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Castigo de Santo Existe?

Publicado em 13/05/2019

Castigo de Santo Existe?


É muito comum ouvirmos, principalmente de pessoas antigas, tais conceitos: “Se eu parar de trabalhar, ou não trabalhar, o santo me castiga”.

Mas o que eu peço pra você é um pouquinho de boa vontade em colocar a razão e reflexão para funcionar.

A Umbanda não é uma religião punitiva, ao contrário, nos ensina a liberdade de nossas ações e que somos senhores de nossas vontades e escolhas, já que possuímos o livre arbítrio. Não somos obrigados por um guia de luz e de lei a atuar como médium. 

Mas então porque conheço pessoas que ficam doentes se pararem de trabalhar como médiuns? Eu também já presenciei casos assim. Mas quem provoca essas doenças e desequilíbrios muitas vezes psíquicos não é o guia/entidade e sim a sua inatividade mediúnica.

Muitas pessoas vêm com uma energia magnética maior que outras, e maior que outros médiuns e por isso precisam de constante trabalho para sempre estar com seu corpo energético equilibrado. Pode ser até mesmo uma trabalho holístico como Reiki, bioenergia, cristal, limpeza e harmonização de chacras que nos ajudam a limpar e equilibrar a energia de nossos centros de força. 

Mas se a pessoa não pratica nada, essa energia vai se acumulando no corpo, criando toxinas, bloqueando o movimento energético de entrada e saída de energias, e aí sim, pode causar malefícios, pois tudo que é demais, é ruim. 

Além disso, existem pessoas que vêm com vários canais mediúnicos abertos, várias capacidades ao mesmo tempo aflorando e neste caso é preciso um trabalho de canalização e equilíbrio dessas capacidades, pois também podem causar muitos malefícios se a pessoa insiste em “deixar pra lá’ ou procurar apoio somente na medicina alopática”. 

Ela se cura de um mal e tempo depois aparece outro problema.  Porque a pessoa com mediunidade aberta se torna invariavelmente um ponto de energia magnética que atrai quem precisa dessa energia para se sentir melhor. 

O espírito doente, espírito desequilibrado emocionalmente, desvitalizado sentem sempre um grande conforto perto de médiuns que esbanjam energia. Mas muitos deles, mesmo sem ter a índole ruim, pela sua mente perturbada e corpo astral debilitado, pode trazer consequências ruins para os médiuns nos quais se aderem.

Então entendam, não são os guias que atuam para o mal, para castigar quem não quer atuar com eles. É um processo natural de uma pessoa que está no auge de sua abertura mediúnica e se recusa a procurar equilibra-la. É a síndrome da mediunidade reprimida.

Além disso tudo, ainda existem os que ESCOLHERAM encarnar para atuarem como médiuns, prestando serviços a humanidade, ao seu próximo para a caridade, e o amparo aos necessitados para o seu próprio aprimoramento humano e espiritual. Pessoas nessa categoria, são mais complexas, porque a questão de “livre arbítrio” fica comprometida, pois ela JÁ ESCOLHEU o labor mediúnico, só que não lembra, pelo véu de escurecimento do reencarne.

Então muitas voltas na vida essa pessoa pode dar, negar, recusar, desprezar, mais sua própria mente superior acaba sempre a conduzindo para os caminhos da espiritualidade mediúnica. Afinal, foi o caminho escolhido para esta encarnação, para o seu elevar espiritual. 

Eu mesma sou um exemplo vivo disso. Desde meus 17 anos que sofri com meu afloramento mediúnico que foi muito violento e traumático. Passei por médicos, emergências para controlar supostos surtos psíquicos, pastores “exorcistas”, e ninguém da minha família sabia o que fazer comigo quando eu entrava em crise. A única solução que viam era me levar pra emergência e lá tudo piorava. 

Perdi um ano de escola porque não conseguia estudar, quase perdi emprego porque não conseguia ficar sentada numa cadeira, pois meu corpo ficava mole como geleia. Até que uma prima minha me levou em um centro espírita, e tudo começou a melhorar. Pararam as crises, as psicografias no meio da noite, as vozes na minha cabeça que não me deixavam dormir, os vultos que via, tudo estava indo normal, até eu precisar sair do centro por motivo de viagem e meses depois, tudo voltou, mas forte do que antes. E só fui realmente melhorar quando entrei para uma Tenda de Umbanda e atuar mediunicamente.

Mas todas as minhas perturbações não eram dos guias, dos Exus, ou Pombas giras, e sim de espíritos completamente desajustados que sentiam a minha energia e vinham até mim, tentando quem sabe um auxílio. Mas eu não estava pronta para ajuda-los, pelo contrário, eu era quem precisava de ajuda. Mas eles não entendiam, e só queria um meio de alívio ao sofrimento que passavam. Então casos como o meu felizmente vi poucos, mas eu não tive muitas escolhas a não ser seguir meu labor mediúnico e através dele ajudar as pessoas em seus conflitos e sofrimentos, conforme as leis de merecimento de cada um. Eu escolhi, então tive que cumprir com o que me propus.

Mas nem todas as pessoas nascem com essa “missão”. Muitas delas, só precisam tratar de um afloramento desequilibrado, sem a necessidade de seguir religião A ou B, colocar roupa, ou fazer seus votos de iniciação. Para essas pessoas, tudo é mais fácil, porque eles podem sair a hora que quiserem, pois as entidades de luz entendem e sabem que cada ser humano tem o direito de suas escolhas. 

Não existe a lenda de que “se você sair eu acabo com sua vida”. Vamos evocar mais uma vez o bom senso e a razão... se são espíritos evoluídos, de luz, esclarecidos, do bem que receberam pela espiritualidade superior divina a capacidade de ser UM GUIA E PORTANTO GUIAR OUTROS, jamais tomarão tal postura. 

Não deixem ser influenciados por ideias, conceitos e crendices sem sentido, envoltas de ignorância cultural, pois desde muito tempo, somos pela nossa sociedade doutrinados a temer e pensar as piores coisas das religiões de matrizes africanas, afinal,  se vem do negro, é porque não presta, é inferior, é coisa de selvagem ignorante. 

Tal qual como a Igreja católica fazia com as comunidades e aldeias pagãs, que não se convertiam ao cristianismo, eram dizimadas com requintes de crueldade, perseguidas, torturadas, e assassinadas se não aceitassem o cristianismo como sua crença. Pegaram vários ícones das crenças pagãs, vários deuses e criaram verdadeiras lendas demoníacas para MANIPULAR A CRENÇA POPULAR a repudiar quem pensasse diferente deles. 

Assim como muitos evangélicos tentam fazer com a grande massa da população do nosso país atualmente. Porque é comum aos grandes líderes religiosos de religiões de massa (e diga-se de passagem da massa mais carente cultural, emocional e financeiramente), porque são de fácil manipulação. 

Mas basta um pouquinho de boa vontade para estudar a história antropológica do homem e sua religiosidade e veremos que os “Grandes” sempre querem atacar a minoria, criando na mente popular a ideia de ruim, mal, coisas de cunho demoníacas. 

Pensem , reflitam, leiam, busquem informação e não deixem serem conduzidos como mais uma ovelha no rebanho. Pense por si próprio e não permita que ninguém diga a você o que Deus quer pra sua vida, já que a resposta está na sua própria consciência e como você precisa fazer para ser salva.

Orixá, entidade, não dão surra, não prometem matar, não castigam. Se isso acontece na sua vida, olhe pra dentro de si e vai ver que são apenas reflexões de suas próprias escolhas impensadas e inconsequentes. De negar, quem sabe, seguir um caminho por preconceito, vergonha ou medo da opinião alheia. A maioria não tem que ditar o seu caminho, até porque o nosso caminho, caminhamos sozinhos com nossas escolhas, atitudes, ações e com os irmãos e antepassados que cultivamos na nossa trajetória humana. 

Aquele que diz para onde você deve ir, não irá com você, pois o caminho para “redenção” é individual e não coletivo e ele depende exclusivamente de uma cabeça boa, sadia e equilibrada com méritos de ações, coração puro e bondade ao próximo.

Ana Araújo - Terreiro de Umbanda Vovó Catarina






Um comentário:

  1. Axé, a luz da verdade rompe toda forma de manipulação da grande massa, incluindo as questões socioculturais, impostas por padrões de comportamento que mais aprisionam do que formam o cidadao em nosso plano terrestre.

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