epa Babá!

Unir palmas das mãos em postura de prece.

Nanã

Saluba Nanã!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do lago para si.

Iansã

Eparrey!

Com as palmas das mãos para cima, imita puxar o ar para si e, em seguida, imita levantar duas espadas com as mãos.

Omulu

Atotô Ajuberô!

Bate no chão três vezes e faz o sinal da cruz.

Ogum

Pata Kori, Ogum! Ogunhê!

Aperta as duas mãos, de um lado e do outro.

Oxum

Orayeyêo!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do rio para si.

Xangô

Kawo Kabiesilê!

Juntar as mãos fechadas, imitando segurar o cabo da machada e levantar lentamente.

Iemanjá

Odôyá! Odôfiaba! Odôcy Yabá!

Movimento circular das mãos (palmas para cima), imitando puxar as águas do mar para si.

Oxossi

Oke Arô!

Unir os dedos das mãos imitando flechas, levantar para o alto e cruzar no peito.

Caboclos

 

Boiadeiros

Okê Caboclo!

 

Xêtro Marrumbaxêtro! Getruá!

Idem Oxossi

 

Imita girar o laço no alto.

Pretos Velhos

Adorei as Almas!

Estalar os dedos em direção ao chão e em forma de cruz, depois fazer o sinal da cruz no chão.

Ibejis

Onibeijada!

Bater palmas.

Povo do Oriente

Salve o Povo do Oriente!

Idem Pai Oxalá.

Povo Cigano

Optchá!

Com as mãos para cima e para o lado, bate palmas duas vezes.

Marinheiros

Salve os Marinheiros! A Marujada!

Imita o levantar de uma âncora.

Mestres Juremeiros – Reis Malunguinho

Sobô Nirê Reis Malunguinho!

Leva ao peito os braços em forma de X.

Exus

Laroyê Exu! Exu é Mojubá!

Une as laterais das mãos, indicador com indicador, apontando os dedos para o chão.

 

Vale ressaltar, que é fundamental e imprescindível que as posturas e os gestos no ritual de Umbanda sejam acompanhados pelo sentimento de fé e amor e que não basta reverenciar, mas sim se tornar merecedor do axé, adotando posturas de ideais elevados dentro e fora do Terreiro.


Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo


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