março 2019 - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

27/03/2019

Fundamento ou Elemento de Rito?

Fundamento ou Elemento de Rito?

Venho observando através dos anos de prática mediúnica umbandista e de direção de terreiro, a enorme confusão que as pessoas fazem em relação a o que pode ou não ser considerado um terreiro de Umbanda.

Infelizmente, esquecendo-se que a premissa básica é a caridade que se pratica no local, o que determina que seja Umbanda, começam a confundir fundamentos com elementos de rito (ou culto), assim, tal qual senhores da verdade e profundos conhecedores, do que não sei até hoje, rotulam os nossos terreiros de umbanda isso, umbanda aquilo, umbanda aquilo outro, como se tivessem o direito de fazê-lo.

Visando auxiliar na minimização de barbaridades que são ditas é que tenho a ousadia, me perdoem os mais velhos, de escrever esse artigo.

Em primeiro lugar é fundamental estabelecermos algumas premissas básicas para o perfeito entendimento do que estou querendo passar e isso diz respeito a diferenciação do que seja “fundamento” de “elemento de rito”.

Fundamento: é tudo que existe velado, ou não, no terreiro que “fundamenta” e direciona o trabalho. Estabelece as linhas de forças trabalhadas e cultuadas, assim como a missão da Casa. Ou seja, interfere e determina o resultado final dos trabalhos realizados. É estabelecido pelo Alto. Exemplo: firmezas ou pontos de força estabelecidos no Congá.

Elemento de Rito: é tudo que existe, velado ou não, que presente ou não, não interfere no resultado final dos trabalhos e nem na missão da Casa. É estabelecido pelo sacerdote.

Clarificado isso, entro agora no ponto que gostaria de falar. O que determina realmente se um terreiro é de Umbanda?

Acredito que já esteja mais do que claro que Umbanda e Candomblé são religiões distintas que guardam muito mais diferenças do que semelhanças. Já o Omolocô, ou Umbanda traçada, ou umbandomblé, ou seja lá o nome que se queira dar a essa forma diferenciada de religião, é que costuma confundir os médiuns iniciantes.

Citarei alguns exemplos, sempre me referindo a umbanda por ser essa a minha religião, das demais nada entendo e nem me vejo na obrigação de entender, já que sou sacerdotisa de umbanda.

  • Na umbanda o atabaque é elemento de rito, ou seja, a presença ou não do atabaque NÃO interfere no RESULTADO final do trabalho. A gira pode ficar, e fica mesmo, mais alegre, mais “vibrante”, mas o resultado final é o mesmo. As entidades incorporam e fazem seu trabalho da mesma maneira.
  • As roupas (saias rodadas, etc.) são elemento de rito, o fato de serem brancas é que é fundamento, ou seja, se as mulheres trabalham com “baianas” rodadas ou sem roda, ou de jalecos não interfere no resultado final do trabalho. As roupas coloridas podem ser usadas em giras festivas. Vai da preferência do sacerdote.
  • Sacrifício de animal não é fundamento e muito menos elemento de rito da umbanda, entretanto é e tem fundamento em outras religiões.

Digo tudo isso porque o Centro Espiritualista Caboclo Pery - CECP já foi rotulado de “não umbanda” porque tem atabaques e porque eu uso baiana (saia rodada) e ojá (turbante). Óbvio que tudo isso é elemento de rito!

Já foi rotulado de “umbanda branca” e de “fraquinho” porque não faço sacrifício de animais e nem “devolvo trabalhos” ou faço “trabalhos de amarração”. Isso é mais do que fundamento, é respeito ao livre arbítrio!

Outros já disseram que parece uma igreja evangélica porque uso microfone. Vem cantar num terreiro que tem 153m² sem microfone prá ver se você tem voz no meio da gira!!! Ah! O uso do microfone não é fundamento, nem elemento de rito, tá?! E eu sei que Orixá não é surdo, entretanto as pessoas não escutam o que digo e nem o que canto. Bem, eu já fui criticada até por ter ventilador no terreiro!!

Esses simples exemplos servem apenas para ilustrar o que estou querendo dizer, diretamente aos médiuns que estão acostumados a criticar e rotular os terreiros dos outros, pois se acham os donos da verdade e adoram dar “conselhos” aos menos esclarecidos. Ah... Vaidade! Ah... Prepotência!!

É tão fácil e simples saber ou detectar se um terreiro é de umbanda ou não... Há caridade? Não há cobrança por trabalhos, consultas ou passes? Não há sacrifício de animais? Então é umbanda. Fácil, não?

O resto... Bem o resto (quase tudo) é elemento de rito. O que é o “quase tudo”?

Pergunte ao seu dirigente, ele certamente sabe!

No mais, vamos tomando nossos banhos, fazendo nossas orações, pegando nossas guias, as toalhas, vestindo nossa roupa branca e vamos trabalhar porque a umbanda precisa é de médiuns mais preocupados em servir do que de juízes. Não acredita em mim? Então pergunta para qualquer preto velho ou caboclo, porque são eles que fazem um terreiro de umbanda.

Iassan Ayporê Pery





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26/03/2019

Importância do Orixá Regente

Orixás na Umbanda

Qual é a Importância de saber quem é o Orixá regente da coroa do médium?

Um dia desses vi esse debate num grupo e o que mais chamou a atenção foi a divergência entre as opiniões.

Então, vamos lá... Todos nós temos uma coroa regida por todos os Orixás que são associados ao médium, seja conforme prefiram chamar, de orixá de frente, chefe de Coroa, pai de cabeça, seus juntós... enfim... como a prática na sua casa resolva cultuar, afinal não é o que vai mudar a essência da finalidade.

O fato é que saber qual é a ordem da regência na coroa do médium pode ser muito favorável ao próprio médium, quanto ao zelador responsável pelo desenvolvimento espiritual e mediúnico do filho.

Para o zelador, saber a influência sobre seu filho, vai auxiliá-lo na orientação e formação de um ser humano mais equilibrado através das ferramentas que a sabedoria de Umbanda nos oferece.

Para o médium, o entendimento de que ser filho de um determinado Orixá lhe trás a obrigação de desenvolver suas qualidades e policiar e buscar melhorar-se quanto aos aspectos negativos.

Experimente ser um filho de Ogum determinado ao invés de ser um filho briguento ou filha de Iansã motivadora ao invés de ser intempestiva.

E lembre-se sempre que não adianta ter os caminhos abertos por Ogum sem ter a saúde de Omulu ou a prosperidade de Oxóssi ou o amor de Oxum.

Babalorixá Márcio Rogério







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21/03/2019

O Axé da Gratidão

O axé da gratidão




A Gira acaba, todos estão felizes e satisfeitos porque foi um ótimo trabalho e muitos foram ajudados pela “caridade através da incorporação do espírito”. Alguns médiuns, rápido, vão embora, pois ainda têm compromissos, outros também somem instantaneamente, pois estão bem cansados e só pensam em chegar logo em casa. Ainda tem aqueles que ficam sentados, relaxando e conversando, comendo um lanche, pois estão há horas sem comer.

Mas há uns poucos médiuns que, mesmo cansados, com fome, cheios de afazeres em casa, nem bem ouvem as palmas do “salve o fechamento dos trabalhos” e já vão correndo buscar a vassoura, pano, balde e rodo... Para eles, a Gira ainda não acabou!

Todos os momentos do Ritual de Umbanda são sagrados e possuem o seu axé todo especial – a abertura, a defumação, o bater cabeça no altar, o incorporar o Orixá, o dar consultas incorporado do Guia, o cambonear, o cantar na curimba, tudo é maravilhoso e nos faz sentir Pai Olorum mais perto de nós.

Mas o que poucos sabem (e muitos nem querem saber!) é que há um axé muito especial que só recebe quem limpa o chão de um solo sagrado!

É o “Axé da Gratidão” dos Pais e Mães Orixás e de todos os Guias que compõem a Egrégora do Templo... eles sabem todo o esforço que esses filhos fazem para varrer, limpar e deixar brilhante e perfumado o chão sagrado que lhes deu local e oportunidade para fazerem a caridade por tantas horas.

Tenho certeza que se os Guias pudessem, com toda sua humildade, consciência, energia e vontade, fariam eles mesmos a limpeza física do terreiro. Mas impossibilitados pela condição de espíritos desencarnados, inspiram seus filhos a terem essa iniciativa.

O médium vai limpando e agradecendo, feliz, por ter aquela Casa, aqueles irmãos, aquele Dirigente Espiritual, aquele trabalho lindo que acabou de realizar... E o “Axé da Gratidão” o envolve por inteiro num abraço super protetor e esse filho vai embora com uma energia extra para sua casa, sua semana, sua vida!

É uma pena que nem todos enxerguem essa limpeza como um importante ato devocional. Feliz daqueles que já enxergaram e sabem trazer mais esse axé para suas vidas!

Fabiana Carvalho






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19/03/2019

Consulta com um Guia Espiritual

Consulta com um Guia Espiritual

Estamos tão acostumados a ir a giras ou sessões espirituais e ver a comunicação dos espíritos que, muitas vezes, não paramos para pensar no que ocorre antes e depois daquele transe mediúnico e também não pensamos no guia em si.

O guia, claro, não é onipotente, logo, não pode executar qualquer coisa num passe de mágica, ele, como um servidor da Lei Maior, respeita o livre arbítrio e também sem­pre segue a regra da NECESSIDADE e do MERECIMENTO. Apesar dele querer ajudar, muitas vezes, não é possível, pois o problema pelo qual o consulente está passando é algo relacionado a sua programação de vida, ou este não tem o fator necessidade ou merecimento.

O que o guia não faz:

- Não traz o namorado de volta, não te transforma em milionário, não irá resolver os problemas por você, não irá retirar sua dor se esta for algo corriqueiro que pode ser retirada com um analgésico, não irá te tratar como se estivesse te paquerando, não irá faltar com o respeito ou te humilhar, não irá colocar você em uma situação desconfortável.

O guia irá te aconselhar, limpar os miasmas, larvas astrais, cargas deletérias, energias pesadas, cordões energéticos, irá te livrar dos obsessores, te ajudará a equilibrar seus próprios pensamentos desordenados, pode te trazer paz, te indicar o caminho, mostrar como fazer, mas jamais ele fará POR VOCÊ! Se não, você não aprenderá.

E, acima de tudo, um guia nunca irá falar para você o que você quer ouvir e, sim, o que você precisa ouvir. Entendeu agora por que você não deve e não precisa passar com um guia e, se não gostar do que ele falou, ir procurar outro que irá te falar algo que te agrade? Não faça isso.

Vamos pensar e acima de tudo respeitar aquele guia que vem a terra de tão longe e de graça afim de ajudar você a se tornar um ser humano melhor e ter suas dores, em sua maioria causada por nós mesmos, amenizadas.

Douglas Rainho







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17/03/2019

A Dúvida do Umbandista

A Dúvida do Umbandista

Chega! Eu deixei de ser umbandista.

Minha irmã, fico feliz em ver que você duvida. A dúvida é uma virtude. Duvidar não é o oposto de ter fé. A condição necessária à fé é a dúvida, porque a fé é o que sobrevive apesar da falta de certeza. As pessoas deveriam ter menos certeza das coisas, assim seriam menos dogmáticas, menos fundamentalistas e estudariam mais, buscariam mais.

Em nosso meio umbandista ainda temos uma literatura muito ruim. Mesmo que o umbandista leia mais hoje do que lia há alguns anos, uma das razões da falta de qualidade dos nossos livros é a falta desse espírito crítico e buscador entre nós. 

Vou te contar uma coisa. Sou sacerdote de Umbanda, nasci na Umbanda e a ela me dedico há décadas. Mas também passei pela dúvida. E depois do sacerdócio. Despachei minhas guias e otás e não queria mais saber dessa maluquice toda. Fiquei dois anos longe. Um dia sonhei com um índio, ele me chamava para sentar em sua aldeia e tomar um chá. Conversava comigo. Aquilo ficou na minha cabeça até que uma amiga, coincidentemente, me chamou para ir a um terreiro com ela. Fui pela amizade, a muito contragosto. Chegando lá, era festa de Oxóssi. Eu não sabia. O caboclo chefe de casa era o Arranca-toco. Ele estava em terra. Quando entrei no terreiro, ele olhou para a porta, me acompanhou com os olhos até que eu sentasse, me chamou lá na frente e me recebeu com um abraço. Eu nunca tinha pisado naquele terreiro. Ninguém ali me conhecia. Isso foi uns quinze dias depois do meu sonho. Ele olhou para mim e disse 'Seja novamente bem-vindo à nossa tribo'. E pediu ao cambono que pegasse um coité com água pra mim. Depois que bebi a água veio o que me fez voltar à Umbanda. Ele olhou nos meus olhos e disse 'Fui te chamar. Não te obriguei a voltar. Só fui matar a saudade. E você veio'. Chorei copiosamente por vários minutos. Aqui estou. Eu, Umbandista.

Não confunda as falhas de um terreiro com a Umbanda em si. Há terreiros e há terreiros. E acima de tudo, siga o seu coração. Como está na bíblia dos cristãos, 'é dele que procedem as saídas da vida'. Nenhum orixá ou entidade vai te prejudicar, jamais, por nenhuma razão. Estar ou não na Umbanda é uma escolha sua, pessoal e intransferível. Seja leal aos seus sentimentos e isso te preservará de todo o mal. Que assim seja."

Para me tornar UMBANDISTA precisei deixar de ser umbandista.

Babá Fábio de Xangô




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12/03/2019

O Amor e o Dissabor de um “Filho de Santo”


O amor e o dissabor de um filho de santo


Você conhece um Terreiro, começa a frequentar, ver as diferentes giras, é sempre bem recebido, vê que todos irmãos da casa têm sempre um sorriso no rosto, e num passe de mágica, sente aquela vontade incontrolável de vestir o branco. Faz tudo certinho, conversa com o dirigente, prepara sua roupa branca, faz aquele banho de ervas, segue todos os passos indicados pelo dirigente (afinal, ele deve estar acima do bem e do mal, uma vez que comanda esta casa tão maravilhosa, você pensa).

Você inicia com todo gás, quer ajudar em tudo e a todos, e pensa que não existe nada melhor do que estar naquela casa tão abençoada. O tempo vai passando, e daí começam a te colocar em algumas funções que você nem sabia que existiam... VARRER RECOLHER LIXO ?? LIMPAR O TERREIRO??.
Ir em dias que não são de gira para arregaçar as mangas e fazer o que for preciso?

MENSALIDADE ?? COMO ASSIM?!? CONTRIBUIÇÃO DA COMIDA ??? Preciso pagar para trabalhar na Umbanda? Esquecendo que depois da caridade feita primeiramente a si próprio, e aos demais irmãos, tem a conta de luz, de água para pagar, Federação, sem contar outras diversas despesas que a casa tem....

Então você começa a perceber que seus irmãos de fé também tem problemas pessoais, incluindo o dirigente (lembra? Aquele que estava acima do bem e do mal) mas que no momento da sessão, por pura caridade e amor ao próximo, eles deixam todos seus problemas de lado para ajudar a quem precisa, nem que seja com aquele sorriso no rosto (lembra?). Você se questiona como pode aquelas pessoas terem problemas pessoais, uma vez que já são desenvolvidas, algumas vezes com graus hierárquicos altos na casa...

Você então começa a desenvolver sua mediunidade... Momento mágico dentro da religião... E você adora estar desenvolvendo, porém questiona pois a casa só desenvolve com ORIXÁS, e você viu que na outra casa desenvolvem com caboclos, Preto Velho e exu, e afinal, em um médium super "PODEROSO" como você não tem sentido te “privar” de desenvolver com outras linhas, com certeza estão atrapalhando seu desenvolvimento...

Você então, já desenvolvido porém no início de sua caminhada espiritual, tem a licença para ir para a linha de trabalho, incorporando junto aos demais ao início dos trabalhos, porém por muitas vezes o corpo mediúnico não está completo, você acaba sem conseguir ficar incorporado em algumas giras pois tem que ajudar em outras funções... na sua cabeça vem “coloca fulano, coloca ciclano, por que eu? Que saco viu?”

Então um dia, você pede um conselho para aquela entidade que você “ama de paixão”, e a entidade te diz o que você precisa ouvir, e não o que você quer ouvir... Daquele momento em diante, você ao invés de se questionar o porquê a entidade disse aquilo, e buscar através de uma sincera reforma íntima uma melhora, resolve achar que aquele médium está “fraco”, “passando na frente da entidade”, pois JAMAIS uma entidade te diria aquilo... Daí você, que já julgou aquele irmão e aquela entidade, resolve “contar tudo” pro dirigente, afinal, onde já se viu, o Caboclo, Preto Velho, Exu te falar aquilo. E para seu espanto, o dirigente pede pra que você faça uma auto analise, entenda o significado do que a entidade te falou e busque melhorar com isso... Indignação é o sentimento que te toma neste momento... Como pode o dirigente ainda dar razão e pedir para eu melhorar... “QUEM ELE PENSA QUE É?”

A partir daí a coisa complica... A casa já não presta mais, você com toda sua experiência e vivência dentro da religião julga como ninguém quem está ou não incorporado (com uma relação bem simples – Se disse o que você queria ouvir – ESSE É FORTE; Se disse o que você PRECISA ouvir – ESSE NÃO PRESTA), já acha que não precisa mais ajudar em nada na casa, mensalidade já parou tem um tempo de pagar...

Todo aquele amor do início da a vez para uma total aversão pela casa e seus irmãos, e daí começa a faltar e como se não devesse nada a ninguém, se retira sem dar nenhuma explicação ou satisfação, querendo de imediato trocar de dirigente, muitas vezes sai da casa e ainda falando mal ...

Então esse médium, mas que se julga melhor que esta casa, começa a rodar por outros terreiros, imponente pensando “Vamos ver qual casa terá a sorte de ter meu Caboclo, meu Preto - velho e ao iniciar esta peregrinação, começa a ver (tomara) que talvez, somente talvez, o problema seja ele e não a casa onde ele estava, e daí, mais dia menos dia, ele resolve aparecer na assistência daquela primeira casa, aquela que em suas palavras não prestava mais, pra tomar um passe e ouvir novamente aquilo que ele precisa, e não o que ele queria ouvir.

Com certeza você conhece alguém (sem citar nomes) que tenha passado ou feito isso, então meu irmão, minha irmã, você tem o livre arbítrio para decidir onde quer trabalhar, mas sempre o faça de forma racional, pois da mesma forma como você pediu para entrar, peça para sair, exponha seus motivos.

Pare e pense como o mundo seria se tudo fosse a favor de todos. Saber ouvir e aprender o que se tem a ensinar é fundamental para o nosso crescimento, sendo ele formado por erros e/ou acertos, são só nossos e só nós podemos tirar a experiência disso... Então veja como só você faz a vida ficar mais complicada.
Reflita, evolua, ninguém é perfeito, mas todos podemos alcançar nossa própria perfeição.

Pai Claudinei Rodrigues









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08/03/2019

Em Frente a um Preto Velho

Em Frente a um Preto Velho

Quando um Preto Velho olha para você, é como se olhasse para dentro da sua alma.

É impossível mentir, fingir, dissimular.

Ele simplesmente sabe o que se passa com você e você lê isso nos seus olhos.

Quando um Preto Velho olha para você, é como se o amor se derramasse em cima de você, inundando o seu coração de ternura e paz, não deixando espaço para a dor, que parece ser expulsa de dentro do seu corpo, em forma de lágrimas...

Quando um Preto Velho olha dentro dos seus olhos, tudo de ruim, feio, reprimido se solta e você é compelido a chorar e “lavar” a dor que tinha dentro, para que o amor tome o lugar.

Então o Preto Velho fala.

E quando ele fala com você, daquele jeitinho simples, parece que desvenda sua alma. E quando ele pergunta “do que a fia precisa?” É como se já soubesse exatamente do que você precisa. E nessa hora, é impossível mentir, porque você já está calmo, transparente das máscaras do dia a dia, sua alma está ali, nua, na frente do Preto Velho, e parece que ele sabe do que você precisa, mas quer só testar para ver se você também sabe.

E então você fala, e o Preto Velho te ouve.

E acontece algo inesperado nessa hora. Quando você começa a falar, você “pensa” tudo que quer dizer, mas diz outra coisa diferente, porque naquela hora, que o Preto Velho desnudou sua alma, limpou suas mágoas e te olha com aquele olhar calmo e cheio de ternura, você se dá conta do que realmente precisa, do que realmente te aflige, do que realmente importa. E é como se sua alma falasse, não mais seu cérebro ou suas máscaras sociais.

E eis que lá está você, ajoelhada na frente de um Preto Velho, com as mãos pousadas em seus joelhos, feito criança falando com o avô querido, e então o Preto Velho aconselha.

E quando um Preto Velho aconselha, é como se ele não estivesse falando com você simplesmente, mas estivesse falando com uma versão de você muito mais antiga, que você mesmo desconhece, e ele fala uma ou outra coisa que fazem pouco sentido na hora, mas que mesmo assim, algum pedaço do seu coração, compreende perfeitamente.

E quando a consulta termina, você sente na mesma hora a transformação.

Algo mudou, mas você não tem a exata consciência do quê. Seu coração está leve, um peso enorme foi tirado dele, algo novo foi colocado no lugar, ternura? Amor? Esperança? Você não sabe, só sabe que era exatamente o que você precisava e te faz um bem tão grande!

Quando um Preto Velho cruza o seu caminho, ele te transforma. E te inunda de luz e compreensão.

Centro Pai João de Angola





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07/03/2019

Ferramentas de Trabalho do Guia ou Vaidade do Médium

Ferramentas de Trabalho do Guia ou Vaidade do Médium

APETRECHOS DE TRABALHO X ADORNOS DE VAIDADE

Todo tema em que tratamos falar de Umbanda como um todo, sempre irá esbarrar em insatisfação por parte de alguns, isso se dá pela polaridade de entendimento do culto de Umbanda.

Mas podemos exercitar (sem Julgar) o bom senso da racionalidade das coisas.

Vemos e ouvimos muitos exageros por terreiros em todo o Brasil; ficarei neste caso, restrito aos apetrechos utilizados pelos guias em forma de “ferramenta” de trabalho.

Apetrechos de trabalho pode-se dizer que é tudo aquilo que atua no campo magnético e/ou psíquico, tais como:

Guias de contas, terços, cocares, patuás, pembas, cuité, cachimbo, charutos, velas, facas e punhais, capas e cartolas (com Exu), chupetas e brinquedos (com Ibejada) etc... Tudo isso faz parte de uma tradição que podemos traduzir como FORMATO DE TRABALHO.

O Médico psiquiatra de quase nada se utiliza de apetrechos de trabalho, enquanto um Médico cirurgião usa uma gama sem fim de apetrechos de trabalho. Ambos são médicos, mas há variante da utilização de apetrechos, isso se dá pela função especifica de cada área atuante.

Igualmente são nossos Guias, para cada área de atuação (Missão) terá seus apetrechos de trabalho de acordo.

Então qual seria a desordem deste tema?

A VAIDADE que remete ao exagero!

O Cocar que um “caboclo usa”, quando passa de algo simbólico e de tamanho proporcional com a sua função (manter uma identidade) e passa para penachos volumosos grandes e multicoloridos, que nos lembram imediatamente escolas de samba. Isso seria um indicio forte de ADORNO e não mais APETRECHO DE TRABALHO.

Guias ou colares de contas são variadíssimos e cada escola tem sua própria forma de usá-las.

Contudo vemos alguns membros de fé com guias com pedras monstruosas de grande, com múltiplos balangandãs que podem até impressionar ao leigo, mas que cai no ridículo aos olhos de quem conhece fundamentação; piorando isso é a quantidade de Guias em um único pescoço; já tive a oportunidade de estar em um local que o “Médium” tinha entorno de 30 a 35 Guias (o numero é impreciso porque é até difícil de contar!) e se não bastasse, ainda trabalham do início ao fim com estes “500 quilos” de pedrinha de vidro; sim porque sinceramente não passam de bijuterias em alguém que quer impressionar outros "alguéns!"

Paramentos (roupas) que usamos para vibrar/identificar certas entidades. Cada escola tem a sua particularidade. Há as que usam somente o branco, há as que usam paramentos para Exus, há casas que usam paramentos diferenciados para cada linha. Isso é perfeitamente aceitável.

Mas a coisa passa a desandar quando vemos estes Paramentos virarem desfiles de moda:

“Caboclos” com roupas riquíssimas cheios de lantejoulas e etc..”. ´

“Pretos velhos” com toalhas bordada a ouro e cores que mais lembram baianas de escola de samba, o tradicional “Carijó” nestas casas nem aparecem!

“Exus” com paletó e sapatos de grife, para ficar melhor nada de Marafo, mas sim uísque importado, se não for o Exu não vem!

“Pombagiras” com salto agulha 16, chapéus que mais parecem barracas de praia e vestidos com valores próximo ao absurdo.

“Ibejadas” vestidas a caráter, mas chega-se ao cumulo de usar fraldas!

E porque e pra que tudo isso?

Porque em muitos casos é por ignorância e falta de conhecimento, mas na sua grade maioria é VAIDADE pura, puríssima.

Para quê?

Para aplacar suas frustrações e emoções e tendo como desculpa o “Guia” e a outro lado que é o “IMPRESSIONISMO”, onde o neófito em muitos casos fica vislumbrado com as coisas que olham (mas não enxergam!).

Umbanda meus caros amigos, é antes de tudo caridade, amor e simplicidade. Quando se distancia muito deste trino, está deixando de ser Umbanda, pelo menos na sua Essência maior, que é a EVOLUÇÃO ESPIRITUAL de cada individuo no culto.

Pai Mauro Simões





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06/03/2019

O Guia e o Terreiro não Precisam do Médium

O guia e o terreiro não precisam do médium


ACONTECE NO TERREIRO DE UMBANDA

Era uma vez um médium antigo da Casa, que sempre chegava em cima da hora (e muitas vezes atrasado!) para qualquer trabalho espiritual, sempre com mil e uma desculpas do quão foi difícil chegar ao terreiro, de tudo que estava fazendo e interrompeu para ir ao trabalho mediúnico.

Ao encerrar a Gira, sempre saía com pressa, não podia nunca ajudar na limpeza, pois precisava atender a mãe que ficou sozinha, ou os filhos que precisavam dele, ou a esposa/marido que não entendia sua vida religiosa e reclamava sua ausência, ou um relatório profissional que precisava ser terminado para o dia seguinte.

Esse médium fazia muita questão de deixar bem claro o quanto sua vida era ocupada e cheia de afazeres e que abandonava tudo para vir ao terreiro fazer sua caridade incorporado de seus Guias.

E quando um irmão se apiedava de sua vida tão sacrificada em prol da Umbanda, ele respondia: "A Casa precisa de mim, tem poucos médiuns confirmados! Além disso, meus Guias precisam trabalhar para evoluir!"

E suas incorporações eram sofridas, difíceis e cansativas pois, segundo ele, seus Guias exigiam demais de seu corpo físico e usavam muito seu ectoplasma.

Muitas vezes, alegava dificuldades financeiras (que faziam parte da sua encarnação tão cheia de problemas) e acabava por não contribuir (ou apenas parcialmente) nas despesas do terreiro...

Esse personagem não é de ficção e existe na maioria dos Templos Umbandistas. E por ser antigo na Casa, acaba cristalizando esse comportamento e se viciando nesta conduta.

Conceitos que devem ficar bem claros para qualquer médium (antigo ou novo):

1. Nenhum médium é insubstituível - O Templo não precisa do médium; o médium é quem precisa do Templo, como um local físico e espiritual para praticar a caridade através da incorporação e outros dons mediúnicos.

2. A espiritualidade sabe muito bem quantos médiuns confirmados a Casa tem e quantos terão condição de comparecer à Gira daquele dia. Há todo um planejamento no Astral quanto aos Guias que darão consulta, aos consulentes que virão, por qual Guia serão atendidos e do tempo de duração geral do trabalho espiritual. Então não há UM médium essencial ao trabalho; um corpo mediúnico saudável, consciente e bem disposto é que é essencial!

3. O Guia não precisa do seu médium de incorporação para trabalhar! Ele é um trabalhador de Deus e tem MUITO trabalho a fazer sem precisar estar incorporado aqui em nossa dimensão material. Se o terreiro faz uma Gira de Caboclo a cada 3 meses, o coitado do caboclo trabalha dando consultas durante 2 ou 3 horas e se vê obrigado a ficar de "licença obrigatória" até a próxima oportunidade 3 meses depois?? A incorporação é um milésimo do trabalho geral na vida de um Guia!

4. O Guia não precisa do seu médium de incorporação para evoluir! É a presença (incorporada ou não) do Guia, dando conselhos e orientações, que ajuda o médium a evoluir. Nós somos as crianças que muito pouco ou nada sabemos - os Guias são os adultos, pais e mestres, que com amor e paciência nos orientam, guiam e protegem. E eles muito trabalham no Astral para conquistar sua evolução sem precisar de nós!

5. As incorporações sofridas, difíceis e cansativas não acontecem por culpa do Guia que exige demais do seu médium... são produto do ego do médium que se posiciona como vítima de sua mediunidade e precisa chamar a atenção de seu sacerdote, de seus irmãos de corrente, de seus familiares e de si mesmo de quanto ele é um mártir do trabalho mediúnico e da Umbanda. Porque incorporar é algo suave, sublime e reenergizador - a maior preocupação do Guia, após terminar qualquer trabalho mediúnico, é deixar seu médium melhor do que estava antes de começar.

6. Não contribuir (ou fazê-lo parcialmente) nas despesas, no caso deste médium, apenas reflete a personagem "médium vítima" que ele criou para si mesmo. Essa atitude é o reflexo do não contribuir espiritualmente para o Corpo Mediúnico, da não consciência da importância do Solo Sagrado em sua evolução, da inversão das prioridades em sua vida - porque é comum ver esse médium com roupas novas, comprando livros, fazendo cursos, gastando em gasolina, se alimentando na lanchonete do terreiro... então a situação financeira não está tão difícil assim, não é?

Não se pode acreditar que ser "mais velho" no terreiro ou na Umbanda faz o médium ser imune à prepotência, ignorância, paralisia, desequilíbrio e negatividade. Ao contrário, esse médium deve redobrar sua autovigilância, pois o tempo lhe conduz à famosa zona de conforto e acomodação, onde todas as paralisias são prejudiciais

Repense seus conceitos, reveja suas visões, recicle seus conhecimentos e procure domar seu ego que pode se transformar no seu maior inimigo na jornada evolutiva desta encarnação!

Fabiana Carvalho




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01/03/2019

Incorporação e Confiança no Guia


Incorporação: Estado alterado de consciência onde atualmente menos de 1% dos médiuns são inconscientes. A maioria das incorporações é consciente ou semi-conscientes, por isso a necessidade de desenvolver a passividade dos médiuns.

O guia espera a sua confiança. Incorporar é dar passagem para que outra personalidade se manifeste. 70% das incorporações não são mecânicas, isto é, apenas o mental é tomado, portanto, quando incorporado, seu corpo pode tossir, espirrar, limpar os olhos, o nariz, pois trata-se do corpo do médium com todas as suas necessidades fisiológicas.

Nosso corpo é o veículo do guia, como um carro, que ele usará para se manifestar.

Nascemos dentro deste carro e a afinidade com o nosso veículo é tão grande que não fazemos nada sem ele, olhamos pela sua janela (olhos) andamos (pernas), não imaginamos que esse carro possa ter dois lugares ou que alguém possa “dirigi-lo” sem causar um desastre.

A primeira coisa que o guia nos mostra é que não somos este carro, apenas vivemos dentro dele, e vai querer mostrar que alguém mais pode “dirigi-lo” para você.

A nossa dificuldade inicial é “entregar a direção” para ele.

Nas giras de desenvolvimentos vamos sentir muitos “trancos” e sentir uma presença ao nosso lado (é o guia que sentou no banco do passageiro e está pisando no freio, mostrando que está lá).

Com o tempo, vamos “soltando” o volante e deixando ele dirigir, no inicio deixamos um pouquinho mas ficamos tão apreensivos que tomamos a direção de volta, depois deixamos mais um pouquinho, mas como ele dirige diferente de nós ficamos com a mão no volante, quando ele faz uma curva a gente mete o pé no freio.

Ai ficamos na dúvida, quem está dirigindo? Eu ou ele?

Com o tempo começamos a pegar confiança nele e a soltar a mão da direção e vemos que ele dirige bem melhor do que a gente e começamos a “apreciar” a paisagem.

Para que ele dirija, temos que dar passividade, confiança, dar a direção para ele. Ele conhece outros caminhos, outros lugares, nunca se perde e sabe sempre pra onde está indo.

Lar Mensageiros de Maria





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