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Eu não Tenho uma Mediunidade Forte

Publicado em 26/07/2023

Eu não tenho uma mediunidade forte


Eu não tenho uma mediunidade forte, nunca nem cheguei perto disso. Não sou daquelas pessoas que olham e dizem “esse daí tá incorporado de verdade”.  Ao contrário, não sou muito o médium mais popular.

Também não diria que minhas incorporações são bonitas. Os movimentos, tanto na chegada quanto na ida, são simples e comuns. E rápidas, mal dá para cantar os pontos. Não porque acelero, é só o meu jeito mesmo.

Quando passam com as entidades que trabalho, elas não adivinham toda a vida da pessoa. Não prometem solução certeira, não respondem se o relacionamento vai dar certo ou não.

O milagre, coisa mais rara de se ver. Melhor falar em tratamento, que é lento, exige muito do consulente, com seus altos e baixos. Se preciso, os guias orientam procurar médico, cuidar da saúde, movimentar o corpo.

Seria eu um médium sábio? Mais difícil ainda de afirmar. Durante os atendimentos, tantas vezes escuto situações que não tenho ideia em como ajudar. Ainda bem que são as entidades a responder.

Passo por dificuldades na vida como qualquer pessoa. Às vezes as contas apertam, há conflitos nos relacionamentos, a gripe me pega. Fico triste, desanimado e confuso, forço-me a sair da cama.

Minha fé também não é inabalável. Há momentos que duvido, que quero desistir, fico inseguro com as minhas escolhas, questiono o sagrado. Há dias que vamos no terreiro mais por hábito do que por vontade legítima.

Não tenho todas as respostas, estou longe de saber tudo. Assusta-me quando alguém pede orientações que impactarão toda a vida dela, assim como me assusta quando alguém deposita em mim e na minha mediunidade a esperança de mudarem sua vida.

Por que realizo essas confissões? Tenho refletido em como nossa religião perde quando cria um ideal de médium “forte e firme”. Aquele que teria uma mediunidade inquestionável, totalmente confiável, capaz de assegurar a solução dos nossos problemas e dar respostas às nossas angústias.

Entretanto, quando observo a realidade dos terreiros, não é isso o que eu encontro. E sim, médiuns que enfrentam os mesmos conflitos que eu, mas buscam mascará-la através dessa roupagem de “médium forte”.

É preciso humanizar nossa relação com o sagrado, numa abertura e honestidade com nossos sentimentos. Não são as entidades que cobram esse ideal de “médium forte”, mas os próprios irmãos de corrente e consulentes. Resgatemos um desenvolvimento espiritual que não se baseie no olhar do outro, mas antes, num verdadeiro crescimento interior.

A.D.



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