2020 - Tenda de Umbanda Luz e Caridade - Tulca

22/11/2020

Orixás e Guias Homenageados no Ano 2020

É com alegria que a Tulca homenageia todos os Orixás, Guias e Mentores da nossa egrégora no ano 2020, em uma gira interna de luz e paz. Infelizmente ainda não podemos abrir para o público, devido ao risco de contágio, ainda existente, do novo corona vírus, mas continuamos firmes no nosso propósito de caridade, trabalhamos internamente e pedimos por todos que desejam estar na nossa Tenda e não podem, para que sejam atendidos em suas necessidades, com a permissão de Deus e o merecimento de cada um. Rogamos a luz dos Sagrados Orixás sobre o nosso Planeta, para que em breve possamos nos unir novamente. 

SALVE PAI OXALÁ, MÃE NANÃ, MÃE IANSÃ, PAI OMULU, PAI OGUM, MÃE OXUM, PAI XANGÔ, MÃE IEMANJÁ, PAI OXÓSSI!

SALVE TODOS OS CABOCLOS, PRETOS VELHOS, IBEJIS, MARINHEIROS, BOIADEIROS, POVO CIGANO, POVO DO ORIENTE, MESTRES JUREMEIROS, EXUS E POMBAS GIRAS!

SARAVÁ UMBANDA!


Oxóssi e Caboclo


Caboclo

Iansã

Iemanjá

Mestres da Jurema

Oferendas

Omulu

Oxóssi

Oxum

Povo Cigano

Pretos Velhos

Xangô


Altar da Tulca

Família Tulca em gira interna, em 21/11/2020





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17/11/2020

Visão Científica do Transe Mediúnico

Transe mediúnico

TRANSES RITUAIS BRASILEIROS E PERSPECTIVAS DE SUA APLICAÇÃO À PSIQUIATRIA E À MEDICINA PSICOSSOMÁTICA

David Akstein[1]

O Brazil-Médico: Revista Semanal de Medicina e Cirurgia (RJ), n. 3, Volume 80, maio/junho de 1966


Consideramos os transes rituais brasileiros, quando plenamente desenvolvidos pelos médiuns, como transes psicautônomos, isto é, transes que são induzidos e controlados por eles mesmos. Incluem-se entre os transes psicautônomos, os transes espíritas, os transes auto hipnóticos, os transes iogues, certos êxtases religiosos e artísticos. Evidentemente que certos êxtases religiosos devem ser considerados dentro da neurose histérica, principalmente aqueles acompanhados de estigmas.

Dentro deste estudo iremos considerar os transes rituais principalmente cinéticos, que são de origem africana, e que se manifestam sob uma forma mais ou menos controlada nas cerimônias da Umbanda, da Quimbanda e do Candomblé.

Devemos considerar duas principais resultantes benéficas destes transes: a primeira é a possível produção da hiper acuidade dos sentidos e a desinibição de capacidades latentes, e a segunda é a liberdade emocional de tensões represadas.

O termo psicautonomia, criado por Mongruel, significa o exercício do transe autodirigido. O referido autor brasileiro, observando durante muitos anos os transes da Umbanda, apresentou a possibilidade do aproveitamento prático das qualidades despertadas durante o transe; os bons resultados seriam obtidos mediante “a elaboração mental inconscientemente provocada”, sendo que “a educação da psicoautonomia tem por objeto despertar intelecto-afetivos, bons impulsos desde logo aproveitados na medida possível, no duplo sentido mental e moral, respeitados talentos ou vocações individuais”.

Afirma o mesmo autor que indivíduos acostumados a este tipo de transe poderiam reunir-se em grupos, para exercícios psicautônomos, em que “o aluno aprende a libertar-se de suas inibições, habituando-se a sondar em si mesmo ideias de que a princípio quase não se julgava capaz”. Além disso, com o mesmo ponto de vista que temos esposado há muitos anos, afirma o citado autor que as explosões emotivas que surgem nestes transes externam “causas de conflitos íntimos, depois do que resulta grande alivio aos pacientes”; gradativamente estas descargas vão decrescendo de intensidade e, por fim, surge o equilíbrio emocional e psicossomático dos pacientes.

Diz ele, que a psicautonomia é uma função psicossomática e, dessa maneira, devemos considerar nele grandes possibilidades dentro da medida psicossomática e da psiquiatria, cujos principais beneficiados seriam “os inadaptados a choques a choques e torturas da existência, sofredores pela emoção, os quais formam legião interminável”. A propósito disso, podemos nos referir ao que nos tem sido expresso por diversos médiuns umbandistas, além das inúmeras observações que temos feito. Assim, tem eles nos afirmado que seus transes são caracterizados por contrações tanto mais fortes quanto mais fortes tenham sido os desgostos, as frustações, o sentimento de inferioridade, o ódio ou outra emoção negativa por que tenham passado recentemente.

A Umbanda é a seita[2] mais importante dentre todas, sendo de 9 a 10 milhões o número de adeptos. Muitos são católicos, outros, protestantes, e há até certo número de israelitas. O “contágio cultural” é bem grande, envolvendo, mesmo, pessoas do mais alto nível social e cultural, independentemente de raça, cor e religião. Portanto, não são somente pessoas negras ou mestiças que seguem tais seitas espíritas. Menor importância tem o Candomblé, com ritual mais rico, mais ligado à tradições africanas, e mais cultivado na Bahia, enquanto a Umbanda é praticada em todo o Brasil. A Umbanda é considerada de “linha branca”, isto é, que faz o bem, enquanto a Quimbanda é de “linha negra”, ou magia negra, de feitiçaria, com o fito de fazer o mal, exercida por um regular grupo dos que seguem também a Umbanda. Existem também os chamados “centros espíritas de mesa” ou kardecistas, cujos transes característicos são estáticos, enquanto os transes umbandistas, quimbandistas e do Candomblé são em geral cinéticos.

Devido à sua maior importância deter-nos-emos no estudo da seita umbandista. Quanto às cerimônias, em si, devemos dizer que variam de lugar para lugar, de um centro espírita (“terreiro”) para outro. Mas, em síntese geral, adoram vários ídolos, sendo Oxalá o principal (Deus, Divino Mestre etc.). Os ídolos são de vários nomes, muitos oriundos da África, que os adeptos identificam com santos da Igreja Católica. Esta adaptação facilitou a preservação da crença, antes perseguida e proibida, oriunda de ancestrais africanos, antigos escravos.

Em um terreiro de Umbanda a sessão tem a seguinte sequência. Em um local amplo, coberto ou não, regularmente iluminado, durante a defumação com incensos, procedem-se aos hinos oficiais dos trabalhos. Após isto, ressoa no ambiente a música ritmada pelo som dos atabaques, acompanhada por quantos se encontram no terreiro. Os cantos são dirigidos pelo Ogan, uma espécie de mestre da música, ou são pelo próprio chefe do terreiro, chamado Babalaô.

A música tem um ritmo parecido com o do samba, sendo que em umas o ritmo é lento e em outras é bastante rápido. Em geral, é a música inicial que dá o condicionamento para o transe do chefe do centro espírita. O ambiente, o cheiro do incenso são outros elementos condicionantes para o transe. O transe se caracteriza inicialmente por contorções dos membros, do pescoço e do rosto, com caretas, seguindo-se, quase sempre, um pequeno salto acompanhado de um grito convulso ou estridente; o médium cai sobre seus pés, elevando, então, suas mãos em atitude messiânica ou patética. A partir daí, emitindo sons guturais ininteligíveis, relacionados ou não com o ritual, fumando cachimbo ou charuto, e batendo constantemente a mão direita no peito, inicia a dança ritual da Umbanda (Gira).

Cada música que se segue – sempre acompanhada das vozes dos restantes presentes – significa a convocação de uma determinada entidade espiritual, a qual se “incorpora” em uma médium, que estrebucha e se contorce... Hierarquicamente, vão-se produzindo os transes, do mais alto dignatário ao mais humilde dos médiuns. Enquanto isto, a música, em geral agradável, ritmada pelo bater dos atabaques, mantém a estimulação hipnógena. (Há centros espíritas que tem verdadeiras orquestras). Por fim, os iniciáticos, isto é, os médiuns que estão em “desenvolvimento”, entram em transe, mas unicamente por intermédio de manobras realizadas por outros médiuns incumbidos desta função. A música, nestes médiuns em desenvolvimento, ainda não tem o papel condicionador específico; ela, entretanto, facilita o transe pela intensificação do fenômeno da indução negativa (fenômeno que se dá, ao nível dos centros nervosos superiores, pela irradiação da inibição, a partir da periferia de um ponto de excitação).

Com a melhoria do desenvolvimento do médium, uma determinada música passa depois a ser o mais forte estímulo condicionador do transe. Em geral, essas músicas tem como tema a exaltação das virtudes e a convocação das “entidades espirituais”. Não queremos dizer com isto que todo o transe umbandista dependa principalmente de uma música condicionadora. Não. Há grande número de médiuns que seguem os rituais da Umbanda, da Quimbanda e do Candomblé, que tem o transe condicionado por outros estímulos; por exemplo, a autossugestão concentrada em uma prece, em ambiente absolutamente silencioso, pode também condicionar o transe; inúmeros outros estímulos podem dar início ao transe, contudo a música, mediante a mais fácil produção da indução negativa, é um dos mais eficientes estímulos propulsores e aprofundadores do transe.

Durante as cerimônias, às vezes, dentre os assistentes, que não tomam parte ativa nas mesmas, destacam-se indivíduos sensíveis, que entram espontaneamente e são incorporados ao grupo de médiuns que estão em função no meio do terreiro. Outros assistentes apresentam-se para tomar os passes e, então, por meio destes, também em transe. A música passa cada vez mais a envolver os presentes e um delírio místico comanda a todos. É o ambiente propício aos delírios, às ilusões, às alucinações, enfim, aos milagres.

Os médiuns “recebem” o espírito dos “pretos velhos”, isto é, dos antigos escravos, ou espíritos de chefes indígenas.

Os assistentes acompanham os cânticos, enquanto se processa a gira da Umbanda, que é a dança que os médiuns executam. Cada médium em transe tem uma maneira própria de fazer a gira da Umbanda, o que mostra ser de diferentes características a personalidade de cada um. A dança, a música, o ambiente predispõem o médium a um transe cada vez mais profundo. a música ritmada, pelos tambores e outros instrumentos, monótona, persistente, mas que tudo, mantém as condições de hipnogenia da sessão.

Como já dissemos, a personalidade de cada um dos médiuns imprime uma característica própria aos seus transe, e as cerimônias de todos os tipos são também influenciadas pelo meio cultural, tornando-se mais requintada conforme o meio seja mais culto.

Em uma grande parte destes centros espíritas, depois das danças, os médiuns extenuados (há cerimônias que demoram mais de quatro horas ou toda a noite) sentam-se em pequenos bancos espalhados por vários cantos do salão, onde passam a dar consultas a infelizes e ignorantes criaturas. Dessa forma, o curandeirismo e o exercício ilegal da Medicina são francamente exercidos, o que constitui o aspecto mais negativo de tais sessões. Alguns centros espíritas, cujos chefes são mais argutos e perspicazes fazem “tratamentos” exclusivamente por meio de passes; outros, sem temer a lei, fazem sessões em dias apropriados, sem danças, quando então dão conselhos e receitas aos doentes.

Devemos esclarecer que muitos dos “médiuns inconscientes” (que tem amnésia pós-transe), não compreendendo a verdadeira natureza do transe mediúnico e julgando-se possuídos por uma entidade espiritual, honestamente passam a dar conselhos, julgando-se, mesmo, até no dever de assim proceder, principalmente quando a entidade “incorporada” é o “espírito de um médico”.

Mesmo no caso de médiuns que não apresentam contrações ou convulsões, ou que não atingem uma boa profundidade no transe, ou ainda no caso de indivíduos que não conseguem entrar em pleno transe, mesmo assim, durante a dança ritual da Umbanda, a movimentação cadenciada, o monoideísmo místico, religioso e a música bem ritmada produzem um estado de inibição parcial do córtex cerebral, já propiciando, por indução reciproca do subcórtex, certa liberação de tensões emocionais represadas.

Não é somente nos transes cinéticos, como é comumente o das referidas seitas espíritas brasileiras, como é o do Vodu (do Haiti), e o de certas tribos africanas e esquimós, que se produz uma benéfica liberação nervosa subcortical; mesmo no caso de transes estáticos, que também podem ocorrer em sessões espíritas umbandistas (e, principalmente, nas chamadas “sessões espíritas de mesa” ou kardecistas), o médium se libera emocionalmente; sente-se leve, abstraído do seu mundo vulgar, transportado por seu êxtase às elevadíssimas regiões dos sonhos místicos ou da magia.

Seja em transe estático ou cinético, o médium se sente uma entidade poderosa, o seu “cavalo” é receptor de um espírito sábio e luminoso; sente-se então com força superior para vencer fácil as situações da sua corriqueira vida diária. Tal sentimento do poderio sobre o bem e sobre o mal lhe dá extraordinária satisfação, compensando bastante as frustações de sua vida sem atrativos. Sente bastante prazer de dar passes e conselhos, principalmente a pessoas de maior nível social e cultural, as quais comumente procuram esses centros espíritas.

As pressões sociais impedem comumente o surgimento de verdadeiros gênios nas artes, na política e em outras atividades; qualidades excepcionais, no estado de transe psicautônomo, podem ser desinibidas. Toda uma estereotipia dinâmica estratificada pode ser liberada no transe, exteriorizando uma conduta organizada no passado, real ou imaginária, porém, em geral desejada. Assim, por exemplo, um indivíduo na mocidade desejou ser poeta, chegando a fazer pequenos ensaios, porém tornou-se inibido pelas circunstâncias sociais. Entretanto, toda uma estereotipia dinâmica relacionada com essa qualidade pode ser estruturada na sua atividade nervosa superior, ficando porém reprimida e, por fim, estratificada.

Anos mais tarde, durante o transe, tal estereotipia pode emergir seja através de uma total dissociação da personalidade do médium, seja através somente da escrita automática ou da fala automática. Com respeito à dissociação total da personalidade, temos visto indivíduos em transe apresentaram uma personalidade extraordinária, com uma brilhante execução do seu papel. Mais de uma personalidade o bom médium pode apresentar, com características bem distintas em cada uma delas.

Fenômenos extraordinários podem apresentar certos médiuns umbandistas. Por exemplo, certos médiuns conseguem facilmente entender a chamada linguagem muscular: tocando na musculatura dos braços e das mãos do consulente ou simplesmente vendo a movimentação e, mesmo, as mais levíssimas contrações musculares, principalmente do rosto, os médiuns poderão saber, bem como as reações que provocam suas palavras. Mediante a autossugestão, por exemplo, certos médiuns podem beber uma quantidade enorme de bebida alcóolica e não sentir os seus efeitos tóxicos. Também, por meio da autossugestão, determinados médiuns podem pisar (rapidamente) sobre brasas sem se queimarem e sem se sangrarem (inibição da sensibilidade dolorosa e espasmo dos pequenos vasos das plantas dos pés).

Todavia, o que visamos apresentar aqui não são essas quase fantásticas façanhas, mas sim a possibilidade do aproveitamento na vida diária de certas qualidades que surgem durante o transe, assim como as perspectivas do tratamento de neuroses e de variadas condições psicossomáticas mediante a liberação emocional produzida pelo transe em si, principalmente cinético. Assim, um médium pode ser levado a um aprimoramento de funções pelo equilíbrio neuromuscular, pela hiper acuidade dos sentidos. Dessa forma, artistas de pincel, da escultura, do desenho, da dança e outros poderão apresentar um trabalho mais perfeito, como antes não haviam podido conseguir.

Indivíduos acostumados ao transe espírita poderão ser devidamente orientados dentro do mesmo, para determinadas funções da vida diária, em que se exige grande acuidade visual, auditiva, táctil, de memória, de cálculo etc. dessa forma, em determinados momentos poderão entrar em transe e executar um trabalho altamente especializado, dentro da sua profissão, por profissão, por exemplo, em que se necessitem aquelas qualidades.

O transe espírita umbandista, mais que outros, promove, por si só, uma intensa e benéfica liberação emocional. Esses transes rituais devem ser compreendidos como manifestações dentro de um quadro cultural sociológico e também econômico. Como o temos feito, L. Mars, citado por Ajuriaguerra, faz clara distinção entre a possessão neurótica e a possessão ritual integrada em uma religião animista. Tendo estudado as cerimônias do culto Vodu, afirma aquele autor (Congrès des Alienistes, Marselha, 1948) que a crença religiosa pode colorir o aspecto clínico da doença mental, mas, com justa razão, diz que não se pode confundir ritual religioso com ritual neurótico.

As observações feitas pelo mesmo autor confirmam as nossas com respeito a indivíduos que, de repente, ficam privados de tabus e dos ritos (por exemplo, deixando de frequentar o centro espírita e deixando de praticar o transe ritual, isso é, os sintomas neuróticos vem neles tomar o lugar da instituição cultural). Temos notado, porém, que sempre que esses indivíduos retornaram à prática ritual do seu credo, voltam a apresentar um bom equilíbrio nervoso. Lévi-Strauss, citado por Ajuriaguerra, igualmente afirma que as danças ou as cerimônias de possessão são fatores de equilíbrio, enquanto que Eskowitch, também citado pelo mesmo autor, já há uns vinte anos negava a interpretação da natureza histérica da possessão ritual, assinalando o aspecto controlado e estilizado do fenômeno: “o número de pessoas sujeitas à possessão é demasiado grande para que elas recebam a etiqueta de histéricas, a não ser que consideremos toda a população haitiana como vítima de distúrbios mentais”.

Sabemos que algumas vezes o transe umbandista evolui com certa violência, até com certo descontrole, mas o chefe do terreiro, mediante manobras e palavras, acalma e enquadra dentro do ritual o médium “tomado” por um “espírito perturbado”.

Entre as possessões rituais autênticas, incluem-se certas possessões que podem ser consideradas simuladas deliberadamente, seja para servir ao espetáculo ritual ou seja para exercer sobre os outros um cero domínio, de que tirará benefícios. Muitos indivíduos foram bons médiuns, mas, envelhecidos, o seu transe se torna superficial ou inexistente e, então, passam a simular, pois desejam manter sobre si o mesmo respeito dos crentes e continuar a usufruir os benefícios morais e materiais decorrentes da sua condição de médium. Em geral, temos observado que é entre os chamados médiuns conscientes que se encontram aqueles que mais comumente simulam.

Estamos de acordo com Ajuriaguerra, quando afirma que o exibicionismo tem papel importante nos fenômenos de possessão. De fato, o indivíduo tem prazer de ser o centro de atenção quando no estado de transe. A sessão umbandista toma comumente o aspecto de uma cena de teatro; temos visto sessões, que, pela sequência e harmonia dos ritos, pelos cânticos, pelas vestimentas e danças constituem uma exibição na mais bela montagem teatral.

Nossos pontos de vista, esposados há muitos anos, são também coincidentes com os do último autor citado, isto é, de que o médium libera, sob uma forma controlada pelo ritual, de uma maneira “amaciada”, as suas tensões emocionais represadas, dando-lhe, após, um bom equilíbrio nervoso. Diz ele que “os fenômenos de possessão, tais como o Vodu, são uma teatro-terapia de tipo psicodramático controlado por um ritual que tem um valor de proteção contra aos inconvenientes da difusão perigosa de um inconsciente em liberdade”.

O transe cinético, da Umbanda, da Quimbanda e do Candomblé, por si só constitui, como já dissemos, uma maneira benéfica de liberação dos estados tensionais, beneficiando ou propiciando a cura de inúmeras condições psiconeuróticas e psicossomáticas. É uma opinião que temos defendido, após incontáveis dos indivíduos que a eles se submetem. Depois de algum tempo de prática desses transes, tais indivíduos encontram neles um refúgio para as suas aflições cotidianas, para a sua mediocridade, uma compensação para as suas frustrações. Essas sessões atuam, também, como um moderador das inquietudes das classes mais pobres, que a elas frequentam; os crentes encontram resposta, pela boca dos médiuns, dos seus mais dolorosos problemas; descarregavam seus problemas, evaporam-se de suas tensões; a música monótona, ritmada, agradável, age como catalisadora da inibição hipnogênica que se apresenta numa boa parte desses assistentes.

Com respeito aos médiuns, logo no início do transe há uma inibição cortical que se difunde em torno da área de vigilância, que, por indução positiva do subcórtex, libera certas tendências e reações primitivas caracterizadas por seu forte tom emocional. A liberação emocional (origem subcortical) provoca, por sua vez, indução negativa do córtex cerebral, determinando uma maior difusão da inibição em torno da zona de vigilância.

No transe cinético, como é o umbandista, o córtex motor é desinibido em grande parte (inclusive a área concernente ao aparelho fonador) e funciona como porta de escape daqueles elementos emocionais emergidos da subcorticalidade. Este escape é feito de maneira não muito violenta, “canalizado num bom caminho, “amaciado”, compatível com o meio social ambiente, enquadrado no ritual. A música mantém as condições de hipnogênia da sessão e estimula, por indução recíproca, aquela liberação emocional: ela, mais que tudo, permite que aquelas energias represadas se despreguem dos profundos rincões da vida nervosa, dando ao indivíduo, após o transe, uma grande tranquilização e profundo bem estar. A referida liberação emocional é benéfica para a vida psíquica e vegetativa do indivíduo, o que se explica pelas íntimas correlações funcionais e anatômicas entre os centros neurovegetativos e os centros responsáveis pela emoção.

As convulsões do transe umbandista, acompanhadas de caretas e emissão de sons guturais e às vezes estridentes, correspondem à liberação atenuada de represadas emoções e de certos instintos baixos. E como se fora uma forma de doença atenuada, uma espécie de vacinação. Assim, pode-se atestar isto observando-se certos indivíduos, com problemas psíquicos, que se iniciam na prática do transe, os quais apresentam contrações violentas que se vão atenuando com o continuar das sessões, até um certo ponto, obtendo por fim um bom estado mental. Além da liberação emocional por essa via, acontece que o médium se acha imbuído da ideia de possessão de um poder mágico, o qual lhe produz compensações emocionais que o ajudam a superar todas as suas anteriores emoções negativas.

Durante o nosso carnaval temos observado verdadeiros estados de transe durante as danças, o que é propiciado pelo ritmo das músicas pela longa duração das mesmas e pelo contágio emocional. Com justa razão é chamada de folia carnavalesca a grande festa brasileira. Ela, também, segundo observamos, é meio de liberação emocional e favorecedora do equilíbrio nervoso.

O emprego do transe tipo umbandista, retirados dele os elementos místicos e religiosos, parece-nos acenar com extraordinárias perspectivas dentro da psiquiatria e da medicina psicossomática. (A suposição de que os centros espíritas provoquem doenças mentais é falsa; o que acontece é que grande número de psicóticos que povoam os hospitais especializados à procura da cura, o que dá motivo àquela falsa suposição). Entretanto, não é fácil retirar do transe umbandista tais elementos místicos-religiosos, pois que é exatamente a concentração na fé religiosa que proporciona uma boa indução e uma melhor profundidade do transe.

Daí, porque, o ideal será iniciarmos o tratamento com indivíduos não acostumados ao transe umbandista, quimbandista ou no Candomblé, ou ainda melhor, com indivíduos não espíritas. Tratando-se de crente destas seitas, a maneira mais adequada de proceder será transformar aquele impulso concentrativo místico-religioso em uma possante concentração no desejo de um aperfeiçoamento das mais desejadas qualidades, o que, porém, como já dissemos, não é fácil. O transe umbandista é um transe análogo ao da hipnose e, se exercido regularmente uma a três vezes por semana, sem os elementos místicos e religiosos, poderá se constituir em importante medida não só terapêutica, mas também profilática. Poderá ser exercido, por adultos, adolescentes e até crianças à partir dos dez anos de idade (delinquência infantil e juvenil, por exemplo).

E não haver motivo para preconceitos contra isto, pois o exercício do transe é tão antigo que se perde na poeira dos tempos. Seria, assim, uma volta a uma das mais primitivas culturas do homem, um reencontro com a sua autenticidade. Grupos de indivíduos poderão executar o transe do tipo umbandista, com boa orientação preestabelecida, visando uma finalidade elevada (por exemplo, aa paz entre os homens) ou as mais belas virtudes do homem (substituindo, assim, a concentração místico-religiosa). A música característica da Umbanda deve continuar a ser empregada, visto ser de alta qualidade hipnógena; somente as letras dever ser mudadas, isto é, devem passar a abordar os temas relacionados com as finalidades ou virtudes desejadas.

A liberação das tensões represadas tornará o indivíduo mais bem propenso ao bom convívio social e familiar, mais ajustado, mais equilibrado emocional e psicossomaticamente. A liberação emocional, que então se produz através da exaltação motora da dança e das contrações, é bem diferente da liberação produzida por um indivíduo em condições emocionais negativas, na vida normal diária, em que a “explosão” emocional pode trazer as piores consequências para ele e para a coletividade.

A melhor maneira de proceder à indução deste tipo de transe é obedecer, em linhas gerais, à técnica empregada por muitos chefes de terreiro espírita em crentes que desejavam iniciar-se como médiuns. Assim, enquanto soa a música, melhor se acompanhada de cânticos, o indutor do transe abraça a cabeça do indivíduo com o braço direito ou o esquerdo, ou, se quiser induzir duas pessoas ao mesmo tempo, abraça a cabeça de um indivíduo em cada braço. A mão deve espalmar a testa do indivíduo, que fica voltado para a mesma direção a que está voltado o indutor, ao lado deste, sendo que sua cabeça fica um pouco voltada para baixo, envolvida pelo braço do indutor e colada ao tronco dele. Este, imprimindo um movimento circular ao corpo, isso é, rodopiando, e seguindo por passos o ritmo da música, leva consigo o indivíduo ao mesmo movimento.

A ação da posição antinatural do individuo em movimento sobre os centros do equilíbrio (ação supra maximal) induz uma excitação subcortical, que é aumentada pela emoção (devido à tensão expectante e à música, principalmente); produz-se indução negativa do subcórtex sobre o córtex cerebral, e a inibição cortical se difunde em torno da área de vigilância; o ritmo persistente da música, mantido pelo som dos tambores e outros instrumentos, ajuda a difundir a manter a referida inibição. O transe instala-se, e o indivíduo seguirá a conduta conforme um modelo que lhe tenha sido dado antes.

Por isso, é interessante que o indivíduo candidato à iniciação do transe veja antes um outro indivíduo em transe. Se lhe for induzido o transe ao mesmo tempo que outro indivíduo já acostumado, então o contágio emocional atuará como facilitante.

Depois de alguns treinos, o indivíduo, já ao se situar no ambiente, com todos os estímulos presentes, inclusive musical, ele mesmo, terá capacidade de, por si só, autoinduzir o transe.


Referências

AJURIAGUERRA, J. Les Problémes du Normal et du Pathologique em Psyquiatrie à Partir des Apports Psychosociologiques. Separata da conferência pronunciada em 28 de maio de 1962, em Bâle, Suíça, sob os auspícios de F. Hoffmann. La Roche & Cie. S.A.

AKSTEIN, D. e CARNEIRO, J. P. A Fenomenologia Hipnótica à Luz da Reflexologia. Atual, Med. e Biol., no 16, 27-35, 1957.

AKSTEIN, D. Psicofisiologia da Indução da Hipnose. Primeiro Congresso Pan-Americano de Hipnologia e Primeiro Congresso Brasileira de Hipnologia. Rio de Janeiro, julho, 1961.

__________. Aplicação Prática dos Estados de Transe Psicautônomos. Segunda Reunião da Sociedade Internacional de Hipnose Clínica e Experimental. Rio de Janeiro, julho, 1961.

ELLENBERGER, H. F. Aspectos Culturales de las Enfermedades Mentales. Actas Luso-Espanholas de Neurologia y Psiquiatria, XVII: 306-315, 1958.

MONGRUEL, J. L. O Transe de Personificaçação Verbal e a Hipótese da Psicautonomia. Anais do Primeiro Congresso Interamericano de Medicina. Rio de Janeiro, 7-15 de setembro de 1946.

SVORAD, D. Paroxyzmátic Últm. Vydavalelstvo Slovnskej Akadémie Vied. Bratislava, 1956.

[1] David Akstein foi o primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Hipnose, no Rio de Janeiro, fundada em 1957 (Nota de Diamantino F. Trindade).

[2] Naquela época muitos ainda consideravam a Umbanda como seita e não como religião (Nota de Diamantino F. Trindade).

Artigo compartilhado do facebook de Diamantino Trindade



NOTA DE EDNAY MELO: O artigo sugere retirar o aspecto religioso do transe mediúnico para torná-lo instrumento terapêutico no tratamento de doenças mentais e neuroses. Os autores compreendem a dificuldade de dissociação, visto que a fé é fator determinante para o desenvolvimento do transe. Porém, as conclusões de que os transes são "psicautônomos", ou seja, induzidos e controlados pelos próprios médiuns, de que são teatrais e produzidos apenas por estímulos ambientais e por auto-sugestão não considerando, em nenhum momento, a atuação mediúnica, ou seja, a atuação do intercâmbio espiritual (espírito-médium), fere a convicção religiosa adquirida desde os primórdios da humanidade. Como psicóloga e sacerdotisa de Umbanda, considero que o processo de catarse de emoções negativas durante o transe favorece sim o equilíbrio emocional do indivíduo, associado a todos os estímulos que uma gira de umbanda fornece, mas que tudo só é possível diante de uma inteligência oculta, espiritual, que trabalha com um direcionamento sistematizado e disciplinado para favorecer todos os presentes na gira de umbanda. Um exemplo da presença espiritual, a nível de experiência em terreiro é o fato do médium absorver, em um determinado momento da gira, uma informação ou comando do sacerdote por pensamento, mente a mente, sem que o sacerdote esboce nenhuma indução sugestionável. Salientando também que os erros observados em transes mediúnicos, sejam autênticos ou dissimulados, são de responsabilidade apenas do indivíduo, que é parte ativa do processo. Apesar do artigo datar de 1966, até os dias atuais a ciência retoma esses conceitos, que por hora, sinto-me no dever de reagir em prol da Religião de Umbanda.





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04/11/2020

Os Médiuns Iniciantes e a Insegurança

Os Médiuns Iniciantes e a Insegurança

Infelizmente, são muitos os que interrompem o desenvolvimento mediúnico devido a enorme quantidade de dúvidas e insegurança. O início da vida mediúnica do neófito é, habitualmente, muito difícil. O medo, a hesitação, a confusão e ansiedade o perturbam. E não são poucos os momentos em que ele pensa em simplesmente desistir de tudo.

Por esta razão, é muito importante que os dirigentes estejam preparados para lidar com a insegurança mediúnica. Não é um sentimento à toa, mas um assunto muito sério. A boa continuidade da Umbanda depende de uma boa formação dos médiuns iniciantes. Eles precisam de acolhimento e muita orientação.

Médium iniciante, entenda que não há problema nenhum em errar, no momento. É por isso que você está em desenvolvimento. Para aprender e lapidar suas capacidades mediúnicas.

O desenvolvimento acontece de forma natural. Deixe o tempo amadurecer suas percepções. Não há motivo para pressa, o caminho é longo. Mesmo quando você começar a participar do atendimento, você continuará em desenvolvimento. Na hora certa, a espiritualidade traz o que for preciso para você.

Para combater o medo, busque o conhecimento. Sempre com cuidado para filtrar as informações que, de fato, possam te enriquecer e não te confundir. Mais do que isso, busque aproximar-se dos dirigentes e mais velhos de sua casa. Escute-os, eles têm muito a lhe ensinar.

Saiba, entretanto, que você não precisa entender tudo. Para muitas perguntas, não haverá respostas. É preciso ter fé nos guias. A espiritualidade é sábia e sabe o que faz. Deixe que ela conduza a sua caminhada no grande universo da mediunidade. Entregue-se aos Guias e Orixás.

É normal sentir-se perdido no início da caminhada. Para muitos, o compromisso com o desenvolvimento mediúnico acontece num momento em que a vida encontra-se em desequilíbrio e crise. Uma verdadeira turbulência. Como uma tempestade que passou e deixou tudo de cabeça para baixo. Como se a vida insistisse: é hora de fazer algumas mudanças.

O desenvolvimento mediúnico mexe com as nossas energias mais profundas. Faz uma verdadeira faxina emocional. Muita coisa que você mantém escondida há muito tempo passa a se manifestar. Não há mais para onde fugir. É preciso forjar um novo eu. Abandonar os velhos hábitos que somente nos atrasam e viver de acordo com os valores que a espiritualidade nos ensina. E este processo pode ser muito difícil.

O que podemos dizer é que com o tempo vai ficando mais fácil. As dúvidas vão embora. E você passa a sentir segurança nos seus guias e na sua mediunidade. Mas para isto, você não pode desistir. Deve persistir apesar de toda insegurança que sentir. Lembre-se de que você não está sozinho.

O desenvolvimento aprofunda a sintonia entre você e as entidades que te acompanham. Trabalha no sentido de apurar sua capacidade, perceber os níveis mais sutis da realidade. E, simultaneamente, condiciona-te a aprender a confiar sua matéria ao guia.

Mas para isto, não podemos esquecer a velha lição: reforma íntima. Para receber com mais qualidade as energias elevadas dos guias e Orixás, é preciso elevar nossa própria vibração também. E isto é feito buscando uma conduta correta, vivendo verdadeiramente a humildade, a simplicidade, o amor e a caridade.

Não fique preocupado com o que os outros vão pensar de sua incorporação. Você não está ali para agradar ninguém. A mediunidade é uma relação íntima e pessoal com seus guias. Não adianta ficar se comparando. Cada um possui seu processo particular. Se alguém pode lhe dizer alguma coisa é seu sacerdote, e assim ele fará se for necessário. Do contrário, apenas ignore o olhar das outras pessoas.

Não fique se torturando, questionando-se se é você ou o seu guia. Os dois estão presentes. Você apenas permite a entidade tomar a frente, confiar nela. Não espere que você simplesmente terá um apagão e ficar inconsciente como uma espécie de prova de que está realmente ocorrendo a incorporação. Não é assim que funciona. A consciência na incorporação tem seus benefícios. Apenas deixa fluir o que sentir.

Não se apegue a sinais exteriores. Você não precisa tremer, suar, gritar, entortar para confirmar que a entidade está ali. Mantenha os pés no chão. A espiritualidade é invisível aos olhos, mas sentida no coração. O objetivo não é a autoafirmação, mas o exercício da caridade a todos que procuram.

A.D.





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07/10/2020

Guia Chefe



A mediunidade serve para que possamos crescer e ajudar outros a crescerem também. Há diversas maneiras de se entender o tipo e a condição de trabalho da mediunidade. O médium sempre será um intermediário. A essência do trabalho caberá sempre ao Guia.

E uma das perguntas comuns recebidas é COMO SABER MEU GUIA CHEFE?

Cada médium tem sempre um espírito que é líder em seus trabalhos.

Que se apresenta mais e que responde mais vezes quando solicitado pelo médium. Todas as falanges de trabalhadores ligadas àquele médium estão “subordinadas” a ele. Este é o chamado “guia chefe”, “guia de frente” ou “chefe de cabeça”.

Em geral, é um caboclo ou preto velho, mas pode também pertencer a outras linhas em casos específicos.

O Próprio guia de frente deverá se apresentar. É um erro comum tentar prever isso em algum momento, ou o médium ou zelador tentar “forçar” que seja esta ou aquela entidade, por questões de afinidade.

Percorrendo nossa caminhada espiritual enquanto médiuns iremos nos encontrar com vários espíritos trabalhadores que influenciarão muito em nossas vidas. Todos os guias em que vibramos, incorporamos e/ou conhecemos são com certezas muito importantes pra nós, mas quase todos os médiuns em iniciação ou desenvolvimento buscam encontrar o que seria o guia chefe ou o mentor, que nos acompanha desde o dia de nosso nascimento e o espírito que nos acolherá em nosso desenlace.

Mas o que seria um GUIA CHEFE? Todos nós nascemos completos e viemos a Terra com missão pré-determinada pela espiritualidade superior. Somos escolhidos por nossos ORIXÁS (pai e mãe de cabeça e Orixá ancestral).

Nossos ORIXÁS são força vital que mora em nossa essência e em nossa genética espiritual, está presente em todas as nossas encarnações. Somos energia em movimento. Somos a água das senhoras Iemanjá, Oxum, Nanã ou somos o fogo de Xangô, ou a força dos ventos e tempestades de Oya, e essa força reside em nós influenciando nossa personalidade, nossas características físicas, etc...

Nossos guias chefes são espíritos que, ao contrário de nossos orixás, já foram seres encarnados, viveram nesse plano de existência, para a partir das experiências obtidas em suas passagens terrenas por evolução espiritual ocupam hoje a posição de mestres ou mentores. Esses mestres ou mentores esgotaram suas necessidades de encarnação e hoje divinizados tem missão maior. Dirigem a espiritualidade dos encarnados que escolheram para guiar. Nossos guias chefes podem ser caboclos ( de couro e de pena) , pretos e pretas velhas, e em alguns casos inclusive ibejis (crianças do astral). O que determina a possibilidade de um espirito se tornar um GUIA CHEFE é a filiação desse espirito a uma falange de trabalho espiritual, alcançar a evolução necessária e receber da espiritualidade a missão de conduzir um médium. Essa condução começa na Infância e acontece através de sonhos e não é incomum que o médium lembre de instruções ou intuições passadas pelos seus mentores enquanto criança.

Chico Xavier fala da missão de nossos mentores/guias chefes: “O mentor é um espírito que se comprometeu com o trabalho espiritual do médium, dedicando parte do seu tempo para preparar o médium para sua tarefa, trabalhar ao seu lado e fazer o possível para protegê-lo do contato com as energias degradantes do astral inferior.”

Em algumas casas, os médiuns trabalham somente com os guias chefes. Mas é perfeitamente possível que um médium trabalhe com entidades de todas as falanges.

Como conhecemos nosso GUIA CHEFE? Isso vai depender da sua casa Umbandista. O mentor já interage em nossa vida espiritual como explicado anteriormente, mas é no processo de desenvolvimento mediúnico que vão surgindo as primeiras manifestações desse guia que por serem ou muito intensas, ou muito brandas destoam totalmente das manifestações dos outros guias. Nessa fase eles se comportam de forma diferenciada, cuidando muito mais de sintonizar a energia do médium. No momento apropriado esse médium irá passar por rituais internos que preparam o físico, o mental e o espiritual para esse primeiro contato pleno onde o GUIA CHEFE traz seu nome , seu ponto riscado e cantado para a partir desse momento ser reconhecido pelo médium e por todos como o responsável junto com os ORIXÁS e a egrégora da casa escolhida pelo médium para conduzir sua caminhada espiritual.

A maioria dos médiuns gosta mais de trabalhar com seu guia chefe, devido a essa afinidade. Isso é muito comum. Errado é impedir que outras entidades trabalhem só porque você gosta mais de uma delas. Quase todo médium tem mais afinidade com alguma falange específica de trabalhadores, ou com um determinado guia espiritual. O que não pode acontecer é deixar a vaidade sobressair as questões da espiritualidade.

A entidade Guia Chefe de Cabeça é responsável pela nossa evolução espiritual, cuidando de nos ensinar, doutrinar e guiar dentro da espiritualidade, sempre que buscamos tais atributos. Sendo também o ordenador de toda a nossa trama de guias, pois as demais entidades – “de direita e de esquerda” – submetem-se à sua autoridade que é exercida de forma totalmente pacífica e serena, sem conflitos. Cabe esclarecer ainda que podem não ser necessariamente da mesma linhagem desses Orixás, ou seja: um filho de Xangô com Oxum pode ter como guia chefe de cabeça um caboclo de Oxóssi ou um Preto Velho de Ogum. Isso não interfere em nada.

Autoria desconhecida




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30/07/2020

O Seu Pai de Santo Também Existe

O Seu Pai de Santo Também Existe

Então você quer abandonar o Terreiro porque o seu pai de santo não foi lhe visitar?
Quer sair porque ele não pode lhe atender?
Está chateado porque ele falou algumas verdades que doeram?
Falou mal do terreiro porque foi cobrado nas suas obrigações?
Falou mal do terreiro porque acha que o pai de santo deveria conduzir a casa de outra forma?  E somente depois de tanto tempo na casa você observou isto?
Falou mal do pai de santo porque ele manteve rédea curta para manter a ordem?
Está chateado porque seu pai de santo deu a um irmão função mais elevada do que a sua?
Hum! quer sair do Terreiro porque seu pai não pôde lhe atender ao telefone naquele dia?

Sim! mas por favor responda:

Quantas vezes você visitou o seu pai ou mãe de santo sem funções ou algo relacionado a sua vida espiritual?

Quantas vezes você, pelo menos, ligou ou mandou uma mensagem para saber como o seu pai ou mãe de santo está?

Quantas vezes você deu um abraço no seu pai ou mãe de santo e disse: Estamos juntos?

Quantas vezes você deixou o julgamento de lado para ajudar no que for preciso?

Você sabia que o seu/sua zelador(a) é tão humano quanto você?
E as vezes precisa de colo e apoio como você?

A diferença é que você se preocupa apenas com os seus problemas, e ele com os problemas de todos!
Ele também sente vontade de parar, de desistir! Quantas noites ele não deitou a cabeça no travesseiro e pediu para largar tudo, mas desistiu porque tinha você para cuidar?
Quantas vezes ele se pôs em frente ao Sagrado e disse não ter condições de continuar, mas não parou porque sabe que você precisa dele?
Quantas vezes ele se questionou se estava fazendo o certo?

Isso você não sabe.

Ele também sofre, também chora.
Ele também se sente desestimulado, desvalorizado.
Só que ele esconde as lágrimas quando senta a sua frente para abençoar e encorajar você! Ele engole as suas dores para ouvir as suas. Ele esquece seus problemas para aconselhar nos seus. Ele deixa a sua família, para cuidar da sua.

Ele esquece sua vontade de parar enquanto lhe direciona de forma entusiasmada, para que você não pare!

E ele fica feliz quando te vê andando no caminho certo. Ele se alegra com suas vitórias.
Mas você se lembra de ligar ou mandar mensagem falando o que conquistou? Você se lembra de dedicar a ele um momento de oração? Você se lembra de compartilhar suas alegrias com ele?

Ou ele só te serve como uma tábua de lamentações?

A verdade é que a maioria, assim como você, que está lendo essa mensagem, pensa que o seu Pai ou mãe de santo são superiores, super heróis. Mas não, eles não são.

Ame o seu Pai ou mãe de santo. Afinal, eles são a sua família espiritual e tal qual seus pais carnais, estão para ajudar você a caminhar. A seguir em frente.

Ajude o seu Pai ou Mãe de santo se eles precisarem. Se preocupe.

Seja amigo do seu Pai ou mãe de santo.

Seja um achador de soluções, não um criador de problemas. Ou se não puder achar soluções, seja um ombro amigo. Seja acolhedor.

Seu Pai ou Mãe de santo também precisa de você!

Um zelador tem suas obrigações espirituais, e precisa cumpri-las, mas cabe aos filhos de uma casa darem valor a quem cuida das vossas cabeças, cuida do seu espiritual, cuida do seu sagrado.

Autor desconhecido





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16/07/2020

Homenagem Tulca à Mamãe Oxum 2020

Salve o dia 16 de julho! Dia de louvar Mamãe Oxum e dia do aniversário de 9 anos de fundação da Tulca! Orayeyêo doce mãezinha...





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06/07/2020

Toques de Preto Velho

Toques de Preto Velho

Meu filho, com esses olhos, “que a terra não comeu”, pois são olhos espirituais, reais, já vi muita coisa. Algumas boas, outras nem tanto, e mais outras que não vale a pena contar. O que passou, passou mesmo. O que ficou foi a experiência das diversas vidas na carne, aliás, muitas delas, tão iguais e, ao mesmo tempo, tão diferentes.

O que ficou foi o aprendizado e o conhecimento de como é o coração dos homens e suas emoções e vontades. Aprendi a ler a verdade de cada um, por dentro, lá na toca das coisas que não se falam, e que todos escondem muito bem.

Tem muita zica dentro dos corações, meu rapaz. É rolo que não acaba mais!
E coração rançoso e rancoroso, você sabe como é que é, está cheio de irmãozinhos das trevas agarrados nele. Eles se alimentam das emoções podres e dos pensamentos maldosos. E a zica é tanta, que só a pessoa rancorosa é que não vê a energia que está perdendo.

Menino de Deus, como os homens sofrem por causa das emoções podres!

Igualzinho ao corpo carnal, que pode apresentar escaras na pele, devido à falta de movimento em alguma área, o corpo espiritual também tem suas escaras astrais. Porém, essas são causadas pelas emoções podres, estagnadas no meio da alma atormentada e sem centro espiritual.

Falta movimento sutil ali! Falta vergonha na cara para acertar o passo!

Muito disso vem de outras vidas, são escaras do passado, de coisas mal-resolvidas, ainda alojadas no corpo espiritual. Mas, muita coisa é de agora mesmo, é coisa podre dos dias atuais. E o mal-cheiro psíquico exalado atrai os espíritos atormentados e atormentadores, que ficam agarrados em penca na aura da pessoa.

Isso é uma tragédia invisível! É uma doença psíquica que amarra os encarnados e impede os desencarnados carentes de seguirem em frente.

Nosso Senhor Jesus Cristo avisou muitas vezes sobre isso. Ele disse: “Orai e Vigiai!” – Ele sabia do mal que as emoções podres fazem no ser humano.

Todavia, muitos oram de forma egoísta e mecânica, sem coração e sem alma, e outros nem isso fazem, passando ao largo das boas vibrações que poderiam ajudá-los e fortalecê-los. E os que vigiam, raramente se olham por dentro, pois policiam muito mais a vida alheia, e não foi isso que Nosso Senhor ensinou.

Meu amigo, tem tanto espírito agarrado nas pessoas, que há horas em que você não sabe mais quem é quem, de tão entranhados que estão. É um fuzuê energético na aura desses infelizes. Ô coisa feia de se ver!

Mas Nosso Senhor é de uma compaixão infinita. Sob o seu comando, legiões de espíritos de luz vêm ajudando os homens nessas lides do invisível. Sem eles, isso aqui já teria ido para o beleléu! São eles que deslindam as ligações psíquicas daninhas e levam os irmãozinhos das trevas para o Espaço, para serem tratados pelos médicos da luz.

Esses irmãos da luz são os verdadeiros anjos da guarda da humanidade. Pena que os homens se esquecem tão facilmente das bênçãos que recebem. Esses guias e benfeitores espirituais são os trabalhadores de Nosso Senhor, não importa a linha espiritual à qual laboram. Sempre agradeça a eles, pela proteção e luz.

Todavia, se os guias espirituais ajudam, também é verdade que os homens precisam fazer sua parte. Que vigiem e orem, e exorcizem as emoções podres de seus anseios. Que renunciem aos desejos torpes de vinganças. Que esqueçam as ofensas e se dediquem a alguma causa nobre e verdadeira.

Ninguém é vítima do destino! Todos são passíveis de falhas na jornada, como também de atos elevados. E todos são capazes de seguir em frente...

Tem muito coração “zicado” nessa vida dos homens terrestres, e muitos espíritos zangados na cola deles. Ainda bem que, lá da Aruanda, vem aquela luz que ilumina a fé dos filhos que querem a cura do próprio espírito.

Como você escreve sobre as coisas do espírito, fale para as pessoas daquela chuva de luz que os guias produzem sobre as cabeças dos filhos que se esforçam na senda da luz e do bem. Aquela luz de Aruanda... Aquele amor que cura o coração.

Fale das egrégoras invisíveis que sustentam os bons pensamentos e os bons ideais, para que muitos outros se liguem a elas e se protejam das vibrações pesadas.

Filho, olhe essa estrela sobre a sua cabeça. É linda e brilhante. Você sabe o significado dela, e sabe quem a enviou para iluminar o seu caminho. Pense que o brilho e a proteção que dela emanam possam ser irradiados para outras pessoas.

Que Oxalá abençoe as pessoas zicadas e as cure do mal que trouxeram para dentro de si mesmas. Que Ele propicie um momento de despertar para elas.

Fique na paz de Nosso Senhor!

Na luz de Aruanda.

Na fé!

Pai Joaquim de Aruanda 
(Recebido espiritualmente por Wagner Borges)





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A Missão

A Missão

Meu filho, você vai encarnar e levará consigo a condição de ser um médium umbandista. Talvez você desista antes de começar, afinal muitos fazem isso por medo. Caso aceite a tarefa, esteja preparado para dividir suas energias com os necessitados, para sofrer com as dores dos outros e ser atacado pelos desafetos espirituais dos que lhe pedirem ajuda. É possível ainda que depois de fazer tudo o que estiver ao seu alcance para resolver os problemas dos que lhe procurarem, as pessoas lhe virem as costas quando o necessitado for você.

Tudo isso faz parte dessa missão que nosso Senhor Oxalá lhe oferece como dádiva. Se Ele mesmo foi à cruz quando veio em Terra com o nome Jesus, o que se pode esperar para quem deseja servir o Supremo Mestre? Somente renúncia, sacrifício e dificuldades esperam os médiuns da Luz Maior.

Todavia, por esses dolorosos meios você também encontrará a felicidade incomparável de se sentir um espírito eterno, liberto dos flagelos do egoísmo e da vaidade decorrentes do apego ao mundo da forma. Essa é sua grande oportunidade de se libertar dos karmas negativos do passado.

Sendo você vencedor de suas próprias tentações e fraquezas, consolidará definitivamente a semente do Bem que plantamos no seu coração e na sua alma.

Vai, filho, seja fiel ao seus guias e estaremos sempre contigo ao longo de tua existência na carne até que possamos nos encontrar novamente em espírito e verdade diante dos portais de Aruanda...

Autor desconhecido





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25/06/2020

A Mediunidade de um Criminoso

A Mediunidade de um Criminoso

Mais de um ano se passou da prisão de um homem, médium conhecido como de cura, acusado de praticar vários crimes, como abusos sexuais, falsidade ideológica, corrupção de testemunha, coação, posse ilegal de armas, condenado a 60 anos de prisão, com mais 10 processos em andamento.*

Este texto surge de uma pergunta que não quer calar: como um médium desvirtuoso e criminoso pode favorecer a cura de milhares de pessoas, segundo depoimentos dos que alcançaram a cura ou dos que conhecem alguém próximo que foi favorecido pela intervenção deste médium?

Na população mundial não falta sugestões:

Uns simplesmente não acreditam em cura. 

Outros acreditam, desde que separem o médium do homem criminoso, como se um pudesse sobreviver sem o outro em um mesmo contexto de serviço mediúnico. 

A medicina explica, sem pesquisa de campo comprovada, que os que alcançaram a cura não tinham doença física de fato e sim doença psicológica, que é mais fácil de apresentar resposta favorável por sugestão e indução.

Vamos primeiro entender o que é mediunidade:

Mediunidade é a capacidade de ser intermediário entre dois planos, o material e o espiritual, é uma faculdade inerente ao ser humano, tão natural quanto os seus cinco sentidos conhecidos, sendo que em algumas pessoas apresenta-se de forma mais ostensiva do que em outras, porém todos são médiuns em diferentes graus e tipos de mediunidade, independente da religião que professa ou conduta moral.

Diante do conceito acima, se todos são médiuns, entende-se que existem médiuns moralmente decaídos, mau caráter, charlatões, bandidos, etc. Como existem médiuns de conduta ilibada, virtuosos e confiáveis. As pessoas são diferentes, os médiuns são diferentes, todos carregam a mesma essência como pessoa e como médium, por isto não podemos, como pensam alguns, separar o médium do homem criminoso, para justificar as suas curas.

Então, ainda insistimos na pergunta que não quer calar: como um médium com conduta criminosa pode efetuar curas milagrosas?

Já sabemos o que é mediunidade, agora vamos refletir quem são os espíritos  que se utilizam desta mediunidade:

Os espíritos, quando desencarnam, carregam a mesma bagagem moral de quando encarnados. Existem os espíritos bons, da luz e também os maus, das trevas. Eles vão se ligar aos médiuns de acordo com a sua semelhança, questão de sintonia. É impossível para um espírito da luz sintonizar-se com um médium com condutas trevosas, da mesma forma, é impossível a um espírito trevoso sintonizar-se com um médium do bem.

Diante do exposto acima, concluímos que os espíritos que assistem o médium criminoso são espíritos do mal. Como assim??? Um espírito do mal pode fazer um bem, uma cura? Pode. 

No mundo astral existem verdadeiras organizações trevosas, composta por espíritos comprometidos em dominar o mundo, são espíritos altamente inteligentes, dentre eles também existem os que na terra foram cientistas, médicos, filósofos e toda uma gama de atribuições para desenvolver um plano de domínio e de poder sobre a maioria. A organização criminosa do astral se sintoniza com a organização criminosa terrena através dos seus médiuns.

Os trevosos para iludir os menos atentos, se passam por espíritos bem conceituados e da luz, usam o seu nome e operam "milagres" com os seus conhecimentos de medicina. A cura aparente existe, enfatizo "aparente" porque não é uma cura real e sim momentânea, somente para iludir e angariar adeptos.

A cura verdadeira proporcionada por intercessão dos espíritos da luz e que não necessita do toque no corpo físico, muito menos que os médiuns fiquem a sós com o paciente, são curas que foram permitidas por Deus, diante do merecimento de cada um, que somente a Sua Justiça pode avaliar quem é merecedor. Portanto os espíritos da luz seguem uma Lei Maior, a Lei da Ação e Reação ou de Causa e Efeito, logo não é qualquer um que tem o merecimento da cura, muito menos multidões como vemos entre os que fanatizam o médium criminoso. Os espíritos da luz não compactuam com o sensacionalismo, fanatismo e com tudo que favoreça a ascensão do ego de qualquer médium. 

Já respondemos como um médium criminoso pode efetuar curas. Agora vamos refletir porque os espíritos de luz permitem. Eles permitem a intervenção de trevosos na Terra de diversas formas, não apenas no caso específico de curas espirituais, para que as pessoas aprendam com suas próprias experiências a discernir o bem do mal, pois muitos ensinamentos o ser humano só compreende com o sofrimento. Não estamos neste planeta a passeio, algo viemos aprender ou resgatar para evoluir.

Nossa sugestão para não cair nos planos de um médium trevoso ou mistificador: 

Sempre oriento aos meus filhos de santo que desconfiem de todo exagero. Tudo que ultrapassa a barreira da simplicidade, do anonimato e da caridade desinteressada é passível de alerta. Os espíritos da luz não precisam provar nada para ninguém, através de curas e intervenções sensacionalistas. Eles não têm a necessidade de provar a sua existência, pois sabem que cada um tem a sua hora de atingir a maturidade espiritual. Os espíritos da luz trabalham muitas vezes no anonimato, pois não querem se destacar por carregarem um nome louvável, abominam completamente o orgulho, a vaidade, a luxúria, o egocentrismo e qualquer tipo de sensacionalismo, abominam qualquer mal ao próximo. E como eles, são seus médiuns ou pelo menos são médiuns que tentam ser melhores a cada dia, pois não existe perfeição na Terra.

Que este texto, elaborado no dia de Xangô, Orixá da Justiça, possa contribuir para um melhor entendimento sobre os médiuns e suas práticas mediúnicas. Ele está em defesa das religiões, que muitas vezes são confundidas com as práticas indevidas de determinados médiuns. A religião existe não para resolver os problemas dos seus adeptos, mas para lhes dar sustentação e forças para superá-los da melhor forma possível e no momento certo, designado por Deus.

Ednay Melo - Sacerdotisa da Tulca
Recife, 24 de junho de 2020



*Corrigindo: tínhamos publicado 19 anos de prisão, mas são 60 anos (19 anos refere-se a apenas uma condenação), pedimos desculpas.





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19/06/2020

Médium Desmotivado com o Terreiro

Médium Desmotivado com o Terreiro

Acredito que quando nós decidimos entrar para corrente de um terreiro somos tomados por grande emoção, tudo é incrível, estamos entusiasmados em ajudar e participar daquilo, queremos praticar a caridade e devolver aos consulentes tudo aquilo que recebemos enquanto nós também estávamos do lado de fora do congá. Acontece que com o tempo aquelas “humanices” começam a aparecer e nós começamos a confundir nossa vaidade e o nosso egoísmo com “coisas erradas” que vemos dentro do terreiro.

Há pouco tempo atrás, em um dia desses que fui tomada pela minha vaidade e egoísmo, comecei a questionar algumas coisas que eu via dentro da minha própria casa. Eu me sentia desajustada e lendo um pouco mais sobre o assunto, encontrei uma passagem no livro “Corpo Fechado”. Ali o Pai João explicava que esse processo é bastante comum, em poucas palavras o Preto Velho dizia que o médium começa a se sentir incomodado, excluído e se afasta das atividades comuns do terreiro, em seguida ele se afasta da casa culpando todos por seu desconforto. Quando perguntado ao Pai velho de quem era a culpa disso tudo, ele respondia: do próprio médium.

Para me ajudar a entender um pouco mais sobre esse tipo de sentimento em um dia que eu estava totalmente confusa sobre o caminho a ser seguido, o Caboclo Ogum Rompe Mato disse:

- Tu lembras que a umbanda é a manifestação do espírito para a caridade, não é filha? Pois quando falamos da caridade, não estamos nos referindo apenas a caridade material, onde você doa aquilo que já tem excesso para aqueles que não tem nada, esse tipo de caridade é muito fácil, é bastante cômoda. Uma das manifestações do espírito para a caridade é a prática da caridade moral. A caridade moral é entender que cada pessoa tem um tempo nessa terra, que o tempo corre diferente para cada indivíduo. Ter caridade moral é tentar exercitar o amor ao próximo, mesmo que o próximo não partilhe dos mesmos ideais que você. Ter caridade moral é saber que cada médium dentro do terreiro é um espírito em desenvolvimento que muitas vezes está ali para errar, mas merece o perdão, pois o erro faz parte do aprendizado. Ter caridade moral é ter empatia pelo dirigente do seu solo sagrado, entendendo que muitas vezes aquela posição traz a necessidade de ter certas atitudes, e como seres humanos que são, os dirigentes também são espíritos em desenvolvimento, estão passíveis de erro e merecem o seu perdão.

O Caboclo deu uma volta pelo congá, olhou para os médiuns da corrente, para as pessoas que buscavam ajuda na casa durante aquela noite e continuou:

- Nesse tempo todo, quantas pessoas vocês viram sair daqui? Muitas! As pessoas vêm para a umbanda seguindo o seu próprio coração, mas em alguns casos quando se afastam é porque decidiram seguir a cabeça, e pior, muitas vezes não é nem a cabeça delas, mas a cabeça dos outros. Quando o médium começa a se sentir deslocado, achar erro em tudo que acontece naquela casa que lhe acolheu, lhe falta caridade moral! Ele acredita que ao vestir o branco e vir trabalhar já está fazendo um grande favor para o dirigente e os irmãos da corrente, grande engano, ele está fazendo um favor para ele mesmo. Muitas vezes ele acha que não precisa participar dos trabalhos, pois já fez muito pela casa, mas todos os dias na casa tem irmãos desesperados procurando um acalanto e uma luz nos caminhos, todos os dias e isso independe da vontade de vocês de querer trabalhar ou não! Enquanto por vezes vocês se sentem desmotivados e sem vontade de vir praticar a caridade, muitas pessoas que estão na assistência contaram os dias para que o trabalho acontecesse, contaram os dias para poder vir até o terreiro buscar auxílio para as dores da alma. Quando vocês chegaram aqui, vocês não sabiam nem andar direito, então com muito amor e caridade moral, Ogum Sete Ondas levantou vocês, ensinou como caminhar e ainda colocou luz no caminho de vocês e agora por gratidão, cabe a vocês a ajudar o sr. Sete Ondas a colocar a luz no caminho das outras pessoas.

No mesmo dia, naquelas "coincidências" que a Umbanda nos proporciona, o amado Pai Miguel de Angola arriou no terreiro e chamou os filhos para uma conversa. Entre tragos no cigarro de palha e goles de café, com uma voz suave e um olhar amoroso ele disse:

- Sabe, filhos, é preciso vigiar muito o pensamento de vocês dentro do terreiro. Quando vocês vem pra essa casa trabalhar, nós aqui na espiritualidade contamos com a força e a união de vocês, é por isso que o grupo é chamado de corrente. Cada elo da corrente é necessário para manter a força e a harmonia dos trabalhos. Quando um elo se quebra, ou quando um filho tenta repelir essa união por conta de pensamentos obscuros, nossa harmonia é prejudicada, a prática da caridade é prejudicada.

Então eu refleti sobre tudo que o Sr. Rompe Mato e o Pai Miguel disseram, pedi perdão para Oxalá pela minha conduta que muitas vezes foi desapropriada, mas que de certa forma também fazia parte do meu processo de aprendizado. E nessa reflexão eu concluí que ser umbandista é muito mais do que praticar uma religião e estar em contato com minha raiz, ser umbandista foi uma forma que Pai Oxalá, misericordioso que é, encontrou para dar ao meu espírito a oportunidade de aprender, evoluir e cumprir meu carma.

“Por entre mares, por entre matas e terras eu entendi o que meu Pai quis dizer”

Autoria desconhecida


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22/03/2020

Médium de quê?

Médium de Quê?


Muitas vezes nos deixamos levar por estados de tensão deliberada e sucumbimos a forças violentas que nos envolvem mental e emocionalmente, formando um barril de pólvora psíquica que pode a qualquer momento explodir em atos de cólera avassaladora, agressão interna e fazer com que nos tornemos médiuns de atitudes pecaminosas e sejamos arrastados nas ondas psíquicas* e emocionais de agentes extrafísicos** da mesma natureza, tornando-se parte de uma reação em cadeia na qual já não se consegue mais distinguir quem é o obsessor e quem é o obsidiado.

Assim podemos nos tornar médiuns da desarmonia e da infelicidade, tornando-nos loucos temporários, permitimos-nos vivenciar as conseqüências de nossos próprios condicionamentos viciosos e diários, conscientes e inconscientes.

Depois nos permitimos chorar como crianças perdidas na noite escura, culpando uma vida que julgamos injusta, sentindo a dor dos sentimentos e emoções densas extravasadas e tentando se adequar à uma realidade agora arrasada pelo ódio e sofrendo as conseqüências do teor dos atos que praticamos.

Somos sempre influenciados e sugestionados uns pelos outros. Mas, no final, a decisão à vontade da prática de qualquer ato é sempre da própria pessoa. Mesmo que tenhamos em nossa companhia os piores tipos, a decisão final de qualquer ato que se pratique é da própria pessoa.

O quanto tentamos nos esconder atrás de nossas máscaras*** de “anjos” sem nos darmos conta de nossos defeitos escondidos em baixo do “manto da espiritualidade oca e vazia?”.

O quanto somos médiuns da nossa turbulência interna que não encontra paz na “Terra de nós mesmos?****”

Para o verdadeiro trabalho espiritual, devemos encontrar força em nossa “herança cósmica”*****, muita determinação e vontade inabalável para vencer os nossos fantasmas do passado, nossas formas mentais oriundas de um passado mal resolvido, de muitas vidas manchadas pelo que chamávamos de “justiça”, feita através da espada banhada a sangue, onde as feridas abertas na Terra permanecem como cicatrizes espirituais de um passado cheio de dor, sem lucidez.
Hoje encontramos possibilidade de renovação, de limpar essas manchas com a luz do discernimento e do amor aos mesmos próximos de outrora!

Somos seres condicionados a atos violentos, explosões emocionais variadas. Temos nossas emoções e pensamentos moldados pelo ódio, pela vaidade, pela ganância, pela arrogância durante milhares de anos, mas hoje recebemos vinhas de luz que nos permitem trabalhar a cada dia para dissolver gradativamente nossos desvios, tornando-nos um caminho direto para a luz espiritual de fraternidade e compaixão.

Não deixemos nosso paiol se encher com a mesma pólvora que nos faz explodir vida após vida, e que cada ser espiritual que se aproximar seja tocado pela força e coragem de mudar, pela esperança de se tornar algo melhor a cada dia mudando assim a realidade a nossa volta.

Que nossos encontros espirituais se tornem comemorações extrafísicas****** de pessoas que olham para um passado longínquo e sentem no brilho do olhar a beleza da esperança de uma nova vida livre da dor do ódio e da discórdia. Com um abraço fraterno e um caminhar de mãos dadas onde o único risco é o de ser atingido pelas flechas do amor e do discernimento no caminho da evolução espiritual.

Vanderlei Oliveira


Notas:

* Ondas psíquicas: Ondas mentais criadas por grupos de pessoas com idéias afins.

** Agentes extrafísicos: Seres espirituais que se manifestam sem serem vistos por não possuírem o corpo físico mais denso.

*** Máscaras de Anjos, ou Máscaras espirituais: São nossas “capas”, em ambientes espirituais. Tentamos passar a imagem de anjinhos escondendo e sem dar conta de que o ego camufla nossos verdadeiros defeitos, escondendo-os até de nós mesmos.

**** Terra de nós mesmos: Termo utilizado pelo amparador Emmanuel, através de Chico Xavier, para designar o nosso próprio interior, nossos próprios pensamentos, sentimentos e emoções.

***** Herança cósmica: O potencial divino existente em todos os seres. A luz espiritual que reside e sustenta todas as formas de vida.

******Comemorações extrafísicas: Encontros de grupo de desencarnados que viveram momentos em conjunto em encarnações na Terra e se encontram para matar saudade e relembrar passagens de vidas que ficaram para trás.




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21/02/2020

Mensalidade e Ajuda ao Terreiro

Mensalidade e Ajuda ao Terreiro

Enquanto que na maioria das religiões, como a Católica, a Evangélica, a Kardecista, entre outras, o entendimento de que todos os participantes que tenham condições financeiras devem ajudar na manutenção da Casa religiosa, ainda na Umbanda há um enorme preconceito quando o assunto é o dinheiro ou pedir dinheiro, fruto da ignorância e da arrogância humana.

É certo de que o exercício da mediunidade é um dom do Altíssimo e como o recebemos de graça, de graça os médiuns devem transmiti-lo. Contudo, não devemos confundir as coisas – o passe (gratuito) com todas as despesas de um Centro (devem ser pagas obrigatoriamente).

É muito comum as pessoas, tanto consulentes como médiuns, afastarem-se do Centro que frequentam quando o dirigente espiritual pede uma contribuição através do pagamento de mensalidade ou para alguma obra. Sentem-se insultados, acham um absurdo que se cobre alguma coisa e já rotulam o dirigente como impostor ou alguém que deseja viver à custa do dinheiro deles. Ora, que pessoas de pouca fé e tão vazias de coração! Todos gostam de entrar em um Centro e notar que as cadeiras, o chão e tudo mais estão limpos, que há água para beber e dar descarga no banheiro, que há papel higiênico, toalha e sabonete, que as velas e demais instrumentos já estão preparados para a firmação dos Guias, que as luzes estão acesas, entre outras coisas. Todavia, poucas são as pessoas que param para pensar que tudo isso gera uma despesa muito grande com materiais de limpeza e higiene, pagamento de contas de água e luz, material para firmamento dos Orixás e da Tronqueira etc. Se pensassem em tudo isso, as pessoas iriam se dar contar de que, se cada um ajudar um pouco, o dirigente do Centro não ficará sobrecarregado com o “dever” de pagar todas essas despesas sozinho ou com a ajuda de poucos. 

E para aqueles que se preocupam em saber se o dirigente está se apropriando indevidamente do dinheiro arrecadado no Centro para o seu uso pessoal, basta fazer uma investigação mais honesta acerca de como é a vida do dirigente, a sua moral, a sua família, como são as condições de que o Centro está – ao avaliarem tudo isso, certamente terão uma ideia límpida acerca da honradez do dirigente.

Para ajudar na limpeza do centro, as pessoas ou se esquivam dessa responsabilidade ou não cumprem corretamente com aquilo a que se propõem, transferindo aos outros o encargo que deveria ser deles.  A maioria das pessoas dizem não ter tempo para ir realizar a faxina no Terreiro e, as poucas que se propõem, acabam sempre chegando com horas de atraso, dando sempre desculpas como dizendo que chegou alguém em casa e não puderam sair ou escusas de todos os tipos, o que acaba deixando o dirigente do Centro sozinho e sobrecarregado, pois todos podem escusar-se em se atrasar ou faltar, mas o dirigente não tem essa faculdade, o dirigente sempre sai de seu lar na hora em que precisa ir ao Centro, haja o que houver, esteja nas condições físicas e psíquicas que estiver. 

Esse parece ser um assunto sempre muito delicado de ser tratado. Na maioria das vezes, o que ocorre é que o dirigente acaba arcando com o pagamento de oitenta ou noventa por cento das despesas do Centro e só consegue a pouca ajuda restante à custa de pedir com exaustão pela colaboração dos participantes. E o que temos percebido é que não são raras as vezes em que o dirigente acaba se sentindo muito solitário e sobrecarregado em manter abertas as portas para o exercício de seu mister sagrado e, com a idade pesando e o tempo passando, muitos acabam fechando as suas portas, com a certeza de já haverem cumprido os seus deveres cármicos, passando a praticar a caridade de outras formas, onde não terão em suas costas o peso de tantas obrigações, de tantos aborrecimentos, de tanta ingratidão.

Com certeza, seria muito menos estressante para os dirigentes se as pessoas passassem a se oferecer para ajudar financeiramente no Centro, pois de nada adianta as pessoas dizerem que amam o Centro, ou amam o dirigente se, na hora em que o Centro precisa da ajuda, a pessoa simplesmente abstém-se ou oferece muito menos do que poderia ofertar.
Nesse mesmo sentido, seguem as palavras de Mãe Mônica Caraccio:

“O problema é que este consulente esquece que ele lavou as mãos, que deu descarga no banheiro, que o chão está limpo, que as luzes estão acesas, que há velas no altar, que ele é defumado, que existe um imóvel pelo qual se paga impostos, aluguel, contador, faxineira… Nossa, uma infinidade de coisas!
E na próxima semana o Centro estará lá: novamente de portas abertas com o chão limpo, as luzes acesas, velas no altar…

Não se percebe que há necessidades básicas para se realizar um trabalho espiritual e que o consulente também tem o dever de colaborar e não de julgar, afinal de contas ele se aproveita também materialmente do local. O entendimento de que a ajuda financeira também é obrigação da assistência, e não somente do corpo mediúnico, é necessário e deve ser encarado naturalmente sem nenhum tipo de constrangimento, tanto por parte dos dirigentes espirituais, que devem pedir, pois se não pedirem poucos colaboram, quanto por parte do corpo mediúnico e da assistência.”

Ainda nesse diapasão, segue o entendimento da Federação Brasileira de Umbanda,
em texto escrito por Manoel A. de Souza:

"O Terreiro é prolongamento de sua casa, ajude-o!

Deve haver dentro de cada um de nós, a consciência de que a nossa responsabilidade espiritual não se limita a “vestir o branco” e participar das Sessões Espíritas. Temos que nos mostrar sempre presentes e dispostos a ajudar, colaborando ativamente e financeiramente com a manutenção do nosso Terreiro - nosso Chão. O Chão que o acolheu! É nosso dever mantê-lo em funcionamento, levando a sério o pagamento de nossa contribuição financeira.

Sem dinheiro, mal podemos nos locomover, não conseguimos pegar um ônibus, comer, ou fazer parte de qualquer atividade social, a menos que essa entidade se auto mantenha, mas mesmo assim, para o Terreiro se manter de pé, alguém estará custeando as suas atividades e as nossas presenças. Quando um Terreiro nos abre as portas para uma sessão religiosa ou uma reunião festiva em louvação aos Orixás, ou mesmo para uma simples consulta espiritual, por mais humilde que seja o Templo, esteja certo de que está havendo uma despesa para que essa atividade se realize! E, se somos recebidos gratuitamente, alguém está custeando as despesas para a realização dessa empreitada espiritual. 

Alguém irá pagar a conta.
Será que o Dirigente Espiritual, o Diretor ou a Diretora deve arcar com essas despesas a fim de fazer valer sua condição de “proprietário” do Terreiro”? Serão, os Diretores, os maiores beneficiados nos trabalhos espirituais realizados nos Terreiros? Não! Não são! O Terreiro é um espaço nosso e sagrado, ele é um prolongamento da nossa casa. O Dirigente Espiritual, literalmente com os pés no chão”, humildemente, cumpre a sua nobre Missão Espiritual, ao mesmo tempo, trabalhando em prol de seu crescimento espiritual e de todo o grupo de médiuns e consulentes, paciente e generosamente, nos dedicando a maior parte do seu tempo. Por tudo isso e por todo o seu desprendimento, nos impõe o salutar dever Moral e Espiritual de ajudá-lo na condução e manutenção do nosso Templo.

Temos que nos mostrar sempre presentes e dispostos a ajudar, colaborando ativamente e financeiramente com a manutenção do nosso Terreiro - nosso Chão. O Chão que nos acolheu! É nosso dever mantê-lo em funcionamento, levando a sério também a nossa contribuição financeira.

Na verdade, o Terreiro é uma grande família. O sentimento de irmandade, fraternidade, amor e respeito reinante no seio do Terreiro constitui a base de um grande elo de corrente espiritual. Por outro lado, todos nós temos Direitos e Deveres, temos responsabilidades e obrigações uns com os outros, essa consciência grupal faz parte de nosso trabalho espiritual. A generosidade faz parte de nossa elevada missão.”

Em suma, espero que em um dia muito próximo, também na nossa sagrada Umbanda, as pessoas (médiuns e consulentes) entendam tudo isso e se sintam felizes em ajudar o dirigente na manutenção do lar espiritualista para que, da mesma forma que o dirigente se desdobra com o fim de que todos se sintam acolhidos, ele próprio – o dirigente – possa também sentir-se abraçado e protegido por todos que frequentam a Casa de Umbanda. Afinal, a Casa de Umbanda é preparada pelo Astral e pelos dirigentes para ser um desdobramento do lar de cada um de seus frequentadores, pois o que se almeja é que cada participante do Centro saia de lá mais forte, com a certeza de que está com suas energias recarregadas, com o coração mais leve e mais apto para enfrentar e vencer as provas cotidianas necessárias para o seu engrandecimento físico e espiritual.

Autoria desconhecida


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12/02/2020

A Umbanda não Merece

A Umbanda não merece


Importante refletir a umbanda nos dias atuais, dias de conexão fácil com o mundo pelos meios virtuais. O Caboclo, o Preto Velho, o Exu e todos os Guias estão lá nos terreiros ainda, incorporados em seus médiuns ou apenas intuindo, abençoando e ajudando cada filho que chega em busca de consolo, lenitivo ou esperança.

A busca frenética por respostas prontas na internet está acomodando e iludindo muita gente. Há oferta online para tudo: jogos de cartas, búzios, magias que prometem resolver todos os problemas, entre os ganhos fáceis até as vinganças mais escabrosas. 

Ofertas de cursos pagos para todos os gostos, daí a imaginação fértil dos seus idealizadores a inventar teorias complicadas e rituais fantásticos para angariar mais e mais pagadores. 

Sacerdotes que não cansam de promover a própria imagem, apelando para os títulos terrenos que possuem, com a necessidade efêmera de ser aplaudido. Usam o nome da Umbanda e falam de caridade como um cartão de visita, por trás apenas a ganância e a vaidade imperam.

Cada vez mais raro informações com o intuito apenas de esclarecer as pessoas sobre a religião, com o compromisso de enaltecer a Umbanda e mostrar o seu real valor, sem querer nada em troca. 

Ainda existem terreiros com este compromisso, portanto não é fácil encontrar no meio de tantos convites e induções promovidos pela internet. 

Mas não desista, siga firme ponderando sempre e usando o bom senso, lembre-se que a Umbanda é caridade no sentido amplo de ser e, acima de tudo, humildade e simplicidade. 

A Umbanda não merece tantos absurdos em seu nome.

Ednay Melo




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03/02/2020

Médiuns e as Dificuldades da Vida

Médiuns e as Dificuldades da Vida

A sua fé vai ser sempre testada, não tenha medo, confie.

Vivemos num planeta, ou num plano espiritual de expiações e provas.

Existe uma Lei Maior que regula todas as reações da vida, e não existe como anulá-la, neutralizá-la de forma mágica ou milagrosa. Ninguém vai conseguir limpar o seu karma, nem isentar você dos seus aprendizados, ou mesmo, se assim preferir, das suas lições de vida.

A única forma que eu conheço para diminuir as dificuldades existentes nos caminhos, sejam elas materiais, financeiras, profissionais, sentimentais, espirituais, energéticas, etc. é realizar um trabalho de investimento interior, de reeducação interna, procurando desenvolver um maior equilíbrio psíquico, emocional, comportamental, ético e espiritual.

Ninguém pode fazer um curso, um tratamento, um trabalho espiritual acreditando que ficará livre de seus aprendizados na vida, alguns até mesmo dolorosos.

A espiritualidade não opera milagres sem nós criarmos a ambiência (condições) interna e externa necessária para isso. Ela “apenas” nos instrumentaliza para que nós possamos nos capacitar cada vez mais a nível psíquico, mental, emocional, espiritual e energético para assim estarmos mais preparados para enfrentarmos os nossos desafios. Eles favorecem, geram as condições necessárias para nos auto-superarmos e superarmos as dificuldades ou as provações (consequências) da vida.

Lembre-se que não estamos sozinhos no universo e todas as ações que tomamos gera consequências, positivas ou negativas na nossa vida, assim como na vida dos outros. Isso se dá para atitudes dos outros também, sofremos em nossa vida consequências das atitudes alheias.

Muitas vezes vemos médiuns espiritualistas indignados pelas dificuldades que vivenciam em sua vida, justamente por acharem que por estarem envolvidos na e com a espiritualidade, deveriam ser eximidos das dificuldades da vida, conseguirem conquistar tudo que querem, ou mesmo não ter que passar pelos entrechoques emocionais, energéticos, comportamentais e espirituais tão comuns e naturais a nossa realidade dual e humana.

Infelizmente, não é bem assim que a vida funciona.

Muitas vezes, devido a ideia fantasiosa, acabam por se achar missionários e não apenas um simples trabalhador da espiritualidade, muitas vezes endividados com as leis da vida, acabam por isso a não se acharem protegidos, ou mesmo desprivilegiados por seus Guias e Mentores. Esquecem-se que a dívida persegue sempre o endividado, ou como é dito na Lei de Umbanda: quem deve paga, quem merece recebe! E todos nós temos sempre algo a equilibrar, ou a resolver connosco mesmo ou com a vida. E a vida, mestra em sua ação, acaba por criar, gerar as condições necessárias para que possamos aprender o que precisamos, assim com a nos fortalecer psíquico, emocional, espiritual e energeticamente.

Não descredite nos seus Guias, nos seus mentores, nos Poderes e Mistérios Divinos por a vida não corresponder aos seus intentos, as suas vontades. Tenha a certeza que talvez seria muito mais complicado se você não pudesse contar com o auxílio, com a intervenção deles na sua vida. Todos fazem o melhor que podem de acordo com suas condições e programação de vida.

Deixo aqui uma reflexão: Pegadas na areia de “Mary Stevenson”

“Uma noite eu tive um sonho…

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor e no céu passavam cenas de minha vida.

Para cada cena que passava, percebi que eram deixados dois pares de pegadas na areia: um era meu e o outro do Senhor.

Quando a última cena da minha vida passou diante de nós, olhei para trás, para as pegadas na areia, e notei que muitas vezes, no caminho da minha vida, havia apenas um par de pegadas na areia.

Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis e angustiantes da minha vida.

Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao meu Senhor:

– Senhor, tu não me disseste que, tendo eu resolvido te seguir, tu andarias sempre comigo, em todo o caminho?

Contudo, notei que durante as maiores tribulações do meu viver, havia apenas um par de pegadas na areia.

Não compreendo por que nas horas em que eu mais necessitava de ti, tu me deixaste sozinho.

O Senhor me respondeu:

– Meu querido filho.

Jamais te deixaria nas horas de prova e de sofrimento.

Quando viste na areia, apenas um par de pegadas, eram as minhas.

Foi exatamente aí, que te carreguei nos braços”.


Heldney Cals




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