Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

24/04/2015

A Origem das Imagens de Iemanjá


Yemanjá

A ORIGEM DAS IMAGENS DE YEMANJÁ

Você sabe a origem das imagens de Yemanjá (branca) que povoam o imaginários dos umbandistas brasileiros?

Esta matéria faz parte do livro "História da Umbanda no Brasil - Volume 3" (Diamantino Fernandes Trindade) que se encontra em fase final de produção.


DALLA PAES LEME E O FAMOSO QUADRO DE YEMANJÁ

Diamantino Fernandes Trindade

De acordo com o escritor José Beniste esta imagem de Yemanjá usada pela Umbanda, da mulher pairando sobre as ondas, foi criada na década de 50 como uma forma da Dra. Dalla Paes Leme ser homenageada pelo marido. Ela era magra e tinha traços indígenas, por isso o quadro que foi pintado a óleo, era de uma mulher morena de cabelos longos e negros. Este quadro percorria casas e terreiros, dentre os quais o de Benjamin Figueiredo, da Tenda do Caboclo Mirim e a casa de Alziro Zarur que na época era ligado ao espiritismo. Este mesmo quadro foi que deu inicio às giras de fim de ano promovidas pela Umbanda nas praias cariocas e cultuada no dia 02 de Fevereiro pelo Candomblé.
Outra versão diz que a Dra. Dalla Paes Leme teve a visão de Yemanjá e que um artista teria feito a pintura.
Tudo isto teria acontecido em 1955 e, a partir desse quadro surgiram inúmeras imagens de Yemanjá presentes no imaginário dos umbandistas.
Na edição 62, de janeiro de 1956, do Jornal de Umbanda, aparece a seguinte legenda referente ao quadro:

"Este quadro, que está percorrendo os Estados, está à disposição dos Presidentes e Chefes de Terreiros dos Centros, Tendas, Terreiros, Cabanas etc.
Aqueles que queiram receber a visita do Quadro de Yemanjá da Bahia, ou adquirir gravuras do respectivo quadro, dirijam-se a D. DALLA – Rua Visconde de Rio Branco, 38 (centro) – Rio – Tel. 22-2689 – Livraria Freitas Bastos – Largo da Carioca – Bazar Santa Sofia – Rua Santa Sofia, 2 – Tijuca e em diversos Centros e Tendas"!.

O Jornal de Umbanda, número 78, de abril de 1958, registrou a presença do quadro de Yemanjá em Niterói:

Desde o dia 25 de janeiro, quando tiveram início as festividades de 6o aniversário de fundação da Tenda Espírita Tujupiara, que se encontra na cidade de Niterói o belo quadro de Yemanjá, para lá levado em procissão marítima pelos componentes do Centro Espírita São Thiago de Circular da Penha. No dia 21 de fevereiro a Tenda Tujupiara fez levar em bela procissão, à noite, sob as luzes de milhares de velas, com enorme acompanhamento o referido quadro para o Centro São Sebastião, sito à Travessa Filgueiras, no bairro do Fonseca, e que obedece à direção material do irmão Custódio, seu presidente e que tem como Babá a irmã Maria de Oliveira. Ofereceram os componentes deste conceituado terreiro uma magnífica manifestação à chegada do quadro e a todos que acompanhavam a procissão. Foi aí, igualmente homenageada a Comissão de Divulgação do Quadro de Yemanjá, na pessoa da Dra. Dalla Paes Leme, que, junto com os demais membros , acompanhou a procissão até aquele local. No dia 1o de março o Centro São Sebastião conduziu o quadro de Yemanjá para a Casa de Caridade Nossa Senhora da Glória – Terreiro do Caboclo Tupinambá – à Rua Álvaro Neves, 121, também no Fonseca, em bela romaria que reuniu mais de uma centena de filhos de fé, apesar do temporal que caiu na ocasião.

A Dra. Dalla Paes Leme presidia a COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO DA IMAGEM DE YEMANJÁ. Era uma umbandista fervorosa, filha de Yemanjá, muita ativa nos eventos umbandistas. Apresentamos uma matéria do número 82 do Jornal de Umbanda, de agosto de 1958, relativa à homenagem à Rádio Guanabara e ao jornalista Átila Nunes.

Homenagem um radialista

Realizou-se domingo, dia 10, singular homenagem à “Rádio Guanabara” e ao radialista Átila Nunes. Prestou-a a “COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO DA IMAGEM DE YEMANJÁ”.
Na ocasião, fazendo surpresa ao homenageado, a Dra. Dalla Paes leme, presidente daquela comissão, ocupou o microfone e fez uma saudação à Rádio Guanabara e ao Sr. Átila Nunes. Enalteceu a colaboração do conhecido locutor à divulgação da Imagem de Yemanjá, ressaltando as suas qualidades de umbandista e homem publico e salientando, com propriedade, a sua cooperação na obra daquela comissão de confraternização entre todos os terreiros e centros do Distrito Federal e do Interior do Brasil. Fez questão de mostrar, numa demonstração autêntica de sinceridade umbandista, a gratidão da “Comissão de Divulgação da Imagem de Yemanjá” ao homenageado.
Terminando a sua alocução, a Dra. Paes Leme, em nome da “Comissão de Divulgação da Imagem de Yemanjá”, ofereceu ao Sr. Átila Nunes a primeira imagem que veio a publico. Trata-se da imagem esculpida com grande arte e que representa a verdadeira Yemanjá. Atila Nunes, dirigindo-se a todos os presentes agradeceu aos presentes a homenagem e, grandemente emocionado pela subtileza da deferência com que lhe distinguia a “Comissão de Yemanjá”, enalteceu o grande trabalho de fraternidade que vem realizando sob o signo de Yemanjá e sob a presidência da Dra. Dalla Paes Leme, cujas prendas de grande umbandista e espírito de luta de confraternização entre os meios de Umbanda, salientou com entusiasmo, concitando à todos os umbandistas a formarem sob a bandeira da fraternidade desfraldada pela “Comissão”.
Estiveram presentes à homenagem, vários centros e terreiros, bem como numerosos umbandistas.

Encerramos com um belo poema da Dra. Dalla Paes Leme à Yemanjá, publicado no número 75 do Jornal de Umbanda, de dezembro de 1957.

Yemanjá
Dalla Paes Leme
(Agosto de 1954)

A tarde ia descendo
E, contra as areias da praia arrebentando,
E os pescadores, cansados,
As suas redes pesadas recolhendo;
Despreocupados, uns iam cantando...

Nisto, uma onda que, ao longo, em segredo,
Aos poucos vinha se formando,
Foi-se avolumando, avolumando...
E, contra as areias da parais arrebentando,
Causou aos pescadores grande medo.
E, quando, enfim, desceu
E em espumas se perdeu...
Misteriosamente,
Encantadoramente,
Uma linda mulher apareceu.

Uma estranha mulher! Calma, serena,
Que serenamente parou:
– Olhos verdes, cabelos acastanhados,
Não era branca, nem cabocla, nem morena;
Tinha o semblante para, lívido, mestiço,
Com muito de quebrante e muito de feitiço
Não sorria. Não falou.

Os pescadores, pasmados,
Entreolharam-se,
Interrogaram-se tanto... tanto... 
Depois... unidos pelo espanto,
Foram-se chegando...
Se chegando...

Nisto, outra onda que ao longe se formou,
Rapidamente foi-se avolumando, avolumando...
E, bem á frente dos surpresos pescadores,
Contra as areias da praia, desceu
E em espumas se perdeu...
Ninguém... Somente o chão coalhado de flores...

No ar, uma suavidade,
Uma alacridade,
Um halo de amor e piedade...

A tarde ia descendo
E os pescadores, cansados,
Maravilhados,
Suas redes repletas recolhendo.

No Céu brilhava a primeira estrela;
Nuvens misteriosas
Disputaram a graça de envolvê-la...

E o ar ficou cheio de amor...
E o mar ficou cheio de rosas...
E o chão ficou cheio de flores...

Fonte: Página Diamantino Trindade - Facebook




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21/04/2015

Situação do Espírito Desencarnado


Situação do espírito desencarnado

O transe da morte é sempre um estado de crise para qualquer indivíduo, variando conforme o adiantamento moral de cada um. Daí a passagem do estado da matéria para a vida espiritual acarretar uma espécie de perturbação mais ou menos longa, até que se quebrem todos os elos entre o Espírito e sua organização física.

Essa crise é um fenômeno natural. Pensemos na hipótese de alguém ter de mudar, abruptamente, do Nordeste brasileiro para um país europeu ou vice versa. A mudança repentina implicaria um distúrbio tal no indivíduo, que este levaria algum tempo para se descondicionar do ambiente anterior e se adaptar às novas e diferentes condições de vida. Que diremos, então, da morte em que o fenômeno de desagregação do corpo processa uma modificação muito mais violenta? Além disso, vários fatores intervêm na situação do desencarnado logo após a morte: a idade em que ocorreu a desencarnação (jovem ou idoso?), o tipo de morte (natural ou violenta? ), se era apegado ou desprendido dos bens materiais, se tinha bons hábitos ou vícios inveterados, se possuía idéias materialistas ou espiritualistas. Daí a necessidade do adormecimento do Espírito, logo após o desprendimento do corpo físico, para se refazer do transe da morte.

Antes, porém, que o Espírito adormeça, ocorre o interessante fenômeno de recordação da vida passada, em que um panorama desfila ante seus olhos. Tem-se notícia de que, em fração de segundo, o Espírito revê, minuciosamente, todos os fatos da vida terrena que acabou de deixar, cena após cena, desde a infância até a desencarnação, desde o incidente mais insignificante até o acontecimento mais importante. Naquele momento, o Espírito é capaz de avaliar causas e consequências de todos os seus atos, sejam bons ou maus, como um registro para aproveitamento em vidas futuras. Só depois, sobrevêm o sono cujo tempo varia de Espírito para Espírito.

O juiz John Worth Edmonds, que era notável médium psicógrafo, falante e vidente, escreveu longa mensagem de seu amigo desencarnado, o juiz Peckam, a quem ele muito estimava. Nessa época ainda não era conhecido pelos psicólogos o fenômeno da visão panorâmica. Afirma, então, o Espírito Peckam:

No momento da morte, revi, como num panorama, os acontecimentos de toda a minha existência. Todas as cenas, todas as ações que eu praticara passaram ante meu olhar, como se se houvessem gravado na minha mentalidade, em fórmulas luminosas. Nem um só dos meus amigos, desde a minha infância até a morte, faltou à chamada. Na ocasião em que mergulhei no mar, tendo nos braços minha mulher, apareceram-me meu pai e minha mãe e foi esta quem me tirou da água, mostrando uma energia, cuja natureza só agora compreendo. (A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano)

Por seu turno, o Espírito que em vida se chamou Dr. Horace Abraham Ackley relata como se passaram os primeiros momentos após o seu despertamento no Mundo Espiritual: Logo que voltei a mim, todos os acontecimentos de minha vida me desfilaram sob as vistas, como num panorama; eram visões vivas, muito reais, em dimensões naturais, como se o meu passado se houvera tornado presente. Foi todo o meu passado que revi, compreendido o último episódio: o da minha desencarnação. A visão passou diante de mim com tal rapidez, que quase não tive tempo de refletir, achando-me como que arrebatado por um turbilhão de emoções. A visão, em seguida, desapareceu com a mesma instantaneidade com que se mostrara; às meditações sobre o passado e o futuro, sucedeu em mim vivo interesse pelas condições atuais. (A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano)

Muitas pessoas indagam: Como é possível alguém que passa por incontáveis "mortes", experimenta o estado de erraticidade e reencarna várias vezes, esquecer que existe o Mundo Espiritual? Explicam, então, os Espíritos codificadores que a situação de esquecimento ou perturbação nunca é definitiva. Ela é transitória, e a lembrança, mais ou menos rápida, das vidas anteriores dependerá do grau de evolução de cada Espírito. C. W. Leadebeater, em Auxiliares Invisíveis, comenta sobre o mal que os ensinamentos errôneos a respeito da condição do Espírito após a morte provocam na Humanidade, principalmente no mundo ocidental. Certas religiões assustam os seus adeptos, criando neles muita perturbação e surpresa quando chegam no Mundo Espiritual. Conta ele o exemplo de um inglês que, em uma mensagem transmitida três dias depois de morto, narrou que, encontrando um grupo de Espíritos amigos, perguntou:

— Mas, se eu estou morto, onde é que estou? Se isto é o céu, não me parece grande coisa; se é o inferno, é melhor do que eu esperava!Surpresa semelhante tem o Espírito Monsenhor Robert Hugh Benson. Relata ele, em A Vida nos Mundos Invisíveis, obra recebida pelo médium Anthony Borgia, que, durante todo o período que sucedeu a sua última desencarnação, nenhuma idéia lhe ocorrera sobre tribunal de julgamento ou juízo final como sugerira a religião ortodoxa. Esses conceitos e os de céu e inferno lhe pareceram totalmente impossíveis e, na realidade, fantasias absurdas.

Como vimos anteriormente, os Espíritos levam consigo, para o Além-Túmulo, as qualidades boas ou más, todos os vícios e costumes e todos os conhecimentos e aptidões. Os criminosos vêem-se mergulhados em profundas trevas e só ouvem os lamentos de suas vítimas. Os suicidas só têm, na mente, o seu ato tresloucado. Allan Kardec, na Revista Espírita de maio de 1862, no capítulo intitulado Uma Paixão de Além-Túmulo, reporta-se ao suicídio, por amor, de um garoto de 12 anos de idade. Perguntado sobre sua situação, o jovem responde:

(. . .) Meu corpo lá estava inerte e frio e eu planava em volta dele; chorava lágrimas quentes. Vocês se admiram das lágrimas de uma alma. Oh! Como são quentes e escaldantes! Sim, eu chorava, porque acabava de reconhecer a enormidade de meu erro e a grandeza de Deus!. . . Entretanto, não tinha certeza de minha morte; pensava que meus olhos se fossem abrir . . .

O sofrimento dos Espíritos desencarnados é proporcional ao tipo de vida que levaram e ao maior ou menor apego que tenham à vida material. Durante a crise da morte, eles lutam para reter a vida corporal que lhes foge, e esse sentimento se prolongará por muito tempo. Aqueles muito ligados à vida material erram pelas vizinhanças do lar e do local do trabalho; julgam-se ainda vivos e pretendem participar dos negócios de que se ocupavam quando encarnados. Os viciados e libertinos continuam a sentir enorme ansiedade e procuram a convivência de devassos que lhes saciem os apetites sexuais e os vícios. O avarento fica em estado de angústia, por não poder impedir que os herdeiros esbanjem a fortuna amealhada durante a vida terrena.

Como Deus não se compraz com o sofrimento eterno de seus filhos, passada uma fase de depuração dos fluidos mais densos, sobrevêm ao Espírito o sono reparador a que estão sujeitos todos os recém-chegados ao Mundo Espiritual. Nesse momento, Espíritos amigos e familiares recolhem os recém-desencarnados e os levam para as diversas estações de repouso. Ao despertar desse sono — que pode variar de horas a séculos —, o Espírito desencarnado começa a perceber o que está em sua volta. Surpreende-se ao encontrar um ambiente muito semelhante ao da Terra. Por esse motivo, muitos pensam que ainda estão vivos.

E, só a partir de uma tomada de consciência da realidade em que se encontram, surgirão para eles novas oportunidades: estudos, tarefas, trabalho assistencial, tudo de acordo com o seu adiantamento espiritual, sua capacidade e suas necessidades. 

(. . .) ao entrar no mundo dos Espíritos é acolhido pelos amigos que o vêm receber, como se voltasse de penosa viagem. Se a travessia foi feliz, isto é, se o tempo de exílio foi empregado de maneira proveitosa para si e o elevou na hierarquia do mundo dos Espíritos, eles o felicitam. Ali reencontra os conhecidos, mistura-se aos que o amam e com ele simpatizam, e então começa, para ele, verdadeiramente, a sua nova existência. (Revista Espírita, abril de 1959, no 4, de Allan Kardec)

Devido à diversidade de nossos caracteres, — aptidões, sentimentos, vícios, virtudes e hábitos — as condições de vida no Além são de uma diversidade infinita, daí as diferenças no conteúdo das mensagens. Existem, também, Espíritos tão evoluídos e depurados (Espíritos puros ou perfeitos) sobre os quais a Terra não mais exerce atração. Estes habitam as regiões menos densas e só reencarnam para cumprir missões especiais, como aconteceu com Jesus, Buda e Confúcio, além de outros grandes missionários.

Todavia, há Espíritos que não se incorporam a nenhum movimento nobre; vivem na Terra da Liberdade que é uma região, segundo informam os Espíritos, próxima à crosta terrestre, onde os desencarnados se entregam a mais completa indisciplina. Cada um faz o que quer e age de acordo com o livre-arbítrio, sem quaisquer restrições morais. A tônica de suas vidas é a liberalidade. Muitas vezes, reencarnam sem passar por estágios nas Colônias de recuperação e sem analisarem as vidas anteriores. Nos Mundos Espirituais superiores, os Espíritos continuam a agir dentro do seu livre-arbítrio, porém de acordo com padrões morais elevados.

Segundo Allan Kardec, ao tratar dos Possessos de Morzine: Sendo a Terra um mundo inferior, isto é, pouco adiantado, resulta que a imensa maioria dos Espíritos que a povoam tanto no estado errante, quanto no de encarnados, deve compor-se de Espíritos imperfeitos, que fazem mais mal que bem. Daí a predominância do Mal na Terra. Ora, sendo a Terra, ao mesmo tempo, um mundo de expiação, é o contato do Mal que torna os homens infelizes, pois se todos os homens fossem bons, todos seriam felizes. E' um estado ainda não alcançado por nosso globo; e é para tal estado que Deus quer conduzi-lo. Todas as tribulações aqui experimentadas pelos homens de bem, quer da parte dos homens quer da dos Espíritos, são consequências deste estado de inferioridade. Poder-se-ia dizer que a Terra é a Botany-Bay dos mundos: aí se encontram a selvageria primitiva e a civilização, a criminalidade e a expiação. (Revista espírita, de Allan Kardec, n2 12, dezembro de 1862 )

(... ) O Espíritos conservam no Espaço suas simpatias e seus hábitos terrenos. Os Espíritos dos americanos mortos são ainda americanos, como os desencarnado que viveram na França são ainda franceses no Espaço. Daí as diferenças dos ensinos em alguns centros. Cada grupo de Espíritos, por sua própria natureza, por seu espírito nacional, apropria suas instruções ao caráter, ao gênio especial daqueles que o dirigem. (Revista Espírita, de Allan Kardec, na 6, junho de 1869)

Sendo assim, conclui-se que o processo da morte não é necessariamente doloroso, embora, muitas vezes, os que presenciem o desenlace de algum amigo ou parente observem a luta do moribundo para conservar o Espírito no corpo. Aos olhos físicos a impressão é de a pessoa estar sofrendo intensamente, mas essa se constitui, apenas, uma visão terrena, dos que ainda permanecem do lado de cá. A realidade é bem outra.

1 - Sensações nos Espíritos Errantes

Tratando do momento em que o Espírito deixa o corpo e penetra no Mundo Espiritual, Allan Kardec lhes analisa, em vários artigos da Revista Espírita, as sensações e o desenvolvimento das idéias. Muitas perguntas lhe tinham sido feitas, como: Sofrem os Espíritos? Que sensação experimentam? Em O Livro dos Espíritos, o codificador da Doutrina Espírita dedica um longo capítulo a esse tema e que tem por título Ensaio Teórico Sobre as Sensações nos Espíritos. Responde ele, então, com base em informações dos Espíritos e, principalmente, em suas próprias observações e nos estudos das funções do perispírito:

Ensina-nos a experiência que, no momento da morte, o perispírito se desprende, mais ou menos lentamente do corpo; durante os primeiros instantes o Espírito não se dá conta da situação; não se julga morto; sente-se vivo; vê o corpo ao lado, sabe que é seu, mas não compreende que do mesmo esteja separado. Esse estado dura enquanto existe uma ligação entre o corpo e o perispírito. 

Recordemos a evocação do suicida da casa de banhos da Samaritana, (. . .) Como todos os outros , ele dizia: "(. . .) entretanto sinto que os vermes me roem". Ora, seguramente, os vermes não roem o perispírito e, ainda menos, o Espírito; apenas roem o corpo. Mas como a separação entre corpo e Espírito não era completa, o resultado era uma espécie de repercussão moral que lhe transmitia a sensação do que passava no corpo. Repercussão talvez não seja o vocábulo, o qual poderia fazer supor um efeito muito material: era antes a visão daquilo que se passava em seu corpo, ao qual estava ligado o seu perispírito que lhe produzia uma ilusão, que tomava como realidade. (Revista Espírita, de Allan Kardec, n° 11, novembro de 1858)

Dessa forma, as sensações agradáveis são transmitidas ao Espírito, assim como as desagradáveis. Em suas pesquisas, Allan Kardec entrevistou milhares de Espíritos que pertenceram a todas as camadas sociais e a todas as posições, seguindo-lhes os passos desde a desencarnação, a fim de estudar as mudanças que sofreram na vida além-túmulo. Nos planos inferiores da Espiritualidade, os Espíritos manifestam desejos e apetites. Já o mesmo não se dá com aqueles cujo perispírito é menos denso.

2 - Alimentação dos Espíritos

Se as pessoas duvidam que os Espíritos se vestem, que pensarão elas a respeito da existência de alimentos no Mundo Espiritual? Entretanto, os Espíritos errantes sentem fome. Na maioria das vezes, os desencarnados, logo após o desligamento do corpo físico, são atormentados pelo desejo de satisfazerem suas necessidades fisiológicas, como sede e fome incontroláveis. Para atendimento dessas necessidades básicas, afirmam os Espíritos que existem fábricas de concentrados de frutas e sopas sujeitos à manipulação específica da Espiritualidade.

Nos hospitais das Colônias, alimentos são fornecidos aos enfermos, a fim de se revigorarem. Esses manjares espirituais, segundo informações do Outro Mundo, possuem gosto e aroma que não têm similar na Terra. Nos centros de reeducação para onde são conduzidos os Espíritos recém-chegados do Umbral, faz parte do tratamento a ingestão, pelos enfermos, de alimentos semelhantes aos terrenos, porém menos densos, até que se adaptem a sistemas de sustentação das Esferas Superiores. Allan Kardec transcreve a mensagem do Espírito Cura de Bizet que se sentiu chocado com as cenas que presenciou no Mundo Espiritual:


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15/04/2015

O Passe


passe na umbanda e espiritismo


Que são fluidos?
Os fluidos são o veículo do pensamento dos Espíritos, tanto encarnados quanto desencarnados. Todos estamos mergulhados no fluido cósmico universal, substância básica da Criação, que varia da imponderabilidade até a ponderabilidade. Os fluidos espirituais estão impregnados dos pensamentos dos Espíritos, portanto varia de qualidade ao infinito. A atmosfera fluídica é formada pela qualidade dos pensamentos nela predominantes.

O que é o Passe?
É a transferência de fluidos de uma pessoa a outra, através da prece e imposição de mãos, procedimento largamente usado nos centros espíritas. As energias são oriundas dos fluidos humanos (do passista) e fluidos espirituais (dos Espíritos que trabalham com a equipe de médiuns). Existem três tipos de magnetismo: o humano, o espiritual e o misto. O tipo de magnetismo utilizado nas casas espíritas é o misto, pois à ação dos encarnados soma-se a ajuda benéfica dos Espíritos que trabalham na área, qualificando, direcionando e potencializando os fluidos.

O que é um passe anímico?
Animismo é um termo usado para designar a ação oriunda do próprio médium. Passe anímico é aquele em que se utiliza o magnetismo humano (do médium). Allan Kardec nos ensina que os fluidos oriundos do magnetizado sempre recebe a ação espiritual, mesmo que ele não acredite nisso, pois todos possuem anjos guardiães ou guias espirituais. Além do mais, estando mergulhado no fluido cósmico universal, o passista sofre a ação do mundo espiritual sobre ele. Nos centros espíritas, onde teoricamente os Espíritos estarão trabalhando em muito maior escala, não se concebe que tenha um passe sem a ajuda deles. Seria um contra-senso. Os passes aplicados nos centros espíritas não são, portanto, anímicos. Algumas técnicas e conceitos sobre o passe foram divulgadas no Movimento Espírita por Edgar Armond (um esoterista que converteu-se ao Espiritismo) e ainda o são, pela Federação Espírita do Estado de São Paulo - FEESP, orientada no passado por ele. É daí que vem as teorias dos passes anímicos e outros tantos que vemos nas casas espíritas. Mais instruções sobre o assunto podem ser encontradas na apostila Espiritismo para Iniciantes, no capítulo "O Passe".

Qual diferença entre passe magnético e passe espiritual?
O passe magnético é aquele onde a energia utilizada provém apenas do encarnado, ou seja, é utilizado o magnetismo humano. No passe espiritual são utilizados os fluidos dos Espíritos, que do mundo invisível agem sobre os indivíduos. No passe misto existem os dois tipos de fluidos, o humano e o espiritual, sendo largamente utilizado nos centros espíritas na cura das doenças físicas e psíquicas.

Existem milagres?
O milagre é fenômeno que não se consegue explicação racional e nos parece sobrenatural. Na verdade é apenas a manifestação intencional (provocada por agentes conscientes) ou espontâneas (causadas por agentes inconscientes) de determinadas leis da natureza, ainda desconhecidas pelo homem. Deus criou leis perfeitas e imutáveis. Se o milagre existisse seria uma transgressão a estas leis. O que existe é a ignorância dos princípios que regem as leis de Deus. O que pode parecer milagre para uns, é perfeitamente explicável para outros. Por exemplo um índio selvagem que visse um eclipse do sol, acharia aquilo um milagre, mas estudando astronomia, percebe que um astro se sobrepõe a outro com um fenômeno natural. A ciência ajuda na desmistificação dos milagres. Chegará o dia em que em todos conhecerão as leis que regem os fluidos, a mediunidade, a influência do mundo espiritual sobre o mundo físico, a ação dos Espíritos sobre a matéria etc.

Qualquer pessoa pode aplicar passes?
Sim qualquer pessoa pode doar de suas energias, mas nem todos devem fazê-lo, pois a condição moral do indivíduo influencia diretamente na qualidade dos fluidos doados. A tarefa do passista, como qualquer outra que se desempenha no campo religioso, carece de preparo moral e esforço constante para vencer as más inclinações. Só a boa vontade não basta. Os Espíritos superiores ensinam que os fluidos espirituais podem ser alterados quando passam pela estrutura do encarnado e que apenas a moralização deste pode dar a garantia de bons resultados. Daí a razão pela qual nem sempre as pessoas se beneficiam com os passes a que se submetem por anos a fio nas casas espíritas que não primam pela boa qualidade espiritual de suas práticas.

Grupo Espírita Bezerra de Menezes


***


Você vai tomar passe?

O corpo humano é o santuário do espírito encarnado. O passe opera em cada um de nós a limpeza perispíritual e o equilíbrio dos nossos centros de força, curando ou prevenindo possíveis enfermidades.

Para que você alcance os benefícios que necessita, através do passe, é importante que você participe ativamente:

01- Não beber ou evitar beber no dia do passe.
02- Não fumar ou evitar fumar no dia do passe.
03- Não se alimentar em excesso.
04- Não comer carne no dia do passe.
05- Policiar as expressões verbais.
06- Vigiar seus pensamentos, sentimentos e emoções.
07- Não valorizar tanto as atitudes desagradáveis 
de outras criaturas na sua direção.
Perdoar é próprio das almas elevadas.
08- Cuidado com as criticas destrutivas.
09- Não se permita a ociosidade. Trabalho é terapia.
10- Exercite a fé através da prece.
11- O tratamento espiritual Não dispensa 
o tratamento médico.

Se você já alcançou todas estas conquistas, já está colaborando com as equipes espirituais na sua cura e provavelmente não precisará estar sempre tomando passes.

Albino Teixeira






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13/04/2015

A Rosa no Peito



A Rosa no Peito - Mensagem da Senhora Pombagira Maria Rosa Caveira

Todo mundo quer ter um amor na vida. O amor da família, o amor dos amigos, o amor de alguém especial. Um bom trabalho também é amor, é o amor refletido na profissão. Uma boa moradia também é amor, é o reflexo do amor no lar. Há muitas formas de amor e todas são boas, todo mundo quer ter isso.

Mas o amor não é espelho. O amor não acontece de igual para igual, não impõe condições. O amor só acontece, e pronto!...

O que eu quero dizer? Quero dizer que o amor envolve aceitação.

Para amar alguém ou alguma coisa, é preciso haver aceitação. Compreender que as pessoas e as coisas nem sempre virão exatamente como a gente queria. O amado nem sempre terá o mesmo gosto que a gente, o mesmo temperamento, a mesma disposição, o mesmo ritmo pra fazer as coisas, o mesmo olhar para a vida.

E as coisas que acontecem, as oportunidades e situações que surgem em nossa vida também nem sempre virão daquele jeitinho que imaginamos. Mas aí é que está a beleza de tudo!...

Aceitar o companheiro com as suas diferenças é um trabalho delicado e bonito de se fazer. A gente aprende e cresce junto com ele. Aceitar pequenos obstáculos no caminho da realização dos nossos sonhos nos ensina a paciência e a perseverança, nos torna mais fortes e abertos, nos abre as portas do reino da Prosperidade. Então o Amor mais sublime, que é um dos Anjos da Prosperidade, envolve tudo, nos contagia, nos protege e passa a nos conduzir na vida...

Aceitar que amanheceu chovendo justo no dia em que a gente planejou uma caminhada é um pequeno contratempo. Mas dá pra contornar isso e talvez ler um bom livro, ficar olhando a chuva, arrumar as gavetas da casa e do coração, preparar uma boa comida, ouvir boa música, ligar para um amigo ou ente querido... Há tantas coisas pra se fazer...

Aceitar que o amado não abandona o jogo de bola com os amigos, quando a gente queria sair e passear, é um pequeno contratempo. Mas o amor nos mostra que assim ele está feliz, que são apenas algumas horas de uma longa vida em comum. E a gente consegue se alegrar por ele, aceitar, festejar a felicidade dele e aproveitar aquele tempo para se cuidar também.

São tantas situações, são tantos pequenos contratempos, muito pequenos... E muitas vezes a gente se deixa dominar pela contrariedade e não enxerga mais nada, não vê a beleza que ficou para trás e aquela que está por vir...

Tudo está em nossas mãos. Depende de pra quem a gente entrega o comando dos nossos atos, pensamentos e sentimentos. Se deixarmos tudo nas mãos do corpo de carne, tudo fica mais difícil: a gente quer tudo pra ontem, a gente quer do jeito que quer, a gente não aceita negociar, a gente resiste e sofre... Sofre por bobagens... Mas se entregarmos tudo ao Amor que mora no coração, tudo fica mais fácil de compreender: o Amor tem paciência, compreensão, entendimento; o Amor dá espaço porque valoriza a liberdade de si mesmo e dos outros, aceita modificações e consegue fazer adaptações. O Amor triunfa onde tudo parecia perdido. O Amor salva. O Amor liberta. O Amor faz o mais humilde tornar-se um gigante.

O Amor é uma Luz que nunca se apaga. Mas nem sempre olhamos para essa Luz. Muitas vezes, ficamos com o olhar preso num pequeno ponto escuro dentro de nós, resistindo à entrada benfazeja dessa Luz Divina e Pura. Nesse ponto escuro, que nós criamos por descuido, a Rosa do Amor não consegue florescer, e a vida nos parece escura e sombria. Mas é só aparência! Se levantarmos os olhos, erguendo a cabeça para contemplar a vida, então enxergaremos as muitas Rosas do Amor plantadas nos corações dos outros, a recender um perfume encantador... E veremos outras Rosas do Amor gerindo também a vida de plantas, animais, minerais e de tudo o que existe. E um perfume incomparável reinará sobre tudo e todos, suavizando todas as dores e tristezas... Então, é só respirar fundo, inalando essa doçura e esse encanto que existe em toda parte, a perfumar nossos caminhos...

Cultive sempre a Rosa do Amor em teu peito. Olhe para ela, de quando em quando. Peça a Ela a ajuda suave dos Seus encantos e poderes. Ela é filha da Mãe do Amor, que anda conosco desde sempre e para todo o sempre. Ela é tão doce, que escolheu vestir-se das pétalas da Rosa de Luz para estar contigo e te tocar, te acariciar, te confortar e te guiar. Ela é tua Mãe. Ela é a minha Mãe. Ela é a Mãe de todos e de tudo. Ela Ama sem perguntas e sem condições, e quer nos ensinar a amar assim, desse jeito. Ela sabe e pode fazer isso por mim, por ti e por todos.

A Rosa do Amor é tua, desde o primeiro instante da tua criação. Ela nunca morrerá. Só não te esqueças de olhar dentro do teu coração, para encontrar ali todo o esplendor da Rosa Eterna do Amor...

Sete Porteiras





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08/04/2015

A Essência da Umbanda


A Essência da Umbanda


Umbanda é a oportunidade da prática da caridade, da vivência no Bem, no amor e na fraternidade. Umbanda Luz e Caridade! Umbanda Luz na Caridade! Umbanda Luz com a Caridade! Umbanda sempre Luz e sempre Caridade!

Deus, o nosso Pai Olorum, nos concedeu inteligência e livre arbítrio para as nossas escolhas, somos livres para pensar e escolher e somos inteligentes para entender as consequências das nossas escolhas. A Umbanda dá a oportunidade do conhecimento, do estudo e da transparência de suas práticas, que são práticas somente no Bem.

Para entender a Umbanda não basta ler e estudar, é preciso pisar o chão sagrado e aprender com os Guias, é preciso viver os ensinamentos doutrinários dentro e fora do Terreiro. Entende-se a Umbanda com os pés descalços no chão, sentindo o cheiro dos seus incensos e ouvindo os seus cânticos sagrados em forma de pontos cantados, fechando os olhos em meditação buscando a paz interior a fim de receber as bênçãos dos benfeitores. Entende-se a Umbanda quando fechamos os olhos e admitimos humildemente que erramos e que estamos dispostos a melhorar. Entende-se Umbanda quando somos capazes de empaticamente ajudar ao nosso irmão. Entende-se Umbanda quando, através dos nossos pensamentos e atitudes no Bem, preparamos campo energético para entrarmos em contato com os Guias que estão ali sempre dispostos a acolher e auxiliar.

A Umbanda é religião que os espíritos utilizam para a prática da caridade, eles também constroem, assim como nós, os degraus para a evolução espiritual. E a nossa evolução depende sempre da caridade praticada, a fim de contribuirmos para um mundo melhor e mais justo. A oportunidade da prática da caridade é para todos, encarnados e desencarnados. Os Guias praticam as suas caridades e nós também, quando os servimos como instrumentos mediúnicos. Porém, para servirmos de instrumento mediúnico para os Guias temos antes que zelar por este instrumento, zelar por nós mesmo, cuidar do nosso corpo físico, mental - emocional e espiritual.

A famosa frase do Caboclo das Sete Encruzilhadas: "A Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade" ilustra perfeitamente a essência da religião. Mas como entendermos o que é a caridade? Centenas de pessoas procuram os nossos Terreiros, na maioria das vezes, na busca de soluções para os seus problemas imediatos e para apaziguar os seus sofrimentos. Diante do merecimento de cada um e da permissão de Deus, muitos conseguem respostas e soluções para os seus intentos, porém muitos não conseguem, por que será? Será que a caridade não está para estes? Voltamos a nossa pergunta inicial: O que é a caridade?

Na nossa humilde opinião, caridade é a ação que torna o ser humano melhor, daí a sua prática para efeito positivo e, a um longo prazo, está na promoção do conhecimento consciencial da existência de cada ser, na valorização do indivíduo como agente do mundo a sua volta e como se tornar cada vez mais uma pessoa equilibrada e feliz.

Infelizmente existem pessoas muito acomodadas, que preferem esperar pelo "milagre", achando que o erro está sempre no outro, que as oportunidades almejadas não lhes surgem porque são vítimas de um mundo competitivo e injusto, porque são alvos de invejas e demandas, ou não conseguem porque se julgam obsidiadas e perseguidas. Elas querem saber os "porquês das pessoas", muitos esperam até que a Umbanda "mude" o outro para que sejam mais felizes. Será que isto é caridade?

Na Umbanda que praticamos não existe adivinhação, muito menos interferência no livre arbítrio de ninguém. Nas perguntas elaboradas aos Guias, as respostas só serão dadas se tiver real utilidade na vida do consulente, se eles souberem e se, ainda, tiverem a permissão para revelar. Jamais responderão para a satisfação da curiosidade apenas, que pode tornar a pessoa mais confusa e aflita.

Nós médiuns atuantes com os Guias nas consultas dos Terreiros, na qualidade de médiuns conscientes, que são a grande maioria, devemos estar cientes do tamanho da responsabilidade na interpretação das mensagens dos Guias e a melhor forma de discernimento é fazer sempre a pergunta para si mesmo: "Será que essa resposta é de fato útil para a vida desta pessoa? Ela precisa mesmo desta resposta para conseguir a paz e a felicidade?" Em caso negativo, é porque de fato o Guia não pretende responder da forma esperada pelo consulente. Talvez esta pessoa precise somente da reflexão de que tem a capacidade de ser agente de mudança em sua vida e para isto, com certeza, a Umbanda dá todo o apoio e incentivo.

A nossa religião acompanha a evolução da humanidade e, paulatinamente, esta visão deturpada de ser a umbanda solução para problemas imediatos e mundanos, efêmeros por natureza, é substituída pela visão de ser a Umbanda mais um canal pelo qual a espiritualidade superior ensina e convida a ser em si mesmo a mudança que precisa para ser feliz.

Pratiquemos a caridade na nossa Umbanda, não apenas aquela que praticamos junto com os nossos guias, atendendo a assistência em suas dores e dificuldades, mas principalmente aquela caridade diária na rotina do terreiro e fora do terreiro, praticando a empatia sempre que sentimentos infelizes pairem no convívio com os nossos irmãos para entender e cooperar no restabelecimento da harmonia e antes que a ação indigna acompanhe os sentimentos mesquinhos, perguntemos a nossa consciência onde erramos e onde podemos melhorar, para a nossa paz e para o bem de todos.

Pequenos gestos e atitudes também são caridade, para conosco e para com o próximo, que podemos exercitar no nosso dia a dia:

· Sorrir para esconder o nosso mal humor.

· Respeitar as opiniões diferentes das nossas.

· Saber ouvir sem julgamentos.

· Impedir que a fofoca se espalhe, calando na hora certa.

· Ser humilde e acreditar que colhemos o que plantamos.

· Acreditar que tudo tem um tempo certo para acontecer, diante do merecimento de cada um.

· Sermos gratos sempre, porque o nosso irmão sempre tem algo de bom a nos oferecer.

· Refletir sobre a forma que as nossas atitudes repercutem sobre o nosso próximo, pensar antes de agir.

· Investir para que todos os umbandistas se respeitem mutuamente, porque a vaidade destrói toda edificação.

· Entender que as palavras confortam, mas são as atitudes que determinam a mudança efetiva em benefício do próximo.

· Acolher a todos, sem distinção, mesmo aqueles que não simpatizamos.

· Ter humildade para admitir os nossos erros.

· Considerar o nosso próximo e participar-lhe as nossas insatisfações para com ele, visando a união que constrói.

· Ao falar de amor e caridade, que a nossa consciência alcance o nosso coração e se certifique do tamanho do amor que realmente nutrimos pelos nossos semelhantes.

Que os nossos Guias continuem juntos a nós, através da mediunidade, através dos sentimentos e ações que edificam o propósito maior da Umbanda: Fazer a caridade, todos nós espíritos em evolução.

Do livro "Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo"



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26/03/2015

Orixá Ancestral e de Frente


Orixá Ancestral e de Frente


Ouvimos sempre perguntas a respeito do que seja Orixá Ancestral, de Cabeça, de Frente, Adjunto. São muitas as denominações e explicações, muitas vezes, de difícil entendimento.

O lema da Umbanda que praticamos é sempre a simplicidade, não confundir com o simplório, mas entender de forma simplificada o que, talvez, não estejamos ainda preparados para entender em sua plenitude e essência.

O que a espiritualidade que nos assiste nos informa e que somos capazes de entender é o seguinte, para que principalmente os médiuns da nossa Casa, da Tenda de Umbanda Luz e Caridade – Tulca, tenham um conceito sobre Orixás Regentes de Coroa mais próximo da nossa doutrina:

Os Orixás Ancestrais são os que chamamos de Pai e Mãe de Cabeça, ou Pai e Mãe Orixás. É o casal Orixá cuja essência, qualidade divina, herdamos em alguns traços da nossa personalidade, que nos direcionam e sustentam em toda a nossa existência como ser encarnado e desencarnado. É como a marca do DNA no corpo biológico, sendo uma característica interna de toda a existência espiritual. Fique bem claro que as características negativas de personalidade nunca são dos Orixás e sim do encarnado que usa o seu livre arbítrio.

Entendemos Orixás de Cabeça porque eles regem o nosso campo mental, campo das ideias e pensamentos. Exemplo: O encarnado que tem o Orixá Ogum como seu Orixá de Cabeça ou Ancestral, terá sempre a Centelha Divina da Lei e da Ordem em seu inconsciente. E por que inconsciente? Porque o inconsciente é a instância psíquica onde reside todo o arquivo mental, de todas as vidas, sendo o condutor mestre de todas as ações e reações do indivíduo.

Então, a essência Orixá está lá bem guardadinha no inconsciente. Acontece que a pessoa pode seguir fielmente as virtudes dos seus Orixás, no caso do nosso exemplo do Orixá Ogum e pode também não seguir e se tornar uma pessoa contrária à Lei e à Ordem, ser em ações contrária à sua essência divina e isto causará um grande desequilíbrio em sua estrutura emocional, por exemplo: uma pessoa corrupta filha de Ogum, estará sempre com um "peso na consciência", porque estará contrária à sua essência, aos seus reais valores internos. Este é apenas um exemplo, grosso modo, para que possamos entender.

Importante salientar, que a Energia Primeira do Criador representada na Umbanda por Pai Oxalá, também está presente na coroa de todos os filhos, ao "lado" da vibração dos Pais Ancestrais. Imaginemos, grosso modo, sobre a nossa cabeça e onde reside o chakra coronário a nível perispiritual, imaginemos três feixes de luzes, uma na cor branca que vem de Pai Oxalá e as outras duas nas cores do nosso casal de Orixás Ancestrais ou Pai e Mãe de Cabeça. Acontece que o filho pode ter, por afinidade que ainda não sabemos definir, pode ter mais presente o feixe de luz branca em seu Ori, a energia de Pai Oxalá se sobrepõe aos seus dois Orixás Ancestrais, mas isto não quer dizer que ele seja filho apenas de Pai Oxalá. Então, na nossa Casa, todos são filhos de Pai Oxalá.

Para simplificar, usamos o termo Força Orixá. Temos na nossa Casa sete forças Orixás que formam a Coroa Espiritual dos filhos: Oxalá é a primeira força, o casal de Orixás Ancestrais é a segunda força e da terceira à sétima força são os Orixás de Frente e Adjuntos.

E o que seriam então Orixás de Frente e Adjuntos? É um par de Orixás, não necessariamente um casal, sendo que estes direcionam apenas a encarnação presente. O Orixá de Frente está mais presente e evidente do que o Adjunto, que o auxilia em um segundo plano, sempre com o principal objetivo de fornecer o equilíbrio energético, a fim de harmonizar ao máximo o indivíduo, considerando o ser humano em sua forma holística. Ressaltamos que o Orixá de Frente pode ser também um dos Orixás Ancestrais ou ambos. Ressaltamos também que por serem cinco os Orixás de Frente e Adjuntos, pois como vimos acima, Oxalá e os Ancestrais ocupam as primeiras e segundas Forças Orixás respectivamente e estamos nos referindo às sete Forças Orixás, então ressaltamos que o Orixá de Frente que está na “última” posição, ou a quinta, faz par com o Adjunto anterior. Se você entendeu o nosso raciocínio, deve estar se perguntando: “Então eu tenho três Orixás de Frente?” Ao que te respondemos: Sim, você tem! Só que apenas um é o dominante, o mais evidente, de acordo com a sua maior necessidade atual.

Basicamente à frente do indivíduo estão todos os Orixás, que harmoniosamente interagem e se completam para auxiliá-lo em determinados momentos da sua vida. Exemplo: uma pessoa reprimida em suas emoções estará à sua frente, pela misericórdia Divina, a Orixá Iansã para proporcionar o dinamismo e o extravasamento destas emoções contidas.

É por isto que costumam dizer, erradamente apenas na denominação, que os Orixás “brigam” pela coroa do filho, termo este inconcebível a um Orixá. Eles não brigam, apenas estão ali porque o filho está precisando das suas vibrações energéticas naquele momento, em outro momento o filho poderá estar precisando de outro tipo de energia para restabelecimento do seu equilíbrio, daí a constatação pelo sensitivo de mais de um Orixá de Frente. Ou então em um momento visualizar um Orixá e em outro momento visualizar outro. O dinamismo entre as vibrações Orixás a frente do indivíduo se faz necessário para o equilíbrio energético, físico e emocional do encarnado.

Enfim, Orixás Ancestrais estão na nossa essência energética, são a nossa característica básica de personalidade que nos acompanham pela eternidade, um é mais dominante a quem chamamos de Orixá Regente da nossa Coroa, o outro menos dominante, mas igualmente importante, a quem chamamos de Orixá Co-regente da nossa Coroa; em contrapartida, os Orixás de Frente ao “lado” dos seus Adjuntos se fazem presentes diante da necessidade momentânea do filho, estão presentes também de acordo com o seu compromisso reencarnatório.

Daí a importância de não se ter preferência nem fanatismo por nenhum Orixá, todos são importantes e essenciais na nossa vida. Devemos agradecer sempre a todos eles, com muita fé, amor e respeito.

Do livro Umbanda Luz e Caridade - Ednay Melo



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20/03/2015

Histórico das Colônias Espirituais


A revelação sobre a existência das Colônias Espirituais e de sua organização tem sido constante e progressiva. O homem sempre procurou desvendar os mistérios do Além. Para onde vão as almas depois da morte? Tudo se acaba no túmulo? Os mortos ressuscitarão para o Juízo Final? O mundo acabará um dia? E as diversas religiões tentam dar respostas, mas estas não satisfazem os anseios da Humanidade.

Os povos primitivos, em geral, mesmo os mais atrasados, consideravam a morte como uma passagem a outro estágio. Na América, o culto dos mortos era pomposo. Os parentes e amigos acompanhavam o cadáver, colocando-lhe, sobre a sepultura, as coisas de que, achavam, o morto teria mais necessidade no Outro Mundo, como, por exemplo, alimentos, armas, adornos etc, para que o Espírito, segundo acreditavam, não sentisse falta de coisa nenhuma durante a longa viagem. Neste particular, seu rito assemelhava-se ao egípcio.

Os ameríndios tinham grande respeito aos mortos, acreditando que deles dependiam as atribulações ou alegrias da comunidade. Os tupi-guaranis sabiam que os Espíritos feridos em seu amor-próprio podiam trazer à tribo toda sorte de calamidades. No México, os Espíritos são cercados de especiais cuidados entre os tarahumaras. Em Monografia de los Tarahumaras, do ilustrado antropólogo mexicano Carlos Bassauri, há uma referência às suas tradições:

Existe grande temor pelos mortos, pois ainda que não voltem na forma indicada, podem causar malefícios, enfermidades etc., para fazer que seus familiares ou amigos morram também e se reunam a eles. Por esse motivo, geralmente os familiares abandonam a casa em que ocorreu a morte e, em certas ocasiões, até a destroem.

Quando morre um índio, apresenta-se o cueruame (médico ou feiticeiro) e dirige a palavra "ao Espírito, recomendando-lhe que siga, tranquilamente, seu caminho e não volte a incomodar os que ainda permanecem na Terra, prometendo-lhe que o vão prover de tudo quanto é necessário para a viagem ao céu".

Em conclusão, os romanos, os chineses, os gregos, os sabinos, os quíchuas, os aymaras, todos os povos da Antiguidade, rendiam culto aos seus mortos. E, portanto, a crença na imortalidade da alma e na existência de um Mundo Espiritual é uma ideia universal.

1 - Os Egípcios e Suas Ideias Sobre Uma Outra Vida

A crença na sobrevivência do Espírito e no Mundo Espiritual desempenhou importante papel na cultura dos egípcios. As ideias deste povo sobre a vida após a morte atingiram seu completo desenvolvimento no período final do Médio Império (2.100 -1.788 a.C.) antes que a corrupção do clero e a superstição levassem a religião egípcia à degradação.

A concepção dos egípcios sobre a vida além-túmulo passou por diversas fases, até atingir seu nível mais elevado. A princípio, pensava-se que o morto continuasse sua existência na tumba e, para assegurar-lhe a imortalidade, o corpo tinha de contar com uma provisão de alimentos e de outras coisas essenciais à vida. Homens ricos deixavam largas doações aos sacerdotes, a fim de que estes se encarregassem de fornecer sustento às múmias, enquanto durassem esses fundos.

Com o amadurecimento da Teologia, foi adotada uma concepção menos ingênua da vida extraterrena. Acreditava-se, então, que os mortos deveriam comparecer diante de Osíris(deus dos egípcios, dispensador da imortalidade e juiz dos mortos) e serem julgados de acordo com suas ações na Terra. O processo desse julgamento compreenderia três estágios. No primeiro, exigia-se que o morto declarasse que era inocente de 42 pecados, entre os quais, do homicídio, do furto, da mentira, da cobiça, do adultério, da blasfêmia, da ira, do orgulho e da desonestidade em transações comerciais.


Após desonerar-se destes pecados, o morto, como segundo estágio, deveria enumerar suas virtudes: que dera pão aos famintos, água aos sedentos, vestira os despidos e dera condução a quem não possuía barco. No terceiro e último estágio, o coração do réu era colocado numa balança em face de uma pena, símbolo da verdade, para examinar a exatidão do que afirmara, pois, de acordo com a concepção egípcia, o coração representava a consciência, que denunciaria o falso testemunho.

Assim, todos os mortos que passassem por essas provas seriam encaminhados a um reino celestial de gozos físicos e prazeres simples. Aí, em regiões alagadiças, cheias de lótus e nenúfares, caçariam gansos selvagens e os abateriam com interminável sucesso. Ou, então, construiriam casas no meio de pomares com frutos deliciosos, em safras sempre abundantes. Navegariam em lagos repletos de lírios e se banhariam em lagoas de água brilhante.

Encontrariam, também, florestas habitadas por pássaros canoros e, por toda parte, criaturas gentis. Por outro lado, os infelizes cujos corações revelassem vidas viciosas eram condenados à fome e à sede perpétuas num lugar escuro, para sempre privados da gloriosa luz de Re (deus dos vivos, defensor do bem e do mundo).

2 - Zoroastro - O Fundador do Zoroastrismo

O Zoroastrismo, religião dos persas fundada por Zoroastro(é uma corruptela grega do nome persa Zarathrusta), cujas raízes remontam ao século XV a. C., esboçou uma noção vaga da vida além-túmulo, deturpada pelas ideias de ressurreição, juízo final e fim de mundo.

Pregava a imortalidade da alma, mas dizia, erroneamente, que, no fim do mundo, os mortos se ergueriam das tumbas para serem julgados, segundo seus merecimentos. Os justos entrariam no gozo imediato da bem-aventurança, enquanto os maus seriam lançados às chamas do inferno; porém, no fim, todos se salvariam, pois o inferno persa não durava para sempre.

O Zoroastrismo era uma religião ética. Paradoxalmente à ideia mística de predestinação, de que alguns foram eleitos desde o começo dos tempos para serem salvos, em sua essência permanecia a convicção de que o Homem possuía o livre-arbítrio, de que era livre para praticar atos bons ou maus. De acordo com a sua conduta na Terra, seria recompensado ou punido na vida futura.

A religião zoroástrica condenava o orgulho, a gula, a indolência, a cobiça, a ira, a luxúria, o adultério, o aborto, a calúnia, a dissipação, o ascetismo, o acúmulo de riqueza e a prática da agiotagem com alguém da mesma religião.

O Zoroastrismo tem significado especial por ser, talvez, a primeira religião revelada no mundo ocidental. O seu preceito áureo consistia no seguinte: Só é bom aquele que não faz a outro o que não for bom para si mesmo.

Apesar de todas as suas falhas, o Zoroastrismo preparou o Homem para o Cristianismo através, principalmente, de seus conceitos da outra vida, do conflito entre o Bem e o Mal e outros mais.

3 - Sócrates e Platão - Precursores do Cristianismo e do Espiritismo

Sócrates nasceu em Atenas, em 469 a.C., de família humilde, sendo seu pai um escultor e sua mãe, uma parteira. Tornou-se filósofo por sua própria conta e logo arregimentou um grande número de admiradores, entre os quais se incluía o jovem aristocrata Platão.
Sócrates nada escreveu. O que sabemos de seus ensinamentos devemos ao seu mais famoso discípulo: - Platão.

Platão nasceu em Atenas, em 427 a.C., filho de pais nobres. Seu verdadeiro nome era Arístócles, sendo Platão um apelido dado, segundo se supõe, por um dos seus mestres, por causa dos seus ombros largos. Juntou-se ao círculo de Sócrates quando tinha vinte anos de idade e dele só se afastou após a trágica morte do mestre.

Platão desenvolveu a filosofia das ideias originárias da Filosofia Socrática, concluindo (. . .) que a relatividade e a mudança constante são características do mundo das coisas físicas, do mundo que percebemos com nossos sentidos. Negava, porém, que esse mundo constituísse todo o Universo. Há um reino mais alto e espiritual, composto de formas eternas ou ideias, que só a mente pode conceber. Não são, porém, meras abstrações criadas pelo Homem, mas sim entes espirituais.

Cada uma delas é o arquétipo ou modelo de certa classe especial de objetos ou de relações entre objetos da Terra. Há, porém, ideias de homem, de árvore, de forma, de tamanho, cor, proporção, de beleza e justiça. A mais alta de todas é a Ideia do Bem, que é a causa ativa e a finalidade orientadora de todo o Universo. As coisas que percebemos por meio de nossos sentidos são apenas cópias imperfeitas das realidades supremas - as Ideias (História da Civilização Ocidental, de Edward McNall Burns).

Assim como acreditavam nos entes espirituais, Sócrates e Platão propalavam a existência de um Mundo Invisível, em que os desencarnados descansavam nos intervalos das encarnações, após o estado natural de perturbação por que passavam. Eis, em resumo, a sua doutrina:

Após a nossa morte, o gênio (daimon, dêmon)(nome dado antigamente aos nossos Espíritos mentores. Não tinha o mesmo significado de hoje) que nos havia sido designado durante a vida nos leva a um lugar onde se reúnem todos que devem ser conduzidos ao Hades (Na mitologia grega, deus do reino dos mortos, os Infernos. Frequentemente designado com o cognome de Plutão pelos latinos), para o julgamento. As almas, depois de permanecerem no Hades o tempo necessário, são reconduzidas a esta vida, por numerosos e longos períodos (O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec)

Segundo Sócrates, as pessoas que viveram na Terra, encontram-se depois da morte e se reconhecem. Por haverem professado esses princípios, Sócrates e Platão foram ridicularizados pela sociedade da época da mesma forma como o foram os médiuns e espíritas.
Sócrates, além de perseguido, foi acusado de impiedade e condenado a beber cicuta.

4 - Jesus - O Cristo

Jesus de Nazaré, nascido numa cidadezinha da Judéia e executado aos 33 anos de idade, durante o reinado de Tibério, pregou, com eloquência, em defesa dos pobres e oprimidos, denunciou a impostura e a cobiça e proclamou a imortalidade da alma e a reencarnação. Com ele, teve início a Era Cristã. Sua missão durou pouco tempo, cerca de três anos; entretanto a força de seus ensinamentos teve tal repercussão que abalou o Império Romano.

Jesus, o Cristo, médium de Deus, revelou que o Universo compreende as estâncias de socorro onde as almas que ainda têm a expiar adquirem novas forças e repousam das fadigas de cada encarnação. E ele nos disse: Há muitas moradas na casa de meu pai. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito; pois vou preparar o lugar.

Logo após a morte de Jesus, seus discípulos desanimaram, julgando que estivesse tudo acabado. Esses sentimentos, porém, não tardaram a renascer. Recobraram a coragem e saíram a pregar a palavra do Mestre que, posteriormente, foi escrita nos diversos Evangelhos, dos quais apenas quatro foram insertos no Novo Testamento após sofrerem profundas alterações. Em conclusão, os ensinamentos básicos se resumiram nos seguintes:

1° - A fraternidade dos homens sob um Deus Pai.
2°- - Seu preceito áureo: assim como quereis que vos façam os homens, assim fazei vós a eles.
3° - O perdão e o amor dos inimigos.
4° - A condenação da hipocrisia e da cobiça.
5° - A oposição ao cerimonialismo como essência da religião.
6° - A imortalidade da alma.
7° - A existência de uma vida futura.
8° - A reencarnação.

Desde que Jesus deu por encerrada sua missão na Terra até nossos dias, em diversas épocas, em diversos locais e através de diversos médiuns, numerosas mensagens dos Espíritos são transmitidas com informações contínuas e progressivas, sobre a vida espiritual, ratificando e ampliando o que Jesus dissera a seus discípulos. Além disso, os Mensageiros do Espaço têm-se empenhado em nos instruir de maneira mais simples e objetiva, a fim de que se desfaça o aspecto místico em que são envolvidas as revelações oriundas do Plano Espiritual.

5 - Dante Alighieri - O Visionário

Dante Alighieri, italiano reencarnado em 1265 e desencarnado em 1321, afirmou que visitara os Mundos Invisíveis, e registrou suas experiências em um poema épico intitulado Divina Comédia. Na verdade, ele fantasiou um pouco as suas revelações, mas, também, há muita coerência em determinados aspectos.

Dos seus desdobramentos ao Mundo Espiritual e dos fatos que afirma ter presenciado, Dante Ali­ghieri descreveu o Mundo Invisível de acordo com as ideias teologais da Idade Média, certamente in­fluenciado pelos preconceitos da época e temeroso das pressões que sofreria por contrariar os dogmas católicos. Dessa forma, dividiu o Além-Túmulo em Paraíso, Purgatório e Inferno, querendo significar as faixas vibratórias mais ou menos densas em que se encontram as Colónias Espirituais.

Léon Denis, no seu livro No Invisível, afirma que Dante Alighieri foi um médium incomparável e a Divina Comédia, sua famosa obra, uma peregrinação através dos Mundos Invisíveis. Esclarece Léon Denis que Ozanã, autor católico que analisou a obra de Dante Alighieri, reconheceu que o seu plano seria todo calcado nas grandes linhas traçadas pelos iniciados nos mistérios antigos, cujo princípio era a comunhão com o alto.

6 - Emmanuel Swedenborg - Um dos Teósofos do Culto ao Oculto

Passa o tempo e, no século XVIII, outras revelações são feitas por intermédio de um sueco, considerado o homem mais culto de sua época: Emmanuel Swedenborg, encarnado em Estocolmo (1688) e desencarnado em Londres (1772). Destacou-se em todas as ciências, sobretudo na Teologia, na Mecânica, na Física e na Metalurgia. Os reis o chamavam para os seus Conselhos.

A rainha Ulrica o fez nobre e ele ocupou os mais elevados postos, com distinção, até 1743, época em que teve a primeira de inúmeras revelações espirituais. Médium vidente desde a infância, psicógrafo e intuitivo, a partir de então, teve suas visões do Mundo dos Espíritos ampliadas. Pelo conteúdo dos 29 volumes que escreveu é considerado um dos precursores do Espiritismo.

Muitos estudiosos, atualmente, reconhecem que os conceitos swedenborguianos estavam séculos à frente de sua época. Sua extensa obra exigiu tradutores hábeis em virtude de sua erudição. Com a idade de 22 anos, Swedenborg publicou um volume de versos latinos. Filosofia, Teologia e Literatura atraíram-lhe tanto quanto a Engenharia e as Ciências Naturais. E sabido que a sua mente ultrapassou a capacidade daquela sociedade que foi sua contemporânea e, ao mesmo tempo em que era altamente respeitado por sua cultura, a lentidão própria dos órgãos do governo, na adoção de suas idéias, deve tê-lo sufocado.


A sua vida adulta pode ser dividida em duas etapas: a primeira foi devotada aos estudos científicos, com forte orientação para a Medicina e a Fisiologia; a segunda, a uma investigação em busca de conhecimentos sobre a alma humana relacionada com Deus e o Universo numa estrutura de idéias cristãs.

As pesquisas espirituais que realizou foram de tal importância que seus resultados provocaram a irritação do filósofo alemão Immanuel Kant. Este, por tentar desenvolver um trabalho semelhante ao de Swedenborg e não o conseguir com a mesma objetividade, publicou um livro em que tece comentários desdenhosos e zombeteiros sobre o próprio Swedenborg e o conteúdo de sua obra. Mais tarde, reconhecendo o valor de Swedenborg, Kant, praticamente, retratou-se, ministrando uma série de aulas, provavelmente no ano de 1774, que continha, em síntese, os conceitos de Swedenborg sobre a alma humana e o Mundo Espiritual.

Swedenborg foi o primeiro a complementar o ensino de Jesus, com certa objetividade, informando-nos... (. . .) que o Universo se compõe de esferas diferentes, com vários graus de luminosidade e felicidade, e que essas esferas nos servirão de morada depois da morte na Terra, de conformidade com as condições espirituais que aqui tenhamos conseguido. Nesses mundos, seremos julgados, automaticamente, por uma Lei espiritual, de acordo com o que houvermos realizado na Terra.

E ele declara textualmente:- Pelas coisas que vi durante tantos anos, posso fazer as declarações seguintes: no Mundo Espiritual há Terras como no Mundo Natural (denominação referente ao mundo material), há Planícies e Vales, Montanhas e Colinas, e também Fontes e Rios; há Paraísos, Jardins, Bosques e Florestas; há Cidades, e nestas cidades Palácios e Casas; há Escritos e Livros; há Funções e Comércio; há Ouro, Prata e Pedras Preciosas; em uma palavra, há, tanto em geral como em particular, todas as coisas que estão no mundo natural, mas estas cousas nos Céus são imensamente mais perfeitas. (A Verdadeira Religião Cristã, de Swedenborg).

E preciso que se saiba que o Mundo Espiritual na aparência externa é absolutamente semelhante ao Mundo natural; aí aparecem terras, montanhas, colinas, vales, planícies, campos, lagos, rios, fontes, como no Mundo natural; assim todas as cousas que são do Reino mineral; aí aparecem também paraísos, jardins, bosques, florestas, nas quais há árvores e arbustos de todo o gênero com frutos e sementes, e também plantas, flores, ervas e grama; assim todas as cousas que são do Reino vegetal; aí aparecem animais voláteis e de todo o gênero; assim todas as cousas que são do Reino animal; (. . .) (Sabedoria Angélica, de Swedenborg)

Como se vê, Swedenborg registra informações sobre as Colônias Espirituais em vários trechos das suas obras; seria, até, cansativo reproduzi-las totalmente. Entretanto, só por essas transcrições, tem-se uma idéia de quanto o médium sueco desvendou para nós do Mundo dos Espíritos, mesmo reconhecendo a sua tendência mística. Os Espíritos continuaram a transmitir uma série de fatos sobre o assunto. Nos séculas XIX e XX, mensagens do mesmo teor se multiplicaram.


7 - Allan Kardec - o Codificador da Doutrina Espírita

Foi a 3 de outubro de 1804 que nasceu, numa antiga família de Lião, na França, Denizard Hippolyte Léon Rivail. Discípulo de Pestalozzi desde criança, veio, mais tarde, a seguir as pegadas do mestre. Publicou numerosos livros didáticos, apresentou planos, métodos e projetos referentes à reforma do ensino francês. Dedicou-se ao magnetismo por vários anos até conhecer os fenômenos das mesas girantes que o levaram a realizar a sua missão de Codificador da Doutrina Espírita.

Allan Kardec desencarnou a 31 de março de 1869. A 18 de abril de 1857, Allan Kardec lançou O Livro dos Espíritos, cujo capítulo VI, do Livro Segundo (perguntas 223 a 236), é dedicado ao esclarecimento do que são espíritos errantes, erraticidade e mundos transitórios. Colaboraram nessas informações os Espíritos Mozart, Chopin e o chamado em vida Santo Agostinho, as quais são em síntese:

— no intervalo das encarnações, a alma se torna um Espírito errante; só não se tornam errantes os Espíritos puros, por se encontrarem num estado definitivo;
— há Espíritos errantes dos mais variados graus;
— enquanto errantes, os Espíritos progridem, observam os lugares que percorrem, instruem-se, analisam os erros e acertos do passado e se preparam para novas experiências na existência corpórea;
— a situação do Espírito errante no Além será determinada por sua vida no Aquém, e ele pertencerá a um mundo do mesmo grau de sua elevação, embora lhe sejam permitidas visitas a mundo superiores como modo de aprendizagem;
— é nas Colônias Espirituais, espécies de acampamento, que o Espírito errante habita nos intervalos das encarnações a fim de repousar e aprender.

Na Revista Espírita de agosto de 1858, Allan Kardec trata sobre as habitações em Júpiter, num mundo invisível aos olhos humanos evidentemente, onde se dizia encontrar o Espírito Mozart. Sobre o assunto, declara o Codificador: Para certas pessoas convencidas da existência do Espírito - e aqui não cogito de outras - deve ser motivo de espanto que, como nós, os Espíritos tenham suas habitações e as suas cidades. Não me pouparam críticas; "Casas de Espíritos em Júpiter? . . . Que piada ! . . ."

Ressalvando não ser a arquitetura do Mundo Espiritual a principal preocupação de seus estudos e objeto principal da Doutrina Espírita, também não se é de desprezar o fenômeno de sua reprodução pelo jovem médium desenhista Victorien Sardou (dramaturgo francês - Paris 1831, colocou a engenhosidade técnica a serviço de tendências novas, da comédia burguesa ao drama histórico), que ele considera um distinto e honrado escritor.

Victorien Sardou, médium psicógrafo que trabalhou com Allan Kardec, foi instrumento na elaboração de lindos quadros de autoria de diversos Espíritos. Foi membro da Academia Francesa e um dos mais fecundos autores teatrais franceses. Afirmava Victorien Sardou que, como médium, recebeu mensagens de Mozart e Pallissy e que lhe foi dito que (. . .) os habitantes de Júpiter têm seus lares comuns e suas famílias, grupos harmoniosos de Espíritos simpáticos, unidos no triunfo, após o terem sido na luta. Daí as moradas tão espaçosas que merecem exatamente o nome de "palácios". Ainda como nós, os Espíritos têm suas festas, suas cerimônias, suas reuniões públicas; daí certos edifícios destinados especialmente a essas finalidades.

Fala ele de animais que designa de seres bizarros. Tais criaturas ocupam os níveis inferiores da escala evolutiva. De acordo com informações de Pallissy, as famílias espíritas são sempre acompanhadas por cortejo de animais. Um reino vegetal bem exótico também está presente nos desenhos recebidos por Victorien Sardou que foram reproduzidos na Revista Espírita, de Allan Kardec. Em palestras familiares, Bernard Pallissy, o célebre oleiro do século XVII, descreveu a vida em outros mundos, principalmente no planeta Júpiter: seus moradores, estado moral etc. E ainda que o desenho seja fruto de uma fantasia, o simples fato de sua execução por alguém que não sabia desenhar, já seria, segundo Allan Kardec, um fenômeno digno de atenção.

Em O Céu e o Inferno, um dos livros da Codificação publicado por Allan Kardec em 1865, os Espíritos comunicantes ratificam o que foi dito a respeito da situação do Espírito desencarnado no Além. Este é o livro das esperanças e consolações que tem por objetivo desfazer a idéia de Céu, Inferno e Purgatório, implantada na mente do Homem pelas religiões dogmáticas.

O temor da morte é um sentimento natural, consequência do instinto de conservação que a Sabedoria Divina concedeu a todas as criaturas. É muito raro que alguém esteja preparado para morrer. A Humanidade, principalmente a Ocidental, ouve falar da morte como um fato aterrador, através de expressões como: a morte ceifou-lhe a existência, findou-se uma vida no verdor dos anos, a morte arrebatou-lhe um ente querido, dando uma idéia de que a morte é um acontecimento terrível, como se os indivíduos fossem retirados do convívio dos semelhantes e reduzidos a nada.

Diante destes condicionamentos a respeito do morrer, o desespero, muitas vezes, toma conta dos entes que ficaram na Terra, e a ignorância não os deixa ver que houve, apenas, uma separação temporária. Entretanto, em muitos casos, esse é um sentimento necessário. De acordo com os ensinos dos Espíritos...

À proporção que o Homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; uma vez esclarecida a sua missão terrena, aguarda-lhe o fim, calma, resignada e serenamente. (O Céu e o Inferno - cap. II, Allan Kardec) Os Espíritos desencarnados mais esclarecidos, então, assumem a tarefa de orientar encarnados e recém-desencarnados. Temos, como exemplo, a mensagem da viúva Foulon, ex-senhora Wollis, falecida em Antibes a 3 de fevereiro de 1865, recebida mediunicamente cinco dias após o féretro:

-P. Descreva-nos agora a transição, o despertar e as primeiras impressões que aí recebeu.
-R. Eu sofri, mas o Espírito sobrepujou o sofrimento material que o desprendimento em si lhe acordava. Depois do último alento, encontrei-me como que em desmaio, sem consciência do meu estado, não pensando em coisa nenhuma, numa vaga sonolência que não era bem sono do corpo nem o despertar da alma. Assim fiquei longo tempo, e depois, como se saísse de prolongada síncope, lentamente despertei no meio de irmãos que não conhecia. Eles prodigalizavam-me cuidados e carícias, ao mesmo tempo que me mostravam no Espaço um ponto semelhante a uma estrela, dizendo: "E para ali que vai conosco, pois já não pertence mais à Terra."

Então recordei-me; e apoiada neles, como um grupo gracioso que se lança para as esferas na certeza de aí achar a felicidade, subimos, subimos, à proporção que a estrela se engrandecia (...). Era um mundo feliz, um centro superior no qual a sua amiga vai repousar. Quando digo repouso, quero referir-me às fadigas corporais que amarguei, às contingência da vida terrestre, não à indolência do Espírito, pois que este tem na atividade uma fonte de gozos.(O Céu e o Inferno, de Allan Kardec).

Outra mensagem esclarecedora, inserida na mesma obra e que dá uma visão ampla do Mundo Espiritual, é a da condessa Paula, dada originariamente em alemão a um parente, doze anos após a sua desencarnação. Bela, jovem, rica, de estirpe ilustre e possuidora de boas qualidades morais e intelectuais, desencarnou aos 36 anos de idade, em 1851. Da sua comunicação constam os seguintes tópicos:

Tem razão, meu amigo, em pensar que eu sou feliz. Assim é efetivamente e mais ainda do que a linguagem pode exprimir, conquanto longe do seu último grau. (...) Esplêndidas festas terrenas em que se ostentam os mais ricos paramentos, o que são elas comparadas a estas assembléias de Espíritos resplandescentes de brilho que a vossa vista não suportaria, brilho que é o apanágio da sua pureza? Os vossos palácios de dourados salões, que são eles comparados a estas moradas aéreas, vastas regiões do Espaço matizadas de cores que obumbrariam o arco-íris?

(...) E como são monótonos os vossos concertos mais harmoniosos em relação à suave melodia que faz vibrar os fluidos do éter e todas as fibras d 'alma! As ocupações, ainda que isentas de fadiga, se revestem de perspectivas e emoções variáveis e incessantes, pêlos mil incidentes que lhes filiam. Tem cada um sua missão a cumprir, seus protegidos a velar, amigos terrenos a visitar, mecanismos na Natureza a dirigir, almas sofredoras a consolar, e é o vaivém não de uma rua a outra, porém, de um a outro mundo; reunindo-nos, separando-nos para novamente nos juntarmos; e, reunidos em certo ponto, comunicamo-nos o trabalho realizado, felicitando-nos pelos êxitos obtidos; ajustamo-nos, mutuamente nos assistimos nos casos difíceis.


Finalmente, asseguro que ninguém tem tempo para enfadar-se, por um segundo que seja. Estas mensagens, embora enviadas por Espíritos diferentes, completam-se, sendo uma continuação da outra. Enquanto a primeira revela o momento da morte até o socorrro recebido, a segunda trata de um estádio mais elevado em que o Espírito já participou, ativamente, de tarefas nas Comunidades Espirituais.

Assim, Allan Kardec, hábil pesquisador, preocupou-se, também, com a vida de relação no Além-Túmulo. Percebeu que as informações dos Espíritos viúva Foulon e condessa Paula continham importantes notícias para a humanidade encarnada e as publicou como complementação do que já houveram dito os Espíritos em O Livro dos Espíritos, a respeito dos Mundos Transitórios.

Enfim, com Allan Kardec, é retirado, totalmente, o véu do misticismo que envolvia tão polêmico assunto. A existência do Mundo Espiritual em seus diversos aspectos é revelada com toda objetividade.

8 - Obras Complementares do Espiritismo

Obras posteriores continuaram a revelar a vida além-túmulo. É valiosíssima a contribuição de sábios e cientistas que se interessaram pelo Espiritismo e começaram a pesquisar o assunto. Através da observação direta ou coleta de informações de diversos médiuns e pesquisadores, publicaram trabalhos em que Espíritos transmitem conceitos e princípios sobre a vida espiritual, quase com as mesmas palavras, embora por diferentes intermediários.

Antes de Allan Kardec publicar O Céu e o Inferno, obra em que se inserem alguns episódios vivenciados por Espíritos errantes, mensagens do mesmo teor já se encontravam em circulação pela Europa e Estados Unidos. A obra intitulada Letters and Tracts on Spiritualism, de autoria do juiz John Worth Edmonds, um dos mais influentes espiritualistas norte-americanos, condensava artigos e monografias publicadas de 1854 a 1874 a respeito da vida após a morte. Atualmente, a bibliografia que trata desse assunto é vastíssima e, provavelmente, muito ainda pode ser dito.

Diversos aspectos sobre a vida no Mundo Espiritual são descritos pelo Espírito André Luiz que, por esse motivo, ficou conhecido, no Movimento Espírita Brasileiro, como O Repórter do Espaço. Através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, ele nos legou uma série de publicações que teve início com a obra Nosso Lar, e é o trabalho mais abrangente e minucioso de informações sobre o funcionamento das Colônias Espirituais.

André Luiz relata a sua trajetória no Mundo Espiritual, a partir da desencarnação, em etapas graduais de aprendizagem, baseado nas próprias experiências e no que afirma ter observado da vida nos Mundos Transitórios. Nosso Lar é, apenas, um exemplo das incontáveis Cidades Espirituais que os Espíritos têm citado em suas mensagens.

De tudo que nos tem sido transmitido pelos mais diferentes Espíritos, conclusões são tiradas a respeito das Colônias Espirituais. Temos, por exemplo, além das obras de Francisco Cândido Xavier, as dos médiuns Yvonne A. Pereira, Divaldo Pereira Franco, Zilda Gama, Elsa Barker, Isaltino Barbosa, George Vale Owen e muitos outros entre brasileiros e estrangeiros.

Apesar de algumas contradições que, porventura, apresentem, geralmente as mesmas idéias e informações se repetem nas comunicações, obedecendo a uma relativa concordância. As pequenas ou grandes diferenças ficam por conta do nível evolutivo e da vivência de cada Espírito comunicante ou da interferência do médium.

Lúcia Loureiro








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05/03/2015

Como Entrar em Sintonia com os Espíritos Benfeitores?


Espíritos benfeitores

Se a capacidade de entrarmos em relação com o mundo espiritual e os espíritos é um potencial que todos temos, em maior ou menor grau, o que é necessário para entrarmos em sintonia com os guias espirituais, ou seja, com os espíritos benfeitores?
Vejamos o que diz um trecho do capítulo 13, do livro Nos Domínios da Mediunidade, do espírito André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier:

“Em matéria de mediunidade, não nos esqueçamos do pensamento.

Nossa alma vive onde se lhe situa o coração.

Caminharemos, ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for.

A gravitação no campo mental é tão incisiva, quanto na esfera da experiência física.

Servindo ao progresso geral, move-se a alma na glória do bem. Emparedando-se no egoísmo, arrasta-se, em desequilíbrio, sob as trevas do mal. A Lei Divina é o Bem de todos.”

Fica claro que técnica e disciplina não bastam para nos colocar em sintonia com os espíritos benfeitores. Se não vivermos de acordo com a lei do equilíbrio e da harmonia, algo que só é possível desenvolvendo nossa capacidade de amar e tornando-nos mais sábios, a cada dia, não seremos capazes de interagir com os espíritos que já vivem essa realidade que tanto almejamos. Para haver comunicação, deve haver sintonia. Portanto, o fenômeno mediúnico – não importa o grau – ocorrerá sempre em conjunto com o fenômeno anímico, ou seja, conjugado com as qualidades morais e afinidades do médium.

Então, se você quiser receber uma inspiração da parte dos guias espirituais que porventura lhe acompanham, ou sentir a presença dos benfeitores espirituais do centro que você frequenta, você deve, primeiramente, trabalhar para viver, cada vez mais, o mesmo clima interno que eles vivem.

Se você chega no centro, seja para assistir a uma palestra ou dar passes, mas seu estado psicoemocional está desequilibrado, os guias não conseguirão inspirá-lo. O fenômeno telepático, que é a transmissão de ideias, entre você e os guias, não ocorrerá. Ao contrário: talvez consiga, apenas, perceber as formas-pensamento ou energias geradas por sua raiva, medo, arrogância, vaidade... e que estão agregadas à sua aura. Você pode até pensar que é “encosto”, obsessão... mas geralmente não é. É você mesmo mantendo seu desequilíbrio.

Então, o primeiro passo para entrar em contato consciente com os espíritos mais esclarecidos, equilibrados, chamados “espíritos de Luz”, é você acender a Luz dentro da sua consciência. Como? Com autoconhecimento, buscando desvendar, cada vez mais, sua realidade interna..

A mudança de hábitos é fundamental. Se você quer reformar algo que não está bom, não adianta somente conhecer o ambiente e traçar planos. A execução da obra é fundamental, senão a reforma não acontece!

Aliado ao processo de autoconhecimento e reforma íntima, devemos realizar exercícios para o desenvolvimento das nossas faculdades medianímicas. Entre eles, temos as práticas bioenergéticas, a meditação, etc.

Cabe a cada um de nós tirarmos grandes lições para o nosso crescimento, não apenas na teoria ou dependendo de terceiros, mas por conta própria, a fim de servirmos como ferramentas mais úteis ao progresso da humanidade.

Revista Cristã de Espiritismo, edição 137





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01/03/2015

Chico Xavier e a Religião de Umbanda


Chico Xavier e Umbanda



FRANCISCO CÂNDICO XAVIER e a RELIGIÃO DE UMBANDA 
(Registro Histórico) 


Parte da entrevista concedida à jornalista Alcione Reis, editora da Revista Seleções de Umbanda com a presença do Babalorixá Omolubá, recebido com muito carinho pelo médium espírita. Presentes na ocasião, entre outros, o Professor Paulo Garrido, presidente da Fraternidade Espírita Bezerra de Menezes. 


Seleções de Umbanda: A Umbanda e o Espiritismo caminharão juntos na evolução do Brasil?

Chico Xavier: - Acreditamos que todos nós os cristãos estamos caminhando para a vitória do Cristianismo no Brasil.

Seleções de Umbanda: Por que a mediunidade no Brasil é mais do que no resto do mundo? Estará esse fenômeno incluído na evolução do povo brasileiro?

Chico Xavier: - Os espíritos amigos sempre nos informaram que estes fenômenos se devem a características de povo cristão que marca a comunidade brasileira. O espírito do Cristo é profundamente assimilado pela maioria daqueles que nasceram na terra abençoada do Brasil. E por isso mesmo a revelação tem aqui dimensões talvez maiores que em outras partes do mundo até que o espírito de Cristo consiga também ser assimilado no Brasil e até outros países.

Seleções de Umbanda: A seu ver como sente a Umbanda atual?

Chico Xavier: - Eu sempre compreendi a Umbanda como uma comunidade de corações profundamente veiculados a caridade com a benção de Jesus Cristo e nesta base eu sempre devotei ao movimento umbandista no Brasil o máximo de respeito e a maior admiração.

Seleções de Umbanda: Chico, cada religião, traz ou deve trazer algo de verdadeiro que possa contribuir a salvação de seus profientes (o Hinduísmo trouxe o dharma para os Hindus, o Hermetismo a ciência e o poder das forças ocultas, o Orfismo é a religião da beleza para os gregos, o Cristianismo o amor e assim por diante) o que traz de positivo a Umbanda?

Chico Xavier: - A meu ver o movimento de Umbanda no Brasil está igualmente ligado ao espírito de amor do cristianismo. Sem conhecimento de alicerces umbandísticos para formar uma opinião específica eu prefiro acreditar que todos os umbandistas são também grandes cristãos construindo a grandeza da solidariedade cristã no Brasil para a felicidade do mundo.

Seleções de Umbanda: O que você acha do mediunismo na Umbanda através de “caboclos” e “pretos-velhos?”.

Chico Xavier: - Acredito que o mediunismo no movimento de Umbanda é tão respeitável quanto a mediunidade das instituições kardecistas com uma única diferença que eu faria se tivesse um estudo mais completo de Umbanda; é que seria extremamente importante se a mediunidade recebesse a doutrinação do espírita do evangelho com as explicações de Alan Kardec fosse onde até mesmo noutras faixas religiosas que não fosse a Umbanda. Porque a mediunidade esclarecida pela responsabilidade decorrente dos princípios cristãos é sempre um caminho de interpretação com Jesus de qualquer fenômeno mediúnico. 

Cinco horas da manhã do dia 19 de abril de 1976, despedimo-nos de Chico que atendera perto de 2.000 pessoas totalizando assim 18 horas de trabalhos ininterruptos na Comunhão Espírita Cristã de Uberaba. 

- Apareçam amanhã para conversarmos mais. Quero saber das novidades da Guanabara. Foram as últimas palavras, sempre amáveis que ouvimos do médium espírita FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.

Fonte: Templo Umbandista Casa Branca de Omolu





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