Desabafo de uma Macumbeira - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca
logo

Desabafo de uma Macumbeira

Publicado em 16/07/2019

Desabafo de uma macumbeira


1. Eu sei que macumba é o nome de uma árvore da qual se faz um instrumento de percussão com o mesmo nome, e que por consequência, macumbeiro seria quem toca o instrumento “macumba”. Também sei que este é um termo amplamente usado pejorativamente para designar trabalhos decorrentes de religiões afro-brasileiras, ou os denominados “despachos”. Mas uso aqui o termo “macumbeira” de propósito, pra quebrarmos de vez esse preconceito tolo. Vou pra macumba, faço macumba, e isso não tem nada de mal. Não prejudico as pessoas, não amarro ninguém, sou a favor do amor e da felicidade. Talvez você, que use esse termo com a intenção de denegrir alguém, seja o tipo de pessoa que fere, machuca e maltrata os outros. Eu não sou.

2. Eu acredito num Deus único. Às vezes o chamo de Olorum, às vezes de Zambi, ou ainda de Pai Maior, de Criador Onipotente, de Nosso Pai. Às vezes o chamo simplesmente de Deus. Se você acha que o Deus da sua religião é diferente do da minha, quem acredita que existe mais de um Deus é você e não eu.

3. Eu não idolatro imagens. Não acho que a imagem que eu tenho no meu terreiro ou na minha casa é a própria divindade. Não sou idiota. Seria o mesmo que dizer que ao beijar uma foto, eu pense que estou beijando a própria pessoa. Não menospreze a minha inteligência.

4. Considero os Orixás como qualidades divinas, irradiações do Pai todo poderoso, que minha religião usa respeitosamente e didaticamente para que entendamos como essas manifestações atuam em nossas vidas. Não é fácil entender isso. Vá estudar a respeito, e quem sabe um dia possamos conversar de igual pra igual.

5. Se você acredita que alguém está passando por algum problema na vida (seja financeiro, de relacionamento ou de saúde) pelo simples fato de ser umbandista, então provavelmente você é uma pessoa milionária, que nunca sofreu nenhuma desilusão e nunca ficou (nem ficará) doente. Se não é o seu caso, nada justifica um pensamento tão absurdo como este. Reveja seus conceitos.

6. A minha religião não cultua o demônio e só faz o bem. Se você conheceu alguém que se denominava umbandista e era do mal, saiba que isso é do indivíduo e não da religião. Do mesmo modo, há padres promíscuos, pastores usurpadores, espíritas soberbos que não são capazes de doutrinar nem seus demônios internos, quanto mais os dos outros. Gente ruim há em todo o canto. Não culpemos a religião pelas maldades do ser humano.

7. Sei que isso é óbvio, mas quero deixar claro que a Umbanda é uma parte importante da minha vida, mas ninguém precisa ser umbandista pra ser meu amigo. O que precisa é me respeitar e respeitar a minha religião. O fato de não acreditar nas mesmas coisas que eu não interfere em nossa amizade, desde que haja um respeito mútuo. Se minhas publicações em redes sociais o agridem, faça a gentileza de me excluir. Se minha religião o incomoda a ponto de você não conseguir conter a sua língua, favor me excluir também da sua vida. Está aí um cordão energético que não faço a menor questão de manter.

8. Se você sentir que algumas dessas palavras foram direcionadas a você, espero de verdade que elas toquem fundo o seu coração e lhe façam refletir.

9. Umbanda não é um balcão de negócios. Eu levo a sério a minha religião. Mas fique tranquilo: se um dia você precisar, pode procurar um Terreiro, pois não discriminamos ninguém. Com certeza você será bem atendido. Só prepare-se: as entidades falam o que você precisa ouvir, não necessariamente o que você quer escutar.

10. Independente da opinião de uns e outros, tento fazer a minha parte da melhor maneira possível. Às vezes erro, pois não sou perfeita. Mas estou firme em minha caminhada. A maioria dos críticos ácidos estão bem distantes da sua. Fica a dica.

Pra finalizar, agradeço por lerem meu desabafo. E a todos, independente da religião, desejo paz e luz na caminhada.

Erica Camarotto


2 comentários: